Páginas

Lampião, um Líder Nato. Por:Cesar Megale

.
Olho no Olho...
 por Cesar Megale.
..
Carlos Megale entre João de Sousa e Rubinho Lima

Lampião era um lider nato e sabia como ninguém, aglutinar em volta de si, os mais perigosos cangaceiros. Muito esperto, perspicaz e inteligente, ele era a cabeça pensante que movia o cangaço. Todos o respeitavam pelo poder de liderança que ele tinha.

A maior prova disto, é que depois de sua morte em Angico, seus subgrupos vagaram sem rumo e sem guarida pela caatinga. Sem a presença do grande chefe, muitos foram mortos, presos e a maioria se entregou a policia nos meses seguintes. É dificil saber qual foi o cangaceiro mais valente. Para ser um valente, uma pessoa precisa antes de tudo, ter valor, força, ser enérgico e corajoso.

Como os cangaceiros agiam em bandos e muitas vezes sob o efeito de bebidas alcoolicas, fica dificil saber quem realmente reunia todas as qualidades para ser um verdadeiro valente.

Lampião em algumas ocasiões - como por exemplo em Queimadas - foi desafiado e não ousou lutar com o soldado que o desafiou...Jararaca por sua vez, ao perceber que seria morto ao chegar ao cemitério de Mossoró, manteve a altivez diante da morte e em momento algum lamentou sua sorte ou implorou pela vida...Zé Baiano ao ser dominado e vendo que ia ser morto, implorou pela vida e ofereceu dinheiro para ser poupado pelos seus algozes...são dois comportamentos completamente diferentes... analisando por este prisma, podemos afirmar que Jararaca foi muito mais valente e corajoso que Zé Baiano...


A relação entre Lampião e Corisco era de respeito. Não acredito que um confiasse no outro, ao ponto de confiar-lhe a propria vida. Naquele meio em que viviam, todos confiavam desconfiando e Lampião não confiava plenamente em ninguém. É dificil avaliar se Corisco estivesse em Angico a história seria diferente. Como o grande trunfo das volantes em Angico foi o fator surpresa, quando muitos cangaceiros ainda estavam deitados dormindo e outros despertando sonolentos e sem reflexos, acredito que a presença do Diabo Loiro não faria muita diferença.

Sobre Angico, tudo já foi exaustivamente pesquisado e dissecado. Não existe mais nenhum segredo a ser desvendado.

O que acontece é que muitas pessoas não conseguem separar os depoimentos verdadeiros dos fantasiosos e, preferem acreditar em "mistérios". Nem todos conseguem entender o que aconteceu em Angico em toda a sua dimensão.

Para concluir, em minha ótica, Virgolino Ferreira da Silva, o famoso Lampião, era um cangaceiro e consequentemente um bandido, um fora da lei. Apesar de tudo de mal que fez, tornou-se um mito popular e hoje faz parte da cultura nordestina.

Um abraço aos amigos do Cariri Cangaço.

Carlos César de Miranda Megale
.

5 comentários:

  1. Caro Manoel,

    Grato pela visita e elogios proferidos para o nosso blog www.amigosdedelmirogouveia.blogspot.com

    Coloquei o Cariri Cangaço nos links do mesmo.

    Sucesso e abraços.

    ResponderExcluir
  2. Manoel severo,"seu cariri cangaceiro", grata pelo depoimento que deixou em meu blog. Volte sempre para opinar,será sempre bem-vindo home de Deus!
    Olhe esse post sobre Lampião é bom qui nem a peste.O lider do sertão era bandido desalmado mas, tratava Maria Bonita com "decença."
    Abraços.

