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Lampião e o Cangaço em novas interpretações históricas

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O cangaço, um dos mais importantes fenômenos sociais brasileiros, mais uma vez volta a chamar a atenção da historiografia nacional. Os livros Os Cangaceiros, ensaio de interpretação histórica (Boitempo, 316 páginas, R$ 54,00), de autoria do historiador Luiz Bernardo Pericás e O Outro Olho de Lampião, do jornalista Artur Aymoré, cada um em uma perspectiva diferente, jogam mais luzes sobre este tema, quase sempre tratado com algum menosprezo pela academia. O livro de Pericás, que deve se tornar um clássico do assunto em pouco tempo. já foi lançado na Livraria da Vila da Alameda Lorena, 1731, Jardins, São Paulo.

Pericás autografa sua obra

Em seu trabalho, construído entre viagens a vários Estados nordestinos, um ano de pesquisas na Universidade do Texas, nos Estados Unidos, considerado um dos maiores centros de estudos sobre o Brasil no País, e leitura de toda a principal bibliografia sobre o assunto, Pericás disseca, com grande rigor histórico, a história e a trajetória de personagens como os chefes do cangaço Lampião, Antonio Silvino, Sinhô Pereira e Corisco. Ao contrário da maior parte da bibliografia existente, baseada em um caráter basicamente narrativo e com linguagem literária, ele utiliza documentação nova e faz a análise criteriosa, com rigor científico de historiador atento a sua época, do assunto.

Na obra de Aymoré, jornalista com passagem por vários veículos, entre os quais o Jornal do Brasil e a Última Hora, o enfoque é outro: ele analisa no trabalho, fruto do seu mestrado em Comunicação Social na Universidade de São Paulo (USP), as notícias sobre Lampião publicadas em jornais nordestinos e do Sul/Sudeste, inclusive o Estado. A visão é visceralmente diversa: nos veículos nordestinos, Virgulino Ferreira é retratado como a “fera do Sertão”, enquanto nos de São Paulo e Rio, os bandoleiros eram vistos, majoritariamente, como vítimas de um sistema social injusto, baseado no poder absoluto do coronel.

Polêmica. Aliás, neste aspecto está a principal discrepância entre as duas obras: escritor de esquerda, biógrafo de Che Guevara e de José Carlos Mariátegui, pensador peruano considerado o “pai” do marxismo latino-americano, Pericás, que dedica um capítulo de sua obra à análise da relação entre Lampião e os comunistas brasileiros, vê como “ingenuidade” considerar o bandoleiro nordestino e seus sequazes como bandidos sociais, a exemplo do defendido pelo historiador Eric Hobsbawn, cujo livro Bandidos acaba de ser republicado.

“A população civil é que estava no meio do fogo cruzado entre os cangaceiros e as volantes (grupos móveis de policiais que perseguiam os bandidos). Quando poderia ter se juntado à luta contra o sistema social injusto, Lampião escolheu enfrentar Luiz Carlos Prestes que, realmente, combatia o regime”, afirma. Ele refere-se ao famoso episódio de 1926, quando o bandoleir o foi armado pelo governo para enfrentar a Coluna Prestes, que percorria o Nordeste no período, ganhando a patente de capitão das chamadas Forças Patrióticas, na verdade um ajuntamento de jagunços e bandidos que combateu os militares de Prestes.

Jornalista Artur Aymoré

Aymoré, por sua vez, tem uma visão um pouco mais romântica do cangaceiro. Em sua visão, Lampião e seus bandoleiros eram, realmente, bandidos sociais, vítimas da opressão contra a qual teriam lutado. “Lampião protagonizou a mais longa e épica de todas as revoltas sangrentas já surgidas no Brasil. Considerado bandido pela imprensa brasileira, lutava por justiça social e contra um regime de opressão”, define logo na introdução. Na verdade, o bandoleiro aliou-se, sempre que pôde, a alguns dos mais reacionários coronéis nordestinos. O ensaio de Pericás está fadado a ser comparado, dentro do tema, ao clássico Guerreiros do Sol, violência e banditismo no Nordeste do Brasil, do sociólogo e historia dor Frederico Pernambucano de Mello, considerado o mais sofisticado estudo sobre a violência no chamada Brasil profundo nos últimos anos.

