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SBEC realiza reunião em Fortaleza


Alfredo Bonessi recebe Diploma de Sócio da SBEC

Aconteceu na noite da última terça-feira, mais uma reunião ordinária da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. Tendo a frente o Presidente Ângelo Osmiro, estiveram ainda participando do encontro os sócios: Aderbal Nogueira, Valdir Junior, Alfredo Bonessi, Lívio Ferraz, Manoel Severo, Carlos, Edmilson ,Tomaz e Afranio Cysne.Na oportunidade o Presidente Ângelo Osmiro passou solenemente às mãos do pesquisador Alfredo Bonessi o título de sócio da SBEC.

Na pauta do encontro, as informações e últimos acertos relativos aos preparativos iniciais para o Cariri Cangaço 2010. Segundo Severo, o resultado do conjunto de visitas realizadas no último mês de janeiro foi muito positivo, mostrando que o Cariri Cangaço realmente já começa a se consolidar para 2010. De acordo com o Curador e Coordenador do evento já estão confirmados até o presente momento 11 palestrantes e 17 coordenadores e debatedores; a idéia em 2010 é o Cariri Cangaço promover 16 Palestras, todas elas seguidas de Mesa de Debates, ao longo dos seus 6 dias de realização.

Também foi discutido pelos presentes a organização de Caravana no segundo semestre para prestigiar a festa de centenário do grande Luiz de Cazuza, na cidade pernambucana de Serra Talhada. A idéia inicial é disponibilização de veículo tipo van, saindo de Fortaleza, passando em Mossoró e partindo para Serra Talhada, paralelamente teríamos um outro veículo saindo do Cariri direto para Serra Talhada.

 

Confrades da SBEC em reunião na útima terça-feira

Ainda dentro das discussões do encontro, foi decidido que seria marcada uma reunião extraordinária da entidade, para desta vez contar com a presença dos confrades de outros estados do nordeste, dessa forma, a data seria divulgada com antescedencia para que os sócios e amigos da SBEC pudessem se organizar para se fazerem presentes.

Uma das deliberações por parte da Presidência foi ratificar decisões já tomadas pela assembléia de sócios, na reunião extraordinária do Crato, quando ficou determinado que a SBEC faria um grande esforço de Recadastramento de seu Quadro de Sócios, como também determinaria a Fixação de Taxa Anual , a título de colaboração ; no valor de R$ 120,00 a cada associado. Dentro de alguns dias será dado início o trabalho de Recadastramento, como também será enviado ao Quadro de Associados, Comunicado Oficial da Presidência, com as referidas providências. De acordo com o presidente Ângelo Osmiro, "Estas determinações já haviam sido discutidas em Brasília e ultimamente foram decididas em nossa reunião extraordinária de Crato; assim, oportunizando o recadastramento com certeza teremos o fortalecimento da SBEC e com relação à fixação da Taxa Anual, foi determinado após debate e consenso em Crato, o valor de R$ 120,00, que os confrades poderão efetivar de uma só vez ou parcelado mensal, dentro de alguns dias estaremos divulgando um comunicado a respeito".

Gabriel Barbosa

Baú de Antiguidades - XI Fórum do Cangaço, Mossoró



Resolvi abrir meu velho Baú de Antiguidades; assim acabo trazendo aos amigos, algumas imagens de momentos que ficam eternizados em nosso coração. Hoje a postagem se refere ao grande XI Fórum do Cangaço-Combate ao Cangaceirismo; promovido pela SBEC, no mês de junho do ano de 2008. Nosso presidente na época, Kydelmir Dantas e sua diretoria, reuniram em torno da temática, vários pesquisadores e escritores, num dos eventos vitoriosos de nossa SBEC. Vale a pena relembrar.

Kydelmir Dantas

Antônio Vilela e Honório de Medeiros

Geraldo Ferraz

Paulo Gastão

Aderbal Nogueira e Comendador Mariano

João Ramalho, Kydelmir , Manoel Severo e Vilela

Múcio Procópio e Felipe Caixeta

Ângelo , Vilela, Aderbal, Comendador Mariano e Natividade

Aderbal Nogueira

Lívio Ferraz, Manoel Severo e Antonio Vilela

O Nordeste Gonzagueano Por: Juliana Pereira



Lá no meu pé de serra, deixei ficar meu coração..., ai que saudades tenho, eu vou voltar pro meu sertão...” Este foi o “dia do fico” para nação nordestina no que concerne a ocupação do espaço cultural no cenário nacional
A cultura nordestina, o sertão, o modo de viver, ver e sentir dos nordestinos, assim como o espaço regional, a diversidade climática, festas, alegrias e tristezas, secas e chuvas, oração e desespero, cabra valente e cabra frouxo, mulher séria e homem trabalhador, elementos caracterizadores da nação nordestina, passou a se fazer presente na obra poética e musical de Luiz Gonzaga.

