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GPEC se une ao Cariri Cangaço !


Estimado timoneiro do nosso Cariri Cangaço, Manoel Severo. É com muita satisfação que recebemos essa maravilhosa notícia da confirmação da data do Cariri Cangaço 2013 para Setembro.  Fique certo que estarei presente, no momento em que nos congratulamos com todos os confrades e Conselheiros, pode contar com todo o apoio do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço. Grande Abraço.

Narciso Dias - Presidente do GPEC
Conselheiro Cariri Cangaço
João Pessoa - PB

Encontrada afilhada de Lampião Por:João de Sousa Lima


Durante minhas pesquisas cheguei até Ana Maria dos Santos, dona Nô, que reside em Triunfo, Pernambuco. Ela foi batizada por Lampião, seu pai era coiteiro do cangaceiro. O nome do pai dela era João Zeferino dos Santos e sua mãe chamava-se Maria Joana da Conceição.
 
Dona Nô nasceu no dia 14 de abril de 1919 e encontra-se viva, completará  94 anos de idade daqui a dois meses, reside em um dos bairros da cidade pernambucana, vive cercada por filhos, netos e amigos. Encontra-se lúcida e gosta de contar as histórias da época do cangaço. Dona Nô foi casada com Manoel Pedro, irmão do cangaceiro Luiz Pedro, homem de confiança de Lampião. Ela diz que junto com Luiz Pedro seguiu o irmão Ulisses Pedro para o cangaço, ficando poucos dias na companhia de Lampião. Luiz Pedro ficou até a morte no dia 28 de julho de 1938, na Grota do Angico.

Na sua certidão de nascimento que se encontra no museu de Triunfo tem a comprovação  do batismo e do apadrinhamento, onde lê-se padrinho: Virgolino Ferreira da Silva. Documento que marca a história dessa mulher que viveu momentos festivos na presença daquele que foi o mais famoso cangaceiro do Nordeste Brasileiro.

Paulo Afonso, janeiro de 2013

João de Sousa Lima
Historiador e Escritor
Membro da ALPA - Academia de Letras de Paulo Afonso.
Membro GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará.
Fonte: www.joaodesousalima.com

Vamos plantar bambu ! Por: Juliana Ischiara


Estimado Presidente Manoel Severo,

É com muita alegria que recebo estas informações, pois sou conhecedora dos esforços empregados por ti, que tens sido um gigante na luta pela cultura e preservação da mesma. Lembro-me dos esforços iniciais, quando mesmo (nós) inseguros do por vir, tua certeza nos acalmava e não nos deixa hesitar.

Você nos apresentou um projeto grandioso, inimaginável, maluco talvez, utópico, besteira, você estava obstinado, o sonho viraria realidade, não só por ser grandioso para os padrões de até então, mas porque alguém ousou dizer que não daria certo, sua teimosia e humildade nos levaram por caminhos que até então, só existia no campo das idéias, não, você não queria viver só no mundo dos sonhos ou das idéias, você queria viver o sonho acordado e generosamente, nos levou consigo.

Se hoje temos um "Mosaico Cultural" chamado Cariri Cangaço, devemos a ti mestre e somos gratos por isso. Claro, o resultado é fruto da participação de todos, dos esforços de todos, de uma forma ou de outra, todos tiveram sua participação, seja escrevendo um artigo, um texto, um comentário na nossa Revista Virtual, seja participado das palestras, das visitas de campo, seja contando uma piada e alegrando a ambiente, seja cantando e compondo como nosso querido Bin Laden que presenteou o Cariri Cangaço com uma bela canção. 

 
Caririr Cangaço é isso mesmo, um mosaico, uma colcha de retalho, mas não como a de Mario Quintana que dizia ser de uma cor só, a nossa é colorida, alegre, festiva.

Ontem começamos em grande estilo, com humildade, mas em grande estilo, hoje já estamos falando em Avant Premier, que maravilhoso assistir de perto a concretização de um grande sonho. Nunca nos limitamos ao cariri geograficamente falando, fomos além, visitamos, percorremos trilhas, conhecemos pessoas e tudo com o objetivo de enriquecer os debates no grande evento, o esperado Cariri Cangaço. Hoje, o evento que já era itinerante, fortaleceu suas asas e alça vôos mais altos e mais distantes.

