José Osório de Farias, Zé Rufino
Considero extremamente oportuna a idéia da comissão organizadora do Cariri Cangaço 2010, a ser realizado no mês de agosto, na região do cariri, estado do Ceará, de inserir no evento a figura do Coronel José Osório de Farias, o qual ficou conhecido como Zé Rufino.
Sanfoneiro afamado em seu estado natal – Pernambuco – Zé Rufino diversas vezes foi convidado por Lampião para integrar o bando. Quando não encontrou outra saída, entrou na força volante para escapar de certa e inexorável vingança implacável do “rei do cangaço”. Lampião insistiu para que àquele humilde tocador de sanfona o acompanhasse pelas caatingas. Motivo? Nem mesmo Zé Rufino soube explicar direito a Paulo Gil Soares quando da filmagem de “Memória do Cangaço”, primeira película cinematográfica a inserir as célebres imagens captadas pelo síro-libanês Benjamin Abraão Botto.
Talvez a resposta esteja na forma como Zé Rufino se portou quando de sua inserção nas volantes baianas a fim de dar caças aos cangaceiros, pois após o ataque do bando de lampião a Mossoró recrudesceu a perseguição de forma impressionante, o que forçou Lampião a fugir, na companhia de quatro asseclas, para o estado da Bahia, ficando inativo por quase um ano. Quando retornou às atividades corriqueiras, mostrou-se extremamente violento e perigoso.
Corisco, o Diabo Louro
A clara vantagem desfrutada pelo bando de Lampião na Bahia, quando imprimiu a marca célebre de sua guerra de guerrilha às inexperientes forças volantes, foi alterada quando tarimbados sertanejos pernambucanos foram convocados para a campanha. Zé Rufino e os Nazarenos, implacáveis e vingativos perseguidores de Lampião, engrossaram as fileiras militares e equilibraram o Jô de força nas caatingas daquele estado, causando baixas consideráveis no bando cangaceiro.
José Rufino participou de inúmeros combates, tendo matado mais de duas dezenas de cangaceiros. Ele se tornou um dos mais respeitados chefes militares no ensejo da perseguição aos cangaceiros do outro lado do São Francisco. Cangaceiros conhecidos pelos apelidos de Pai Véi, Mariano, Barra Nova, Zepellin, Canjica, Zabelê, etc., foram mortos pelo comandante volante e seus soldados, sendo o último cangaceiro que matou – Corisco – o que mais notoriedade lhe rendeu.
Disfarçados de ciganos, Zé Rufino e sua tropa alcançaram Coriso, Dadá e uma menina, a quem a esposa do cangaceiro havia se afeiçoado, na região de Brotas de Macaúbas, na Chapada da Diamantina. Dadá quem enfrentou o tiroteio, tendo em vista que a cinco de maio de 1940 o “Diabo Louro” estava aleijado de ambos os braços. O objetivo claro era se apoderar do montante em dinheiro que o cangaceiro conduzia, bem como do ouro acumulado em anos de rapina pelo sertão. Passados os anos turbulentos das perseguições aos cangaceiros, Zé Rufino comprou fazendas na região de Jeremoabo, no estado da Bahia.
Dadá
Acometido de acidente vascular cerebral, Zé Rufino mandou, em diversas ocasiões, procurar Dadá, para pedir perdão, mas recebeu, em todas as oportunidades, negativas furiosas da irascível sertaneja, pois como boa parte dos de sua raça, não perdoa, ama os amigo e odeia os inimigos com a mesma intensidade.
Zé Rufino inspirou o personagem “Antônio das Mortes” no clássico filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, cuja característica impressiona em razão do diretor tê-lo colocado a serviço do poder em todas as formas.
José Romero Araújo Cardoso
NOTA CARIRI CANGAÇO: A Conferência de Abertura do Cariri Cangaço será com o pesquisador Antônio Amary Correia de Araujo com o Tema: Zé Rufino, o Matador de Cangaceiros, a se realizar no dia 17 de agosto de 2010, na cidade de Barbalha.