A Fazenda Nossa Senhora de Brotas, que pertenceu ao poderoso coronel João Gonçalves de Sá e abriga a capela em homenagem à santa e a antiga mansão do mais conhecido chefe político de Jeremoabo tem destino incerto. Desde que foi comprada pelos empresários Marco Dantas, Deri e Beto do Caju não se sabe o que será feito com este patrimônio histórico e cultural.
Quando a fazenda instalada em terras registradas desde o século 17 foi vendida na primeira década dos anos 2000, circulou na cidade que ela seria transformada em universidade e museu. A realidade hoje é bem diferente. O local foi loteado e estão sendo construídas imóveis que serão colocados à venda no entorno da parte histórica, onde está a Mansão dos Sá e a Capela de Nossa Senhora de Brotas.
De acordo com o ex-secretário de Educação do município, Pedro Son, a prefeitura deveria ter comprado a propriedade há anos, mas isso não foi feito. Pedro cogita que os donos da fazenda pretendem ganhar tempo para negociar com o município a residência do coronel, que está fechada e tem partes em ruínas, e a igrejinha. Na fazenda, um vigia, que também coordena as obras em andamento, informa que os patrões estão viajando e que não sabe o que será feito do local, onde a visitação é permitida.
A história do que viria a ser a fazenda dos Gonçalves de Sá começou no início do século 17 quando foi construída a primeira capela de Nossa Senhora de Brotas. No local, padres catequisavam os índios. Em março de 1669, porém, Francisco Dias D’Ávila, neto de Garcia D’Ávila, que chegou à Bahia com Tomé de Souza e tomou posse das terras que margeavam o rio São Francisco, estendendo-se para o norte pelos sertões de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, incendiou a igreja. A ação foi represália aos missionários que se recusavam a escravizar os indígenas.
Por volta de 1778, quando a freguesia de São João Batista de Jeremoabo do Sertão de Cima possuía apenas 32 casas e 252 habitantes – apenas cinco eram brancos – uma nova igreja dedicada à mesma santa servia como local de refúgio e devoção para os escravos.
De mansão construída ao lado da capela, João Sá (1882-1958) avistava toda a dimensão de seu canavial. Sua casa também servia de palco de grandes festas e para receber visitantes ilustres trazidos do Rio de Janeiro pelo filho do coronel. Um deles, foi o médico e compositor mineiro Joubert de Carvalho, que passou uma temporada em Jeremoabo, compôs o hino da cidade e teria se apaixonado pela filha do coronel.
O coronel João Gonçalves de Sá também ficou conhecido por ser um dos mais importantes “coiteiros” de Lampião e seu bando. Com patente da Guarda Nacional, exercendo o cargo de deputado estadual pelo PSD (depois seria prefeito de Jeremoabo), Sá conheceu o cangaceiro na localidade de Sítio do Quinto, quando viajava para Salvador, em 1928. Lampião propôs que ele e o pai, Jesuíno Martins, fizessem parte de sua rede de protetores em troca de favores. Pediu também 200 mil réis, que foram dados pelo coronel.
O coronel João Gonçalves de Sá também ficou conhecido por ser um dos mais importantes “coiteiros” de Lampião e seu bando. Com patente da Guarda Nacional, exercendo o cargo de deputado estadual pelo PSD (depois seria prefeito de Jeremoabo), Sá conheceu o cangaceiro na localidade de Sítio do Quinto, quando viajava para Salvador, em 1928. Lampião propôs que ele e o pai, Jesuíno Martins, fizessem parte de sua rede de protetores em troca de favores. Pediu também 200 mil réis, que foram dados pelo coronel.
A partir daquele momento, toda vez que o cangaceiro chegava em Jeremoabo, se escondia por trás da serra numa caverna e mandava seus homens buscarem mantimentos para o bando na propriedade do coronel. O político tirava vantagem do acordo feito com Lampião. Segundo moradores mais antigos da cidade, Sá mandava o cangaceiro ameaçar os fazendeiros que se recusavam a vendê-las por baixos valores. A opção era entregar a propriedade ou morrer.
Foto de Paulo Oliveira -Fonte: meussertões.com.br
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ResponderExcluirMuito bom,como faço pra ter acesso?
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