Fonte: Estadao
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3 comentários:

  1. O VINGATIVO LAMPIÃO
    Em 1927, Lampião resolveu invadir o Estado de Alagoas, alegando que era protestando contra Zé Lucena por ter morto o seu pai e denegrir a imagem de Zé Saturnino, que segundo ele, era o causador das declinações dos Ferreira, privando o direito deles serem felizes onde moravam, obrigando-os a fugirem de Pernambuco e os empurrando para as terras alagoanas.
    Em Pernambuco, ele e os seus familiares deixaram para trás tudo que haviam adquirido com muito esforço: propriedade, criações e principalmente sonhos que pretendiam realizar.
    Já residindo em Alagoas, passaram por dois grandes desgostos: O primeiro foi quando viram a mãe cair em depressão. Ela se sentindo desgostosa com o desrespeito do Zé Saturnino, por ter afetado o caráter de José Ferreira da Silva, seu coração não aguentando as maldades, faleceu em 1920. O segundo e mais doloroso, foi quando viram o pai envolvido em um horroroso lençol de sangue, todo crivado de balas, pelas armas do tenente Zé Lucena. Os desrespeitos que surgiram contra a sua família, deixaram ele e seus irmãos sem rumo e sem decisões para enfrentarem as maldades dos perseguidores.
    Dizia o rei que o principal culpado das suas desventuras era o Zé Saturnino, por não ter assumido a sua desonestidade, quando o assecla viu peles dos seus animais na casa de um dos moradores da Fazenda Pedreiras. Se o fazendeiro tivesse assumido o feito, não teria sido necessário ele e seus irmãos viverem embrenhados às matas, escondendo-se dos perseguidores.
    O rei ainda se lastimava que todos os seus antes amigos viviam passeando pelas redondezas do lugar, livres de perseguições, e diariamente aconchegados às mocinhas do povoado, frequentando festas e bailes. E enquanto os outros gozavam da liberdade, eles eram privados de participarem dos divertimentos que o povoado oferecia. Infelizmente teriam que passar a vida inteira se amparando às árvores, castigados pelas chuvas, sol, poeiras, dormindo no chão, misturados com caranguejas, lacraias, cobras e no meio de combates, tentando se livrarem dos estilhaços de balas. E na maioria das vezes, fome, fome e muita fome, vivendo um horroroso sofrimento. Lampião assumia o seu feito, dizendo que antes da morte do seu pai já havia praticado crimes. E em um desses, findou a vida de um sujeito que lhe roubara uma das suas cabras. Mas que todos que o julgavam como um bandido, entendessem o porquê da sua prática criminosa. Fizera para defender o que lhe pertencia, e em prol de sua própria honra. Se ele não defendesse o que era seu, com o passar dos tempos todos iriam querer pisá-lo como se ele nada valesse na vida.
    Lampião alegava ainda que se o Zé Saturnino não tivesse manipulado o tenente Zé Lucena para assassinar o seu pai, quem sabe, talvez ele não tivesse se tornado um bandoleiro; e sim, um fazendeiro, um engenheiro, um rábula qualquer ou outra coisa parecida. Ou ainda teria se casado e construído uma linda família.
    E agora, depois das grandes decepções que passaram, principalmente a morte do pai, como os irmãos Ferreira se vingariam das maldades que fizeram contra eles? Lampião e seus manos, decepcionados, fizeram um juramento: os seus lutos até a morte, iriam ser o rifle, a cartucheira e os tiroteios. E a partir dali, decidiram que a solução seria magoar todo povo que morava em Alagoas, vingando-se a seu modo. Já que tinham perdido o respeito, uma desordem a mais não influenciava nada. E a partir de 11 de janeiro de 1927, partiram para bagunçarem o Estado de Alagoas, onde destruíam tudo que viam pela frente. E geralmente rios de sangue ficavam escorrendo por onde os vingadores passavam.

    José Mendes Pereira - Mossoró – RN.
    Fonte de pesquisas: "Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angicos" - Alcindo Alves da Costa.