A introdução do Nordeste no universo sulista, de forma mais intensiva, deve-se a Luiz Gonzaga e, embora não tenha sido ele o primeiro, foi, sem sombra de dúvida, o mais completo, abrindo as porteiras do sertão nordestino para o resto do país, transformando-se em porta-voz de um povo que, até então, ainda era considerado como nortista. O Norte e o Nordeste ainda não eram percebidos como regiões distintas e, mesmo depois da divisão geográfica feita pelo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1941, o Brasil ainda era visto como norte e sul ou sudeste.
Luiz Gonzaga, ao chegar ao Rio de Janeiro, no final da década de 30 do século XX, começou a tocar em bares e depois no mangue, a priori não tocava baião, a necessidade da sobrevivência lhe obrigava a execução da valsa, samba-canção e outros gêneros que faziam sucesso na época. Foi no início da década de 40 do século XX que um grupo de estudantes nordestinos, que viviam no Rio de Janeiro, descobrira o sanfoneiro e pedira-lhe que tocasse algo do Nordeste e, neste momento nascia o baião conhecemos, segundo Câmara Cascudo, este estilo musical teve sua origem no século XIX, e ganhou uma roupagem nova com Luiz Gonzaga:
O baião dança popular preferida durante o século XIX no Nordeste do Brasil. Renato Almeida informava que dançar o baião era dançar o baiano, como se usava de Sergipe a são Paulo. Em vez da umbigada, atirava-se com os dedos um estalo de castanhola, na direção da pessoa escolhida, e aí começava o baião. Entre os cantadores sertanejos, o baião não é canto nem dança. É uma breve introdução musical, executada antes do desafio, antes do debate vocal entre os dois cantadores. Denomina-se também rojão ou rojão de viola. Somente a partir do século XX, mais precisamente a partir de 1946, o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga divulgou, pelas estações de rádio do Rio de Janeiro, o baião, modificando-o com a inconsciente influência local dos s ambas e das congas cubanas. (2000: 42)
Depois de ganhar espaço nas rádios do Rio de Janeiro, o baião passa a ser um veículo divulgador da cultura nordestina, falando dessa nação aos quatro cantos do país. O homem nordestino, quase sempre esquecido, encontra em Luiz Gonzaga um instrumento divulgador de um povo sem voz, como define Câmara Cascudo:
Gonzaga era a paisagem pernambucana, águas, matos, caminhos, silêncios, gente viva e morta. “O artista Gonzaga nunca se separou do homem sertanejo que jamais esqueceu suas raízes e cantou sua saudade e todo o amor que tinha pelo sertão e seu povo. Tanto que a sua obra é um verdadeiro acervo cultural do Nordeste, onde se encontra o perfil completo da região, com todos os seus personagens e os seus detalhes”. (Cascudo in Oliveira, 2000: 199)
Para falar dos sentimentos nordestinos, Luiz Gonzaga começou por ele mesmo, em 1945, em parceria com um dos seus mais expressivos e importantes parceiros, Humberto Teixeira, nascendo o xote intitulado No meu Pé de Serra, que foi lançado em 1946. 
Lá no meu pé de serra
Deixei ficar meu coração
Ai que saudades tenho
Eu vou voltar pro meu sertão
No meu roçado eu trabalhava todo dia
as no meu rancho eu tinha tudo o que queria
Lá se dançava quase toda quinta feira
Sanfona num faltava
E tome xote a noite inteira
 (No Meu Pé de Serra, L. Gonzaga /
H. Teixeira, 1946, RCA Victor)
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
Neste xote percebe-se a saudade que lhe cortava o coração, as lembranças do “sertão da saudade”, onde se trabalhava, onde se festejava e onde nada lhe faltava, pois, o que tinha era suficiente para se viver bem e feliz. O vivido na cidade neste momento se contrapunha ao vivido no sertão, daí a saudade e o desejo de voltar, pois, o trabalho não tinha o mesmo sentido que no sertão, não lhes proporcionando o mesmo prazer e não se comemorando a noite sob as estrelas e ao soar da sanfona, a felicidade de se ter um roçado e um rancho. Na cidade é diferente e só lhe resta agora falar desse sertão em forma de música, para manter viva a lembrança de que, para ele, seria o sertão nordestino o lugar mais seguro para guardar seu coração. E não poderia ser diferente, como bem disse o grande mestre Luz, “é preciso ser fort e, valente, robusto e nascer no sertão, tem que suar muito pra ganhar o pão, pois a vida lá “né” brinquedo não.”
Juliana Pereira
Pesquisadora, Conselheira Cariri Cangaço

