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A Cangaceira Adelaide e o Umbuzeiro da Bandida Por:Manoel Belarmino

Manoel Belarmino ao lado de Rangel Alves da Costa

Adelaide Soares, filha de Pureza e Lê Soares, dos Soares do Sítio de Poço Redondo, deixou sua família junto com a sua irmã Rosinha (Maria Rosa Soares), no mesmo dia, para entrarem no Cangaço. Adelaide e Rosinha são primas da valente cangaceira Áurea Soares. Adelaide foi conviver na vida cangaceira com o cangaceiro Criança e Rosinha com Mariano. Não demorou muito para Adelaide engravidar. Mesmo grávida, as andanças pelas caatingas eram intensas na companhia do cangaceiro Criança, no bando. Os nove meses de gravidez já se completavam. O coito nas serras da Serra Negra, entre Poço Redondo e Lagoa da Serra Negra, poderia ser um lugar tranquilo para Adelaide "dar a luz" ao menino.
Todos estão ali tranquilamente acomodados no coito. Os moradores da serra já haviam levado beiju, tapioca, farinha, pé-de-moleque, e outros produtos para o bando no coito. Alguns barracos de palha de licuri já estavam ali armados. O esconderijo é seguro. Mas um tiro inesperadamente é disparado. Um tiro ecoou nas serras. Um cangaceiro, que havia entrado no Cangaço há poucos dias, de nome Serapião, inexperiente, dispara, acidentalmente, o seu rifle. Todos os cangaceiros fogem do coito às pressas. Imaginam ser uma tentativa de cerco das volantes.
Essas cruzes estão no cemitério da Curituba. Algumas pessoas afirmam ser de Adelaide. Mas há muita dúvida, pois outras pessoas afirmam que não teve cruz no cemitério. Somente a cruz do umbuzeiro colocada pelo cangaceiro Criança no mesmo dia da morte de Adelaide. E que a cruz que está lá não é mais a original. Moradores da região, percebendo que a cruz original estava precária, colocaram outra Cruz mais nova.
Naquele corre-corre e no susto, Adelaide começa a sentir as "dores de menino". Os cangaceiros andam muito pelas caatingas. Passam pelo Boqueirão, Barra de Baixo, Risada, Surrão, Pedra D'água, e chegam na fazenda Planta do Milho onde moram duas parteiras bastante conhecidas dos cangaceiros, Dona Maria e a jovem Afonsina. As parteiras rapidamente recebem Adelaide. Fazem de tudo, rezam, oferecem chás, mas o menino não nasce. "As dores de menino" e o sofrimento da parturiente aumentam. Os cangaceiros desesperados decidem levar Adelaide em uma rede para o povoado Curituba, em Canindé de São Francisco, na tentativa de salvar a mãe e o menino. Antes de chegar no povoado, Adelaide morre. A sombra de um pé de umbuzeiro serviu para o derradeiro gemido de Adelaide.

Conselheiro Cariri Cangaço Louro Teles, entrega a familiares das cangaceiras, Adelaide e Rosinha, o Diploma de reconhecimento como "personalidades da historia" , conferido pelo Cariri Cangaço no grande evento de Poço Redondo 2018.

O cangaceiro Criança acendeu uma vela de cera ali junto do corpo da sua amada, rezou e chorou. Depois os cangaceiros levaram o corpo de Adelaide para o Cemitério de Curituba, onde foi enterrado. O Cemitério de Curituba é aquele mesmo das margens do Riacho Curituba, pertinho do Quilombo Rua dos Negros.

Adeláide e Rosinha

No local da morte da cangaceira Adelaide Soares, sob aquele pé de umbuzeiro, ainda existe uma cruz. E aquele umbuzeiro é conhecido ainda hoje como "Umbuzeiro da Bandida"
Manoel Belarmino
Pesquisador e escritor - Poço Redondo, Sergipe

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