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A reputação de Clementino Quelé no cangaço e na volante Por:João Costa

Clementino José Furtado, Quelé, deu seus primeiros passos na história do cangaço como “inspetor de Quarteirão” espécie de autoridade policial comissionada que para exercer tal função, o sujeito tinha de ser um “homem das armas”; assim Clementino fez valer sua autoridade matando dois ladrões de cavalos; mas os ladrões mortos eram de famílias importantes, demandando daí perseguições e mandado de prisão.

Procurado pela polícia, certo dia de feira Quelé se encontrava na vila de Santa Cruz da Baixa Verde onde pôs-se a beber numa bodega quando percebe a chegada de uma volante. Ele e um seu companheiro chamado Cícero Fonseca trocaram tiros com os soldados e este amigo foi morto.
Durante o tiroteio Quelé recebe ajuda e reforço de familiares, diante da situação difícil e da inferioridade numérica, Quelé abandona a luta e foge para o vizinho estado da Paraíba cuja divisa encontra-se a poucas léguas da sede da vila de Santa Cruz.
Refugiado na Paraíba, Quelé encontrou-se com o bando de Lampião acampado nas terras de seu coiteiro poderosíssimo, o coronel Marcolino Pereira Diniz, cunhado e sobrinho do coronel José Pereira Lima, chefe político de Princesa. Sabendo da enrascada em que Quelé se metera, Lampião convidou-o a ingressar no seu bando e, pouco tempo depois de cair no cangaço, já comandava seu próprio subgrupo.
Clementino é descrito como um homem forte, de tez acentuadamente branca, que realmente ficava com a pele vermelha quando tinha raiva e esta teria sido a razão de Lampião apelidá-lo de “Tamanduá Vermelho”.
Mas em 1922 Quelé viu-se diante de uma contenda com o seu chefe o que resultou num racha grande. Como costumava ocorrer nestas ocasiões, os que se viam em conflito aberto com Lampião ou com um dos seus cangaceiros procuravam abrigo junto às fileiras das forças volantes.
E foi o que Clementino Quelé fez entre 1922 e 24. Deixou Pernambuco e ingressou na polícia paraibana como “cachimbo” denominação dos “contratados”, mas pouco tempo depois, em 1925, é alistado como sargento, exatamente por bravura nos combates com o ex-amigo e por ingerência política do coronel Zé Pereira, de Princesa Isabel(PB).
Mas como se deu esse racha entre Lampião e Clementino Quelé?
Ele mesmo relatava, cinco anos depois desse desentendimento com Lampião, ter travado mais de 20 combates contra o antigo chefe, que o cancioneiro popular imortalizou nos versos.
“Lampião diz que é valente/É mentira: é corredor/Está andando de muleta/ Seu Quelé foi quem botou”.
Clementino Quelé entrou no cangaço perseguido pela polícia e saiu do bando de Lampião por desavenças com o cangaceiro Meia Noite. Há relatos que os dois saíram no braço. Tendo Lampião apartado a briga e tomado partido ao lado de Meia Noite.
Subchefe de grupo, Meia Noite era negro; Quelé teve uma reação racista, atitude muito comum nos sertões nordestinos até os dias atuais.
- Lampião teria dado mais valor a um negro do que a ele”, reclamava.
Sentindo-se rebaixado, Quelé abandonou o grupo e ficou marcado como inimigo por Virgulino. Pouco tempo se passou desta desavença entre Meia Noite e Quelé, o capitão Virgulino, apoiado pelo fazendeiro Marcolino Diniz, filho do coronel Marçal, vai para Santa Cruz da Baixa Verde com o objetivo de matar Clementino e toda família. Este encontro ocorreu no dia 5 de janeiro de 1924, um sábado. No cerco à casa do ex-amigo e ex-cangaceiro, Lampião bradava:
- “Da família de Quelé, hoje só se salva quem avoa”. “E hoje eu vou beber o sangue de todo mundo! Derrubem e queimem tudo”, era a voz de comando de Lampião.
- “Se derribar e entrar um, nóis mata na faca”, respondia Quelé dentro de casa, onde estava bem municiado. De forma destemida, Clementino xingava Lampião e cantava ao mesmo tempo.
Durante tiroteio de mais de cinco horas, Clementino ainda encorajava seus companheiros de armas cantando, a ponto de mandar tocar harmônica em volta dos parentes e companheiros mortos dentro de casa.
- Se atreva, num esmoreça não, Virgulino! Vivo hoje daqui você não sai! Repetia Quelé.
De repente, Lampião suspendeu fogo e o cerco retirando-se mediante a chegada de outra volante em socorro de Clementino Quelé. Além destes seis parentes mortos em combate, mais cinco amigos do valente Quelé pagaram com a vida e outras pessoas ligadas a ele ficaram feridas.
Com essa trajetória de encarniçados combates contra Lampião, na Revolta de Princesa, em 1930, Clementino Quelé vira manchetes no Jornal do Commércio em função do seu papel e desempenho como cabecilha do Batalhão Provisório organizado pelo então presidente da Paraíba, João Pessoa, na Guerra de Princesa. A reputação de Clementino o precedia, o homem era notícia recorrentemente pelo fato de ter sido cabra de Lampião e, agora, na Revolta de Princesa, era legalista, combatendo cangaceiros e coronéis revoltosos que não gostavam de pagar impostos.
Na Paraíba, região de Princesa, Clementino Quelé segue reverenciado por sua capacidade de guerrear. O sertanejo que fora cangaceiro e polícia. Àquele que impôs a Lampião os maiores apertos. Mesmo com toda coragem e capacidade para caçar cangaceiros, Quelé permaneceu sargento PM; tendo ingressado na corporação em junho de 1925, e reformado como sargento em outubro de 1940. Analfabeto, jamais recebeu uma promoção na carreira, tornando-se delegado de polícia.
Quelé morreu já idoso na Paraíba, na cidade de Prata, próximo ao município de Monteiro, onde foi delegado.
Acesse: blogdojoaocosta.com.br
Fonte: “Lampião, Memórias de um Soldado de Volante”, Vol. I. De João Gomes de Lira.
“Apagando Lampião”, de Frederico Pernambucano de Melo.

GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço Completa 10 Anos


Há exatos 10 anos em 25/01/2012, era criado o GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, aos poucos o grupo foi abraçado por amigos abnegados pesquisadores e escritores empenhados em repassar o conhecimento histórico, participando de eventos pelo Nordeste a exemplo do Cariri Cangaço o maior evento nacional quiçá internacional do gênero. Agradeço a todos os meus amigos por ajudar a seguirmos em frente. Muito obrigado:

- João Bezerra da Nóbrega (In memorian)

- Jorge Remígio

- Jair Tavares

- Emmanuel Arruda

- Catarina Venâncio

- Lúcia Holanda

- Ivanildo Silveira

- Bismarck Martins

- Luiz Firmo

- Quirino Silva

- Célia Maria

- Francisco Pereira

- Roberto Sávio

- Kiko Monteiro

- Alan dos Santos

- Luiz Ruben

- José Tavares

Grande abraço a todos ; Narciso Dias - Presidente

NOTA CARIRI CANGAÇO

É com muita satisfação que nos unimos ao sentimento de júbilo pelo aniversário de 10 anos do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, uma das mais sérias instituições de estudo e aprofundamento da temática cangaço, sempre lúcido e responsável, o GPEC a partir de seus ilustres membros formam uma trincheira importante e vital para a perpetuação da memória do cangaço.

Tudo Pronto para a Grande Festa: Que Venha o Cariri Cangaço 2022


O Cariri Cangaço é um evento de cunho turístico-cultural e histórico-científico que reúne alguns dos mais destacados pesquisadores e historiadores das temáticas; cangaço, coronelismo, misticismo, messianismo e correlatos ao sertão e ao nordeste, do Brasil, configurando-se em seu décimo terceiro ano de realização , como o maior e mais respeitado evento do gênero no país. Com um formato específico; de caráter itinerante, reúne a partir de uma programação plural, dinâmica e universal, personalidades locais, regionais e nacionais; do universo da pesquisa e estudo das temáticas ligadas ao Cangaço, Tradições e Histórias do Nordeste, em conferências e debates, visitas técnicas e acadêmicas; mostras de cinema , vídeo e documentários, exposições de arte, latada do livro; com lançamentos e feiras literárias. O Cariri Cangaço atualmente se configura como o maior e mais respeitado fórum de debates e aprofundamento sobre temas ligados ao Cangaço. O evento contempla também  temáticas capilares ligadas ao fenômeno, como: Messianismo, Coronelismo, Religiosidade, Tradição, Cultura, Musica , Culinária e Estética, unidos a partir de um evento único no Brasil e no mundo.

Atualmente o Cariri Cangaço está presente em 6 estados nordestinos; Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, tendo realizado mais de 260 Conferências seguidas de Debates, mais de 270 Visitas Técnicas aos mais emblemáticos e significativos cenários da memoria e historia do sertão, lançados 68 livros e reunido ao longo de sua trajetória de realizações, mais de 70 mil pessoas, formando um público qualificado, em seus diversos eventos. Fazem parte do elenco de cidades que acolheram a verdadeira alma nordestina através do Cariri Cangaço: Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Aurora, Barro, Porteiras, Milagres, Lavras da Mangabeira, Fortaleza, Brejo Santo e Quixeramobim, todas no Ceará; Sousa, Nazarezinho, Lastro, Princesa Isabel e São José de Princesa, na Paraíba; Exu, Serrita, Floresta e São José de Belmonte em Pernambuco; Piranhas e Água Branca em Alagoas; Poço Redondo em Sergipe e Pedro Alexandre na Bahia.