Referências Bibliográficas:
ALBUQUERQUE Jr, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. 2ª ed. Recife: FJN, Ed. Massangana; São Paulo: Cortez, 2001
ANDRADE, Manuel Correia de. O Nordeste e a Questão Regional. 2ª ed. São Paulo: Ed. Ática, 1993.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore brasileiro. 9ª edição. São Paulo: Global, 2000.
OLIVEIRA, Gildson. Luiz Gonzaga: o matuto que conquistou o mundo. 7ª edição. Brasília: Letraviva, 2000.
VIEIRA, Sulamita. O Sertão em Movimento: a dinâmica da produção cultural. São Paulo: Annablume, 2000


Brasília, capital federal; e o Cariri Cangaço


Ana Lourença e Manoel Severo

Estivemos no final do ano passado, visitando o Distrito Federal. Por entre os compromissos profissionais e familares, não poderia deixar de entrar em contato com amigos que estão radicados em Brasília, mas que têm o coração e a alma inteiramente ligados ao nosso torrão nordestino.

Moreno e Durvinha entre os confrades da SBEC, no Seminário Internacional de Brasília.

Tive o privilégio de jantar ao lado da pesquisadora e professora Ana Lourença, uma das promotoras do Seminário Internacional do Cangaço, acontecido na capital federal. Com certeza fui confirmar sua presença entre os muitos amigos que estarão no Cariri Cangaço 2010 e aproveitar para batermos um longo papo sobre "estes" assuntos todos que não nos interessa muito...cangaço, nordeste, folclore, arte, cultura, etc, etc, etc... Abração.  

Manoel Severo

NOTA CARIRI CANGAÇO: Da capital federal já temos a confirmação das presenças de Ana Lourença, José Peixoto Júnior, Pedro Henrique Barbosa e Vicente Landim de Macedo.

Salve Piranhas! Com seu Povo e com seu Rio Por:Leandro Cardoso



Piranhas, Alagoas

Caro Severo. Saudações !

Mais uma vez parabéns pelo blog e pela sua determinação em manter o brilho do Cariri Cangaço. Visitar o blog já virou mania (tanto o do Cariri Cangaço quanto o do Lampiaoaceso), principalmente pelo alto nível das postagens, sempre com curiosidades históricas importantes e muito bem abalizadas, e sempre mostrando, com fotos, a transparência e o clima de boa amizade que permeia e edifica o Cariri Cangaço. Faço minhas as palavras do Aderbal: que inveja de vocês lá no São Francisco...

Deixo aí pra você o sonetinho que fiz ao sabor da primeira impressão de atravessar o São Francisco de Piranhas até Angico.
Grande Abraço, que estendo a todos.
Leandro



PIRANHAS...
Ao amigo Dr.Inácio de Loiola, 
que contagia a todos com seu desmedido
 amor pela terra natal.

O caudaloso Velho Chico acaricia
Uma menina que adormece entre as montanhas
Brilho de jóia - até parece o próprio dia!
É a cidade alagoana de Piranhas!

De lá partiu a mais famosa das campanhas
Que acabou com Lampião e com Maria
Testemunhou, entre as descrenças momentaneas,
Onze cabeças enfeitando a escadaria

Salve Piranhas, com seu lindo casario!
Salve Piranhas, com seu povo e com seu rio!
Palmas p'ra ti, que és orgulho para a gente...

Rever Xingó... ir à Estação... mas não sei quando...!
É no silencio que me quedo aqui pensando
Em mergulhar nas tuas águas novamente!

