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Um Ano Para Não Se Esquecer ! Viva 2015 e que Venha 2016...


O ano de 2015 foi sem dúvidas muito especial, definimos mais uma vez uma agenda intensa de atividades e em todas elas a marca inegável do trabalho em equipe e da firme disposição da integração da verdadeira alma nordestina. O Cariri Cangaço; esse empreendimento que tem a cara do sertão, une a cada ano, o Brasil da tez queimada pelo sol da caatinga na direção do fortalecimento de nossa memória e inigualável história.

Já somamos 5 estados; Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe; somos 16 municípios unidos ao sentimento de perpetuar o que temos de mais precioso. O Cariri Cangaço assume a cada ano o desafio de se reinventar, com ousadia e muito trabalho chegar a todos os recantos de nosso Brasil, aqui nosso principal combustível é o entusiasmo e a certeza de que vale a pena, e como vale !


Casarão de Patos de Irerê

A Emblemática Princesa Isabel...

Já havia muito tempo que planejávamos chegar a Princesa Isabel e a São José de Princesa, com sua emblemática Patos de Irerê, na querida Paraíba. As sagas de Zé Pereira, Marcolino Diniz, Xanduzinha, Quelé, enfim; não poderiam ficar fora de nosso Cariri Cangaço, pelo imenso significado que possuem para a historiografia da temática e para a própria história do Brasil..



Os primeiros contatos foram feitos através do amigo Carmelo Mandu que acabou proporcionando um momento precioso entre os organizadores do Cariri Cangaço; curador Manoel Severo e os Conselheiros Narciso Dias e Jorge Remígio e ainda o assessor Heldemar Garcia e Jair Tavares na residência do querido João Mandu, onde os contatos com Socorro Mandu e Emmanuel Arruda foram definitivos juntamente com a visita maravilhosa a Patos de Irerê com João Antas, para realizarmos o sonho chamado Cariri Cangaço Princesa 2015.

Depois recebemos a visita do prefeito de Princesa Isabel, Dominguinhos em Juazeiro do Norte ao lado dos secretários Valmir Pereira e Emmanuel Arruda, quando ao lado de Pedro Barbosa começamos a definir o formato do grande evento. Ali foi também definitivo o apoio de São José de Princesa com Rúbia Matuto e toda a comunidade de Patos de Irerê. Marcamos a data: O Cariri Cangaço Princesa 2015 seria no período de aniversário da cidade, 19 a 21 de março.



Não teria palavras para definir o grande significado do Cariri Cangaço Princesa, não só pelo público espetacular, com mais de 500 pessoas na noite de abertura e nos seguidos momento da agenda. Testemunhar a família princesense unida para contar a sua própria história não teve preço. Em Patos de Irerê, terras de São José de Princesa, do Coronel Marçal e pouso de Marcolino e Xanduzinha, território livre da guerra de princesa e dos memoráveis combates de trinta, a festa foi simplesmente espetacular; tendo a frente Rúbia Matuto e João Antas. Presença de amigos de todo o Brasil; mais de 100 pesquisadores invadiram a Paraíba num dos mais emblemáticos Cariri Cangaço de todos os tempos.

Poderia passar o dia inteiro citando e agradecendo a tantos e tantos amigos e valorosos colaboradores; mas não poderia esquecer da grande família Cariri Cangaço de Princesa e São José: Dominguinhos, Emmanuel Arruda, Valmir Pereira, Thiago Pereira, Sabrina Barbosa, os queridos amigos da família Mandu; Carmelo, Socorro, Pacelli, Marcelo, Sandro e os talentosos artistas do Abolição, além dos estimados Rosane e Roberto Gonçalves, Fábio Arruda e tantos outros como o impagável Paulo Mariano, o sensacional João Antas, Damião, Josefa e o povo querido de Patos, sem falar na espetacular Rúbia Matuto. Vocês foram os grandes responsáveis por tudo isso: Inesquecível Cariri Cangaço Princesa 2015!
Veja tudo visitando em nossa aba superior no ícone:
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Piranhas, Alagoas

A Belíssima Piranhas...

Desde o ano de 2013, ainda no começo de nossas iniciativas com as Avante-Premiere na direção de alcançar outros públicos além do estado do Ceará; Piranhas através de nosso Conselheiro, talentoso pesquisador e turismólogo Jairo Luiz se apresentou como uma das mais espetaculares empreitadas com a Marca Cariri Cangaço. Na mais bela cidade ribeirinha do Brasil, às margens do Velho Chico, foi possível realizar um evento único que une qualidade, responsabilidade e uma beleza incomum, nascia o Cariri Cangaço Piranhas, no estado das Alagoas, já em sua terceira edição !



A tradição piranhense e seu legado dentro da historiografia do cangaço se consolidou de forma efetiva neste ano de 2015. Sob a batuta espetacular e um trabalho primoroso de Patricia Brasil, Celsinho Rodrigues e toda a equipe da municipalidade e demais parceiros, realizamos entre os dias 25 e 28 de julho uma edição para não ser esquecida. Uma surpreendente caravana de mais de 200 pesquisadores de todo o Brasil marcaram presença em terras alagoanas para vivenciar toda a magia de mais um Cariri Cangaço Piranhas.