Que venham os desafios, estamos preparados, não por sermos pretensioso, mas por termos coragem de enfrentá-los. Certa feita, Dr. Amaury disse em uma palestra: - “vamos plantar bambu”, pois bem, plantamos, se chegamos aonde chegamos, devemos as nossas raízes fortes e enterradas em um terreno saudável, adubados pelo o amor a causa, regados pela fraternidade entre os membros da família Cariri Cangaço.

Caríssimo presidente, mestre e amigo Severo, obrigada por tudo que tens feito para manter esse projeto tão bonito e tão necessário para cultura nordestina, sei que minha participação é mínima, ínfima perto do muito que se pode fazer. De qualquer forma, obrigada por sua generosidade em dividir estas conquistas. Que Deus continue abençoando e emane sobre nós, raios de luz.

Saudações cangaceiras,
Juliana Pereira Ischiara
Historiadora, pesquisadora
Sócia da SBEC e GECC
Conselheira Cariri Cangaço

Cabras de Lampião trazem os Cabras da Viola !


O MUSEU DO CANGAÇO vai ser só poesia no próximo dia 8 de março (Sexta Feira) – DIA INTERNACIONAL DA MULHER – com a estréia do Projeto NO QUINTAL DO MUSEU, realizado pela Fundação Cultural Cabras de Lampião, tendo o apoio da SECRETARIA DE CULTURA/PREFEITURA MUNICIPAL DE SERRA TALHADA, patrocinado pelo Microprojeto Rio São Francisco / FUNARTE / MINC / GOVERNO FEDERAL.

A primeira versão tem como atração o XI FESTIVAL DE VIOLEIROS DE SERRA TALHADA,dia 8 de março, SEXTA FEIRA, às 19:30,  trazendo grandes nomes da poesia do repente de viola: DAMIÃO ENÉSIO E ANTONIO JOSÉ, DIOMEDES MARIANO E PEDRO DE ALCÂNTARA, NATANAEL CORDEIRO E GILVAN GRANJEIRO e APRESENTADORES E DECLAMADORES : TOTÓ DE DUDÉ E HENRIQUE BRANDÃO.
 
A ENTRADA É GRATUITA e estão convidadas as pessoas que gostam de cultura, ou que pretendem gostar!

Agradecemos a presença de todos.
CLEONICE MARIA
KARL MARX

Estamos aguardando.....Por:Luiz Alberto


Casal Luiz Alberto ao lado de Ângelo Osmiro em foto de Diele do "Mais Festa"
 
Desde já, eu e minha esposa Nildinha aguardamos com grande expectativa a chegada do mês de setembro, para participarmos pela primeira vez do Cariri Cangaço, reencontrarmos nossos amigos cangaceirólogos, ver de perto as terras do Cariri, palco de memoráveis páginas de nossa história, escritas por padre Cícero, Lampião e tantos outros personagens importantes da história do nordeste e do Brasil.


Dr. Luiz Alberto 
Paulo Afonso - BA 

Nazaré se prepara para festejar centenário doTenente João Gomes de Lira


A Vila de Nazaré do Pico, no município de Floresta, Pernambuco, berço dos "encardidos" nazarenos, se prepara para festejar o centenário de nascimento de um de seus mais ilustres filhos: João Gomes de Lira. O evento festivo está marcado para o dia 19 de Julho de 2013 e pretende reunir, além da família do emblemático militar, a grande legiaõ de amigos que o Tenente João Gomes de Lira fez ao longo de sua vida.

A programação tem à frente a filha do homenageado, Cristina A. de Lira, que ressalta: "Para nós familiares e amigos esta é uma data importante e inesquecível, que gostaríamos de celebrar ao lado de pessoas que partilharam um tempo da sua vida com o meu pai. Será um momento de encontro entre amigos queridos; um momento para compartilhar histórias e fazer história."

Tenente João Gomes de Lira e uma das últimas homenagens prestadas pelo Cariri Cangaço ao bravo militar , através de Manoel Severo.

O bravo pernambucano de Nazaré João Gomes de Lira tinha apenas 17 anos quando entrou para as forças policiais que combateram o cangaço no Nordeste, as chamadas volantes, como muitos dos filhos deste solo sertanejo de Nazaré, muitos desses, seus primos , parentes e amigos.
 
Escreveu "Memórias de um Soldado de Volante", publicado em 1990 e que traz a saga desses heróis da caatinga que dedicaram toda uma vida ao combate ao cangaço, para isso o militar passava o dia em frente à máquina de escrever, rebuscando na memória os fragmentos das verdades históricas que ele mesmo ajudou a construir. 