Leandro Cardoso Fernandes

Aurora 1908: ataque, invasão e saque Parte II Por:Amarílio Gonçalves Tavares


Antiga Casa Paroquial ; Aurora Antiga


O Fogo do Taveira


Em dezembro de 1908, observou-se movimentação de jagunços na faixa Taveira Coxá, em vista do trabalho de demarcação coordenado por Dr. Floro Bartolomeu. Por esse tempo, correram rumores de que os homens reunidos no Taveira preparavam-se para atacar Aurora. Em represália à ofensa causada a Joaquim dos Santos. Manuel Gonçalves chamou Róseo Torquato e lhe disse: Antes que eles venham almoçar aqui, vamos tomar o café lá. O número de capangas a serviço de Totonho Leite era insignificante. Sem um número de guarda-costas com os quais pudesse enfrentar um inimigo que se sabia ser extraordinariamente forte, Teixeira Netto pediu e conseguiu do presidente Nogueira Acioli a vinda dos destacamentos policias de Iguatu e Lavras, num total de 60 praças sob comando do tenente Florêncio. A pretensão do cel. Totonho era capturar os homens que haviam espancado seu correligionário Gonçalves Pescoço e que se achavam refugiados no Taveira, em casa do Cap. José dos Santos.< /p>


D. Marica Macedo – peça chave do episódio – foi avisada pela filha Joaninha de que a sua propriedade Tipi seria atacada. A fim de pedir apoio ao Cel. Antônio de Santana e a João Raimundo de Macedo (Joça do Brejão), seus parentes, D. Marica retirou-se com a família, a cavalo, para Missão Velha, indo pernoitar no Taveira, exatamente de 16 para 17 de dezembro de 1908.
Quando a força policial chegou no Taveira, na madrugada de 17 de dezembro, foi recebida a bala. Houve um tiroteio que durou das três horas da manhã até uma da tarde. Quando começou o tiroteio, todo mudo cuidou de correr para dentro de casa. José Antônio, de 14 anos, filho de d. Marica, lembrou-se do cavalo que estava amarrado num pé de juá, e correu para soltá-lo. Não deu tempo; e o rapaz, estando do lado de fora, foi mortalmente atingido por uma bala. Conquanto o número dos que estavam no Taveira fosse inferior ao dos atacantes, ali havia farta munição. A diligência que saira de Aurora tinha setenta e dois homens, mas pouca munição, que logo se esgotou. Avisado do conflito, Zé Inácio partiu para o Taveira, conduzindo cerca de 50 cangaceiros. Lá chegando, às duas da tarde, já os atacantes haviam batido em retirada.


A morte do filho, naquelas circunstâncias, desencadeou a fúria de D. Marica Macedo, que, incontinente, foi se valer de Dr. Floro, que se encontrava nas imediações. Dr. Floro foi com D. Marica até a presença de Domingos Furtado, e este, sob as alegações de Floro, redigiu um telegrama, para o presidente Nogueira Acioli, pedindo a retirada da tropa estacionada em Aurora. No referido telegrama, que foi assinado por Domingos Furtado, José Inácio e Antônio Joaquim de Santana, os signatários exigiam, uma vez que o seu propósito era destruir a sede do município. Imediatamente, - na mais evidente demonstração de pusilanimidade, Nogueira Acioli – apelido de Babaquara, ordenou a saída do contingente policial.



A Invasão


Por sua vez D. Macedo Macedo contava com o apoio dos seus parentes Antônio Joaquim de Santana (Coronel Santana) e João Raimundo de Macedo, bem como dos amigos Domingos Leite Furtado e Zé Inácio do Barro, junto aos quais instou para que atacassem Aurora e derrubassem da chefia municipal o Cel. Teixeira Neto devendo, para esse fim, reunir o maior número possível de homens armados.


Assim sendo, na véspera do ataque à Aurora, estavam concentrados no Barro cerca de 600 homens armados – do cabra ao cangaceiro – vindos dos valhacautos do Cariri, a saber: Milagres (Domingos Furtado), Missão Velha (Antônio Joaquim de Santana), Barbalha (João Raimundo de Macedo), Barro (José Inácio de Souza), Juazeiro (Floro Bartolomeu), Brejo dos Santos (Chico Chicote), Porteiras (Raimundo Cardoso dos Santos), Santana do Cariri (Felinto da Cruz Neves), Lavras (Gustavo Augusto Lima) e Caririaçu (Pe. Augusto Barbosa de Menezes). Por ordem do presidente Acioli, a tropa foi evacuada na manhã do dia 23 de dezembro, de modo que, às 4 horas da tarde, um verdadeiro exército de bandoleiros pôde entrar na sede municipal, sob o comando do “major” José Inácio. A jagunçada entrou em Aurora sem encontrar qualquer resistência.


