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Virgulino em Três Fases Por:Jorge Remígio

Narciso Dias, Netinho Flor e Jorge Remigio

Sobre o fracasso de Lampião em Mossoró, muitos atribuem àquele fato histórico, como a derrocada de suas atividades bandoleiras em uma primeira fase do seu cangaço. Se pudermos repartir o seu cangaço a título de delimitarmos duas fases com bastante especificidades, podemos usar Mossoró em 13 de junho de 1927, como um acontecimento meramente isolado do ponto de vista da política da repressão. Não estou invocando a resistência heroica de uma população sem apoio estatal, mas, procurando delimitar uma nova realidade na política de repressão que já mostrava sua eficácia. 

O banditismo rural vingou por muitos anos nos sertões de alguns estados do Nordeste, justamente pela omissão ou políticas ineficazes de combate aos bandoleiros. Quando o governador de Pernambuco Estácio Coimbra toma posse em dezembro de 1926, adota, juntamente com o seu Chefe de Polícia Eurico de Souza Leão, uma nova metodologia de combate ao cangaceirismo, celebrando e ampliando o pacto de cooperação entre os estados afetados pela praga do banditismo, como também adota uma série de atitudes administrativas que surtiram efeitos práticos, como: Alistar em massa pessoas que residiam no mesmo habitat dos cangaceiros, conhecedores daquela geografia inóspita, combate sistemático aos protetores de bandos de cangaceiros, principalmente ao de Lampião. 


Jorge Remígio, Paulo Cangaceiro e Marcos de Carmelita

A prisão; domiciliar em Recife; do Coronel Anjo da Gia, do fazendeiro Ascênio Gomes, do comerciante Ascendino Gomes de Oliveira, foi uma ação inédita até então. Os próprios correligionários políticos do então governador foram pressionados, já sinalizava uma nova realidade na política de repressão. 

O ataque à Mossoró foi exatamente a seis meses dessa nova política adotada pelo Estado de Pernambuco. Estado com o maior potencial econômico à época, mas, em contrapartida, com maiores problemas em decorrência do cangaceirismo. Já que se estabeleceram fases no cangaço de Lampião, considero três fases: Do seu início como chefe de bando, 1922, até o ataque à Mossoró-RN em junho de 1927. Do ataque frustrado até a sua saída de cena dos estados que até então aterrorizou, fugindo em estado lastimável para Bahia em agosto de 1928, fruto da política de repressão que deu certo. A terceira fase seria o seu “império” e derrocada após dez anos de terror nos estados da Bahia e Sergipe, incursionando pelas Alagoas e Agreste pernambucano. 

Voltando, Mossoró é um marco delimitador na ação política. Não um objeto transformador, com influência decisiva em toda conjuntura subsequente do cangaço de Lampião. Um dia ou dois, após o ataque à Mossoró, chega àquela cidade a Volante paraibana comandada pelo bravo Clementino Quelé, a mando do governador da Paraíba, João Suassuna. Depois veio a perseguição de volantes cearenses no encalço dos bandoleiros que fugiram desesperadamente pelo Vale do Jaguaribe tentando chegar ao Cariri, após o ataque à cidade potiguar. Volantes até então estáticas ou figurativas. Lampião também ficou surpreso. Não avisaram para ele que o pacto entre os estados já estava realmente funcionando eficazmente. O que escrevi é um ponto de vista, passível de críticas e correções. Abraço cangaceiro.

Jorge Remígio, pesquisador do GPEC
Conselheiro Cariri Cangaço
João Pessoa-Pb

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