Depois de ser vereador no município de Caraibas, retornou a sua querida Nazaré, ficou viúvo em 2001, perdendo seu grande amor após 60 anos de casamento e passou o resto de seus gloriosos dias recebendo a todos que o procuravam, com  a amabilidade e gentileza próprias de seu coração.
 
Faleceu em 03 de agosto de 2011, aos 98 anos de idade. Ao amigo João Gomes de Lira, o abraço de gratidão e reconhecimento de toda família Cariri Cangaço.
 
Manoel Severo
 



Em Setembro: Cariri Cangaço 2013 !

Grande Manoel Severo!
Excelente notícia!
Vou me agendar.Abração,
 Lira Neto
São Paulo - SP


Meu querido Severo  !! 
Estou Muito feliz e na expectativa!!! 
Pode contar comigo tô dentro!!! 
Me chama de Cangaceira Bandeira!!
Alessandra Bandeira
Crato-CE 


Caro amigo Manoel Severo.
É com muita alegria que recebo noticias positivas do Cariri Cangaço.
E é muito bom para mim e meus irmãos fazer parte desta familia numerosa que é o Cariri Cangaço,me sinto gratificado em poder participar mais uma vez deste brilante evento.

Um grande abraço, de seus amigos.

Familia Nascimento,

Mossoro-RN

Tres vezes Lampião Parte II Por:Manoel Neto


Ainda sobre Humberto de Campos...
Compulsando documentos Curaçá e sua história, recolhemos algumas informações bastante úteis e esclarecedoras que nos ajudam a dissecar os acontecimentos mencionados pelo cronista. Vejamos:
1) Em 1933 – a crônica foi escrita após 1930 e não pode ultrapassar 1934, ano do falecimento do autor – o município de Curaçá além da sede englobava os distritos de Ibó, Chorrochó, Patamuté e Barro Vermelho – todos com registros de ocorrências que relatam a passagem de cangaceiros. Várzea da Ema ponto de visitação repetido dos cangaceiros e que até 1911 pertencia a Curaçá, em 1933 já não integra o município sanfranciscano.
2)  “Documento publicado em 2004, noticiando história do município, no capitulo referente ao “Processo de Urbanização de Curaçá”, anota: “ [...]
3) Recordam-se os mais velhos que no início da década de 1930,  inúmeras casas foram construídas nos limites da cidade pelos produtores rurais. Estes abandonaram suas roças do interior do município por sentirem-se vulneráveis diante do conflito existente na região provocado por Virgolino Ferreira da Silva, conhecido por Lampião, o Rei do Cangaço, Lampião chegou a liderar 200 cangaceiros e a milícia destacada pelo Governo para matá-los era conhecida como volante. “A população rural amedrontada temia tanto os cangaceiros pela sua violência, como as volantes pela sua maldade e perversidade (grifo nosso)”.(AGENDA 21. Distrital, p. 8)

Recorremos ainda a estudiosos que se mostraram surpresos não só com a existência das crônicas, mas, sobretudo, a menção de um ataque de tamanha virulência naquela cidadezinha sertaneja.
Antônio Amaury

O mestre Antônio Amaury Correa de Araújo, nome que dispensa apresentação pela credibilidade e conhecimentos sobre cangaço e cangaceiros, nos informou que Lampião realmente esteve em Curaçá na década de 1930, sendo que na ocasião duas mortes ocorreram, até porque, os membros da família Engrácia, de cujo seio saiu 23 cangaceiros – dentre eles Antônio e Cirilo de Engrácia – eram naturais da região, sendo, pois, bastante conhecidos naqueles lugarejos, o que assegurava relativa tranqulidade aos salteadores, que se mostravam sempre bem informados e municiados pelos amigos que mantinham naquelas paragens. Deu-nos ciência Amaury que estes dados lhe foram transmitidos por certo Sr. Cândido, mais conhecido como Candinho, nascido e criado em Curaçá e testemunha presencial do acontecido. Sobre o assombroso número de 15 mortos, uma delas tendo o coração de “tirado pela boca” o coração, o renomado pesquisador não tem notícia, classificando-a como a muitas outras, de informações fantasiosas da imprensa da época. 

