Eram nove da manha do segundo dia de Cariri Cangaço; 13 de outubro de 2017; quando as Caravanas do Cariri Cangaço partiram do centro de Floresta para os lados da fazenda Favela. Distante cerca de 10 quilômetros do centro da cidade. A fazenda Favela que outrora fora pertencente ao Tenente Antonio Novaes, da guarda nacional, foi palco de um dos mais ferrenhos combates do vale do Pajeú nos idos de 1926, no áureo "primeiro reinado" de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião.
Cristiano e Marcos de Carmelita ao lado de outros pesquisadores;
contando o combate da Favela
Manoel Severo, Cristiano Ferraz, Tácio Novaes e Marcos de Carmelita
Caravana Cariri Cangaço atenta a Marcos de Carmelita e Cristiano Ferraz
Todo o episódio foi contado aos convidados do Cariri Cangaço pelos pesquisadores Marcos de Carmelita e Cristiano Ferraz, autores da sensacional obra "As Cruzes do Cangaço - Os fatos e personagens de Floresta-PE" edição de Maio de 2016. Pouco a pouco os autores foram contextualizando aos presentes todo o cenário de "guerra" desenvolvido na fazenda Favela e como o cangaceiros impuseram um revés cruel às forças volantes.
"Eram cerca de 90 a 100 cangaceiros comandados pelo próprio Lampião, Antonio Ferreira, Sabino, Jararaca e Luiz Pedro; Moita Brava e Corisco estavam entre eles, o numero de soldados das volantes talvez fosse quase o mesmo ou mais, comandados pelo sargento José Saturnino e pelo anspeçada Manoel Neto" revela Cristiano Ferraz.
Cristiano e Marcos novamente contam a historia, desta vez diante da casa sede,
ou "casa velha" da fazenda Favela
Ruínas da casa sede da fazenda Favela
O pesquisador e escritor Marcos de Carmelita acentua: "Aqui temos ainda a casa mais recente, uma construção mais nova, logo ali em frente perto do açude vamos encontrar as ruínas da casa sede, casa principal da fazenda Favela onde estavam no dia do combate a família do tenente Antônio Novaes, sua esposa dona Aninha entre eles."
O sol forte, perto do meio dia, exigia de todos os presentes um esforço extra na direção de acompanhar cada momento e cada explicação da visita a Favela. "Só um evento com a responsabilidade e qualidade do Cariri Cangaço poderia nos proporcionar um momento como esse, os dois autores, tanto o Marcos Antonio como o Cristiano, nos mostram em detalhes tudo o que aconteceu, e uma coisa é ler e outra coisa, totalmente diferente é vir aqui e ver in loco como tudo aconteceu, agradeço a todos do Cariri Cangaço essa grande oportunidade" revela Renato Azambuja, de Vitória do Espírito Santo.
O sol forte exigiu um esforço maior do pesquisadores presentes na fazenda Favela
Vamos recorrer ao espetacular livro "As Cruzes do Cangaço" de Marcos de Carmelita e Cristiano Ferraz em sua página 191 no capítulo que fala do Fogo da Favela: "Na manha do dia 11 de novembro de 1926 , a volante chegou a Fazenda Favela sendo guiada pelo civil Valentim Pereira Leite... e visualizaram de longe a existência de duas moradias. A volante se dividiu ficando José Saturnino ficando com missão de dar combate na casa velha, enquanto Manoel Neto com o restante dos soldados iria cercar a outra residência. Alguns soldados ficaram no baixio, dentro do capinzal. Zé Saturnino e Manoel Neto seguiram margeando na direção da parede da barragem. José Saturnino espalhou seus homens nesse local e Manoel Neto procurou a parte mais alta do terreno, mais a esquerda do companheiro"... E daí se deu o inicio do combate que duraria cerca de quatro horas com resultado terrível para as forças volantes...
Junior Almeida, Giovane Gomes, Geraldo e Rosane Ferraz
Cristano Ferraz, Tereza Barros, Zilda Lima, Edvaldo Feitosa
Antônio Edson, Amelia Araujo, Luiz Antônio e Rita Pinheiro
Caravana de Poço Redondo
Wescley Rodrigues, Juliana Pereira, Artur Holanda e Quirino Silva
De posse do "Cruzes do Cangaço" o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo fez a leitura dos nomes do soldados mortos na Favela (Pág. 195) , "foram mortos no fogo da Favela os seguintes soldados: Antônio Freire Panta e Gaudêncio Pereira da Silva... Francisco Pereira, João Gregório Neto, Agripe Lopes dos Santos e Cicero Petronilo da Silva..."
Junior Almeida, Ivanildo Silveira e Marcos de Carmelita no local onde foram sepultados os soldados das volantes
Louro Teles e a cruz dos soldados na Favela
Manoel Severo de posse de "As Cruzes do Cangaço" ler o nome dos soldados mortos na Favela ladeado pelos autores, Cristiano Ferraz e Marcos de Carmelita.
Os convidados do Cariri Cangaço tiverem a oportunidade de visitar todos os cenários do combate: As duas casa; as ruínas da casa velha e a casa nova, a barragem e a cruz que indica o local onde foram sepultados os homens das volantes. "Foi aqui que Lampião ensinou ás volantes a cortar cabeças, foi aqui que ele fez essa barbaridade decapitando e fazendo toda especie de crueldade com os defuntos" assevera Marcos de Carmelita.
Cristiano Ferraz arrisca: "Teria sido depois de ver as barbaridades que os cangaceiros fizeram as corpos do soldados mortos que Cristino Gomes da Silva Cleto; Corisco; teria decidido sair do bando e tentar sorte em terras baianas"...
Fotos: Ingrid Rebouças, Louro Teles, Evanilson Sousa e Junior Almeida
Fonte de Pesquisa: As Cruzes do Cangaço
Marcos Antônio de Sá e Cristiano Ferraz
Cariri Cangaço Floresta-Centenário de Nazaré
Fazenda Favela, 13 de Outubro de 2017
Floresta, Pernambuco
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