A essa edição do Cariri Cangaço Piranhas 2015 tivemos a adesão de mais um estado; Sergipe com Poço Redondo; terra do inesquecível Alcino Alves Costa. Poço Redondo veio se somar ao evento trazendo o toque da homenagem especial ao querido Decano Caipira com a inauguração de Avenida e do Memorial Alcino Alves Costa, tendo a frente Rangel Alves da Costa e o casal, Conselheiro Cariri Cangaço, Archimedes Marques e Elane Marques, além da família do homenageado, numa recepção inesquecível, tendo a frente a querida Lena. 



Piranhas definitivamente firmou sua posição no Brasil como sede de um dos eventos mais qualificados sobre o tema cangaço no país. O Cuidado com toda a programação, o elenco de conferencistas, os temas, as visitas e todo o zelo dos organizadores com os mais de 200 convidados, tendo a frente o grande Celsinho Rodrigues, fizeram do Cariri Cangaço Piranhas 2015 um evento espetacular. Tivemos no total um público de mais mil pessoas em nosso Cariri Cangaço Piranhas, sensacional!



Não não poderíamos deixar de agradecer aos queridos amigos da Família Cariri Cangaço de toda Piranhas... Celsinho Rodrigues, Patrícia Brasil, Jaqueline Rodrigues; prefeito Manoel Brasiliano, estimado deputado Inácio Loiola e dona Chatia, Secretária Melina Freitas, amigos Reginaldo Rodrigues, Petrúcio Rodrigues, Cacau, Francisco e Washington Correa, e as presenças mais que honrosas de Seu Celso Rodrigues e o casal querido Paulo Britto e Ane Ranzan e toda família Piranhense.


Veja tudo visitando em nossa aba superior no ícone:
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No Ceará tem disso sim...

E em nossa quinta edição em terras cearenses, mais uma vez a festa e o calor alencarinos, se fizeram presentes com destaque para as espetaculares Lavras da Mangabeira e Missão Velha. Crato e Juazeiro do Norte completaram as honras da casa, encerrando a Agenda Cariri Cangaço 2015. 

Desta vez um recorte especial sobre o personagem emblemático que foi Padre Cícero Romão Batista. Em Lavras da Mangabeira, sob a sombras das árvores e com uma platéia mais que especial tivemos o "Pacto dos Coronéis" e depois em dois momentos em Juazeiro do Norte a figura do Santo Padre, com o "Muro do Valado" na serra do Horto e "As várias Faces do Santo do Juazeiro" no memorial que leva seu nome, sem dúvidas foram momentos marcantes para a grande festa que foi o grande Ano V.


 Edição de Luxo , Ano V , Cariri Cangaço em terras cearenses para não se esquecer...

Na bela RFFSA em Crato a magia de "Os Últimos Cangaceiros" trouxe ao debate o papel da sétima arte com direito a revelações maravilhosas da querida Neli Conceição, filha de Moreno e Durvinha em noite memorável e abertura no berço do Cariri Cangaço com Wolney Oliveira.

Lavras da Mangabeira em sua primeira realização dentro da Edição Oficial; anteriormente havia feito duas avante-première em 2013 e 2014; e Missão Velha, presente em todas as nossas edições foram simplesmente sensacionais e dessa vez, Missão Velha com as homenagens marcantes aos coronéis do cariri, com destaque para Quinco Vasques, Cel Santana e o Edson Olegário, mostrou a força das família caririenses. 


 Grande Família Cariri Cangaço vinda de todos os cantos do Brasil... Avante !

O Edição de Luxo - Ano V, com o envolvimento dos organizadores tendo a frente Cristina Couto em Lavras e Bosco André em Missão Velha tornaram suas programações simplesmente momentos para não se esquecer, aqui tivemos a estréia de quatro novos conferencistas que honraram sobre maneira a família Cariri Cangaço: Urbano Silva, Heitor Feitosa Macedo, Emerson Monteiro e Lailson Feitosa, sejam bem vindos! Nos resta agradecer; muito obrigado aos queridos amigos de nosso amado Cariri; Cristina Couto, estimado Tavinho; Ruy Gabriel, Cícera, Cecília e toda a equipe de Lavras; Bosco André, Tardiny, amigo Cicero Macedo, Niltim, Dr Cícero Landim, grande Antonio Edson Olegário.

Outro ponto marcante de nossa Edição de Luxo foi a posse no novo Conselho Cariri Cangaço , uma plêiade de verdadeiros gigantes, talentosos e apaixonados pelo seu chão e por sua história. O Cariri Cangaço tem a honra de ter dentre seus Conselheiros, homens e mulheres que dignificam a Alma Nordestina...A eles e a toda família Cariri Cangaço desta grande Nação chamada Brasil, a nossa enorme gratidão.




Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço 2015/2017
Napoleão Tavares Neves, Barbalha CE
Juliana Pereira, Quixadá CE
Ivanildo Silveira, Natal RN
Ângelo Osmiro, Fortaleza CE
Honório de Medeiros, Natal RN
Narciso Dias, João Pessoa PB
Sousa Neto, Barro CE
Gerado Ferraz, Recife PE
Wescley Rodrigues, Sousa PB
Ana Lúcia Granja, Petrolina PE
Kiko Monteiro, Lagarto SE
João de Sousa Lima, Paulo Afonso BA
Archimedes Marques, Aracaju SE
Rostand Medeiros, Natal RN
Aderbal Nogueira, Fortaleza CE
José Cícero Silva, Aurora CE
Antônio Vilela, Garanhuns PE
Bosco André, Missão Velha CE
Múcio Procópio, Natal RN
Paulo Gastão, Mossoró RN
Kydelmir Dantas , Mossoró RN
Cristina Couto, Lavras da Mangabeira CE
Jorge Remígio, Custódia PE
Professor Pereira, Cajazeiras PB
Leandro Cardoso, Teresina PI

Só nos resta ressaltar o extraordinário trabalho e apoio dos Grupos de Estudo do Cangaço, parceiros de todas as horas, companheiros de jornada e sem dúvidas baluartes na defesa e manutenção de nossa memória. O Cariri Cangaço tem a honra de ter como "irmãos" nesta jornada a SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço,
o GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará e
GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço.


Vamos em frente, muito obrigado 2015 
Então que venha o iluminado 2016.

Cariri Cangaço, Onde o Brasil de Alma Nordestina se Encontra!
Manoel Severo Barbosa

Rubelvan, João Gomes de Lira e Bezerra...

Pedro Barbosa, Manoel Severo e Rubelvan Lira em Festa do Cariri Cangaço em Nazaré na Casa de Netinho Flor...

Caro amigo Manoel Severo, na primeira vez em que estive em Nazaré, entrei num bar para me informar onde era a casa de João Gomes de Lira. O dono do bar disse: "Esse rapaz aí é filho dele". O rapaz, chamava Rubelvan Lira que me disse: "Se quer ver meu pai, vamos agora, porque daqui a pouco ele vai dormir". E me levou à casa de seu pai. 

Isso faz um bocado de anos. A partir de então, toda vez que ia a Nazaré, eu já sabia onde era a casa do saudoso João Gomes. Nunca mais vi Rubelvan. Avise a ele, Manoel Severo, que em maio em nosso Cariri Cangaço Floresta 2016 ele vai receber, devidamente autografado, o meu "Lampião - a Raposa das Caatingas", onde tem tantas referências ao pai dele. Rubelvan com certeza vai cobrar direitos autorais. E eu pago! Se não tiver dinheiro, o Cariri Cangaço me empresta...

José Bezerra Lima Irmão
Pesquisador, escritor
Aracaju, Sergipe

O Legado das Mentiras e Mistérios ...


"Lampião, você é realmente um bravo, um herói invulgar. O homem brasileiro tem a obrigação de se curvar perante a sua sabedoria e aceitar que você, lá do Além, não se canse de gargalhar desdenhosamente da quase nenhuma inteligência de todos nós, pobres pecadores que não temos forças para enfrentarmos um mito de sua grandeza. Como se fosse um bruxo – e bruxo ele era – Lampião fez com que todos os que viveram a agonia de Angico ficassem envoltos em intermináveis contradições. Cada um, seguindo ditames diferentes e misteriosos, querendo contar os fatos conforme as suas próprias vontades, e assim, deixando aqueles que precisavam registrar o grandioso épico na mais completa desilusão." Trecho de um dos mais espetaculares artigos de Alcino Alves Costa para o Cariri Cangaço.... 

Alcino Alves Costa, Patrono do Conselho Cariri Cangaço

"A complexidade da operação de Angico, que mesmo os comandantes da missão desconheciam certos pormenores, teve em Alcino Alves Costa um dos mais apurados investigadores. Seus livros são referências temáticas." Comenta Luiz Serra de Brasília, DF...

"A história do cangaço, quase toda ela, é baseada em conjecturas. Desconheço algum trabalho científico, feito no local da chacina. Portanto continuaremos com estas eternas dúvidas. Eu da minha parte, até hoje, não entendi o que se passou naquela madrugada fria de 28.07.1938;para ser sincero, as vezes tenho minhas dúvidas sobre os depoimentos dos cangaceiros sobreviventes. Primeiro: porque a maioria foram personagens coadjuvantes na história do cangaço. Segundo: Lampião falava sempre a estes homens e mulheres, só o que era conveniente para ele. Acho muito difícil, um homem com a personalidade que ele tinha, está desabafando ou comentando o que se passava no íntimo da sua alma." Revela Chagas Nascimento, pesquisador de Mossoró, RN


Jose Bezerra Lima Irmão nos fala:"Alcino Alves Costa, caros amigos do Cariri Cangaço, foi o maior crítico da versão dos fatos relacionados ao episódio da Grota do Angico. Ele dizia que a Grota do Angico devia se chamar Grota da Mentira. Ao contrário de muitos "pesquisadores" que se comportam como papagaios, repetindo o que ouvem ou leem sem fazer uma análise interpretativa, Alcino agia como um analista criterioso das várias versões dos autores e depoentes, cotejando uma com outra, em busca da verdade. Alcino, por intuição, era dotado de um senso de investrigação típico de quem cursou e se especializou na ciência da Hermenêutica. Claro que ele não fez curso de Hermenêutica. Mas na investigação e interpretação dos fatos relacionados à morte de Lampião ninguém chegou perto dele. 