Não pretendemos em absoluto negar os crimes, alguns bastante cruéis, cometidos pela gente do cangaço, ao contrário, como já mencionamos neste texto o uso do terror como forma de intimidação foi uma estratégia largamente utilizada pelos cangaceiros. Como sempre ressalta o escritor Frederico Pernambucano de Melo, este é um procedimento que dificultava, sobremaneira, a ação coibidora do Estado, porquanto, inibe o aparelho policial e judiciário, em decorrência da inexistência de testemunhas que se dispusessem a depor, temerosas das represálias que certamente ocorreriam advindas dos denunciados. Voltando ao documento produzido pela AGENDA 21, parcialmente reproduzido acima, é importante a menção às fontes orais ouvidas pelos pesquisadores, confirmadoras da “maldade e perversidade” das volantes. Sempre é bom lembrar que trajados de maneira muito assemelhada aos cangaceiros, composta em esmagadora maioria por homens nascidos e criados nos sertões nordestinos, as guarnições militares que percorriam as caatingas em perseguição aos bandoleiros, cometiam seguidas arbitrariedades, não poupando, inclusive, idosos e inocentes, não sendo incomuns queixas de abusos sexuais cometidos pelos soldados e, até mesmo, alguns graduados.

Dando curso as suas reflexões Humberto prossegue alertando que o prolongamento do fenômeno e a inconcebível, para ele, impunidade dos transgressores, começa a gerar indiferença entre os brasileiros, Escreve observando que [...]

“A princípio, ao ler a comunicação de uma destas façanhas o país se comovia e indignava, reclamando dos poderes públicos o ponto final para o feio poema de sangue e lama. As vozes que se erguiam, foram, porém, caladas nos peitos que as emitiram. È hoje com indiferença quase criminosa que se tem conhecimento dessas selvagerias do bandoleiro. E Lampião de pavio aceso, continua desafiando o Brasil (CAMPOS, p. 27).

Atribui essa indiferença da opinião pública antes tão sensível ao noticiário sobre o assunto a incapacidade das autoridades no Governo Federal e nos Governos estaduais diretamente afetados pela insidiosa atividade do cangaço, para enfrentar e dar cabo de lampião e seus seguidores. Para ele falta vontade política, determinação administrativa e investimento financeiro para derrotar os bandidos, embora reconhecendo que “O Governo da República tem uma infinidade de problemas a resolver” (Cf. ob.cit. p. 28). Indaga se “ os Estados nordestinos não possam reunir um contingente de 200 homens, escolhidos entre os melhores elementos das suas milícias policiais?”(idem).Repara que os governos quando desejam perseguir adversários políticos são ágeis e eficientes, inferindo:

“A sofreguidão com que se organizam forças para a politicagem dos governos, e a impossibilidade, que se encontra em mobilizá-las para a defesa do povo e da dignidade nacional, não constituirão um índice triste e amargo da capacidade ou da incapacidade dos homens públicos do nosso tempo? (ibidem).

Não quer ou não consegue perceber que o cangaço é decorrência das mazelas históricas da sociedade brasileira, no caso, em particular, da vida rural no Nordeste. Insulados nos latifúndios imensos, submetidos com suas famílias a tutela dos coronéis poderosos, os camponeses, vítimas desvalidas dos potentados, fazem-se descrentes do juiz e do delegado, do organismo judiciário e policial, “lavando com sangue” em alguns casos a honra de  uma filha molestada sexualmente ou uma desfeita que lhe humilhou e ofendeu de forma profunda. Feita a desgraça não há mais retorno Muda de hábitos e de vida. Caminha lado a lado com outros homens induzidos por diferentes ou pelas mesmas razões àquele caminho. Não compreende Humberto de Campos, talvez antolhado pelo espírito da época, que a subsistência do cangaço somente ocorre por interesses das classes dominantes e das autoridades. O fornecimento de armas, munições e alimentos, a venda de informações estratégicas e o uso dos grupos armados para intimidar e eliminar adversários políticos e concorrentes comerciais sabemos hoje, proporcionou lucros e prolongou o poder de muita gente boa. Sem coiteiro o cangaço não teria duração tão prolongada. Lampião, Corisco, Zé Baiano, Ângelo Roque, Gato e tantos outros, tornaram-se profissionais numa atividade altamente compensadora, arriscada, periculosa, desconfortável quase todo o tempo, entretanto, com lucros materiais nada desprezíveis.

