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Uma Marcante Experiência Chamada Cariri Cangaço Por:Franklin Serra

Franklin Serra, Manoel Severo, Julierme do Nascimento e João Costa

Intenso, vibrante, cheio de entusiasmo — assim me pareceu o Cariri Cangaço sob as batutas de Manoel Severo e de  Celsinho Rodrigues.  O evento aconteceu em Piranhas - AL nos dias 28 a 31 de julho do corrente ano. Tive meu interesse despertado para o tema Cangaço ainda na adolescência,  quando li meu primeiro livro sobre o assunto: Lampeão  - Memórias de um Oficial Ex-Comandante de Forças Volantes, do tenente Optato Gueiros.  Meu pai adquiriu o livro em  Teresina - PI ainda no ano de 1952, quando por lá passou o próprio tenente, anunciando e vendendo, previamente,  o livro que ainda estava no prelo. Fui fisgado pelo sentimento contraditório, como disse  certa vez o imortal Ariano Suassuna,  “de admiração e repulsa pelos cangaceiros.” Com essa leitura, estava lavrada a terra em que brotaria um interesse vivo e contínuo pelo homem nordestino, suas lutas, seus desesperos,  suas glórias.  

Não parei mais. Como um famanaz rastejador, fui  garimpando e escarafunchando a terra fértil,  onde  vicejam autores das estirpes de Luitgard Barros, Antônio Amaury, Marilurdes Ferraz, João Gomes de Lira, Oleone Fontes, Frederico Pernambucano, João Bezerra, Rodrigues de Carvalho  e de tantos outros.  No entanto,   faltava-me  um encontro presencial com os autores e pesquisadores da saga cangaceira. Essa  oportunidade veio com o Cariri Cangaço Piranhas. 

Franklin Serra e Roseli Serra e Dantas Suassuna
Roseli e Franklin Serra, Paulo Britto e Ane Ranzan

O encontro não me decepcionou. Como esperado, fiz novas amizades, adquiri  boa literatura, conheci pessoas admiráveis,  a exemplo da Sra. Terezinha Rodrigues, minha colega de profissão e filha do lendário Chiquinho Rodrigues, que, praticamente sozinho, botou pra correr os bandos de Corisco e Gato naquela longínqua manhã de 29 de setembro de 1936. 

O momento  mais emocionante do encontro foi quando  toda a comunidade do Cariri Cangaço se colocou de pé, às margens do Velho Chico, para homenagear o  escritor Antônio Amaury Correia de Araújo, falecido recentemente e que teve as suas cinzas depositadas no majestoso rio.   Amaury é um exemplo para todos nós. Como um incansável rastejador, percorreu ele todos os cantos e recantos deste imenso nordeste em sua inescapável vocação de caçador de minúcias cangaceiras. Gastou sapato, e tempo, e vida, e paciência, deixando-nos um acervo excepcional, fruto de uma vida inteira de incansável trabalho. A ele nossa homenagem.  

Sinto-me, portanto, feliz por ter participado desse importante encontro do “Brasil de alma nordestina.” Parabéns aos organizadores.

Franklin Serra; Graças, Recife, 16 de agosto de 2022

O Cariri Cangaço Piranhas aconteceu entre os dias 28 e 30 de julho de 2022 na cidade ribeirinha de Piranhas, baixo São Francisco, no estado de Alagoas, nordeste do Brasil.

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