Alcino comparou os relatos dos policiais com os relatos dos coiteiros e com os relatos dos canoeiros que levaram a tropa de Piranhas até o Remanso e dali até a Forquilha. Os policiais se contradizem. Os canoeiros desmentem os policiais. O coiteiro Durval Rosa contava as coisas de modo diverso. Aquela história da tempestade, dos trovões e relâmpagos - tudo invenção, para criar clima de suspense. Quem já viu trovão em julho? Trovões ocorrem é entre novembro e março, época das "trovoadas". Parabéns, querido Manoel Severo Barbosa, por reproduzir este trecho do grande e inesquecível Alcino, o Vaqueiro da História."

O Legado de Alcino...
Cariri Cangaço

Feliz Natal !!!


"Jesus nasce no sertão" 
entre o Trio de Forrozeiros Nordestino 
e o Bumba Meu Boi.

Na arte de Eduardo Lima, 
um Feliz Natal 
a toda imensa 
Nação Cariri Cangaço!!!

Mito ou Ícone, e aí Heim, Virgulino ?!


"Lampião foi, em nossa opinião: fora da lei, assassinou; matou; castrou; extorquiu; sequestrou; ferrou; incendiou;destruiu bens públicos e particulares, em outras palavras, foi um bandido.... Mas, por outro lado, foi uma pessoa inteligente, com QI acima da média, astuto, religioso; em certo período de sua vida, ele e sua família foram injustiçados, perseguidos, porém , depois fez do cangaço "um meio de vida"; esqueceu seus inimigos nºs 1 e 2 ( Zé saturnino e Ten. Lucena ), porque não interessava mais a contenda com os mesmos, para não quebrar o seu "escudo ético", na lição do mestre Frederico Pernambucano. 

O bravo Optato Gueiros escreveu em seu famoso livro, que ele daria um bom general. Por seu turno, o valente Ten. João Bezerra, em entrevista concedida, disse:"que se fosse hoje, teria dado um tratamento diferenciado ao Rei vesgo do Cangaço, ou seja, não o mataria. Lampião, é o 2º personagem mais bibliografado na América Latina ( o 1º é Che Guevara ), é estudado em Universidades em todo mundo, quando o tema é " banditismo ", para mim, ele é história ; e um mito, e os mitos, nunca morrem. Respeito quem pensa de modo diferente, pois, faz parte da democracia, e, do estudo do cangaço." Afirma o pesquisador e colecionador do cangaço, Ivanildo Silveira, Conselheiro Cariri Cangaço.

 
Ivanildo Silveira, Rostand Medeiros e Kiko Monteiro, Conselheiros Cariri Cangaço no Cariri Cangaço Piranhas 2015

"Justificando minha definição de Virgulino, o Lampião; ele ficou para a história como um MITO, (uma palavra que seria uma boa sugestão) mas como sempre o assunto arremete a polarizações, e das mais diversas, uso um termo mais contemporâneo, algo midiático. Como justificativa final diria que MITO- o celebra como algo bom. Porém, Ícone, o deixa como uma referencia, a historia do tema que o trás a tona:Cangaço." Opina o Assessor de Marketing Institucional do Cariri Cangaço, Heldemar Garcia.         
Heldemar Garcia e Louro Teles

Mito ou Ícone?

Enquanto Você Pensa, vem aí:
Cariri Cangaço Floresta 2016
em Maio...

Virgulino e seu Papel... Por:Urbano Silva

Urbano Silva ao lado de Manoel Severo no Cariri Cangaço

Como nenhum outro personagem de sua época, Virgulino entendeu e definiu o seu papel no teatro social do nordeste, tendo com cenário a paisagem árida e os grandes vazios territoriais, espaço o qual ele soube preencher singularmente. Vaidoso, ostentava a auto denominação de Governador do Sertão, e assinava como Capitão, tendo como sua corte e exército seus fiéis cangaceiros. Conhecedor das estradas, atalhos e caminhos ocultos, era consciente da força de sua imagem para a posteridade, e tratou dela com todo o cuidado para as lentes do Benjamin. E foi sua vaidade que deu rosto ao Cangaço, fornecendo imagens que diretamente contribuíram para a sua implacável perseguição e morte.