Com o advento em fevereiro de 2020 da Pandemia do COVID 19, o Cariri Cangaço que mantinha uma agenda dinâmica e surpreendente de eventos presenciais, se reinventa e inaugura mais duas frentes de propagação da memoria e historia do sertão. Em setembro do mesmo ano é criado o Canal do Cariri Cangaço no YouTube e ao mesmo tempo é lançado o primeiro programa do canal; semanal e ao vivo, nascia os "Grandes Encontros Cariri Cangaço"; reunindo para conferências e debates, on line e em tempo real, algumas das mais destacadas personalidades do universo da pesquisa e estudo de temas nordestinos. Em Março de 2021 estreia na plataforma Instagram mais um programa da marca: "Cariri Cangaço Personalidade" , com um outro formato e essência, entrevistando também semanalmente e ao vivo, personalidades do mundo das artes e das culturas. Em junho de 2021 o Canal do YouTube do Cariri Cangaço inovou com mais um programa ao vivo : Cariri Cangaço Opinião; mais polêmico, controverso, provocador, tudo na direção do fomento  e consolidação da memoria e historia do sertão.

Um Promissor 2022...

O ano de 2022 inicia e o Cariri Cangaço prepara uma agenda absolutamente espetacular com três encontros de tirar o fôlego. Atendendo a todas as recomendações governamentais e sanitárias, observadas todas as condições de saúde; relativas à pandemia da COVID 19; estamos nos preparando para realizar o Cariri Cangaço na Bahia, em Alagoas e Pernambuco, com uma agenda dinâmica e diversa, garantindo eventos seguros e responsáveis para todos os participantes.

João de Sousa Lima esta a frente do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022

Que comece a Festa da Alma Nordestina. Em Março, entre os dias 24 e 27, o Conselheiro Cariri Cangaço João de Sousa Lima comanda da Bahia, o Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022. Na capital da energia do nordeste, no berço da rainha do cangaço; Maria Bonita; e a partir de um dos mais emblemáticos e fortes cenários de toda a historiografia do cangaço, teremos uma programação de encher todos os bornais de conhecimento e beleza. "Teremos uma agenda intensa de muitas visitas, vamos desbravar a caatinga das terras pauloafonsinas e do Raso da Catarina, se preparem, tem muita coisa boa pra ver e conhecer, imperdível, sob todos os aspectos, para quem pesquisa cangaço, que venha o Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022" lembra João de Sousa Lima.

Celsinho Rodrigues comanda o Cariri Cangaço Piranhas 2022

Em Julho, dos dia 28 a 31, a verdadeira alma nordestina invade as Alagoas e a partir da Lapinha do Sertão, no baixo São Francisco e sob o comando do Conselheiro Cariri Cangaço Celsinho Rodrigues, o Cariri Cangaço Piranhas 2022 promete ser um dos mais concorridos da série. Piranhas sem dúvidas é um dos maiores destinos turísticos do Nordeste, sua beleza que contagia a todos se une a força de sua história e tradição, notadamente ligada ao Cangaço; serão dias de intensa atividade onde o Cariri Cangaço embalado pela força e magia do Velho Chico proporcionará a todos um evento inesquecível. "Será a quinta edição do Cariri Cangaço em Piranhas o que nos enche de alegria e aumenta em muito nossa responsabilidade, dai daremos o nosso melhor para receber a familia Cariri Cangaço de todo o Brasil do jeitinho que ela merece, avante!" reforça Celsinho Rodrigues.

Luiz Ferraz Filho, comanda o Cariri Cangaço Serra Talhada 2022, 
na foto ao lado de Manoel Severo

Novembro chegara com a força do território pernambucano. Do berço de Maria Bonita em Paulo Afonso para o berço do rei dos cangaceiros; Virgulino Ferreira da Silva; em Serra Talhada. "Nossa atenção estará voltada para proporcionar a todos os que nos visitam a oportunidade de conhecer esses cenários históricos que se confundem com a própria historiografia do cangaço e do sertão; estaremos visitando os locais de nascimento de Sinhô Pereira e Luiz Padre, toda a região da Ingazeira, onde nasceu Lampião, as fazendas Passagem das Pedras, Pedreira, São Miguel, enfim, sem falar nas emblemáticas propriedades dos clãs, Pereira e Carvalho. Teremos ainda um momento muito especial em Calumbi, cenário do combate da Serra Grande, com o amigo Louro Teles" ressalta Luiz Ferraz Filho.