Presidente do Ceará, Nogueira Acioli


Totonho Leite refugiou-se, primeiramente, no sítio de D. Marica Taveira, à margem do riacho do Rosário. Não se sentindo seguro ali, retirou-se para a casa do amigo João Coelho, no sítio Tabocas, onde se escondeu. O esconderijo foi denunciado ao inimigo, e este tratou de prender Totonho, que foi conduzido a cadeia de Lavras, escoltado por cerca de quarenta jagunços que, durante o percurso, lhe dirigiam insultos e palavrões, Totonho conseguiu escapar da cadeia de Lavras e fugiu para a cidade de São João do Rio do Peixe, no oeste paraibano. Ali viveu algum tempo sob a proteção do Pe. Joaquim Cirilo de Sá.
A vila de Aurora tinha uma população de pouco mais de mil pessoas. No dia da invasão, poucas pessoas estavam na vila. A maior parte da população retirou-se para os sítios e fazendas. Dada a situação de abandono, os cangaceiros entraram na igreja, onde passariam a morar. As pessoas que não fugiram sofreram as mais terríveis violências.

Manuel Gonçalves, genro do Cel Totonho, permaneceu na vila até um pouco antes da invasão. Pensou em resistir, mas viu q
ue seria inútil. Retirou-se com a família para o sitio Tunga, antiga moradia dos Gonçalves. Aconselhado pela família, pois havia ordem do inimigo para matá-lo, Manuel Gonçalves resolveu mudar-se para a capital do Estado, indo com Zé Lino pegar o trem em Acopiara. De Fortaleza, onde morou cerca de seis meses, emigrou para o Estado do Pará, a fim de cumprir o exílio forçado.



Ocupada a vila pela jagunçada,começaram as perseguições aos parentes e amigos de Totonho Leite e Manuel Gonçalves. Os invasores entregaram-se à rapina e à pilhagem, em ações próprias de cangaceiros. O primeiro ato dos invasores foi varejar as casas dos mais abastados, no intuito de se apoderarem de objetos de valor, de armas, de munição e até de gêneros alimentícios. Houve assaltos a residências e casas comerciais, cujas portas foram arrombadas a coices de rifles e a golpes de machado, valendo salientar que os roubos se estenderam às propriedades rurais. Em Aurora, que era uma das vilas mais florescentes do Ceará, havia três lojas de tecido e variedades, pertencentes a Sebastião Alves Pereira – a maior das três – Paulo Gonçalves e Antônio Leite de Oliveira, as quais foram saqueadas.


Antes de ter sua loja invadida, major Sebastião conseguiu salvar parte das mercadorias que ele transportou em costas de animais, quando se retirou com a famíli a para o Cariri. As principais residências – estas eram a de major Sebastião, Paulo Gonçalves, Joaquim Miguel e Antônio Leite –foram arrombadas. Não escapou à sanha e à fereza dos bandoleiros.
Mas o terror não se restringiu á vila; estendeu-se à zona rural, onde foram depredadas, pilhadas e varridas por incêndios, nada menos de vinte e cinco fazendas, em cujo número, se incluiram todas as propriedades do Cel Totonho. Antônio Leite Gonçalves, que, na época, era o maior proprietário do município, foi o mais prejudicado pelo cangaço: a partir daquele fatídico dezembro de 1908, suas fazendas, principalmente, foram pilhadas e incendiadas. Na Jitirana os invasores saquearam os depósitos de arroz e rapaduras, arrombaram o açude e queimaram cercas.
Com a deposição de Antônio Leite T. Netto, assumiu a intendência Municipal o Sr. Candido Ribeiro Campos,(Seu Cândido do Pavão) pessoa de confiança de Domingos furtado e representante da parcialidade agressiva. Estava consumada a vingança dos inimigos de Teixeira Netto, na verdade, uma vingança muito desproporcional à ofensa de que D. Marica Macedo se considerava vítima.




