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Ainda madrugada, frio intenso na cidade de Jardim, no cariri cearense, Vicente Venancio subia tranquilamente a Serra do Araripe. Na vespera, 01 de Fevereiro de 1927, recebeu do pai, o agropecuarista Venancio Bezerra de Menezes, a quem servia como vaqueiro, ordem para trazer da propriedade um boi que deveria ser vendido na cidade, a fim de atender a algumas obrigações financeiras assumidas pelo velho criador. Ordem recebida, ordem cumprida. No seu cavalo de maior estimação lá ia Venancio serra acima, varando a madrugada fria e invernosa.
Ao meio dia, quando descançava no lugar chamado Encruzilhada, chegou Pedro Vieira, abastado criador pernambucano e amigo de Venancio, que o convidou para conduzirem uma boiada até o povoado de Cacimbas. Por ter que cumprir, primeiramente, a ordem do pai. Venancio prometeu a Vieira que logo iria, pois tinha tambem negocios a resolver em Cacimbas. Encontrado o animal que buscava, Vicente Venancio o levou a Jardim, onde o vendeu por 140 mil reis, importancia que passou as mãos do pai.
Regressando a Serra do Araripe, entre Jardim e as Cacimbas, encontrou negocio para o cavalo. Na troca dos animais, pois essa foi a transação, Venancio voltou 50 mil reis. De posse do cavalo trocado, seguiu viagem até as Cacimbas, um povoado de 30 casas, na fronteira do Ceara com Pernambuco. Ao chegar aquele local, encontrou outro velho conhecido, Mario de São, agricultor e criador no municipio de Barbalha, na companhia do qual prossegue viagem.
Venancio conta que, saindo da casa do velho Lucio, onde sempre se hospedava nas suas idas as Cacimbas, encontrou novamente Pedro Vieira que, ao avista-lo, o convidou para um cafezinho. Era cedo da manhã de 02 de Fevereiro de 1927. Em companhia de Pedro Vieira e Mario de São, Venancio, segundo velho habito, se dirigiu, após o cafe, a margem de um barreiro ali existente. No percurso, disse Venancio, não sei se por pressentimento ou se por coincidencia Pedro Vieira começou a cantarolar versos preferidos pelos cabras de Lampião. Lembro bem de um que dizia: Sabino, peito de aço do sertão paraibano, bicho feito no cangaço.
Venancio olhou para o sol e exclamou: São seis horas da manha. Mal fechou a boca, ouviu um tropelar a distancia. Assustado, falou para os companheiros. Seu Mario. Seu Pedro, aí vem ou força de Pernambuco ou cangaceiros.Continua com a aproximação dos cangaceiros.
Venancio olhou para o sol e exclamou: São seis horas da manha. Mal fechou a boca, ouviu um tropelar a distancia. Assustado, falou para os companheiros. Seu Mario. Seu Pedro, aí vem ou força de Pernambuco ou cangaceiros.Continua com a aproximação dos cangaceiros.
Sob uma onda de poeira, à frente a figura aterradora do capitão Virgulino Ferreira, o bando riscou em frente aos indefesos criadores. Incontinente, ouviram a voz de Lampião ao perguntar: Quem é Pedro Vieira? Sou eu, responde estarrecido e tremulo o velho sertanejo. A seguir, travou-se o seguinte dialogo entre Sabino, cangaceiro famoso e perverso, e Pedro Vieira: Vocês estão presos pelo grupo de Lampião. Só serão soltos depois que Pedro Vieira der cinco contos de reis. Nós somos pobres, o senhor deixe por dois contos.... Não quero conversa. Pode providenciar logo...Somos pobre seu Sabino, insistiu Vieira, deixa por tres contos... Já disse que não quero conversa. Caso repita lasco este fuzil na sua cara, velho safado e atrevido.
Um silencio enorme dominou a todos nós - afirma Venancio, para acrescentar - Nisso chega o gado para beber. Ao avistar os animais, Lampião começou a atirar indiscrinadamente, matando vacas e até animais de pequeno porte. Foi um estrago miseravel. Diante do cruciante problema dos cinco contos de reis, Mario ofereceu-se para ir a Jardim tentar conseguir o dinheiro da exigencia de Sabino, a mando de Lampião. Montando um dos cavalos pertencentes aos companheiros, exatamente o mais gordo e ardego, Mario, depois de ouvir de Sabino a admoestação no sentido de que negasse para policia a presença do grupo nas Cacimbas, seguiu apavorado para Jardim, temendo pela sorte dos amigos que ali ficavam em situação tão dificil e perigosa.
Conta Vicente, ter ficado certo que Mario de São, logo fossem conseguidos os cinco contos de reis e deveria encontrar-se com o grupo em Caririzinho, hoje distrito do municipio pernamcucano de Sitios do Moreiras. Lampião ia com destino a Ipueiras dos Xavies, onde se deu o cerco do grupo e a sua celebre e precipitada retirada, por encontrar forte reação da familia Xavier. Foi aí que Virgulino Ferreira perdeu um de seus mais valorosos cabras. Tempero, morto por Dezinho Xavier.
Andanças e Lembranças.
Blog do sanharol
Antonio Morais
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Amigo Severo:
ResponderExcluirRealmente é uma excelente história. Muito bem contada pelo seu Antonio Morais. Tomara que ele venha logo com a segunda parte, para que a gente não fique esperando muito pela continuação.
Valeu seu Antonio!
Ótima narração.
José Mendes Pereira - Mossoró-Rn
Muito bom realmente, parabens ao Antonio Morais, que ainda não conhecemos pessoalmente, mas que nos traz uma grande colaboração.
ResponderExcluirAbração Severo.
Paulo Hemrique Malta
Maceió
Senhor Morais, esse episodio que o senhor nos tras é um dos mais marcantes da historia do cangaço em nosso cariri, a fuga de Venancio e a morte de Vieira, muito bom mesmo, parabens e continue nos presenteando com boas materias.
ResponderExcluirProfessor Mario Helio