"Perguntam-me qual o segredo do Cariri Cangaço, respondo: Primeiro Paixão, depois muito Trabalho, Entusiasmo, Seriedade, Compromisso e o mais importante, uma Imensidão de Amigos" Manoel Severo

Para participar do Cariri Cangaço, basta chegar ! Acompanhe as informações, as programações e as sugestões de hospedagens em cada um de nossos eventos. Não existem taxas nem nenhum tipo de pagamento para participar do Cariri Cangaço. Todas as Conferências, Debates, Lançamento de Livros e Visitas Técnicas possuem entrada gratuita; pontualmente a Organização do Cariri Cangaço proporciona transporte para os deslocamentos dentro da programação do evento. É isso aí, se informe, se organize, traga sua família e amigos, sem esquecer de sua máscara e dos cuidados com você e com que esta a seu lado, a emoção deixe por nossa conta... Cariri Cangaço - Território de Grandes Encontros. Qualquer duvida pode mandar um ZAP 085.997408297

Redação Cariri Cangaço, 21 de Janeiro de 2022


Tudo Sobre o Cariri Cangaço com Manoel Severo na Tela do "Conversa e Convidados" Por: Adriano Carvalho



Programa "Conversa e Convidados", capitaneado no YouTube pelo professor e pesquisador do Cangaço, Adriano Carvalho, recebe Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço para um bate papo pra lá de especial. Tudo o que você queria saber sobre a criação desse empreendimento onde o Brasil de alma nordestina se encontra.
Gravado em 04 de Novembro de 2011

Rede Municipal de Ensino Participará do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022

João de Sousa Lima apresenta o Cariri Cangaço na SEDUC com Elza Brito; Secretária Municipal de Educação; professor Pedro Gomes e professora Bel Anjos.

Continuam as reuniões preparativas para o Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022, na manha do ultimo dia 19 o presidente da Comissão Organizadora do evento, Conselheiro João de Sousa Lima esteve na sede da SEDUC - Secretaria de Educação de Paulo Afonso. Na oportunidade, João de Sousa, que também é Presidente do Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso, apresentou aos participantes da reunião os principais pontos do Projeto Cariri Cangaço.

Estiveram presentes ao encontro, além de João de Sousa Lima, a professora Elza Brito; Secretária Municipal de Educação; o professor Pedro Gomes; Subsecretário Municipal de Educação; e a professora Bel Anjos, técnica daquela secretaria. "Paulo Afonso estará recebendo esse renomado acontecimento entre os dias 24 e 27 de março e sem dúvidas alunos e professores da Rede Municipal de Ensino estarão participando desse importante evento que é o Cariri Cangaço, que esclarecerá fatos históricos vividos em diversos povoados de Paulo Afonso" confirma a representante da SEDUC.

"Para nós que fazemos o Cariri Cangaço esta manhã tem um significado muito grande e extremamente importante, quando recebemos o apoio da SEDUC através da secretária Elza Brito e dos professores Pedro Gomes e Bel Anjos; a certeza da participação dos professores e principalmente dos filhos e filhas de Paulo Afonso, através dos alunos da rede municipal de ensino, nos enche de entusiasmo e aumenta nossa responsabilidade, sem dúvidas teremos um grande Cariri Cangaço" reforça o Conselheiro João de Sousa Lima.

CARIRI CANGAÇO PAULO AFONSO 2022
24 a 27 de Março de 2022
Paulo Afonso
BAHIA-BRASIL

Redação Cariri Cangaço

Paulo Afonso; 19 de Janeiro de 2022

O Misterioso Lampião Por: Antônio Corrêa Sobrinho


Vejo como uma constatação, o fato de aquele que se tornou o mais célebre dos cangaceiros que existiram nos sertões nordestinos, Virgulino Ferreira da Silva, o LAMPIÃO, apesar de ser uma das personagens mais biografadas da história, bem como ter produzido, com a sua marcante, temível e antijurídica presença na sociedade brasileira, gerador de impactos profundos, violentos, injustos, que tantos prejuízos causaram às populações sertanejas, lamentáveis momentos por estes vividos, ainda hoje, o cangaço, refletido simbolicamente, de modo favorável, positivo, com repercussão em todos os tempos, nos campos social, cultural, econômico, militar, jornalístico, político, histórico, cultural, artístico. Mas, do Lampião mesmo, o propriamente dito, ou seja, aspectos da sua personalidade, do seu natural pensar, traços culturais, hábitos, costumes, subjetividades, sestros, tipo de voz; quanto às suas razões, versões da vida, disso, dele, sabermos muito pouco, para não dizer, nada.

O Lampião verdadeiro, tenho comigo, escondeu-se, ofuscou-se, não deixou que dele muita coisa soubéssemos. Não apenas da Justiça, nem dos seus algozes militares e civis, inimigos outros, Lampião se ocultou. Foram 20 anos, tempo que abstraindo seus dias de fugas, correrias e combates, restaram muitos e muitos dias de misteriosas estadas. Pareceu viver escondido em si mesmo, o cangaceiro dos cangaceiros. Muitos até o viram, mas, praticamente, dele pouco disseram.