Município de Aurora, localizada no cariri cearense


O que aconteceu em Aurora foi um ato de violência que fez submeter a então vila a uma ocupação com toda aquela seqüência de selvagerias, sem que fosse tomada qualquer providência. Lendo-se o livro História do Ceará e dos Municípios, de Waldery Uchoa, chega-se à conclusão de que Aurora foi a única cidade do Ceará, que foi vítima de invasão, depredação e saque. A ocupação somente terminaria graças á interveniência de uma autoridade religiosa, o Bispo coadjutor de Fortaleza, D. Manuel Antonio de Oliveira Lopes, que ao passar em Aurora, em agosto de 1909, em visita pastoral, exortou os bandidos a que abandonassem o infeliz lugarejo, o que conseguiu com admirável habilidade.


Extraído do livro: Aurora – História e Folclore, de autoria do escritor aurorense Amarílio Gonçalves Tavares -Fonte - Site oficial do município de Aurora: www.aurora.ce.gov.br

NOTA CARIRI CANGAÇO: Dentro da programação de 2010, o Cariri Cangaço terá visita técnica ao município de Aurora, visitando o local do Fogo do Taveira Coxá, a Aurora antiga, a Estação da Ingazeiras (onde foi morto Isaias Arruda), a fazenda Ipueiras do mesmo Isaias Arruda e o sítio do Tipi, fortaleza de Marica Macedo.

Cariri Cangaço 2010 Visita Aurora


Estação da Ingazeiras, aqui foi morto Isaias Arruda

Aurora, município localizado na parte meridional do estado do Ceará, fincado na região do Cariri, tem limites com os municípios de Lavras da Mangabeira, Missão Velha, Ipaumirim, Milagres, Barro e Cachoeira dos Índios. Possui cerca de 30 mil habitantes e dentre seus distritos se destacam Ingazeiras e Tipi.

A história de Aurora remonta os idos de 1817, com a chegada do padre Antonio Leite Oliveira à Fazenda Logradouro comprada a Antonio Lopes de Andrade, propriciando a criação do povoado á beira do Rio Salgado e aproveitando o fluxo de viajentes que usavam a passagem entre os muitos lugarejos do baixo Jaguaribe e do Cariri. Em 1837 o coronel Francisco Xavier de Sousa edificou na mesma fazenda Logradouro uma capela que tinha como padroeiro o Menino Jesus, construída a pedido de sua esposa, que por sua vez era descendente do padre Antonio Leite.

Segundo conta-se, o coronel Francisco Xavier de Sousa mantinha uma concubina de nome Aurora, que por sua vez morava em um pequeno barraco, travestido de uma pequena venda comercial; às margens do belo rio Salgado; onde paravam os viajantes e almocreves que transitavam pelo lugar. A partir desse ponto de comércio se denominou o lugar de "Venda" que perdurou até ter seu nome mudado para Aurora, em nítida referencia à amada do Coronel Xavier de Sousa.

Aurora é berço de Marica Macedo, uma das mais significativas personagens do corenelismo sertanejo do nordeste. Nascida e criada no Tipi se notabilizou pela forte personalidade e pelo poder; Em Aurora também vamos encontrar a Serra do Diamante, a Fazenda Ipueiras, fortaleza de Isaias Arruda, as Minas do Coxá e o fenomenal Fogo do Taveira; aqui também,, na Estação da Ingazeiras, perdeu a vida, atingido por balaços da família Paulino, o grande coronel Isaias Arruda.

Em 2010 o Cariri Cangaço estará proporcionando a seus participantes uma visita á simpática Aurora, conhecendo os principais pontos da história dessa maravilhosa cidade do cariri e ainda tendo a oportunidade de participarmos de Palestra sobre a brava Marica Macedo, por seu neto, advogado e escritor, Vicente Landim de Macedo.

Manoel Severo e Vicente Landim de Macedo

Prezado Manoel Severo, jamais poderei deixar de aceitar o convite para realizar a palestra sobre minha avó Marica Macêdo ou Marica do Tipi. Na progração de visitas é interessante incluir a visita ao Sítio Jirimum e a um dos açudes que ficava na propriedade que era de meu pai, ambos no Tipi,  onde Lampião esteve e onde manteve contato com meu pai. Aliás Lampião passou 03(tres) vezes pelo Tipi. Depois falaremos com mais calma sobre tal assunto, aliáis irá constar  da minha palestra sobre vó Marica. Mais uma vez estou ao seu inteiro dispor e reitero meus votos de um 2010 com muita Paz, Saúde, Felicidades e sucesso em seus empreendimentos.

 Cordialmente. Vicente Landim de Macêdo.