Urbano Silva
Caruaru, Pernambuco

Cariri Cangaço...Floresta 2016 Por:Jorge Remigio

 Amelia, Jorge Remígio, Manoel Serafim, Aninha Ferraz, Narciso Dias e Manoel Severo em Floresta

Ir até Floresta no primeiro Cariri Cangaço em solo pernambucano, é como retroceder no tempo, indo até a gênese do cangaço lampiônico. É ir até à casa dos perseguidores contumazes do terror do sertão. Os famosos Nazarenos. A região que circunda a cidade de Floresta, foi palco de importantes episódios na história do cangaço. Fatos que precedem o cangaço de Lampião, como os embates de Cassimiro Honório e José de Souza na região do Navio. Cangaceiros de honra. 

Região onde atuou Horácio Cavalcanti de Albuquerque, conhecido como Horácio Novais. Em um primeiro momento fazendo um cangaço de honra, de vindicta. Porém, no curso do seu cangaço, passa a adotar outras atitudes. Abandona os objetivos iniciais e faz a transtipicidade para um cangaço de 'negócio''', de meio de vida, aliando-se várias vezes ao grupo de Lampião, causando transtorno à sua importante família. 


Região onde atuou o grupo dos Cablocos ou Pequenos, de atuação também do cangaceiro Antônio Germano e também dos irmãos Marinheiro. Então , Floresta é um complexo que envolve fatos retumbantes na história do cangaço, locais emblemáticos e de importância tamanha para nossos estudos e o principal que foram às pessoas dessa região que se envolveram de alguma forma nesse fenômeno chamado cangaço. Quem viver verá!

Então que venha o Cariri Cangaço Floresta em Maio de 2016!

Jorge Remígio
Pesquisador, Conselheiro Cariri Cangaço

José Calasans Por:Carlos Alberto


Boa tarde, aos amigos do Cariri Cangaço, na pessoa de Manoel Severo Barbosa, parabéns pela divulgação desse precioso texto sobre o canudólogo José Calasans (link ao final da postagem) . O Livro OS SERTÕES, de Euclides da Cunha, foi uma obra importante para a posteridade quanto à narrativa sobre A GUERRA DE CANUDOS e ANTÔNIO CONSELHEIRO, mas com um tom muito preconceituoso com o sertanejo. Na filosofia bebia no positivismo e em outras teorias, no entanto, não conhecia a alma do povo do Sertão. É lógico, que, OS SERTÕES, ultrapassava o naturalismo de nossa literatura, classificado por alguns críticos, como pré-modernista. 

Pesquisador potiguar Carlos Alberto no Cariri Cangaço

Com Odorico Tavares, através de reportagens e depois sintetizado no Livro: CANUDOS: Cinquenta Anos Depois (1947) e juntamente com José Calasans deram uma nova interpretação sobre o Fenômeno Messiânico Nordestino da Guerra de Canudos, utilizando depoimentos de sobreviventes do Movimento, entrevistas, a memória através do cordel, etc.. José Calasans dizia que tinha livrado-se da Gaiola de Ouro d'OS SERTÕES, de Euclides da Cunha. Essa nova concepção calasansiana sobre Canudos, começou com a sua tese de livre docência, da Cadeira de História da UFBA, nos Anos 50, do Século XX, intitulada: O CICLO FOLCLÓRICO DO BOM JESUS CONSELHEIRO, e em 1959 (?): NOTÍCIAS SOBRE ANTÔNIO CONSELHEIRO e escreveu até o fim de sua vida: artigos publicados em jornais e em revistas, prefácios e apresentações de livros, além de outros livros de sua autoria. Como dica de Livro, leiam a Obra: JOSÉ CALASANS E CANUDOS: A História Reconstruída, de Jairo Carvalho do Nascimento, Livro oriundo de dissertação de Mestrado do Autor, onde estuda a vida e a obra do grande José Calasans.

Carlos Alberto - Natal, RN

Link da matéria de José Calasans
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2014/05/a-canudos-de-jose-calasans.html

Recordar é Viver !!! Cariri Cangaço 2010


Com o trabalho primoroso e o talento de Aderbal Nogueira, Conselheiro Cariri Cangaço, que nos traz com sua Laser Vídeo, um pouco do que foi o grande Cariri Cangaço 2010. 
As cidades de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha e Aurora, pararam para receber o Brasil de Alma Nordestina...

Seja bem vindo...
e em Maio: Cariri Cangaço Floresta 2016

Lampião Foi o Melhor Ator de Si Mesmo Por Rangel Alves da Costa


O amigo Geraldo Júnior, administrador do grupo “O Cangaço” no Facebook, após mostrar três cartazes de filmes sobre o cangaço, lançou a pergunta: “Em sua opinião, qual desses três filmes sobre a vida de Lampião foi o melhor?”.
Os três cartazes mostrados são dos filmes “Meu nome é Lampião” (1969), com Milton Ribeiro e direção de Mozael Silveira; Lampião, O Rei do Cangaço (1964), com Leonardo Vilar e direção de Carlos Coimbra; e a minissérie “Lampião e Maria Bonita” (1982), com Nélson Xavier e Tânia Alves, com direção de Luiz Antônio Piá e Paulo Afonso Grisoli.