Fez-se, de propósito ou não, um ser para não ser conhecido, o chefe-mor dos cangaceiros. Porque até mesmo gente que com ele conviveu, cangaceiros remanescentes, contemporâneos seus, foram lacônicos no dizer sobre este homem, e contraditórios quando o comparamos. Há mais de três décadas leio sobre o fascinante tema, apenas por diletantismo e curiosidade, especialmente o cangaço promovido por Lampião. São livros, revistas, cordéis, jornais (ensaios, crônicas, contos, informes, notas, perfis, biografias, notícias, comentários), sem falar de vídeos, filmes, televisão, etc.


E é exatamente este meu saber do que formalmente disseram sobre Lampião, que me faz concluir que hora nenhuma achei Lampião, a não ser o Lampião que quiseram que eu visse. Quero dizer que, a depender do que estou a ler, é o Lampião que surge em mim. Porque no escrito de cada autor, ainda que sutilmente disfarçado, há um preconcebido Lampião. Militares volantes falaram de Lampião, alguns até escreveram livros, deram entrevistas, mas sobre a biografia de Lampião, apoucadas foram as informações.
Gente do seu tempo disse tê-lo conhecido, mas muitos são os Lampiões saídos dessas férteis imaginações. Anciões centenários, a maioria afirmam terem ficado frente a frente com rei do cangaço. Mas do Lampião, se é que estou sendo entendido, não nos chegou muito.
Não estou aqui tratando das suas reais façanhas e de seus verdadeiros crimes, que não foram poucas nem poucos. Refiro-me ao Lampião real, biográfico, histórico, portanto, porque o que tempos foi com o tempo sendo fabricado, forjado, a exemplo de quando colocamos palavras, palavrões, fraseados, ditos, piadas, pilhérias, em sua boca; quando lhe damos gestos; quando dizemos dos seu modo de viver o cotidiano, de conversar, dizemos das suas aptidões, de seus talentos; quando enfatizamos a sua coragem, a sua covardia; quando enchemos o seu coração de propósitos, sentimentos; quando o vitimizamos ou atribuímos seus malfeitos ao seu caráter.


Lampião, com isso, terminou se constituindo, pelas razões que ora apresento, e outras mais, que passa pela imprensa sensacionalista, que se apropriou de Lampião e por conta deste valioso produto auferiu bons lucros. Num ser em parte ficcional, caricaturado, romantizado, mítico. Há, mas ele se deixou fotografar, que o filmarem, dirão. Ainda assim, todas as suas fotos e imagens (em movimento), se muito representam, por um lado, pelo outro, no que me interessa, muito pouco dizem da persona do aventureiro e indomável bandoleiro pernambucano, este que, a propósito, completou neste tempo 100 anos que se iniciou no cangaço.

Lampião, o filho de dona Maria e seu José Ferreira, um dos poucos brasileiros que, passados mais de 80 anos de sua morte, ainda fascina, gera ódio, ressentimento, feição, simpatia; ainda interessa a milhares; ainda continua sendo traduzido, visto, revisto, reinterpretado, estudado, o protegido de Padre Cícero, o que reforça isto que eu digo, que cada um de nós carrega um Lampião na mente, ao qual chegamos pelo processo cognitivo da heurística, ou por razões outras, como as pontes dos idealismos, do humanismo, do fascismo, visto que todos nós precisamos de explicações para não enlouquecermos com a realidade.
De um Lampião que nos apraz.

Sergipe, 27 de dezembro de 2021

Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022 já Trabalha na Programação do Evento

Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022 
é recebido na CHESF por Mario Jorge

Passo a passo se consolida o grande Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022. O evento que já contava com a parceria vital da Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, da Câmara dos Vereadores, do IGH-Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso, da Casa de Cultura, da  Academia de Letras de Paulo Afonso e da Associação de Guias Turísticos fechou no inicio da ultima semana a parceria com o Memorial da CHESF, para a realização do esperado encontro que acontecerá entre os dias 24 e 27 de março do corrente ano.

D.Ceiça, administradora do Memorial da CHESF, recebe o Cariri Cangaço Paulo Afonso

João de Sousa Lima, presidente da Comissão Organizadora do evento, realizou as visitas ao Memorial da CHEFS ao lado do integrantes da Comissão; Luma Holanda e Flávio Motta. Na oportunidade foram recebidos pelo Dr Mario Jorge, administrador da CHESF e pela responsável pelo Memorial , dona Ceiça. A ambos foi apresentado o projeto do Cariri Cangaço Paulo Afonso, sua capilaridade e a grande representatividade de todo o Brasil que estará presente ao Cariri Cangaço por ocasiçao do encontro. "Sem dúvidas estaremos recebendo mais de 250 pesquisadores e convidados aqui em Paulo Afonso, durante o Cariri Cangaço, um público absolutamente qualificado e que nos mostra o tamanho da importância de nossa cidade diante do tema cangaço e isso aumenta em muito nossa responsabilidade, mas se tudo der certo, e dará, com a situação das condições sanitárias da COVID, teremos um Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022, inesquecível" revela João de Sousa Lima.

