Cariri Cangaço Paulo Afonso no Museu Casa de Maria Bonita
O final da manha da sexta-feira, segundo dia de Cariri Cangaço Paulo Afonso, 25 de março de 2022, marcou a aguardada visita da caravana Cariri Cangaço ao principal cenário da literatura lampiônica em Paulo Afonso, eram 11h quando o Cariri Cangaço Paulo Afonso chegava à Malhada da Caiçara, berço da rainha do cangaço, Maria Gomes de Oliveira; chegávamos ao Museu Casa de Maria Bonita.
"Hoje temos a satisfação de trazer até a casa onde nasceu e viveu Maria Bonita pesquisadores do Brasil que estão pisando pela primeira vez esse chão tão cheio de história. O Cariri Cangaço não faz apologia ao banditismo rural, à violência tão dura e real da época do cangaço, muito pelo contrário, o Cariri Cangaço tem o objetivo de aprofundar o debate desse fenômeno tão forte para nosso sertão e é isso que estamos fazendo aqui em Paulo Afonso", revela o Conselheiro Cariri Cangaço Emanuel Arruda, de Princesa Isabel.
Passando pelo povoado do Riacho (25km do centro de Paulo Afonso pela BR110) depois pela Vila de Dona Generosa, andamos mais 13km em estrada de terra chegando ao solo sagrado berço da rainha do cangaço; Maria Bonita. A construção — uma casa de reboco de 50 metros quadrados — abrigou a cangaceira de 1911 a 1929, quando ela conheceu Virgulino Ferreira da Silva. A casa em 2006 a partir da articulação de vários pesquisadores locais, passou por uma restauração por parte da prefeitura municipal e hoje se consolida como um dos pontos turísticos mais visitados da cidade. Na visita desta manha ainda encontramos vários parentes da cangaceira mais famosa da historia.
João de Sousa Lima apresenta o berço de Maria Bonita
sobrinha neta de Maria Bonita na visita do Cariri Cangaço
Manoel Severo e as boas vindas na casa de Maria Bonita
Capitão Quirino Silva, Manoel Severo e João de Sousa Lima
Conselheiro Cariri Cangaço Louro Teles
O Conselheiro João de Sousa Lima, presidente da Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022, ao lado do curador Manoel Severo , recepcionou aos convidados e novamente apresentou a todos a história da Malhada da Caiçara e da Casa de Maria Bonita. "Eu já falei anteriormente que visitar essa casa é como voltar no tempo, é como se a qualquer momento a jovem Maria de Déa; que era a segunda filha do casal Zé de Felipe e dona Déa; saísse por uma daquelas portas e se colocasse debruçada em uma das singelas janelas da casa restaurada..."
"Era sabido da grande rede de coiteiros de Lampião em toda essa região da Bahia, aqui era uma passagem estratégica dos bandos cangaceiros e, como bem mostrou nosso amigo João de Sousa, esse romance entre Virgulino e Maria, nasceu justamente dessas ligações; no caso, de Lampião com o tio de Maria Bonita, o conhecido coiteiro Odilon Café." Reforça o Conselheiro Cariri Cangaço Manoel Belarmino da cidade de Poço Redondo, Sergipe.
Clênio Novaes, Valdir Nogueira, Padre Agostinho e Joaquim Pereira
Capitão Quirino e Célia Maria
E continua João de Sousa Lima: "Naquela época, final de 1929 e começo dos anos 30, Lampião já havia se tornado presença constante no terreiro de seu Zé de Felipe e dona Déa; Maria Joaquina Conceição Oliveira; principalmente pela ligação que mantinha com o coiteiro Odilon Café. Nessas idas e vindas o destino acabaria pregando uma peça no maior de todos os cangaceiros e a partir dali a historia do cangaço seria contada de outra forma, nascia a presença das mulheres, de forma efetiva, nos bandos cangaceiros e o casal mais famoso dos sertões. Maria, com 18 anos na época em que conheceu Virgulino , já vinha de um primeiro casamento fracassado com um primo, o sapateiro Zé de Nêne, e a partir daqueles primeiros encontros com o chefe dos cangaceiros nasceu o romance mais famoso do cangaço e eternizado pela literatura de cordel e cantadores dos mais distantes rincões sertanejos."