Para além das opiniões pessoais, vez que tanto os filmes como a minissérie possuem méritos que devem ser reconhecidos, prefiro modificar o questionamento feito para propor outro: “Qual ator melhor representou Lampião?”. Pergunta, aliás, que já foi proposta no grupo de estudos cangaceiros.


Como se sabe, a saga de Virgulino e seu bando já foi levada ao cinema e à televisão mais de uma dezena de vezes. Quando não tem Lampião como personagem principal ou mesmo o cangaço como trama de fundo, utiliza-se da ficção para mostrar a valentia de um povo rude frente ao poder opressor. Jagunços, cangaceiros, coronéis, beatos, renegados, bandoleiros, todos fazem parte desse contexto nordestino mitificado na dramaturgia nacional.

Neste sentido, célebre é o filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), com direção de Glaubert Rocha. É uma trama cujo enredo explora o tema cangaço sem se ater à verdade dos fatos, pois fazendo da ficção o espelho do confronto entre o bem e o mal, ou seja, entre os explorados e a implacável perseguição dos exploradores, através de Antônio das Mortes. Do mesmo modo “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, também de Glaubert Rocha. No filme, Antônio das Mortes é contratado para dar fim a uma nova liderança cangaceira surgida nos sertões nordestinos. 

Além dos clássicos de Glaubert Rocha, o cangaço foi explorado sob diversas vertentes, mas quase sempre através do espectro dualístico do bem e o mal ou do bem contra o mal. Há “O Cangaceiro” (1953), dirigido por Lima Barreto; “Grande Sertão” (1965), dirigido por Geraldo Santos Pereira e Renato Santos Pereira; “Quelé do Pajeú” (1969), dirigido por Anselmo Duarte. E também “Corisco e Dadá” (1996), de Rosemberg Cariry; “Baile Perfumado” (1969), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas; “Corisco, o Diabo Louro” (1969), de Carlos Coimbra. Muitos outros títulos possuem o cangaço como trama de fundo, sendo que até mesmo pornochanchadas e filmes eróticos se basearam na vida cangaceira.


A televisão sempre foi buscar nos temas nordestinos a certeza de sucesso. Assim ocorreu com “Mandacaru”, novela exibida pela TV Manchete entre os anos de 1997 e 1998, e reexibida pela TV Bandeirantes em 2006. Faz do mandacaru a simbologia para os conflitos numa região nordestina conflagrada pelo temor dos cangaceiros desgarrados após a morte de Lampião e Maria Bonita. Mais recentemente a TV Globo exibiu “Cordel Encantado” (2011), narrando uma típica saga sertaneja de amores marcados por confrontos familiares, jagunços, coronéis, cangaceiros e fanatismos.

Contudo, o melhor diretor de todos os filmes já produzidos acerca de Lampião, o verdadeiro, chama-se Benjamin Abrahão Botto, um libanês radicado no Brasil, ex-secretário do Padre Cícero, e que após a morte deste se enveredou pelas caatingas acompanhando o bando de Lampião. Abrahão havia se encontrado com Lampião em 1926, quando este chegou a Juazeiro para receber a patente de Capitão. Fotografado e filmado, e vaidoso como era, certamente que Lampião nem pensou duas vezes quando o fotógrafo pediu permissão para registrar o cotidiano do bando.



A partir da lente e da filmadora de Abrahão, não há como não ter a certeza que Lampião foi quem melhor representou a si mesmo. A cada fotografia ou a cada película, o que se observa é um Lampião preocupado com a pose, com a aparência, com o enquadramento, com a imagem para a posteridade. Não há cena em que o Capitão não esteja se mostrando como desejaria ser conhecido no mundo exterior. 

Lampião era verdadeiro modelo fotográfico. Mostra-se imponente caminhando pelas veredas sertanejas, quando aponta sua arma para ser filmado e fotografado, quando se coloca perante cartas ou jornais para o flash do libanês. Não só Lampião, mas todo o bando gostava de ser fotografado. Aquela fotografia de Maria Bonita sentada entre os cachorros Ligeiro e Guarany, e Lampião em pé com uma revista à mão, faz recordar um instantâneo da nobreza europeia num belo jardim de inverno. 

Mas não, apenas os carrascais nordestinos, a dureza dos tempos permitindo um instante de rara beleza. E mais um exemplo do quanto humano havia também no cangaço. Um rei e uma rainha do nosso mundo. Nosso tão belo mundo nordestino.