Secretário de Cultura e Esporte de Paulo Afonso, Val Oliveira recebe a Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022

Dentro do trabalho de desenvolvimento do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022, a Comissão Organizadora liderada pelo pesquisador João de Sousa Lima, esteve reunida com o Secretário de Cultura e Esportes de Paulo Afonso, Val Oliveira. Na oportunidade João de Sousa ao lado de Luma Holanda e Flávio Motta apresentaram ao Secretário Val Oliveira, as premissas do grande Cariri Cangaço de Paulo Afonso que acontece em março. "Só temos que agradecer ao Secretário Val Oliveira por nos receber em sua residência a nossa equipe do Cariri Cangaço para uma reunião informal, sobre o grande evento em março-2022. Reunião muito proveitosa para o momento! Gratidão sempre!" ressalta a pesquisadora Luma Holanda. 

João de Sousa Lima, Luma Holanda e Flávio Motta: Programação no forno...

Estabelecidas as principais parcerias e o apoio institucional necessário para o grande encontro, a Comissão Organizadora já se debruça sobre as principais linhas da programação; temáticas, conferencistas e debatedores; além de lançamento de livros, homenagens, das principais visitas e claro, a infraestrutura necessária. "Dentro de poucos dias acredito que estaremos divulgando a programação, especialmente pensada para proporcionar um grande Cariri Cangaço a todos os que nos visitam, quem ainda não se programou, não deixe para a última hora e já marque no calendário, dias 24 a 27 de março de 2022 Paulo Afonso recebe o Brasil de Alma Nordestina em nosso Cariri Cangaço" confirma João de Sousa Lima.

CARIRI CANGAÇO PAULO AFONSO 2022
24 a 27 de Março de 2022
Paulo Afonso
BAHIA-BRASIL

Redação Cariri Cangaço

Paulo Afonso; 30 de Dezembro de 2021

Os Espetaculares Roteiros do Cariri Cangaço em Paulo Afonso 2022

João de Sousa Lima, Manoel Severo e os Roteiros do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022

Sem sombra de dúvidas a programação do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022 trará um conjunto extraordinário de visitas técnicas de grande valor para todos aqueles que pesquisam o tema cangaço e que procuram conhecer de perto como tudo aconteceu. "Um dos objetivos do Cariri Cangaço é levar nossos convidados aos verdadeiros cenários da saga cangaceira e aqui em Paulo Afonso nossa responsabilidade aumenta em função da enormidade de locais que não podem deixar de ser visitados. Por isso estamos ao lado de nossa Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022 desenvolvendo a programação de maneira responsável e que possa proporcionar aos nossos convidados, um Cariri Cangaço inesquecível" ressalta o presidente da Comissão, pesquisador João de Sousa Lima.

"Depois das visitas ao Povoado do Riacho, à Cruz de Zé Pretinho, à Vila de Dona Generosa e ao Museu da Casa de Maria Bonita,  o Cariri Cangaço prepara um conjunto de visitas vitais para todos aqueles que estarão presentes ao grande Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022, começando pelo povoado de Arrasta Pé, onde nasceu a ex-cangaceira Durvinha" pontua Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço.

João de Sousa e Manoel Severo no local da casa onde nasceu Durvinha

Durvalina Gomes de Sá, cangaceira nascida no povoado Arrasta Pé, recebeu o apelido no cangaço de Durvinha, nascida em 1915. Sua residência foi muito visitada por Lampião e seus sub grupos e nessas passagens, em 1930, ela já apaixonada, seguiu o cangaceiro Virgínio, depois da morte do cunhado de Lampião passou a ser companheira do cangaceiro Moreno.

Moreno e Durvinha em foto para o documentário "Os Últimos Cangaceiros" 
de Wolnei Oliveira.

Quem nos conta é João de Sousa Lima: "Saindo da sede de Paulo Afonso, na direção da BR 210 chegaremos à entrada do povoado Salgadinho, situado nas margens da exuberante Serra do Padre, rendeu-se aos encantos sublimes da mais deslumbrante flor germinada em seus campos: a belíssima Lídia Pereira de Souza. Uma formosa morena de traços perfeitos e sedutores e curvas delineadamente sensuais. Lídia Pereira de Souza viria um dia a se tornar a bela cangaceira Lídia, de Zé Baiano. 

Lídia era filha do modesto casal Luís Pereira de Souza e Maria Rosa Figueiredo, conhecida pela alcunha de Dona Baló, uma exímia rendeira e costureira. O Salgadinho por ser um dos lugares percorridos pelo Rei do Cangaço e seus seguidores, na época em que as andanças do capitão Virgolino atingiu seu apogeu em terras baianas, me foi bastante informativo enquanto eu realizava pesquisas para o livro: Lampião em Paulo Afonso. Por dezenas de vezes estive nesta localidade, registrando as histórias contadas pelos velhos remanescentes da luta cangaceira e neste período, uma das coisas que mais despertou minha atenção foi conhecer a casa onde nasceu a bela cangaceira Lídia, de Zé Baiano. Contra todas as possibilidades e intempéries, as ruinas ainda teimam em continuar refletindo o passado esquecido pelo tempo, local de onde saiu Lídia para acompanhar o "gorila de Chorrochó".

