Ildefonso Augusto Lacerda Leite, assim como o tio materno, Ildefonso Correia Lima, carregava um nome luminoso no seio da família. Ambos receberam o título de Doutor em Medicina, no Rio de Janeiro, e destacaram-se como intelectuais e cientistas. Nascido Vila de Lavras, em 1876, Ildefonso Augusto teve sólida formação. Estudou no Seminário do Crato e no Seminário da Prainha em Fortaleza e, no Rio de Janeiro, agitou a cena cultural como cientista e livre pensador, tornando-se, ao lado de Oswaldo Cruz, pioneiro no estudo das nossas doenças tropicais.
Com a missão que lhe foi confiada por Oswaldo Cruz, veio para o Nordeste pesquisar as endemias que, na época, assolavam esta região do País. Fixou-se na terra natal, mudando-se depois para Cajazeiras e, em seguida, para Princesa, na Paraíba, onde seria brutalmente assassinado, em janeiro de 1902. Os seus Ensaios de Filosofia Natural, publicados no Rio de Janeiro, em 1900, e resgatados, em 2016, pelo talento de Cristina Couto, constituem um marco na sua trajetória, agora, apresentada ao público, pelo trabalho de Cristina, intitulado "A Tragédia de Princesa" (Fortaleza: Expressão Gráfica, 2018).
Trata-se de livro no qual se assenta o contexto social de uma época, remarcado por uma tragédia e entrelaçado pelos poderes de uma oligarquia, tendo as cidades de Princesa, na Paraíba, e Lavras da Mangabeira, no Ceará, como epicentros de suas ações. Cristina rastreou a vida de Ildefonso desde o seu nascimento, passando pelos seus estudos em Fortaleza e no Rio de Janeiro, e pela sua vida de clínico, inicialmente, no Rio, e de clínico e farmacêutico, no interior da Paraíba, legando-nos com o seu talento, um livro há muito reclamado pela nossa história social.
Dimas Macedo, Poeta, jurista e crítico literário. Professor da UFC
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