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Rosa Bezerra e confrades por ocasião do lançamento de seu livro no Cariri Cangaço
Esse encontro de hoje é marcado pelo ineditismo. Não se cogitaria, sequer, há poucos anos, uma mulher, filha de um cangaceiro, receber uma homenagem de uma entidade literária que teve até pouco tempo atrás a presença, apenas, da elite intelectual pernambucana fazendo parte de seu quadro de sócios efetivos.Deve-se este avanço à visão estratégica de seu atual presidente, Alexandre Santos que, viabilizando a inclusão dos representantes de todos os segmentos da literatura pernambucana, nesta entidade, concede-nos, nesta ocasião, a possibilidade de conhecer, mais de perto, a pesquisadora que, ao lançar o seu livro de estréia, em 2009, A Representação Social do Cangaço, já demonstra maturidade suficiente para entrar no rol dos escritores que fazem da escrita um veículo não apenas de prazer, mas de compromisso com a história que é sempre contada pelos vencedores, roubando dos vencidos a chance de registrar a sua própria história.
Lançado na Bienal Internacional do Livro de Pernambuco em 2009, e no Cariri Cangaço, no mesmo ano, em pouco tempo teve a sua primeira edição esgotada, estando, a segunda, revisada e ampliada, prevista para ser lançada na Bienal que acontecerá de 24 de setembro a 2 de outubro deste ano, no Centro de Convenções de Pernambuco.A Representação Social do Cangaço é leitura obrigatória para todo historiador, pesquisador, estudante, enfim, para o público ligado de alguma forma ao fenômeno do Cangaço. Ele se diferencia das demais abordagens sobre o assunto, porque traz à tona, entre outras coisas, a forma como a mídia tendenciosa pode relatar os fatos, visando o favorecimento de determinados segmentos da sociedade.
Rosa Bezerra e os autógrafos em noite de Cariri Cangaço
Não apenas o Cangaço teve os seus fatos distorcidos pelos meios de comunicação, mas outros movimentos, ao longo da história tiveram o mesmo destino, com grave repercussão até os dias atuais. Cabe, pois, ao público, saber fazer a leitura crítica de tudo o que é veiculado, exercendo, Rosa, um papel fundamental neste quesito ao publicar uma obra que tem o poder de acender uma tocha na escuridão onde muitos, ainda, estão imersos.Saindo da mediocridade a que esteve submetida até grande parte do século passado, a mulher cangaceira rompe com um padrão alimentado pelo machismo e entra para a história, mesmo sem ter consciência disso, como a que tem vontade própria, a que vai atrás do seu homem, a que enfrenta a dureza de parir os seus filhos no meio da caatinga e a incerteza de poder criá-los dignamente.
Rosa herdou das mulheres cangaceiras o visual marcante, a personalidade forte, a coragem de ir à luta pelos seus ideais, transparecendo, sempre, a grande admiração que nutre pelo pai, Generino Bezerra, e pelo atributo que norteou a sua vida – o senso de justiça. Amiga, você está fazendo a diferença, aqui, na UBE. Está deixando a sua marca para que futuras gerações possam ter uma visão mais abrangente a respeito do movimento social chamado Cangaço e das mulheres cangaceiras, que não apenas acompanhavam um grupo que subvertia a ordem estabelecida, matando, invadindo ou se vingando, mas que se destacavam pela coragem de romper com um padrão que vinha se perpetuando para a glória machista sertaneja.
A atitude daquelas mulheres, na época, largamente comentada através do boca-a-boca, pode ter servido de exemplo para a libertação de muitas outras que se viam oprimidas por pais, irmãos e maridos.
Salete Rego Barros é escritora, editora e dirigente da UBE-PE. Trabalho apresentado em 21 de março de 2011, por ocasião da estréia do programa 'Conversa de Segunda' na Casa Rosada da Rua Santana, no Recife, quando a escritora Rosa Bezerra foi homenageada pelo seu trabalho sobre a participação da mulher no Cangaço.
NOTA CARIRI CANGAÇO: Tivemos a grande satisfação de acolher o lançamento da espetacular obra da escritora Rosa Bezerra, A Representação Social do Cangaço em nosso Cariri Cangaço 2009. Em 2010 novamente privamos de sua companhia durante todo o evento e este ano, com certeza teremos mais Rosa Bezerra no Cariri Cangaço 2011.
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Parabens a voces - sou fã da Rosa. Alfredo Bonessi - GECC- SBEC
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