Ruinas da Casa da cangaceira Lídia
Cangaceiro Zé Baiano

"No fim do ano de 1931, o cangaceiro Zé Baiano ficou doente de um tumor grande que impediu o bandoleiro de andar nas caatingas. Aí Lampião levou Zé Baiano para a casa de um antigo coiteiro chamado Luiz Pereira na localidade Salgadinho perto de Paulo Afonso. Ali o cangaceiro ficou 15 dias sendo cuidado por Luiz Pereira e dona Maria Rosa. Quando ficou curado o cangaceiro foi embora, levando Lídia, a sua filha mais nova. Lídia era uma linda menina mocinha de apenas 15 anos de idade quando deixou seus pais para acompanhar o terrível e cruel cangaceiro Zé Baiano." Manoel Belarmino.

João de Sousa Lima e Manoel Severo: Roteiros Históricos do 
Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022

E continua João de Sousa Lima: "nosso outro roteiro começa pelo povoado Campos Novos distante 15 km da sede, aqui é o local onde nasceu morto e foi enterrado o primeiro filho de Lampião e Maria bonita, mais 06 km chega-se ao povoado Nambebé onde nasceram os cangaceiros Bananeira e Medalha que também veio a ser um dos grandes coitos de Lampião, seguindo chegamos ao povoado Macambira onde aconteceu a prisão do cangaceiro Passarinho, depois os povoados de Alagadiço e Serrote, local onde Lampião matou o jovem João de Clemente. Mais 2,5 km chega-se ao povoado Lagoa do Rancho local onde Lampião matou o cangaceiro Sabiá depois que esse estuprou uma moça chamada Rita, de apenas 15 anos de idade, por último chega-se na Várzea povoado que é entrada pro Raso da Catarina. A Várzea foi um dos maiores coitos de Lampião e a casa de Aristéia, onde os cangaceiros realizavam os bailes, ainda encontra-se em pé e o coiteiro Arlindo Grande é uma das fontes de informações das histórias daquele tempo."

Ezequiel e Virgínio

Um dos cenários mais emblemáticos de Paulo Afonso, sem dúvidas trata-se da Lagoa do Mel, local do combate onde perdeu a vida, Ezequiel, irmão mais novo de Virgulino Ferreira: um dos mais ferrenhos combates de Lampião na Bahia aconteceu aqui em Paulo Afonso, no povoado Baixa do Boi. Nesse confronto morreu, a principio,  16 soldados  e posteriormente, em fuga e perdidos, morreram mais 3 policiais. Essas terras eram pertencentes na época, a Santo Antônio da Glória do curral dos Bois. O tenente Arsênio Alves de Souza chegou ás imediações do povoado Riacho com uma volante composta por aproximadamente 20 soldados e tendo como guia os dois irmãos Aurélio e Joví, que eram fugitivos da cadeia de Glória, preso pelo inspetor de quarteirão, o senhor Pedro Gomes de Sá, pai da cangaceira Durvinha. A volante chegou ao povoado riacho no dia 23 de abril de 1931, trazendo entre seu aparato bélico uma metralhadora Hotchkiss. O primeiro contato do tenente no lugar foi com Zé Pretinho e o jovem foi forçado a seguir com os policiais. Cruzaram o terreiro de dona generosa Gomes de Sá, coiteira de Lampião e foram armar acampamento na Lagoa do Mel, um tanque construído por Antonio Chiquinho. Enquanto a policia se preparava para passar a noite na lagoa do Mel, outras fontes confiáveis de informações de Lampião se dirigiam para o povoado Arrasta-pé para avisar ao Rei do Cangaço sobre a presença dos militares nas proximidades. Lampião mandou avisar Corisco e Ângelo Roque, que estavam arranchados bem próximos e junto com eles combinaram um ataque aos soldados.

Ainda com o escuro da noite, próximo ao amanhecer, Lampião recolheu alguns chocalhos com Pedro Gomes e seguiu as veredas que davam a cesso a lagoa do mel. No coito da policia, prestes a amanhecer, o Zé Pretinho saiu com o intuito de pegar um bode para fazer parte do desjejum de todos ali. Com a escuridão se transformando em luz, os soldados ouviram o tilintar de chocalhos e imaginaram que seriam os bodes se aproximando para beber água (um dos sobreviventes desse combate, o soldado José Sabino, ordenança do tenente, relatou, anos depois, que realmente confundiram os chocalhos, achando que eram alguns caprinos se aproximando para beber água na lagoa). Na verdade eram os cangaceiros cercando o coito.