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  2. O VINGATIVO LAMPIÃO
    Em 1927, Lampião resolveu invadir Alagoas, alegando que era protestando contra Zé Lucena por ter assassinado o seu pai, e Zé Saturnino, que segundo ele, era o causador das declinações da família Ferreira, privando o direito deles serem felizes onde moravam, obrigando-os a fugirem de Pernambuco, e os empurrando para as terras alagoanas.
    Em Pernambuco, ele e os seus familiares deixaram para trás tudo que haviam adquirido com muito esforço: propriedade, agricultura, criações e principalmente sonhos, sonhos e muitos sonhos que pretendiam realizar.
    Já residindo em Alagoas, passaram por dois grandes invencíceis desgostos: O primeiro foi quando viram a mãe cair em depressão. Ela se sentindo desgostosa com o desrespeito do Zé Saturnino, por ter afetado o caráter de José Ferreira da Silva, seu coração não aguentando as maldades, faleceu em 1920. O segundo desgosto e mais doloroso, foi quando viram o pai envolvido em um horroroso lençol de sangue, todo crivado de balas, pelas armas do tenente Zé Lucena. Os desrespeitos que surgiram contra a sua família, deixaram ele e seus irmãos sem rumo e sem decisões para enfrentarem as maldades dos perseguidores.
    Dizia o rei que o principal culpado das suas desventuras era o Zé Saturnino, por não ter assumido a sua desonestidade, quando o assecla viu peles dos seus animais na casa de um dos moradores da Fazenda Pedreiras. Se o fazendeiro tivesse assumido o feito, não teria sido necessário ele e seus irmãos viverem embrenhados às matas, escondendo-se dos policiais.
    O rei ainda se lastimava que todos os seus antes amigos viviam passeando pelas redondezas do lugar, livres de perseguições, e diariamente aconchegados às mocinhas do povoado, frequentando festas e bailes. E enquanto os outros gozavam da liberdade, eles eram privados de participarem dos divertimentos que o povoado oferecia. Infelizmente teriam que passar a vida inteira se amparando às árvores, castigados pelas chuvas, sol, poeiras, dormindo no chão, misturados com caranguejas, lacraias, cobras e no meio de combates, tentando se livrarem dos estilhaços de balas. E na maioria das vezes, fome, fome e muita fome, vivendo um horroroso sofrimento. Lampião assumia o seu feito, dizendo que antes da morte do seu pai já havia praticado crimes. E em um desses, findou a vida de um sujeito que lhe roubara uma das suas cabras. Mas que todos que o julgavam como um bandido cruel entendessem o porquê da sua prática criminosa. Fizera para defender o que lhe pertencia, e em prol de sua própria honra. Se ele não defendesse o que era seu, com o passar dos tempos, todos iriam querer pisá-lo como se ele nada valesse na vida.
    Lampião alegava ainda que se o Zé Saturnino não tivesse manipulado o tenente Zé Lucena para assassinar o seu pai, quem sabe, talvez ele não tivesse se tornado um bandoleiro, e sim, um fazendeiro, um engenheiro, um rábula qualquer ou outra coisa parecida. Ou ainda teria se casado e construído uma linda e maravilhosa família.
    E agora, depois das grandes decepções que passaram, principalmente a morte do pai, como os irmãos Ferreira se vingariam das maldades que fizeram contra eles? Lampião e seus manos, decepcionados, fizeram um juramento: o seu luto, até a morte iria ser o rifle, a cartucheira e os tiroteios. E a partir dali, decidiram que a solução seria magoar todo povo que morava em Alagoas, vingando-se a seu modo. Já que tinham perdido o respeito, uma desordem a mais não influenciava nada. E a partir de 11 de janeiro de 1927, partiram para bagunçarem o Estado de Alagoas, onde destruíam tudo que viam pela frente. E geralmente rios de sangue ficavam escorrendo por onde os vingadores passavam.

    José Mendes Pereira - Mossoró – RN.
    Fonte de pesquisas: "Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angicos" - Alcindo Alves da Costa.

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  3. Amigo Severo:
    Não é que eu esteja querendo lhe dar serviços, mas não é intenção minha de às vezes a portagem aparecer duas vezes. Desculpa-me a minha falha. E eu não como corrigir isso.
    José Mendes Pereira - Mossoró-Rn.

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