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Cariri Cangaço, Uma Luz de Cultura Nordestina Por:Luiz Serra

Luiz Serra

Um movimento que tomou corpo nos últimos anos, no campo das atividades voltadas à cultura raiz nordestino, com foco no sertão agreste, tem o nome sugestivo de Cariri Cangaço. O Curador da agremiação cultural, agora Instituto Cariri Cangaço, é o cearense Manoel Severo Barbosa, que conduz com dinamismo uma plêiade de entusiastas e pesquisadores que essencialmente se voltam a rebuscar os atos e fatos de origem do fenômeno intrínseco às caatingas: o cangaço.

Severo em seu conhecido Blog, cujo título é o nome do projeto, seguido por milhares de atentos admiradores dessa tradição brasileira, sempre se refere ao motor originário do Cariri Cangaço: “É o resultado de um grande sonho”. Citou que desde a infância se encantava com as histórias vividas pelos cangaceiros, autênticas sagas, muitas singulares em extremos conflitos, de um padecimento sem tamanho, e, mesmo assim, admirava-se por ter muitos remanescentes do bando de Lampião chegado à destacada longevidade. Tais personagens assim que proporcionaram aos pesquisadores um campo fértil para discussões temáticas e produção de uma literatura vasta e absorvente.

O centro da extensa laboração entre os tantos seminários e palestras, levados a cabo pelo Cariri Cangaço, está factualmente na figura de Lampião. Uma figura polêmica, sertaneja, que emergiu em cenário de anarquia e desordem de poderes, em meio a precárias ordenações de disputas de terras entre coronéis sertanejos que, não há dúvida, faziam comprimir os sofredores viventes da terra adusta na caatinga imensa.


Como aduz Severo acerca da personalidade central do capitão-cangaceiro: “Com o tempo levou-o a outras percepções. Criou um senso de adaptação, criatividade, em extensa rede de interesses, a estética, a medicina, o vigor em ambiente tão hostil, a compreensão da importância da imagem; o primeiro ‘marketeiro das caatingas’, enfim. Virgulino Ferreira da Silva, apesar dos muitos senões, acabou por se tornar um mito”.

Disse mais da origem, em março de 2009, após Seminário em Paulo Afonso, região de berço de Maria Bonita, surgiu a ideia de realizar no seu estado, o Ceará, mais precisamente no Cariri, outro seminário para resgatar um pouco da historiografia cangaceira na região. Referiu-se à crítica inicial, vindas de provocações locais como: “Cangaço no cariri?”, “Evento para endeusar bandido?”. Disse que somando ao sonho, pitadas de perseverança, determinação, acabou que muitos jovens, homens e mulheres, entraram nas audiências dos muitos eventos com a aquiescência e apoio de autoridades locais. Pela internet, o Cariri Cangaço é uma realidade nacional. Sem fazer apologia à violência ou crime, anuiu “ter havido um verdadeiro sentimento de proporcionar um ambiente ainda mais propício para o debate e aprofundamento dessa temática que é tão marcante em nossa terra e em nossa gente”.

Os primeiros seminários promovidos pelo Cariri Cangaço, em Serra Talhada, Mossoró, Paulo Afonso, seguindo as pisadas de Virgulino Ferreira da Lampião, acabaram se tornando novos “vaqueiros da história”. Aproximação de novos companheiros de igual disposição pela cultura, em busca de fontes, a cada evento novidades advindas de descendentes de personagens daquele rico filão da história nordestina. Disse de nomes de relevo na jornada crescente do Cariri Cangaço, os vaqueiros da história. Citou Napoleão Tavares Neves, o primaz, das primeiras bençãos” ao sonho; João de Sousa Lima e Antônio Vilela, a SBEC, Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço; Paulo Gastão e Kydelmir Dantas. Aderbal Nogueira e Ângelo Osmiro; professor Francisco Pereira, de Cajazeiras com notável acervo disponível; O escritor Antônio Amaury. Mencionou que a esses se somaram tantos outros, que hoje formam essa grande confraria de amigos, reconhecida como família Cariri Cangaço.

Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço

Acrescentou Severo que das prefeituras de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha, vieram a assunção do desafio; a elas se somou a URCA – Universidade Regional do Cariri, o ICC – Instituto Cultural do Cariri, o ICVC – Instituto Cultural do Vale Caririense, o Centro Pró Memória e ainda a Academia de Cordelistas do Crato, o Sebrae, o CCBNB e o apoio vital da Expresso Guanabara. O ensejo acadêmico ao Instituto.

Em nota aos entusiastas do tema, a curadoria do Cariri Cangaço agora informa que esteve cumprindo no dia 08 de maio,intensa agenda de trabalho na cidade de Quixeramobim, na temática de Antônio Conselheiro, mais nova sede do evento previsto para acontecer entre os dias 24 e 26 deste mês, reiterando convite aos interessados.

Manoel Severo externou por derradeiro que o incrível também acontece: “Lampião e o Cangaço que tanto sofrimento trouxe para o ordeiro povo do sertão, hoje promove o encontro, a união e a harmonia na direção da busca da verdade histórica”. Vida longa para o Instituto Cariri Cangaço!

Luiz Serra  Professor e escritor em 23 de maio de 2019 

http://www.pontodevistaonline.com.br/cariri-cangaco-uma-luz-de-cultura-nordestina-luiz-serra/

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