Tenente Arsênio

Despreocupados, os policiais sofreram um forte e inesperado ataque, uma verdadeira chuva de balas caiu sobre eles. Vários corpos caíram atingidos por balas mortais e certeiras. A dificuldade encontrada pelos soldados foi que eles cometeram um grande vacilo. A lagoa do Mel era rodeada por uma cerca de varas e eles haviam dormido dentro do cercado. Quando eles tentavam transpor as madeiras se transformavam em alvo fácil e caiam mortalmente feridos. Um exemplo dessas mortes trágicas foi a do sargento Leomelino Rocha que morreu e ficou de pé pendurado nas madeiras. Em um dos bolsos desse sargento lampião encontrou um bilhete do coronel Petro indicando alguns locais onde ele se escondia. O tenente Arsênio diante o desespero do momento, conseguiu efetuar uma rajada de metralhadora e acabou acertando a barriga de Ezequiel Ferreira. A arma depois emperrou e o tenente conseguiu retirar o percussor (ferrolho) da arma e fugiu levando a peça que deixaria a arma inutilizável. Nesse dia Lampião chorou amargamente a morte do irmão caçula e teve que enterrá-lo, com a ajuda de Antonio Chiquinho, próximo a Lagoa do Mel. Era a vida dos que viviam pelo poder das armas, que tombavam no dia a dia, pelo aço lacerante do pipocar das artilharias dos diversos grupos que traçaram as páginas do cangaço no nordeste brasileiro."

Raso da Catarina por Jurandir Lima

Um dos mais belos cenários de Paulo Afonso e que traduz sobremaneira o Bioma Caatinga é o Raso da Catarina, são trinta e oito mil quilômetros quadrados de área com ecorregião de solos muito arenosos, profundos e pouco férteis, de relevo muito plano. Apresenta Cânions na parte oeste. É a região mais seca do sertão baiano, com clima semiárido bastante quente e seco, grandes amplitudes térmicas entre o dia e a noite. A precipitação média anual é 350 mm e em algumas regiões chega a 300 mm. 


Cangaceiros Gato e Inacinha

OS PANKARARÉS E O BANDO DE LAMPIÃO

Santílio Barros era o verdadeiro nome do cangaceiro Gato e não se tem na história do cangaço, outro homem que tenha sido tão sanguinário, perverso e frio como foi este cangaceiro. Era filho de Ana ( Aninha Bola) e Fabiano, um dos sobreviventes da guerra de Canudos, seguidor do reverenciado beato Antonio Conselhereiro. Era índio da tribo Pankararé. Alem de Gato, duas irmãs sua foram pro bando: Julinha, amante de Mané Revoltoso e Rosalina Maria da Conceição, companheira de Francisco do Nascimento, o cangaceiro Mourão. Mourão mesmo sendo cunhado e primo de Gato, acabou sendo morto por ele, depois que Mourão e Mormaço acabaram uma festa, acontecida no Brejo do Burgo, onde deram alguns tiros colocando a população em pavorosa fuga, Gato sendo cobrado por Lampião que pediu providências por ser o pessoal de sua família, perseguiu e matou os dois companheiros enquanto eles pegavam água em um barreiro, em um dos coitos no Raso da Catarina.  Mourão deixou Rosalina grávida e desta gravidez, nasceu Hercílio Ribeiro do Nascimento, ainda vivo e residindo no Brejo do Burgo.

O Raso recebe esse nome porque seu relevo é quase toda sua totalidade, plano com vegetação rasteira e Catarina é em homenagem a proprietária da Fazenda Catarina, que existe até hoje na região. Conta a lenda, que a fazendeira lutou contra a seca, mas foi derrotada por uma nuvem de gafanhotos que devorou a plantação de milho e feijão, deixando-a em estado de loucura e sozinha até o fim da vida. Dizem que seu espírito vaga a localidade ajudando vaqueiros a encontrar animais perdidos.

Famílias dos índios pankararés habitam na entrada do cânion seco na chamada Baixa do Chico que apresenta belíssimas formações rochosas esculpidas pelo vento parecendo castelos, torre e bispo do tabuleiro de xadrez. Uma outra, lembra uma grande catedral gótica. O Raso da Catarina foi um dos maiores coitos de Lampião e seus seguidores. Vários Índios da Tribo Pankararé, residentes no povoado Brejo do Burgo, fizeram parte do cangaço. A flora predominante é de xique-xiques, mandacarus, coroas-de-frade, facheiros, palmatórias, diversos tipos de bromeliáceas, como a macambira e árvores como o juazeiro, umbuzeiro, jatobá, pereiro, A fauna é rica em variedade de aves com coloridas plumagens e pequenos animais e refúgio de algumas espécies de micos e da ararinha-azul.

CARIRI CANGAÇO PAULO AFONSO 2022
24 a 27 de Março de 2022
Paulo Afonso
BAHIA-BRASIL

Redação Cariri Cangaço

Paulo Afonso; 16 de Dezembro de 2021