Frondosa e ainda existente, a árvore do tipo “pau-ferro”, localizada bem às margens da lendária Lagoa do Vieira, a pouca distância da Pedra do Reino, testemunhou o combate travado no dia 23 de março de 1924, com uma volante comandada pelo major da polícia de Pernambuco Theophanes Ferraz, onde o cangaceiro Lampião foi seriamente atingido no pé e morta sua montaria, tombando o animal sobre sua perna. Tendo se livrado do peso do animal morto e mesmo ferido, o cangaceiro consegue reagir à altura da situação. Na gruta conhecida como Casa de Pedra, na Serra do Catolé município de São José do Belmonte, Lampião se refugiou e iniciou sua recuperação.
Interessante apontar que da Casa de Pedra onde se refugiou Lampião, tem-se uma magnífica visão do vale onde fica a famosa área histórica conhecida como Pedra do Reino, retratada no romance de Ariano Suassuna – O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta. A Lagoa do Vieira também é citada nesse famoso romance através de uma explicação dada pelo personagem Luís do Triângulo:
“Naquele momento, chegávamos a uma Lagoa rasa, situada à direita da estrada, Luís do Triângulo explicou: - Essa é a Lagoa do Vieira! Os Vieiras eram parentes do Rei João Ferreira e estiveram, também, metidos na “Guerra do Reino”! Diziam eles que esta Lagoa era encantada e que, aqui, Dom Sebastião tinha uma mina de ouro para os pobres!”. A famosa notícia do tiro no pé de Lampião ensejou inúmeros escritos jornalísticos e literários. O cronista José Carvalho, carioca da gema, sob o título “Lampião, o tiro no pé” publicou no “Correio da Manhã (RJ)” no ano de 1932, edição 11386, pág. 17:
“Lampião, um dia, numa refrega com a polícia levou uma bala no pé. E com ele sangrando correu a presença de um médico que sabia estacionar perto do lugar em que achava em fuga. Enquanto o médico examinava o ferimento, Virgulino agita-se impaciente, com esse preventimento instintivo que caracteriza e protege certos criminosos.
Mas o doutor queria puxar pela língua do bandido, prelibando, sem dúvida, o gozo de uma entrevista aos jornais. A impaciência de Virgulino aumenta. Não quer conversa.
- Seu dotô, acabe com isto!
- Se é preciso cortar o diabo deste pé, corte logo! Me despache que a poliça não deve tardá por aqui!
Mas o médico ia, calculadamente prolongando o exame e a conversa.
E a outra rogativa inquieta do ferido, obtemperou:
- Ora, deixe de pressa!
- A polícia não vem agora por aqui. Você tem muitos amigos?
E Virgulino:
- Eu me admiro um doutor formado como o senhor dizer uma coisa destas!
E concluiu; conciso, alto, vibrante:
- Bandido não tem amigo!
Para entendermos esse episódio que poderia ter mudado a historia do Cangaço, Manoel Severo, Curador do Cariri Cangaço recebe os pesquisadores Clênio Novaes de São José de Belmonte e Geraldo Ferraz de Recife para mais um AO VIVO sensacional no Canal do YouTube do Cariri Cangaço, neste quarta, 13 de outubro as 19h30.
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