Gato e Inacinha

A produção do próprio espaço em que operava foi tarefa que o gênio de Lampião empreendeu com absoluta competência. Teceu com paciência e habilidade de negociador político arguto, diversificada rede de colaboradores, que foram decisivos para o funcionamento e a dinâmica do cangaceirismo. Mesmo nos momentos mais duros, como nas grandes estiagens, essa rede logística podia claudicar, entretanto, não deixava de prover as necessidades das “tropas cangaceiras”. Assim o dinheiro circulava, corria solto, cevando os bornais de muito graúdo. Se múltiplos fatores podem explicar o cangaço, não menos complexas são as causas da sua extinção. Quando a roda inexorável da história gira, cumprindo a sua dialética irreversível, a realidade se altera carregando de roldão mais cedo ou mais tarde, de uma ou de outra forma, todos que não compreendem este processo ou contra ele se colocam por convicção política e ideológica. 

Voltando ao texto de Campos, nos parágrafos seguintes ele imerge em duas considerações capitais para o entendimento do seu modo de pensar. Ao final da página 28 e no começo da seguinte, ele retoma a idéia de que o banditismo rural, tomando aqui o conceito de Hobsbaw[2], apresenta-se já como uma “calamidade comum, ordinária, como a lepra, como a tuberculose, como as epidemias que, pela persistência e continuidade, se tornaram familiares” (CAMPOS, PP. 28. 29.
Usa ainda um exemplo que foi buscar no historiador paraense Ignácio Moura[3], que segundo Humberto, informa em um dos seus estudos “que no Alto Araguaia há quarenta anos, o bócio[4] era tão vulgar, e se achava tão generalizado, que as pessoas sem papo eram olhadas, quase, como defeituosas” (Cf. CAMPOS, p. 29).
O texto na sua continuidade ingressa em etapa propositiva e a panacéia é objetivamente indicada, remédio ortodoxo e prontamente erradicador do mal: “Já é tempo, entretanto, de os homens que têm uma pena apelarem para os homens que têm uma espada, em lugar de se dirigirem, apenas, àqueles que têm o mando” [...] Há no Exército, e nas milícias dos Estados do Sul, numerosos oficiais briosos e valentes, nascidos nas regiões que Lampião castiga com a sua ferocidade e humilha com a sua depravação São baianos, alagoanos, sergipanos, pernambucanos, cearenses, rio-grandenses-do-norte”  (ob.cit. p. 29).

Fica evidente que a proposição é federalizar o problema, solução que na cabeça não só do escritor maranhense, mas de muita gente, equacionaria o impasse da falta de recursos humanos e armamentos. Nada de novo no front.  Inevitável evocarmos aqui a história e colhermos no fundo do baú os exemplos de Canudos, Contestado, Caldeirão Grande e Pau de Colher[5], sublevações camponesas com fortes conotações religiosas, que tratadas como assuntos meramente policiais produziram resultados sangrentos.


Profundamente apegados as suas crenças e crendices, os cangaceiros de um modo geral não se apartavam dos seus santos, rezas e escapulários, para não falar das correntes com medalhas e relicários, objetos pelos quais tinham predileção estética e devoção contrita. Todavia, se oriundos da mesma matriz social e física e perlustrando o mesmo espaço geográfico, cangaceiros e beatos seguiram rumos diferentes. Os beatos eram pastores de almas e obcecados realizadores de obras civis e religiosas, como demonstram os apostolados operosos do Padre Mestre Ibiapina, de Antonio Conselheiro e do Beato José Lourenço[6]. Lampião seus companheiros e seguidores não se propunham a reformar o mundo ou a uma prática social profilática junto à pobreza, agiam exclusivamente para sobreviver e garantir o amealhamento de valores em dinheiro e metais preciosos. Vez por outra, mormente, quando precisavam de ajuda ou informação, sabiam ser generosos e pródigos na distribuição de favores e numerários. Cultivavam também seus afetos e cuidavam para que os seus amigos e familiares tivessem existência menos atribulada, na mediada do possível. Ao concluir sua crônica Humberto de Campos, ressalva:

“Bato, neste momento, pela primeira vez, com a minha mão de paisano, à porta dos quartéis. E tenho quase a certeza de que meus olhos não verão em nenhuma delas o dístico da porta do Inferno, o qual ordenava aos que entravam, que deixassem, ali, toda a esperança.... “. (CAMPOS, ob.cit. p.30).