Maria Déa, A Bonita Maria de Lampião, ou Maria Gomes de Oliveira, nasceu no dia 8 de março de 1911, no Sítio Malhada do Caiçara, em Curral dos Bois, atual Paulo Afonso, filha de José Gomes de Oliveira, conhecido como Zé Felipe e Dona Maria Joaquina, conhecida como Dona Déa. Era a segunda numa família de dez irmãos. Casou ainda muito cedo, aos 15 anos de idade com o primo, José Miguel da Silva, o Zé de Nêne, sapateiro e reconhecido boêmio da região. Naquela época já era notório o forte gênio da morena filha de Zé Felipe, costumeiramente o casal estava envolvido em brigas fundamentalmente em função do ciúme de Maria. Sempre que brigavam a jovem se abrigava na casa dos pais; foi justamente em uma dessas oportunidades que em 1929 teria havido o primeiro contato de Maria Déa com o Rei dos Cangaceiros, Virgulino Ferreira. Naquele dia Virgulino passaria pelas terras do Sítio Tara do conhecido coiteiro Odilon Martins de Sá, vulgo Odilon Café, e depois se dirigiria para as terras da Malhada do Caiçara, ali por longos meses havia construído uma sólida base de sustentação em terras baianas, estava entre amigos. Ao se despedir da família de Zé Felipe se dirige à morena Maria e pergunta se sabe bordar, ato contínuo deixa alguns lenços de seda para o ofício da sertaneja, prometendo voltar em breve para buscá-los. Parece-nos que já naquele momento o destino começava a traçar suas linhas na direção da maior mudança da história do cangaço: a entrada das mulheres nos bandos cangaceiros. E assim; Maria, Durvinha, Aristéia, Moça, Adília, Dadá, Enedina, Cristina, Lídia, Eleonora, Quitéria, Adelaide, Nenem, Sila, Rosinha... mudariam para sempre a feição do cangaço nordestino de Virgulino Lampião.
Manoel Severo justifica o Diploma ao Museu Casa de Maria Bonita
Manoel Severo passa às mãos de João de Sousa Lima o Diploma de Equipamento Imprescindível para Memoria do Sertão
Ainda dentro da visita técnica ao Museu Casa de Maria Bonita, o Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço outorgou o Diploma de "Equipamento Imprescindível para Memória e Cultura do Sertão" , consolidando um marco dentro da dinâmica agenda do Cariri Cangaço Paulo Afonso 2022. O Diploma foi entregue pelo curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo ao pesquisador João de Sousa Lima.
João de Sousa Lima fala da importância do Museu dentro do esforço em consolidar o turismo histórico em Paulo Afonso
Em seguida, em ato solene, o Capelão do Cariri Cangaço, Padre Agostinho dirigiu palavras aos presentes culminando com as bênçãos sacerdotais ao equipamento histórico onde nasceu a rainha do cangaço, Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita.
Padre Agostinho, Capelão do Cariri Cangaço e as bênçãos sacerdotais ao equipamento histórico onde nasceu a rainha do cangaço
"Tem se tornado uma tradição em todas as nossas edições do Cariri Cangaço a presença marcante de nosso estimado Capelão do Cariri Cangaço, Padre Agostinho, que com muita dedicação e um espírito abnegado nos proporciona momentos de fé e esperança mesmo diante de uma agenda pesada como são as nossas agendas, e dessa forma traz uma atmosfera de paz e harmonia para todos, além da grande força espiritual, independente da corrente religiosa de cada um, na verdade Padre Agostinho é um grande presente" diz a Conselheira do Cariri Cangaço e Secretária da ABLAC, Elane Marques.
E continua João de Sousa Lima: "Naquela época, final de 1929 e começo dos anos 30, Lampião já havia se tornado presença constante no terreiro de seu Zé de Felipe e dona Déa; Maria Joaquina Conceição Oliveira; principalmente pela ligação que mantinha com o coiteiro Odilon Café. Nessas idas e vindas o de
Redação Cariri Cangaço Paulo Afonso Museu Casa de Maria Bonita