Chega o dia do ataque: 16 de janeiro de 1919. A jagunçada estar entusiasmada e sedenta, louca e faminta. O que mais deseja é matar, ver a terra empapada de sangue, saquear e roubar o que for encontrado pela frente. Roberto Dourado avança pela pracinha. Está indo para o sobrado. A sua intenção é libertar os prisioneiros e os que estão amarrados no tronco. Duas feras da polícia goiana vigiam os detentos, são eles o cabo José Lourenço d’Abadia e o soldado Pedro Francisco da Cruz que diante do ataque iminente dos jagunços se preparam para fuzilar os presos, no que é impedido pelo alferes Ulisses. E a jagunçada ataca ferozmente. Debocham da soldadesca. Chamam os do governo para a luta como se os mesmos fossem pintinhos. O que se escuta é o piu, piu, piu, atemorizante dos capangas, convidando os militares para o medonho e encarniçado corpo a corpo.
Família Wolney:
1. Wolney Filho (morreu em 1919 na chacina dos nove era um dos reféns);
2. Josefa (Nenzinha) esposa de Abílio Wolney;
3. Cel. Joaquim Ayres Cavalcante Wolney (morreu na véspera da chacina);
4. Maria Jovita (mariazinha) esposa do cel. Joaquim Ayres Cavalcante Wolney;
5. Ana Custódia Leal Wolney esposa de Janjão, irmã de Abílio e Wolney Filho;
6. Janjão (morreu no tronco em 1919 na chacina dos nove era um dos reféns);
7. Edmundo (filho de Janjão e Ana Custódia);
8. Oscarzinho (filho de Janjão e Ana Custódia, morreu no tronco );
9. Mireta esposa de João Correia de Mello;
10. Jaime (filho de Abílio Wolney)
11. Diana Póvoa;
12. Palmira;
13. Diana Wolney;
14. Josélia e
15. Wolney Neto (filho de Janjão e Ana Custódia).
O nunca imaginado acontece. São três horas da tarde. A tropa está perdida. A fúria dos jagunços é incontrolável. Então, o alferes Ulisses dá uma inacreditável e medonha ordem. Executar os que estão presos no tronco. Os sanguinários José Lourenço d’Abadia e Pedro Francisco da Cruz são os executores da macabra sentença. Entram no quarto onde está o objeto de suplício e o massacre é indescritível. Cada um dos prisioneiros recebe tiros na cabeça, no coração e na barriga. Ainda era pouco, são sangrados de faca e baioneta.
O filho de Dona Ana Custódia (Oscar Wolney) que estava preso em um dos quartos do sobrado foi executado pelo alferes Catulino. Consumada a grande tragédia os militares correram. A debandada foi geral. Alguns, na ânsia de salvar-se da sanha assassina dos invasores, se vestem de mulher e fogem mataria adentro. Correm. Correm. Pulam cercas e valados. Desaparecem nas brenhas. Na terra ensangüentada da pracinha do Duro ficaram os corpos mutilados e sem vida de João Rodrigues de Santana, Salvador Rodrigues de Santana, Nilo Rodrigues de Santana, Nazário Bomfim, Benedito Pinto de Cerqueira Póvoa, seu filho João Pinto Póvoa (Joca), Messias Camelo Rocha, João Batista Leal (Janjão) e Wolney Filho.A tragédia do Duro é uma das maiores do Brasil.
O sangue de seus mártires que ali pereceram serviram de adubo para a criação desta comovedora história. No local da chacina foi construída uma humilde casa de oração. O povo dos Gerais. Os moradores do Duro. Os familiares e os patrícios chamavam aquele sagrado lugar de “Capelinha dos nove”.A história sangrenta do Duro nasceu da força, poder e valentia dos coronéis. Do arbítrio, arrogância e brutalidade de militares sanguinolentos e de uma justiça capenga e mal intencionada. Também da barbárie de ferozes jagunços que não temiam os perigos e brincavam com a morte e do sangue e martírio de seres humanos que viviam a mercê de tantos desmandos e injustiças de um Brasil sem lei.
Alcino Alves da Costa
O Decano; Caipira de Poço Redondo
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O Decano; Caipira de Poço Redondo
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Gostaria de parabenizar ao escritor Alcino Costa pelo belo trabalho dos artigos sobre a Chacina dos Nove.
ResponderExcluirParabens
Marcos Cesar Feire
Palmas TO
Fabuloso, Alcino.
ResponderExcluirParabéns, amigo.
Um grande abraço,
Honório de Medeiros
Alcino Costa, parabens pelo grande trabalho.
ResponderExcluirHercilio Gomes de Lima
Aracaju
QUERO PARABENIZAR O AMIGO ALCINO (caipira de Poço Redondo ) , pelo excelente artigo, acima publicado, o qual traz informações importantes, sobre esse massacre praticado em S. José do Duro, hoje, Dianópoles, que é pouco conhecido nos anais do coronelismo, e, com pouca divulgação.
ResponderExcluirValeu amigão !!!
CARIRI-CANGAÇO é cultura....
Um abraço a todos.
IVANILDO SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN
Muito bom Alcino. Dar visibilidade a cidade das Dianas e uma das metas do Projeto "100 Anos do Barulho", assim gostaríamos de compartilhar este Site.
ResponderExcluirMarília Martinez Póvoa