Rangel Alves da Costa-Poeta e cronista

Cariri Cangaço Por: José Bezerra Lima Irmão

Junior Almeida, Oleone Fontes, Francimary Oliveira, José Bezerra e Antonio Edson

O Cariri Cangaço é uma entidade cultural que a cada dia se agiganta e se impõe como um fórum de estudos e debates sobre temas relevantes da história do Nordeste, envolvendo cangaço, coronelismo, movimentos messiânicos, Padre Cícero, Antônio Conselheiro, etc. No recente encontro no Cariri, no Edição de Luxo em Setembro, deu-se ênfase a temas da história regional. Em Lavras da Mangabeira e Missão Velha, os painéis giraram em torno das figuras dos grandes potentados do Cariri no passado, com destaque para os Augusto, de Lavras, e dos coronéis Quinco Vasques, Izaias Arruda e Antônio Joaquim de Santana, de Missão Velha, tendo como palestrantes Manoel Severo, Heitor Feitosa, Urbano Silva, João Tavares Calixto, Cristina Couto e João Bosco André, atuando como mediadores Geraldo Ferraz e Archimedes Marques.

O encontro culminou com o painel “As Várias Faces de Cícero, o Santo do Juazeiro”, tendo como mediador Ângelo Osmiro e como palestrantes os juazeirenses Emerson Monteiro e Lailton Feitosa. Houve visita em Lavras à venerável residência de Dona Fideralina, matriarca da família Augusto. Em Missão Velha, o grupo esteve no Engenho Santa Tereza, de Cícero Landim, e na fazenda da família Olegário de Santana, onde almoçamos – vejam que privilégio! – ao lado da distinta Dona Orlandina, filha do coronel Izaias Arruda. Na Serra do Horto, ouvimos uma síntese do episódio conhecido como Sedição do Juazeiro, nas palavras do Padre Agostinho Justino, que não perde um encontro do CARIRI CANGAÇO, ou seja , Cariri Cangaço é sem dúvidas espetacular e imperdível, sempre.

José Bezerra Lima Irmão
Pesquisador e escritor
Salvador, Bahia-Brasil

Cangaço:Forma Transfigurada de Fazer Politica Por:Gilson Ricardo


É possível dizer algo novo sobre o Cangaço e sobre o Coronelismo, tão exaustivamente estudados? O que justifica debruçar-se sobre um assunto aparentemente tão esgotado? É possível acrescentar uma informação crucial, uma perspectiva diferente, fazer algum avanço nas análises até aqui feitas? Parece que, pelo menos em relação ao material empírico, não se pode esperar muita coisa, visto que, exceto por um ou outro documento, uma foto, uma carta, que ainda eventualmente possa aparecer, tudo já foi muito esmiuçado. Se isso estiver correto, então não é no âmbito do protocolo que se pode ampliar o que se conhece sobre cangaceiros e coronéis, porém nos métodos e nas análises do material disponível e esta é a contribuição de Histórias de Cangaceiros e Coronéis, Editora Sebo Vermelho, de autoria de Honório de Medeiros, recentemente lançado.

O que faz de Histórias de Cangaceiros e Coronéis um marco, um determinante simultaneamente teórico e prático nos estudos sobre o coronelismo e o cangaço, é a mobilização, em objetos precisos, do modo de análise estrutural. Sintetizando, e sem antecipar o conteúdo do livro, o autor, de forma novidadeira, submete o cangaço e o coronelismo a um método de análise que privilegia as relações entre os agentes e as instituições como princípio de conhecimento do real, quer dizer, como princípio de inteligibilidade da particularidade de um mundo social situado e datado. Para isto, Honório se apropria do conceito de “campo social”, formulado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, e o aciona a fim compreender e dar a compreender a teia de relações que faz de cangaceiros e coronéis opostos e complementares no proto-campo político do Nordeste brasileiro no período do final do Segundo Império à década de 1930. Digo proto-campo político, pois neste período o campo político ainda não havia se autonomizado e estava imerso numa totalidade social, difusa e parcialmente diferenciada, que anexava a política à economia, à tradição e à religião.


O credo metodológico de Histórias de Cangaceiros e Coronéis não é formalizado no livro, e nem seria preciso, mas é esboçado às páginas 225-226. Assim, o vetor epistemológico adotado é claro: vai do racional ao real, de acordo com a máxima sociológica segundo a qual é o mundo social – cientificamente construído – que explica os indivíduos e não o contrário. E para lançar luz nas práticas e representações de cangaceiros e coronéis, Honório recorre não a um vago “contexto social”, nem aos imprecisos “determinantes em última instância da economia”, mas ao campo, ainda não inteiramente estruturado, é bem verdade, no qual se disputavam os móveis e interesses políticos da época.

Assim sendo, esse poderoso recurso analítico permite a Honório de Medeiros ver mais longe e dizer coisas não sabidas sobre fatos já conhecidos. As práticas de cangaceiros e coronéis, desse modo, saem do arbitrário, do acaso, do irracional e se encaixam, ainda que na forma de conjecturas, como reconhece o autor, num cenário interpretativo que tem a força da razoabilidade. Na construção deste cenário explicativo, é particularmente interessante o uso das genealogias, recurso fartamente utilizado pelo autor. A garimpagem das relações familiares, dos compadrios e das linhagens não é no texto um mero exercício de erudição e virtuose investigativa, mas um modo de reconstruir a trama das interdependências capazes de conferir sentido aos atos aparentemente mais díspares. 

