Se alguém perguntasse, sobre que livro, da saga de Lampião, eu recomendaria para o leitor inicial, aquele que seria a primeira literatura, que este hipotético leitor teria acesso, não tenho dúvida, apontaria o "Lampião, o Rei dos Cangaceiros" do estadunidense Billy Jaynes Chandler, e os critérios da minha escolha, vão permear nas seguintes noções:
O texto de Chandler reúne, na minha visão, aquilo que captura qualquer leitor da história, em particular do cangaço, ou seja, a pesquisa analítica, com formidável triangulações de fontes, o que favorece a credibilidade de seu trabalho, tornando-o coerente e lógico, aliado a isto, excelente estilo e estrutura textual, o que permite a compreensão de suas narrativas, sem deixá-lo medíocre e/ou simplório.
Do ponto de vista da pesquisa, ela foi realizada entre os anos de 1973 a 1975, podemos a considerar como de lavra acadêmica, primeiro, porque o movimento que o autor fez em sua produção, é tipicamente de pesquisador que persegue o método científico, e segundo, por ele está vinculado à instituições de pesquisas daquele país. É notório no livro, a vasta publicidade de referências de fontes utilizadas, amplamente usual, por pesquisadores, de tais nichos de produções..
O livro oferece aos seus leitores, além de informações sobre diversos episódios da saga de Virgolino (Queimadas, Mossoró, Serra Grande, Angico, dentre outros), análises interessantes, sobre o perfil dele e de outros cangaceiros e os contextos históricos, que estavam inseridos, não se trata de trabalho meramente de transcrição, e para isto, utilizou-se de entrevistas, e pela minha contabilidade, com cerca de 50 sujeitos que de uma forma ou de outra, estavam ligados ao cangaço lampiônico, além, dos principais jornais do nordeste, que noticiaram, as peripécias do capitão Virgolino e seus companheiros, buscou, ainda, os principais livros biográficos, daquele chefe cangaceiro, e arrematou com a leitura de artigos, documentos e trabalhos publicados sobre o tema.
Com Billy Chandler e a leitura de "Lampião, O Rei do Cangaço" aprendi que a história do cangaço, ou outra qualquer, não tem dono, naturalidade, nacionalidade e nem forasteiros, que a história do cangaço não foi concluída, visto que, continua sendo fabricada, em todos os ambientes, nos cordéis, cantadores de feiras, oralidade, memória, imagens, publicações, filmes, teatros e até na academia, e que a feitura de trabalho literário de qualidade, está relacionada com a pesquisa séria, o método cientifico e principalmente, com a originalidade e criatividade do autor, preceitos que o brasileiro e nordestino Frederico Pernambucano de Mello, por exemplo, realiza de forma contumaz.
Geziel Moura
Pesquisador
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