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A Doçura de Aristéia



Aristéia, ex-cangaceira

Estando visitando o município de Delmiro Gouveia, bem próximo da divisa dos estados de Alagoas e Bahia; ali bem pertinho da Ponte Pedro II, vislumbrando o imponente complexo das Usinas de Paulo Afonso, não poderíamos deixar de ir até uma casinha verde, localizada num pequeno conjunto residencial nas imediações também da lendária usina de Angiquinho.

Por várias vezes estivemos, eu e minha família, visitando aquela simpática casinha verde, ali, fomos levados pelo confrade e amigo João de Sousa Lima; naquela primeira oportunidade, João me falava: "Severo quero que você conheça uma querida amiga" e qual não foi minha surpresa ao chegar pela primeira vez à casinha verde e ver que a querida amiga era uma nonagenária encantadora, simpática, cheia de vida e alegria, lúcida por demais, e ainda por cima, ex-cangaceira.



Severo, Aristéia e Danielle, em foto no último dia 10 de janeiro.

Aristéia Soares de Lima, ou simplemente "vózinha" como todos da casa e da redondeza a chamam, realmente encanta pela doçura e pelo sentimento, sempre voltados a atender a todos que a procuram. A família inteira, filhos, noras, netas e netos, deixam o ambiente sempre cheio, mas com uma harmonia incomum, fazendo com que todos que se chegam, se sintam a vontade.

Aristéia passou cerca de oito meses no cangaço, já no final do ciclo do fenômeno. Não chegou a conhecer Virgulino, nem Maria... era integrante do grupo de Moreno e Durvinha, e confessa "era a mais bonita do cangaço". Teve seu companheiro Catingueira e uma irmã, Eleonora, abatidos em combates. E até hoje ainda nos traz a partir de sua memória espetacular, momentos daqueles tempos "de uma correria danada".

Manoel Severo


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