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Não bastou um só tiro para tirar a vida do coronel. Ao ser baleado o velho coronel Joaquim Wolney despencou do cavalo. Estava lúcido. Seus olhos brilhavam. Os militares assassinos não perderam tempo. Puxaram seus punhais e deram-lhe quatorze punhaladas. A voz do patriarca cala de repente. O coronel Joaquim Wolney estava morto. O saque é feito. Em um dos bolsos do gibão é encontrada a vultosa quantia de 30 contos de réis. A volante sanguinária retorna. Carregam numa rede os corpos dos dois cadáveres. E, segundo registros contidos no livro de Nertan Macedo, Abílio Wolney, pagina 45, prendem um irmão (Wolney Filho) e um sobrinho, ainda menor de idade (Oscar Wolney Leal), e ainda Voltaire Ayres Cavalcante.Todos os que fizeram parte daquela macabra missão foram assassinos. Porém, a história registra como verdadeiros matadores o cabo Justiniano Ferraz e o anspeçada Marcelino Néri que foram posteriormente assassinados. Uma tragédia acontecera. Outra estaria por chegar.
Abílio consegue fugir. É tenazmente perseguido. Homizia-se na Bahia. Ali têm muitos e influentes amigos. Solicita ajuda de dois poderosos chefes de jagunços, Roberto Dourado e Abílio Araújo. É formado, então, um exército de jagunços. Marcham sobre o Duro. É a hora da desforra e da vingança. A morte do velho Wolney não ficaria sem uma dura resposta. O juiz Calmon é esperto e treiteiro. Sabe o que lhe espera. Termina o processo e deixa a povoação. As informações que chegam ao Duro são estarrecedoras. Amedrontados, os policiais procuram meios para intimidar os agressores que já se encontram no Buracão. Os Abílio (Wolney e Araújo) e Roberto Dourado estão de bote armado. O Duro será inevitavelmente invadido e os militares trucidados. A desgraça ronda o lugarejo. Um rio de sangue irá correr.Os do governo, acovardados e impotentes, tomam uma estarrecedora e tenebrosa providência. Aprisionar e amarrar num tronco (antigo objeto de tortura usado pelos senhores das senzalas contra os escravos) o major João Batista Leal (Janjão), cunhado de Abílio Wolney; o capitão Benedito Pinto de Cerqueira Póvoa, seu filho João Pinto Póvoa (Joca); o capitão João Rodrigues de Santana e seu filho Salvador; ainda Wolney Filho, irmão de Abílio que estudava no Rio de Janeiro.
Capela das Missões, aqui tudo começou.
O tronco estava fincado no sobrado onde a polícia havia se aquartelado. Num quarto, no mesmo casarão, estavam presos Messias Camelo, sobrinho de Benedito Póvoa; Nilo Rodrigues de Santana e Nazário Bomfim, filho-agregado de João Rodrigues.Apenas sete pessoas podiam ficar aprisionadas no tronco, motivo pelo qual o capitão Benedito Póvoa foi substituído daquele instrumento de tortura por Messias Camelo Rocha.O terror dominara por completo aquele triste lugar. O desespero destroçava até os mais negros corações. Dona Ana Custódia, irmã de Abílio e de Wolnei, esposa do capitão João Batista e mãe do jovem Oscar; está em estado de choque. Enlouquecida de tanto sofrimento e agonia, monta num cavalo e corre, aflita, para o Buracão. Seu irmão terá que salvar os seus entes queridos da medonha morte que os espera. Dona Ana não tem êxito em seu aflitivo pedido. O irmão não pode decidir sozinho. Agora tudo terá que passar pelo crivo dos outros dois chefes. Abílio Araújo e Roberto Dourado se negam em mudar os planos de ataque. Agoniada, a mãe e esposa se revoltam com o irmão, e num gesto de supremo sofrimento, puxa um revolver que trazia escondido na saia e aponta-o para o corpo do mano. Rápidos, os jagunços agarram-na, impedindo-a do gesto extremo.
O desfecho que ocasiou o famoso Massacre do Tronco, na postagem abaixo...
Alcino Alves Costa
O Decano, Caipira de Poço Redondo
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meu Caro Caipira de Poço Redondo,
ResponderExcluirparabéns pelo texto e pela pesquisa.
já estou com saudades de você, sabe que você é minha RP?
e RP nós só largamos na "Quarta feira de cinzas".
grande abraço e muita saúde.
Muito bom Alcino Costa, um relato monumental.
ResponderExcluirGregório de Matos
Grande artigo, aguardamos a desfecho desse que foi um marco na história coronelistica do Centro Oeste brasileiro.
ResponderExcluirFernando Cesar Lima Verde
Parabéns pela grande pesquisa Alcino Alves, nós aguardamos pela postagem do desfecho do masacre. Quantas atrocidades também eram realizadas pelas polícias da época. Parabéns também ao grande Manoel Severo, por compartilhar com nós leitores essas histórias que marcou algumas época no Brasil. Muitos desses acontecimentos, não encontramos nos livros de histórias das nossas escolas. Meus parabéns............
ResponderExcluirUm forte abraço lampiônico para o Decano amigo-sagrado das grandes narrativas cangaceiras da boa e aprazível Poço Redondo e do Sergipe como um todo.
ResponderExcluirAlcino Costa é uma daquelas figuras humanas a que todos os que apreciam uma boa prosa precisam necessariamente conhecer. E uma vez conhecendo-o nunca mais será capaz de esquecê-lo.
Diria que esta foi a minha impressão após contactuá-lo durante o recente evento relativo aos 100 anos de Maria Bonita na BA e, sobremaneira no decurso da árdua caminhada(que fizemos) com o sol a pino para Angico onde o grande mestre fizera uma trilha quase franciscana ladeado por Aninha(claro) em o seu cajado.
- José Cícero
Aurora-CE.
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