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A cruz que faltava na história do cangaço Por:Edson Barreto

Grota do Angico
 
Cruz, do latim cruce, é utilizada por diversas religiões, principalmente a cristã. Usada, antes mesmo da morte de Cristo; os romanos a usavam como método de tortura para punir escravos, criminosos e subversivos. Cientificamente significa instrumento de suplício. Para lembrar a morte de alguém, geralmente uma cruz é posta sobre a cova ou túmulo, bem como é tida como símbolo de proteção. Remonta também à lembrança do calvário e do martírio vivido por Jesus Cristo.
Muitas cruzes, em diversos rincões das caatingas nordestinas, rodeadas por arbustos espinhosos, marcam a polêmica e sangrenta história do cangaço. A cruz sobre a cova do coiteiro Antonio Curvina (no povoado Salgadinho); a que lembra a trágica morte de Zé Pretinho (no povoado Riacho); a do jovem Zé de Clemente (no povoado Serrote); a cruz da capela da coiteira Generosa Gomes de Sá (no povoado Riacho); a cruz que sumiu misteriosamente da Grota do Angico, posta pelo Capitão João Bezerra, em lembrança aos onze cangaceiros mortos naquele local, dentre eles Lampião e Maria Bonita; além de inúmeras outras cruzes que marcam a dor e o sangue de um período de crueldade acontecido no sertão nordestino são exemplos vívidos de uma história imorredoura para inúmeras famílias.

 Edvaldo Primo, João de Sousa Lima, Antonio Vilela e Edson Barreto
Como toda história carece de registro, seja marcada pela tristeza ou pela alegria, dois renomados historiadores, pesquisadores e escritores do cangaço, em 2008, prometeram ao ex-soldado de volante, perseguidor de cangaceiros, o senhor Antônio Vieira, que residia em Delmiro Gouveia – Alagoas, fazer jus a um colega de farda que tombou morto sobre as pedras da Grota Angico no massacre de 28 de julho de 1938, o soldado Adrião Pedro de Souza. Daí, gestou-se o compromisso de pôr uma cruz na Grota do Angico em homenagem ao soldado Adrião que, no cumprimento do dever, tombou morto no solo sáfaro e pedregoso daquele sertão sergipano.
Sob o sol escaldante de 1º de Abril de 2012 a promessa foi cumprida. Os escritores Antonio Vilela (autor de O Incrível Mundo do Cangaço – Volumes I e II) e João de Sousa Lima (autor de Lampião em Paulo Afonso, Maria Bonita – A Rainha do Cangaço, Moreno e Durvinha – Sangue, Amor e Fuga no Cangaço, e outros livros) ergueram na Grota do Angico a cruz que faltava para lembrar a morte do esquecido soldado Adrião. Inclusive, Antonio Vilela está preparando um livro sobre a vida e morte desse praça; ao mesmo tempo em que João de Sousa Lima prepara um livro intitulado Luiz Gonzaga em Paulo Afonso, ambos serão lançados em breve.
A cruz, por uns venerada e por outros odiada é um símbolo de fé, portanto deve ser respeitada. Respeitado também deve ser todo aquele que não a aceita como símbolo de veneração e fé. Respeitados, devem ser os historiador João e Vilela que erigiram uma cruz, na Grota do Angico, para marcar a história esquecida de alguém que contribuiu para pôr fim no cangaço, o soldado Adrião Pedro de Souza.

Edson Barreto
Paulo Afonso-BA

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