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Rubinho Lima e Aninha
Saudades do Cariri Cangaço
É com tanta saudade boa
De tudo que já passou
Que a cachola, no passado, “avôa”
Tentando buscar o fervor
De momentos tão divertidos
E conhecimentos adquiridos
No agosto que despencou.
Já estamos no mês de setembro,
O ano é esse de dois mil e dez.
Só de falar eu já me lembro,
Ou então, de olhar pra a sandália nos pés,
De tudo que pudemos ver lá
Aprender, conhecer, viver e visitar
É agora, com saudade relembrar.
Foi o segundo Cariri Cangaço
Que no Ceará se passou
Alí nas cidades, tanta gente se aprumou
Pegamos Lampião pelo braço
Padre Cícero, Prestes, Conselheiro,
Pois o tema era muito farto:
Coronéis, beatos e cangaceiros.
Na escalação do time do evento
Só tinha gente de primeira linha.
O curador é o nosso anfitrião atento
Manoel Severo, cabra de conhecimento
Que tem ao seu lado a flor Danielinha
Uma articuladora de alto gabarito
Que juntos, só podem mesmo fazer bonito.
Naquela empreitada sem descansar
Em busca dos assuntos do Nordeste
Partiu gente de tudo quanto é lugar
Pra as terras dos “cabras da peste”
Porque, se o primeiro evento foi bombando
Imagine como foi a gente lá voltando,
Maravilhas nós trouxemos no “emborná”...
No ataque, com as palestras e lances,
Foram escalados feras dos assuntos
Antônio Amaury, na autoridade grande,
Destrinchou Zé Rufino todinho.
Abrindo as sessões de faladores muitos,
Ninguém conseguia falar pouquinho
E haja contribuição de povão e povinho.
Para dar seguimento ao falatório inteiro,
No caldeirão, o Lemuel puxou a peixeira
Em seqüência, ouvimos o Sávio Cordeiro
Que emendou a prosa, com Ocelio Teixeira
pra falar com muita propriedade
Das andanças do Conselheiro, o próprio,
Veio o invencível e incansável Múcio Procópio.
Professor Océlio Teixeira no Caldeirão
E é tanta inteligência desses aventureiros
Se brincar, fala um ano, o assunto, ou mais
Como foi no caso do grande Honório de Medeiros
Que falou bonito sobre o ataque de Mossoró
E depois, a vez do bigodudo Geraldo Ferraz
Trazendo as façanhas do Theóphanes sem dó
Pois atesto, esse gêmeo de Osmiro é capaz
Se o assunto é Lampião em Sergipe
No Juazeiro, dominou o Alcino Costa
E não acabou ainda, esse poeta te mostra
Que esse evento só reuniu os bacharéis
Mestres, escritores curiosos, uma grande equipe
E revelando os Pactos dos Coronéis
Renato Dantas,que do Juazeiro tem estirpe
E cada vez que queríamos que demorasse
Percebia-se o passar ligeiro dos dias
Em Missão Velha, falando do gênio Delmiro
Veio lá da capital do Brasil, a Eloísa Farias
Quem pegou o fio da meada, falando bem ali
Foi o sabido Bosco André, não me admiro,
Que arrematou com os Coronéis do Cariri.
Se eu for falar aqui de tanta coisa
Não vai caber nem dez por cento, nesse cordel,
Pois nem falei ainda das palestras de Aurora,
E já ta quase acabando o papel.
Mas não vou deixar de citar o José Cícero,
Que na sua terra, há oitenta anos
Lampião também deixou história.
Um pedacinho da grande família Cariri Cangaço
É assunto pra dedéu, nesse evento gigante
E quanto mais eu vou falando das cenas,
Vão surgindo mais lembranças daquela temporada
Pois, também me lembrei da entusiasmada
Explanação do ávido escritor Margébio Lucena,
Trazendo Lampião e a Coluna Prestes destrinchada
E revelando que a patente foi uma furada.
Ainda tem mais coisas, pra falar do Seminário
E uma delas é a poesia, como cenário.
Lá tivemos a honra de beber poesia da Lenda Viva
A presença marcante do poeta Pedro Bandeira
Nos alegrou, num clima de cantoria cativa
Num recital de memória e alegria faceira
Nos envolvendo tal qual a leitura de uma missiva.
Em seguida, para o delírio dos presentes
Um piauiense, Gonzagueano roxo e contente
Levou-nos ao mundo da estética e ritmo
Ligando a música ao cenário do cangaço
Wilson Seraine, com maestria, foi legítimo
Percorreu pelas estradas sonoras do mundo
E provou que no tema tem coisa que só o diacho.
Ainda nem falei de tudo que vi
Nesse evento repleto de boas atrações
Pertinho da hora de irmos embora dalí
Ainda tinha palestra boa dos sabichões
Envoltos na magnífica artilharia do cangaço
Do Alfredo Bonesi, com o arsenal, mas sem tiro,
Ninguém saiu ferido, nem com bala ou estilhaço.
Descontração e Companheirismo...
Em seguida, e ainda mais empolgado
Veio o Matuto do agreste, com seu falar arranhado.
Antônio Vilela, o evangélico caçador de história
Que falou de Lampião no agreste Pernambucano
Revirou um bocado os assuntos da memória
Envolvendo a gente no incrível mundo,
Amarrou todo mundo no tema, sem escapatória.
Queridos e queridas, se deixar, vou além...
Não falei quase nada, e ainda tem
Se contar as outras coisas, tudo de lá,
For falar dos passeios, visitas, momentos,
Pode crer, e tanta coisa a mencionar...
Esse cordel vai ficar imenso,
Pois é coisa pra lascar.
Esse matuto aqui, conterrâneo
Da Rainha do Cangaço, Maria de Lampião
Vai ficando por aqui mesmo
Com saudade e aperto de coração
Querendo que volte o tempo fujão
Ou que chegue dois mil e onze ligeiro
Pra viver de novo tanto prazer verdadeiro.
Rubinho Lima
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