Vista aérea atual da Cajazeiras, PB
O ataque a Cajazeiras, comandado por Sabino Gomes, no dia 28 de setembro de 1926, teve enorme repercussão na imprensa, pela ousadia da investida contra uma cidade importante para os padrões da época: servida por estrada de ferro, polo agroindustrial algodoeiro, comercio expressivo, sede de bispado, centro cultural e de ensino reconhecido no Nordeste e outros fatores. A vida e a trajetória de Sabino Gomes permanecem nebulosas, muito embora tenha sido ele um destacado subchefe de grupo ligado a Lampião presente no noticiário da imprensa na década de 1920, auge o banditismo nordestino.
Sabino Gomes
Talvez
tenha partido da imprensa do Ceará, a primeira informação acerca daquela agressão
a Cajazeiras. Digo talvez porque ainda não tive condições de realizar pesquisa
mais ampla nos jornais da época. Mas é certo que o diário “O Nordeste”, órgão da
diocese de Fortaleza, por exemplo, noticiou o fato logo no dia seguinte, ainda
que com dados precários, sujeitos à correção, como se pode ler na matéria sob o
título de “A próspera cidade de Cajazeiras, na Paraíba, é atacada pelo grupo de
Sabino Gomes”, veiculada no dia 29 de setembro, a partir de informe telegráfico
recebido de Lavras da Mangabeira:
“A
cidade de Cajazeiras foi surpreendida, ontem, por um ataque de 38 cangaceiros,
chefiados por Sabino Gomes, resistindo até às 22 horas, quando os bandidos,
dando-se por vencidos, retiraram-se, tomando a direção do Cariri. Houve três
mortes e duas casas incendiadas. Na Estrada de Ferro conseguimos colher os
pormenores que se seguem enviados pelo telegrafista da estação da via-férrea
Ceará/Paraíba, ali existente”.
“Cajazeiras – 29. Ontem às 14 horas o bando do
terrível Sabino Gomes, comparsa de Lampião, passou em Baixa Grande, a duas
léguas daqui, em viagem para esta cidade, tendo ali assassinado pai e filho,
Raimundo Casimiro e Francisco Casimiro, por não terem os mesmos a importância
que os facínoras exigiram. Às 17 horas alcançaram a residência dos doutores
Coelho Sobrinho e José Almeida, estando presente o doutor Abdiel, os quais,
para garantia e honra das suas famílias deram joias e dinheiro que somaram a
mais de três contos de réis, incluindo o anel do engenheiro de um deles. Na
mesma rua mataram o soldado Domingos Monteiro, o alfaiate Eliezer Alexandre e
Cícero Corneteiro. Os prejuízos dos roubos e incêndios são superiores a 50
contos de réis. Na entrada do comercio mataram os bandidos uma criança de dez
anos. Assaltaram depois a residência do coronel Sobreira, o qual, não se
sujeitando à quantia exigida foi atacado à bala, reagindo, havendo forte
tiroteio. Os bandidos não conseguiram entrar no comercio, devido à forte
resistência da população”.
Escritor Francisco Frassales Cartaxo
No
dia seguinte, 30 de setembro, “O Nordeste” comenta que “A população defendeu
galhardamente o comercio, resistindo e repelindo a ação dos bandoleiros que
recuaram, conduzindo três companheiros feridos. Os doutores Coelho Sobrinho, Abdiel
Ferreira e José Almeida foram as primeiras pessoas atacadas, sendo o segundo
roubado em um anel de engenheiro no valor de oitocentos mil réis”.
No
correr do mês de outubro de 1926, vários números daquele jornal continuaram a
repercutir a ação dos bandoleiros, sempre ressaltando a audácia do ataque a
Cajazeiras e a eficácia da resistência civil à investida dos homens de Sabino
Gomes.
Francisco Frassales Cartaxo
*Escritor, filiado à União Brasileira de
Escritores/PE,
Articulista semanal do jornal Gazeta do Alto Piranhas, de
Cajazeiras/PB.
Gentileza do envio: Nadja Claudino
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