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Naquela Mesa está faltando Paulo Mariano Por:Emmanuel Arruda

"Aquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim"
A mesa da comunhão da vida, da amizade ou do conhecimento não será a mesma sem Paulo Mariano. Quanta falta nos faz. Que lacuna imensa ele nos deixa. Não foi a toa que escolhi para título desse texto a letra da música de Sérgio Bittencourt imortalizada na voz de Nelson Gonçalves, "Naquela mesa". É assim, igual a música, sentado a mesa, que tenho as melhores lembranças dele e que ouvi e aprendi sobre assuntos diversos.
Podia ser a mesa de sua casa, ao som dos pássaros, comendo o doce de leite carrasquento ou o "doce de Emmanuel", como ele chamava e anotava na lista da feira. Eram sempre momentos de alegria e, fosse onde fosse, sua energia preenchia o ambiente.
Podia ser uma mesa de bar onde ele se tornava o centro das atenções e soltava piadas, gracejos e lorotas, além de muitas histórias. Fazia-nos rir e enchia tudo de alegria. Não importava a qualidade do lugar, tira gosto ou bebida. Valia a pena ouvi-lo.
Paulo Mariano e Emmanuel Arruda, em primeiro plano
Podia ser uma mesa de palestra ou lançamento de um livro. Paulo tinha o dom da palavra e o verbo fluía fácil. Dono de uma memória impressionante. Lembrava tudo com precisão. Defendia como ninguém a cultura e a história de sua terra natal, Princesa, assunto recorrente em 90% das conversas. A cidade perdeu seu defensor mais apaixonado. Um homem que se tornou grande não pelo que tinha ou cargos que ocupou. Ele era grande por ter construído, fora do padrão, sua própria história, sua coerência, sua honestidade e o amor com que defendia as causas que abraçava.
Conselheiro Cariri Cangaço Narciso Dias passa às mãos de Paulo Mariano o Diploma do Cariri Cangaço, em Princesa Isabel no Cariri Cangaço Princesa 2015
Podia ser uma mesa de restaurante, igual a foto que ilustra este texto. Feito no Mercado da Torre. Nosso ponto de encontro aos sábados. Local de compartilhar histórias e estórias. Sempre sob a maestria de Paulo, nosso último comunista.
De agora em diante toda mesa terá um lugar vazio. Sua ausência será sentida e sua história sempre lembrada. Cada amigo ou princesense ao sentar a mesa, seja do bar, seja de casa ou de um evento cultural vai lembrar Paulo Mariano e sua vida dedicada a seu torrão natal.
Hoje aquela mesa está faltando ele e, para não doer tanto, vou imaginar que esteja em outra entre as que citei, espalhando suas histórias e defendendo seus ideais.Foi só um desencontro!
Emmanuel Arruda, Princesa Isabel-PB
08 de Dezembro de 2018; Conselheiro Cariri Cangaço

Aldo Lopes e Paulo Mariano em Princesa Isabel

O pesquisador, historiador, memorialista e escritor Paulo Mariano, filho do município de Princesa Isabel, faleceu na madrugada do último dia 21 de novembro de 2018.
NOTA DE PESAR DA PREFEITURA DE PRINCESA ISABEL
PREFEITURA DECRETA LUTO OFICIAL DE 3 DIAS EM RAZÃO DO FALECIMENTO DE PAULO MARIANO
Responsável pela visão social e formação política de muitos jovens princesenses que sempre acompanharam os seus discursos revolucionários, Paulo Mariano foi pioneiro em contar a história de Princesa quando, ainda em 1991, lançou o livro “Princesa antes e depois de 30”, destrinchando fatos que ocorreram antes e depois da famosa revolução que colocou Princesa nas páginas de jornais e revistas do Brasil e do mundo.Pai exemplar, homem íntegro, ético, militante e lutador incansável, Paulo sempre se preocupou com a humanidade, sendo solidário, principalmente, com aqueles que se encontravam à margem, excluídos, que não eram enxergados por quase ninguém. Nascido em 04 de março de 1934, filho de um pequeno proprietário rural e de uma dona de casa, Joaquim Mariano e Lindaura Cordeiro Florentino, Paulo Mariano cursou o primário na escola da professora Maria Alice Maia e no colégio Monte Carmelo, em Princesa, e no Cristo Rei, em Pesqueira-PE. Completou a Instrução Básica Aeroterrestre qualificando-se Paraquedista Militar no Rio de Janeiro. Escreveu crônicas e contos em jornais e revistas da Paraíba. Publicou, em 1994, o livro de contos “Achados de Perdição” e participou da Revista da Literatura Brasileira LB-39, editada em São Paulo, com o conto “A Fugitiva”.Princesa perde hoje um de seus filhos mais ilustres, mas o seu nome se perpetuará junto com a história de Princesa, pois foi ele um grande e excelente colaborador da disseminação de nossa história. Um memorialista que não sairá de nossa memória jamais.
A prefeitura decretou luto oficial de 03 dias. 

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