Kydelmir Dantas, Prof. Pereira e Honório de Medeiros no Cariri Cangaço

Embora pareça extenuante ao leitor desatento, as genealogias auxiliam na construção da economia das trocas materiais e simbólicas entre as famílias, os clãs, os grupos e as facções em disputa pelo poder, em luta pela honra e pela posse de recursos escassos. Assim, é lícito afirmar que em Histórias de Cangaceiros e Coronéis o autor não é tão somente um genealogista inspirado, mas um topógrafo empenhado em descrever a topologia do já mencionado proto-campo político. Ao fazê-lo, ao minuciar a teia de relações familiares, de compadrio e de amizade (e de inimizade), o autor repõe ao mesmo tempo as posições relativas ocupadas pelos diversos agentes no estado do proto-campo político à época. Neste caso, o desafio enfrentado pelo autor foi o de mostrar o funcionamento da lógica prática – esta lógica sem lógicos – capaz de fazer compreender o que os agentes fazem e como e porque o fazem.

Em Histórias de Cangaceiros e Coronéis, coronéis e cangaceiros partilham do mesmo ethos e do mesmo pathos, pois possuem os mesmos esquemas de pensamento e ação. Isso não significa juntá-los indistintamente num único cesto informe: a análise estrutural separa o que o vulgo junta e junta o que o vulgo separa. O que Honório junta (e o vulgo separa): cangaceiros e coronéis na mesma trama do poder; o que Honório separa (e o vulgo junta): os cangaceiros dos marginais de feira (vide as referências quer à situação econômica de relativa folga das famílias de alguns cangaceiros ou mesmo à estirpe nobre de outros).

Mas unir coronéis a cangaceiros não seria muito expressivo do ponto de vista analítico, pois ainda seria preciso identificar as distinções nas semelhanças. E, mais uma vez de forma adequada, Honório procura o princípio explicativo das distinções na hierarquia do proto-campo político de então, ou seja, na legitimidade que coronéis possuíam e cangaceiros, não. As alianças conjunturais – de interesses, de ódios, de intrigas, inimizades e amizades – unem o cangaço a frações do coronelismo, mas a legitimidade deste último o demarca do primeiro. É bom lembrar que os cangaceiros não foram indiferentes à legitimidade, a exemplo da “patente” de capitão de Virgulino Ferreira, sempre anunciada com orgulho.


O capital de legitimidade dos coronéis e o déficit de legitimidade dos cangaceiros pesarão na reprodução posterior dessas duas experiências políticas típicas do Nordeste brasileiro no já mencionado período do final do Segundo Império à década de 1930. O coronelismo, em razão dos trunfos materiais e simbólicos que dispunha e da legitimidade amparada nos poderes do Estado, encontrará, como o autor menciona, formas de sobrevivência, ou seja, de reprodução ampliada quando da modernização do País. As modernas oligarquias e as linhagens familiares que, atualmente, dominam a política no Nordeste descendem do coronelismo. Os cangaceiros, por sua vez, justamente em razão da posição subalterna que ocupavam no proto-campo político durante o mesmo período e da ausência de legitimidade, sucumbiram e foram extintos. Assim, é apenas por um abuso terminológico que hoje se fala em “novo cangaço” ao mencionar os bandos de facínoras que roubam bancos e aterrorizam as pequenas cidades do interior. Não há nenhuma semelhança tanto na forma como no conteúdo.

Cangaceiros e coronéis não emergem das 285 páginas de Histórias de Cangaceiros e Coronéis inteiriços como se saídos dos mitos e dos contos de fadas, porém contraditórios, dilacerados, ora heroicos, ora pusilânimes, quase sempre horríveis e sombrios. São os vitoriosos e os vencidos de um mundo caracterizado, para usar a expressão de Johan Huizinga a propósito do declínio da idade média, pelo “teor violento da vida”. Afinal, Histórias de Cangaceiros e Coronéis é um livro cheio de atrocidades (“matou, emboscou, decapitou, deflorou, ultrajou, espancou cruelmente” são palavras amiúde encontradas). Contudo, restituí-los – os ofendidos e os ofensores – em sua humanidade, sem preconceitos, eis um inegável mérito da análise estrutural empreendia por Honório de Medeiros.

Em razão do alcance analítico dos resultados e do manejo modelar do método, penso que, doravante, qualquer ensaio que pretenda fazer avançar o conhecimento sobre o coronelismo e o cangaço deverá, necessariamente, interpelar Histórias de Cangaceiros e Coronéis.

Gilson Ricardo de Medeiros Pereira

* Gilson Ricardo de Medeiros Pereira possui graduação em Licenciatura em Física pela Universidade de São Paulo (1987), graduação em Bacharelado em Física pela Universidade de São Paulo (1983), mestrado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (1992) e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (2001). Trabalhou como professor efetivo na Universidade Regional de Blumenau, SC, e, atualmente, é professor do quadro da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, atuando no Programa de Pós-Graduação, mestrado em educação. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Sociologia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, políticas públicas, administração da educação, periódico especializado e disciplina acadêmica.

FONTE:http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br