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Notas para a História do Nordeste

José Romero Cardoso

Recebi, com grande satisfação, o convite do amigo, professor e escritor, José Romero Araújo Cardoso, para editar e prefaciar este seu, mais recente, trabalho, “Notas para a história do Nordeste”. Cumpri essa incumbência honrosa, com grande prazer, apenas reconhecendo as minhas limitações, no cumprimento de tão importante missão.
Escrever sobre a história e a cultura nordestina é dissertar a complexidade, os meandros de milhares de fatos, personagens, fenômenos e manifestações artísticas e literárias, que abrangem os fatores políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, que marcaram profundamente a nossa região.

O grande desafio é levar a nossa história às mesas de leitura, estudos e debates, tornando-a conhecida pela maioria dos nordestinos, especialmente, os estudantes. A missão não é fácil, mas é nosso dever lutar por este objetivo.

Dando a sua contribuição, nesse sentido, o professor e escritor Romero Cardoso, um amante da história regional, abnegado estudioso e exímio escritor das nordestinidades, escreveu uma série de artigos relacionados ao Cangaço, Coronelismo, Coiteiros, Canudos, Lampião, Revolta de Princesa, personagens e tradições regionais, como Luiz Gonzaga, os Almocreves, os Vaqueiros, as Parteiras, o fenômeno das secas, entre outros e publicou em sites, blogs, jornais e revistas. Agora, resolveu nos presentear, reunindo parte deste material e outros artigos inéditos, num livro (Coletânea) com o título: “Notas Para a História do Nordeste”.

Diana Lopes, Napoleão Tavares Neves e Professor Pereira

O objetivo deste trabalho fica bem claro, que é contribuir com o estudo da nossa História, evitando que a ferrugem do tempo apague essas memórias, tão bem elaboradas por meio desses excelentes artigos. Em alguns artigos, o autor fez uma análise mais aprofundada, fundamentada teoricamente; em outros, a dissertação foi mais superficial, sem o aprofundamento merecido, mas sem prejudicar a mensagem do autor referente ao tema tratado. A clarividência e objetividade com os seus escritos é uma característica marcante deste escritor paraibano de Pombal, adotado por Mossoró.

A obra de José Romero inicia falando da Civilização do Couro nos séculos XVIII, XIX e início do séc. XX; continua falando das nossas parteiras e dos Almocreves. Defende que o Aboio dos vaqueiros deve ser considerado patrimônio do Nordeste. Trata da grade seca de 1877-1879, uma catástrofe. Em seguida, descreve a saga do famigerado Rio Preto, que agiu na região de Pombal-PB. Comenta os possíveis motivos da sua personalidade perversa e cruel. Seus crimes e seu fim. Na sequência, vem a Guerra de Canudos, um massacre injustificável, onde foram dizimadas milhares de vida de conselheiristas e de militares. Trata também do estrategista de guerra,“Pajeú”. Passeia pela história de um dos grandes visionários e progressistas do Nordeste, o industrial Delmiro Gouveia. Entra na História do Cangaço, com o Ataque a Sousa-PB, em 1924, reação do Cel. Zé Pereira, o assassinato de Meia-Noite e a vingança de Lampião. Fala da Coluna Prestes, em Piancó, e o caso Padre Aristides, em 1926. Vem a Revolta de Princesa, o assassinato do presidente João Pessoa e a Revolução de 30. É um verdadeiro passeio nas veias, veredas e recantos da terra do sol. Mostra-se emocionado ao descrever a experiência de assistir ao show do Rei do Baião, quando ainda pequeno, em praça pública, na sua querida cidade de Pombal-PB, no ombro do seu pai, que era fã de Luiz Gonzaga e finaliza, fazendo uma referência especial ao seu grande amigo Dr. Benedito Vasconcelos e seu Museu do Sertão, na fazenda Rancho Verde, em Mossoró. Recomendo a todos, a leitura desta coletânea e desejo muito sucesso ao autor no lançamento deste seu trabalho.

Francisco Pereira Lima
Professor, membro da SBEC e Conselheiro do Cariri Cangaço

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