Novamente o auditório do Centro Cultural Miguel Arcanjo, centro histórico da mais bela cidade ribeirinha do Brasil; viveu momentos eletrizantes e marcantes, cheio de polemica e muita discussão quando trouxe à luz do debate outro tema dos mais intrigantes de todo o evento: A Sexualidade no Cangaço. Para a mesa tão esperada: Aderbal Nogueira, Wescley Rodrigues e Juliana Pereira.
Tendo como primeiro painelista o Professor Mestre da Universidade de Campina Grande, doutorando em Historia Cultural, Wescley Rodrigues, de Cajazeiras, a temperatura aumentou e o grau da polêmica chegou a envolver inclusive a inviolabilidade da masculinidade dos homens cangaceiros, o professor Wescley Rodrigues afirma: "chegou a hora desta geração de pesquisadores recortar com responsabilidade as temáticas que envolvem o cangaço em todas as suas nuances e capilaridades, assim nos propomos a discutir com lucidez a questão da sexualidade masculino, que ficou sob minha responsabilidade, sobre a sexualidade feminina com Juliana Pereira e o amor no cangaço com Aderbal Nogueira".
Juliana Pereira e a sexualidade feminina na época do Cangaço"
"O meio molda nossa sexualidade... Aqui no sertão do nordeste vivíamos uma sociedade patriarcal...esta história de que as mulheres eram livres no cangaço é uma grande mentira" reforça Wescley Rodrigues em sua fala e em certo momento , arremata sobre a historia da masculinidade de grandes vultos da historia:" Vejam, Julio Cesar o imperador romano, era conhecido como o homem de todas as mulheres e a mulher de todos os homens. Acredito sim que existiam homossexuais no cangaço... Por quê ? Porque são seres humanos..."
E continua o professor Wescley Rodrigues, apimentando ainda mais o debate :"Acho que todos devem ler o livro de Pedro Moraes (Lampião o Mata Sete) , até para poder criticar, até para poder contra-argumentar. A obra de Pedro Moraes para mim, é uma grande obra de ficção, ali nada se pode provar, mas é importante que se leia. Eu particularmente não acredito de jeito nenhum na pretensa homossexualidade de Lampião, a tese de Pedro Moraes não tem fundamento algum." Já o
pesquisador Ivanildo Silveira, dentro do debate rebate: “esse livro de Pedro
Moraes é um lixo, é um desserviço a literatura do cangaço é um livro para
ganhar dinheiro, tenho vergonha de um livro como esse.”
Pesquisador Ivanildo Silveira na polemica noite de debates..
Pesquisador Archimedes Marques e a desconstrução do "Mata Sete" de Pedro Moraes
A advogada e historiadora cearense Juliana Pereira por sua vez nos trouxe abordagens ligadas à sexualidade feminina e o perfil das cangaceiras e provoca: "Não se reconhece a importância da mulher no universo cangaceiro, muitos ainda não atentaram com o devido cuidado para todas as mudanças que houveram com a entrada das mulheres no cangaço, a partir de Maria Bonita".
"A entrada da mulher humanizou o cangaço, eu não tenho dúvidas; quanta selvageria foi amenizada ? A entrada das mulheres estabeleceu sim a verdadeira segunda fase do cangaço, isso não podemos desconhecer" assegura Juliana Pereira. Nesse segundo momento do Painel da noite, a pesquisadora cearense navegou pelos vários olhares sobre esse universo surpreendente que envolvia a presença do sexo feminino no cangaço, se configurando como um dos momentos marcantes do Cariri Cangaço Piranhas 2015 e completa: "Realmente acho que havia sim amor no cangaço, temos o próprio caso do primeiro casal; Virgulino e Maria, por outro lado penso que com Dadá houve uma espécie de síndrome de Estocolmo...Ela acabou se apaixonando por seu algoz..."
Carlo Araujo e o debate sobre sexualidade no cangaço.
