Certo dia, Neco, como era conhecido o ex-policial Manoel Cavalcanti de Souza, saiu de sua barbearia e deu de cara com Lampião e seus homens lhe esperando. Magrelo, Neco pulou de volta para a barbearia e viu a
parede do lugar ser crivada de balas de fuzil. Com medo de morrer, correu entre
três cangaceiros e ganhou o mundo.
Aquele era o sexto confronto entre ele e Lampião. Neco tinha apenas 17 anos quando se alistou na volante para perseguir Lampião.
Perdeu muitos amigos no combate ao "rei do cangaço". No embate de Maranduba,
em Sergipe, teve que sepultar colegas e um de seus tios sem covas abertas com
paus e facão.
Cruz dos Nazarenos, na Maranduba
Neco da Pautilha
Uma vez, na margem esquerda do rio São Francisco, em Alagoas, se
abrigou em uma escola. Na parede da sala de aula, viu escritos os nomes de
vários alunos. Escolheu o que achou mais bonito: Maria Ribeiro dos Anjos. Sacou então
uma bala de sua cartucheira e com ela riscou seu nome acima do de Maria. Anos
depois, encontrou a dona daquele nome. Os dois se apaixonaram e viveram um
casamento de quase 80 anos, à revelia do sogro.
Neco passou o final da vida
sentado na varanda de sua casa, em Floresta(PE), contando as histórias do
cangaço, sempre enérgico e risonho. Após o cangaço, foi alfaiate, sapateiro,
caixeiro-viajante e funcionário público. Não considerava Lampião um criminoso. Quando criança, até se alegrava
coma chegada do cangaceiro à sua vila de Nazaré, quando todos dançavam ao som do
xaxado. Morreu na quinta 29 de maio de 2014, aos 101, tido como um dos últimos combatentes de Lampião.
Fabrício Lobel
Gentileza do envio: Benedito Vasconcelos - SBEC
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