Jorge Remígio
O preconceito que existe em relação à polícia é secular. Entre outros fatores, um órgão de repressão só em determinados momentos tem a compreensão e aceitação do público. Seria um erro crasso, admitir que não houve excessos por parte de policiais volantes e até de alguns comandantes no combate ao banditismo rural, principalmente nas décadas de vinte e trinta.
O que me deixa estarrecido é ver pessoas estudiosas, escritores e aficionados do estudo do cangaço que desconhecem o papel relevante de homens aguerridos e intrépidos que embrenharam-se nos emaranhados garranchos e espinhos das caatingas do semi-árido na perseguição quase que ininterrupta aos bandoleiros, sofrendo todas as intempéries da natureza, como chuvas, sol abrasador, dormindo ao relento, passando fome e sede muitas vezes, adoecendo, ferindo-se em espinhos, deixando de ver a família por vários meses, recebendo um soldo insignificante, correndo o risco de morrer em combate a qualquer momento entre outras coisas nefastas inerentes à missão.
Comento isso porque sei que muitos comungam com esse pensamento e também quero deixar aqui um apelo: Não fiquem afirmando categoricamente sem a menor prova documental que as volantes praticaram mais violência do que cangaceiros. Porque isso é prova inconteste de um total desconhecimento do que foi o fenômeno CANGAÇO.
Jorge Remígio
Pesquisador do GPEC
Membro do Cariri Cangaço
Nenhum comentário:
Postar um comentário