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Complô de Mossoró Por:Marcos Pinto a Honório de Medeiros

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Defesa de Mossoró a partir da casa de Rodolfo Fernandes

Reproduzimos a espetacular entrevista do historiador potiguar Marcos Pinto, prestada ao blog honoriodemedeiros; vale ressaltar a luz que ainda precisa ser fortalecida a cerca do ataque de Virgulino a Mossoró. Parabens ao amigo Honório e a Marcos Pinto pela oportuna entrevista.

 
Honório: vc é defensor da teoria da participação direta, embora oculta, de Jerônimo Rosado nas articulações para o ataque de Lampião à Mossoró. Como isso aconteceu?
Marcos: Cresci ouvindo meu avô paterno ARISTIDES FERREIRA PINTO (18.04.1907 / 19.09.1975) narrar, de forma minuciosa, no alpendre de sua fazenda, a saga do seu irmão Cel. FRANCISCO FERREIRA PINTO (17.04.1895 / 02.05.1934), sempre relatando trechos da carta escrita pelo mesmo, e enviada para o seu parente RODOLFO FERNANDES, por emissário especial, após o célebre ataque à Apodi por uma parte do bando do famigerado Lampião, comandados pelo célebre cangaceiro Massilon Benevides, fato ocorrido à 10 de Maio de 1927.

Honório: em que vc se fundamenta para defender essa teoria?
Marcos: Lembro-me que o meu avô fez o relato sempre observando ter ouvido inúmeras vezes do seu perseguido irmão, que dentre o intrincado de particularidades da missiva informando o Rodolfo, destacava:

- Que fora informado por pessoa de acentuada estima e confiança, de que fora armado um complô com fito único de exterminá-los fisicamente, engendrado pelo quarteto sinistro composta por Jerônimo Rosado, Felipe Guerra, seu cunhado Tilon Gurgel, que por sua vez arregimentou a participação do seu genro Décio Holanda;


- O alerta a Rodolfo para a necessidade e cuidados de chefe de estado em só arregimentar pessoas de sua mais íntima amizade e confiança, de preferência parentes;

- Que o complô tinha como objetivo abrir lacunas nos executivos de Apodi e Mossoró, proporcionando a assunção de Tilon Gurgel em Apodi, e o retorno de Jerônimo Rosado ao comando do executivo mossoroense, na Presidência da Intendência municipal (Equivalente ao de Prefeito) que já ocupara no período 1917-1919, tendo como Vice-Presidente da Intendência (equivalente ao cargo de Vice-Prefeito) o Dr. Antonio Soares Júnior, genro de Felipe Guerra;

Honório: é sabido de sua anterior e forte ligação com Vingt-Un Rosado. Seu afastamento dele se deveu à sua teoria acerca da participação de Jerônimo Rosado no ataque de Lampião a Mossoró?
Marcos: Antes de adentrar na resposta, faço a observação de que o grande e profícuo historiador VINGT-UN ROSADO enfatizou, em um dos seus livros em que aborda a atuação de seu irmão Dix-Sept como governador do RN, a importância do mesmo ter ratificado o intrínseco vínculo de amizade existente entre seu pai (Jerônimo Rosado) e o Dr. Felipe Guerra,com a nomeação do Dr. OTO GUERRA para o pomposo cargo de Procurador Geral do Estado.

Acredito que o sutil afastamento do VINGT-UN em relação a minha pessoa dera-se em decorrência de um artigo que escrevi em um jornal de Mossoró, com o sugestivo título "FORJARAM FATOS NA HISTÓRIA DE MOSSORÓ" em que desmitifiquei fatos supostamente históricos elencados por VINGT-UN sobre o "MOTIM DAS MULHERES" e sob o verdadeiro motivo que fez com que o então governador DIX-SEPT ROSADO encetasse a viagem ao Rio de Janeiro, então Capital da República, ou seja, que a viagem dera-se em atendimento a um telegrama enviado pelo Presidente Getúlio Vargas, que pretendia aparar arestas existentes entre DIX-SEPT e o CAFÉ FILHO, então Vice-Presidente da república. Ressalte-se que o Dr. VINGT-UN nunca deixou de saudar-me quando nos encontrávamos. Em que cofre estará escondida a carta do Cel. Francisco Pinto? Terá sido incinerada pelo Dr. Aldo Fernandes, genro de Jerônimo Rosado ? Por que deram sumiço a essa prova, que paira apenas como uma referência metafórica a um segredo ?

Honório: há, em sua opinião, alguma relação entre o ataque a Apodi, feito por Massilon, e o ataque a Mossoró, no qual esse cangaceiro chefiava um dos subgrupos de Lampião?

Marcos: Os interesses políticos e pessoais que uniam JERÔNIMO ROSADO, FELIPE GUERRA e seu cunhado TILON GURGEL, somado à intrínseca participação do seu genro Décio Holanda, conduz à certeza de que havia um consórcio em confidências íntimas e profundas. Delas se poderá até deduzir que, nos episódios do 10 de Maio de 1927 e de 13 de Junho do mesmo ano, Jerônimo e Felipe Guerra atuaram como espécies de mentores com acentuadas ascendências. As perspectivas de sucesso das nefastas empreitadas alegravam perversamente os seus espíritos. Em sentido adverso a eles, os desígnios divinos anularam tamanha virulência em matéria de inveja e cobiça. Nuances que anularam seus princípios de homens públicos e anulam suas individualidades. Foram pródigos em protagonizarem distorções de caráter. A ânsia pelo poder fez com que perdessem inteiramente o contato com a realidade.

Honório vc está escrevendo algum livro, atualmente?

Marcos: Sim, estou em fase de conclusão trabalho de cunho histórico/genealógico com o título "SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA FAMÍLIAS APODIENSES".

2 comentários:

  1. Simplesmente revelador. Parabens ao senhor Honorio de Medeiros por nos trazer essa pérola da história do cangaço nordestino. Na verdade só se confirma a máxima de que "havia muito mais coisa nos bastidores do ataque a Mossoró" do que aquilo que nosso "olhos estavam a ver".

    Parabens aos senhores

    Doutor Genival de Aurora Lemos
    Natal - Rio Grande do Norte

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  2. Lendo é que se aprende.

    Jamais eu tinha ouvido falar da participação neste ataque de Lampião a Mossoró, a participação da família numerada "ROSADO".
    É incrível!

    José Mendes Pereira - Mossoró-RN.

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