    ResponderExcluir
  3. O capitão Alfredo Bonessi, um dos pesquisadores do cangaço, fala em uma das páginas do Blog Cariri Cangaço sobre os defeitos e qualidades do rei Lampião. E realmente a vida do respeitado capitão Lampião foi recheada desses adjetivos, sendo muito mais defeitos do que virtudes.
    Lampião foi um fora-da-lei que conduzia o seu bando com autoridade e se considerando o senhor dos senhores. Não aceitava que contrariassem as suas opiniões, nem mesmo pelos seus melhores amigos.
    O jornalista baiano, Juarez Conrado (faleceu em 2010), escreveu nos anos 80 para o Jornal "A TARDE", sobre os últimos dias do respeitado bando de cangaceiros do afamado Lampião, antes da chacina, onde morreram: o rei do cangaço, Lampião, a sua rainha, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, no dia 28 de julho de 1938, lá na Grota de Angicos, no Estado de Sergipe.
    Juarez Conrado sentiu-se honrando quando conversou com o coiteiro Mané Félix, homem de grande confiança de Lampião, o qual presenciou os últimos acontecimentos de Lampião e sua malta. Dizia o depoente ao jornalista: “... porém, de manter a autoridade sobre o grupo, inclusive com os mais temíveis dos seus integrantes, como aconteceu com Luiz Pedro quando este, querendo botar o seu cachorro para brigar com "GUARANY”, o de "Lampião", acabou se desentendendo com o chefe, de quem levou, sem responder uma única palavra, séria repreensão”.
    Esse depoimento do coiteiro Mané Félix mostra que Lampião exigia de todos que a sua ordem e repreensão fossem respeitadas. Continua o depoente: “Com relação ao cachorro “Guarany” ocorreu um fato interessante na segunda-feira que precedeu à chacina do Angico: descansando, com a cabeça recostada a uma pedra, "Lampião" cochilava, tendo ao lado seu fiel cão de guarda, quando dele se aproximou Zé Sereno, trazendo um bode que capturara pouco antes. Vendo o animal, “Guarany”, latindo muito, avançou sobre ele, assustando-o, fazendo com que o bode, espantado, pulasse sobre "Lampião", que, extremamente supersticioso, vendo na reação do bicho um possível mau sinal, ordenou, aos gritos, que Zé Sereno soltasse imediatamente "esta peste", no que foi prontamente atendido”. O Zé Sereno foi repreendido e não falou nada contra Lampião.
    Lampião em alguns momentos era amigo dos seus comandados. Mas podia mudar as suas idéias num fechar de olhos. Era rancoroso, maldoso, perverso, odioso. Caridoso quando era respeitado. Vingativo quando era provocado. Inteligente, calmo, educado, com um sorriso entre os dentes. Observador, curioso, odiado, amado, respeitado pela sua companheira e por todos do bando. Provocado, Perseguido pelos policiais, e às vezes se tornava perseguidor, quando a polícia se sentia vencida. Valente ao extremo. Cordeiro aos braços de Maria Bonita. Rico, ambicioso, tranquilo, invejado. Olho grande aos bens dos outros. Confiava desconfiando, paparicado e protegido pelos seus comandados. Grande estrategista, e sempre estava mal-humorado. Geralmente estava pronto para os combates. Religioso, exigente, vaidoso com as suas vestes. Orgulhoso com a sua malta e profissão. Não aceitava desculpas, mentiras e fofocas nos coitos, principalmente das mulheres. Traições, jamais. As suas leis criadas na sua Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia. tinha que serem honradas. Lampião era o rei dos sertões e patrão dos bandidos.

    José Mendes Pereira – Mossoró-RN.

    ResponderExcluir
  4. Concordo com o escritor Carlos Cesar Megale, realmente é muito dificil dizer qual dentre os bandidos era o mais valente, ali quase todos se equivaliam, entretanto tinhamos os mais sagazes e capazes, com destaque para o líder lampião, Luis pedro, labareda...

    Sds

    Henrique Lopes D'aora
    Recife

    ResponderExcluir
  5. Caro professor Cesar Megale, nunca havia feito esse paralelo entre os episodios e os resultados dos momentos em que estiveram frente a frente com a morte os cangaceiros Jararaca e Zé Baiano; interessante, vendo por esse prisma o amigo tem razão: Jararaca foi mais "macho", talvez Zé Baiano estivesse com pena de deixar a grande fortuna que possuia, rsrsrs

    Abraços

    Francisco Turco

    ResponderExcluir