Finaliza como iniciou, repercutindo a notícia telegráfica que lhe ordena à consciência por cobro ao cangaço, infrene e desinteressado sobre as causas e sobre os homens que de pacatos camponeses transformaram-se em salteadores de estradas e cidades, latrocidas e sequestradores, como se tal forma de vida não os castigassem severamente. Afinal quase todos tiveram vida breve, morreram jovens e os que sobreviveram jamais voltaram a delinqüir. Mas o notável escritor a isso não pode ver, porquanto, ele também partiu prematuramente.


[1] Ouvimos também os escritores e pesquisadores Oleone Coelho Fontes e Luiz Rubem Bonfim, autoridades reconhecidas na matéria, que desconheciam o fato mencionado no telegrama que Campos tomou como fonte para o seu comentário
[2] Hobsbaw. Eric.Bandidos. Editora Forense Universitária. Rio de Janeiro, 1976. 148 p.il:.
[3] Ignácio Moura (1857-1929), nascido em Cametá, município paraense, era jornalista, escritor, professor, poeta. .
[4] Bócio- Moléstia que ataca a tireóide, sendo popularmente conhecida como “papo”.
[5] Canudos e Pau de Colher na Bahia. Caldeirão Grande no Ceará e o Contesto entre os Estados de Santa Catarina e Paraná. O rescaldo final da repressão soma milhares de mortos, inclusive, velhos, mulheres e crianças.
[6] Ibiapina fundou as Casas de Caridade que assistiu e educou centenas de mulheres pobres. Antonio Conselheiro ao longo de sua caminhada ergueu e reparou templos e cemitérios, além de providenciar aguadas e pequenos açudes para saciar as populações esquecidas dos sertões. Quanto ao beato José Lourenço transformou em fértil e produtiva propriedade as terras do Caldeirão.


Manoel Neto - Portal: www.uneb.br/ceec

Quebra-cabeça do Cangaço...

Antonio Amaury e Ulisses Germano
 
O Cariri Cangaço hoje faz parte da agenda cultural de nossa cidade do Crato. Amigo Severo, você sabe que terá sempre o meu apóio. O quebra cabeça da história do Cangaço está sendo montado nesses encontros. 
Sucesso! Abraço fraterno!
Ulisses Germano
Crato-CE

 Parabéns! O Cariri Cangaço está lindo e com certeza vai ser show. Quero fazer tudo para ir neste encontro, quando setembro vier.  Amanhã terei uma posição de como vai ser meu semestre. Boa sorte a todos.
Um abraço,
Ana Lourença
Brasília -DF
 

Ilustre amigo Manoel Severo!!!!
Boa notícia sempre é muito bom sobre o Cariri Cangaço. Que maravilha essa conquista!
Cordialmente,
Célia Magalhães
Missão Velha - CE

Crato promete inovar no Cariri Cangaço 2013

Dane de Jade e Manoel Severo

Crato confirmado como um dos grandes anfitriões do Cariri Cangaço em 2013. Aconteceu na tarde do último dia 22, sexta-feira, reunião de trabalho entre a organização do Cariri Cangaço e representante do município de Crato. O encontro, na sede da secretaria de cultura teve a participação do Curador do evento, Manoel Severo, da Secretária de Cultura Dane de Jade e de um dos produtores do Cariri Cangaço, Pedro Barbosa.

A pauta variada ressaltou a programação oficial no município de Crato; berço e sede do evento desde sua primeira edição; e ainda uma programação assessória para todos os dias do Cariri Cangaço. Manoel Severo confirmou o interesse de Crato em assumir uma “Programação Assessória, o que em muito enriquecerá o evento, disso não temos dúvidas, e contando com o talento e a competência da equipe comandada por Dane de Jade é certeza de sucesso, o que nos deixa muito felizes. Na verdade o Cariri Cangaço tem caráter itinerante, um dia em cada cidade, mas Crato vai marcar esta edição com uma programação diferenciada”.

Dane de Jade confirmou a presença de Crato no Cariri Cangaço e adiantou “nosso desejo é, além da Programação Oficial do evento, promovermos a semana inteira de atividades, ainda não sabemos, mas certamente será no campo das artes cênicas: Teatro, Cinema, enfim, procurando mostrar o que se tem feito nestes segmentos com o viés da temática do cangaço”.

O Crato é um dos anfitriões do Cariri Cangaço, juntamente com os municípios de Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Aurora, Barro, Porteiras e mais recentemente, Lavras da Mangabeira. O evento oficial acontece entre os dias 17 a 22 de setembro e com avant premier marcada para os dias 18 e 19 de maio em Lavras da Mangabeira.