Ivanildo Silveira, Elane Marques, Ingrid Rebouças, Neli Conceição, Luana Cavalcante e Pedro Barbosa
Já o pesquisador e documentarista cearense, diretor da SBEC e do GECC, Aderbal Nogueira acentua a discussão "Porque no cangaço não poderia haver homossexuais ? Eu particularmente acho que Lampião não foi homossexual, essa conversa é sem pé nem cabeça, mas acho sinceramente que poderia ter havido sim no cangaço, precisamos acabar com esse tabu. Nos recusamos a falar nisso por nosso próprio preconceito."
E continua Aderbal Nogueira: "Eu não acho que as mulheres foram a grande causa da derrocada do cangaço, mas estou convencido que elas atrapalharam e muito aqueles caras...E outra coisa essa historia de amor no cangaço eu também não acredito nisso não, em caso de tiroteio era cada um por si, eles se defendiam e elas que se virassem" E completa Aderbal Nogueira, "é muito bonito a poesia o que tá nos livros, etc, mas duvido que nenhuma mulher aqui desejasse viver uma vida daquelas e discordo da pesquisadora Juliana, não acho que houve humanização nenhuma... O amor no cangaço foi uma grande ilusão.
E continua Aderbal Nogueira: "Eu não acho que as mulheres foram a grande causa da derrocada do cangaço, mas estou convencido que elas atrapalharam e muito aqueles caras...E outra coisa essa historia de amor no cangaço eu também não acredito nisso não, em caso de tiroteio era cada um por si, eles se defendiam e elas que se virassem" E completa Aderbal Nogueira, "é muito bonito a poesia o que tá nos livros, etc, mas duvido que nenhuma mulher aqui desejasse viver uma vida daquelas e discordo da pesquisadora Juliana, não acho que houve humanização nenhuma... O amor no cangaço foi uma grande ilusão.
Felipe Mafuz, Aderbal Nogueira, Manoel Severo e Juliana Pereira
Eliene Costa, Manoel Severo e Celsinho Rodrigues
Cariri Cangaço Piranhas 2015
Centro Cultural Miguel Arcanjo, 27 de Julho
Piranhas, Alagoas
NOTA CARIRI CANGAÇO- Em breve a Curadoria do Cariri Cangaço estará disponibilizando, em podcast, na integra todas as palestras, conferencias e painéis do Cariri Cangaço Piranhas 2015.
Interessante como o debate sobre a sexualidade dos cangaceiros parece mexer mais com os pesquisadores do que a criminalidade e violência dos bandoleiros. Quando levantam a possibilidade de Lampião ser gay muitos ficam completamente enraivecidos, mas o fato dele ter praticado toda espécie de crime não causa a mesma reação de revolta.
ResponderExcluirC Eduardo
Olha a que ponto chegou, preocupação se lampião deu ou não.
ResponderExcluirNão haveria problema algum se Lampião tivesse sido homossexual, entretanto o senhor Pedro de Morais, que de pesquisador nada tem, NÃO DIZ COISA COM COISA, FALA,NADA PROVA,INVENTA e tudo mais... Erra tudo, erra datas, erra lugares erra nomes de personagens, diz até que a BATALHA DE SERRA GRANDE FOI INVENTADA PARA ENALTECER OS MÉRITO DE LAMPIÃO e ainda se diz QUE É UM BOM LIVRO DE FICÇÃO? Isso tudo sem contar com as suas PALAVRAS CHULAS. Para mim o livro dele é UM VERDADEIRO EXCREMENTO que deveria ser enterrado NAS PROFUNDAS FOSSAS!
ResponderExcluirArchimedes Marques
Esperando ansiosamente pelos áudios. Vão disponibilizar aqui no blog?
ResponderExcluirCom certeza Pedro !!! Abraços
ResponderExcluirManoel Severo
Gostaria de ter participado desse debate. A temática é polêmica. Certa vez comentei em uma rede social sobre isso, pois li no livro Cangaceiros de José Lins do Rego, que é um romance sob a temática do Regionalismo e Cangaço, em que ele menciona um caso de homossexualismo no bando do cangaceiro Aparício. como já mencionei, a obra é de ficção, mas na época me perguntei (e ainda me indago) se o autor já tinha tomado conhecimento de algum caso na época do cangaço ou o tema apenas fez parte da construção de verossimilhança da obra.
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