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Caravana Cariri Cangaço parte para mais uma Aventura no Sertão....Por:Aderbal Nogueira

Aderbal Nogueira e o centenário Paulo Gastão

Amigos da família Cariri Cangaço; em 1999 eu e um grupo de amigos que faziam parte da revista "Nordeste Off Road", captaneada por Jorge Ferraz e Dário Castro Alves, juntamente com o montanhista Rosier Alexandre e o Monossilábico Paulo Gastão, estivemos no RASO DA CATARINA, na Bahia. Na ocasião fomos guiados pelo amigo Elso e pelo amigo Jean, ambos do IBAMA.

Visitamos a tribo dos índios Pankararés e uma nascente de água no meio do raso, onde Lampião e seu bando se refrescavam. Em uma outra de nossas viagens para o maravilhoso solo sagrado ; desta vez uma viagem que fizemos com a SBEC em 2004; quando nosso amigo Múcio Procópio nos deu uma aula de campo extraordinária. Na ocasião comemoramos também o centenário de Paulo Gastão, muito embora ele negue a idade, a viagem foi uma brincadeira só.

Tomaz, Bosco André,Vilela e Alcino: Caravana Cariri Cangaço em uma das visitas a Grota do Angico em Março deste ano...

Agora mais uma vez estaremos em um grupo de amigos visitando e pesquisando naquele solo milenar, dessa vez na companhia de outros bons e valorosos amigos como: Manoel Severo, Bosco André, Valentin Antunes, Alfredo Bonessi, Sandro Caldas, Pedro Luiz, Afrânio Marmita, onde seremos guiados por João de Souza e teremos mais uma vez o privilégio de ter como professor o mestre Múciio Procópio; sem falar na maravilhosa oportunidade de revisitar a encandora Piranhas dos amigos Jairo, Cacau e Inácio, certamente também estaremos na Missa do Angico, dia 28.

É isso; a Caravana Cariri Cangaço não pára! Todos de malas e matulões prontos para enfrentar o solo sagrado da Caatinga de nosso amado Nordeste.Se alguém mais se interessar, por favor se faça presente.

Um abraço a todos.

Aderbal Nogueira.

Todos a Missa do Angico... Por:Alfredo Bonessi


Alfredo Bonessi

Esse é um convite especial que faço a voce meu amigo, para estarmos juntos na Missa do dia 28 de julho na Grota de Angicos -Sergipe - local da morte de Lampião e dez Cangaceiros e de um Soldado da Força Publica de Alagoas, Sd Adrião - fato esse ocorrido na madrugada de 28 de julho de 1938, um ataque da Força Alagoana comandata pelo Tenente João Bezerra ao reduto dos Cangaceiros. Nos reuniremos na cidade de Piranhas, ao entardecer do dia 27 de julho - de onde partiu a força para atacar os Cangaceiros, nessa mesma data, às 19:30hs do ano de 1938. É a Caravana Cariri Cangaço que não pára!
Aguardamos a todos.

Alfredo Bonessi - GECC - SBEC

No Rastro do Cangaço Por:Archimedes Marques

.NO RASTRO DO CANGAÇO
CONVITE

O Memorial do poder Judiciario de Sergipe convida a sociedade sergipana para a solenidade de abertura da exposição "No Rastro do Cangaço", dia 28 de julho de 2011, às 19 horas no Palácio Silvio Romero, situado na Praça Olimpio Campos,417, centro

Cortesia da Informação: Archimedes Marques - http://www.cangacoemfoco.jex.com.br/eventos

Lampião em Sergipe...Alcino Alves Costa Por:Juliana Ischiara


Acaba de sair o novo livro de Alcino “Lampião em Sergipe”. O livro trata dos últimos anos de reinado do Rei do Cangaço em terras sergipanas, onde Lampião passou seus últimos dias de vida, no total de quase dez anos.


Neste trabalho que ora apresento, o leitor se deparará com um espetáculo das vidas humanas. Por ser o autor um investigador instintivo, tendo como esteio uma natureza erudita e o compromisso com a história, Alcino nos propõe uma imersão nos fatos, na poeira do tempo em que o famigerado Lampião palmilhava o sertão sergipano. 
Para aqueles que achavam ser o cangaço um tema esgotado, exaurido de novidade, apresento-lhes “Lampião em Sergipe”. E assim comprovamos que, na História, os fatos não se esgotam, pois cada trabalho trás uma ótica diferente e perquire as inquietações individuais do pesquisador, que nos provoca deduções antes não pensadas. 


No encalço investigativo das “alpercatas ferradas”, o pesquisador tornou-se um andarilho no tempo e no espaço, pois segue o rastro dos cangaceiros malfeitores que não só assolavam o sertão como um todo, mas, particularmente, o Estado de Sergipe, donde “reinaram” absolutos por quase 10 anos, se contados suas idas e vindas.


O lançamento será em Aracajú no fim de agosto. A data ainda não está fechada, mas divulgaremos com antecedência, pelo fato de Alcino encontrar-se em processo de recuperação de uma cirurgia. Também será lançado por ocasião do Cariri Cangaço – Ceará em setembro.
O livro custará R$ 45,00 reais, mais   despesa do Correio.


Contatos para adquirí-lo: 
alcino.alvess@gmail.com - 79-8852-7661                                                  julianaischiara@hotmail.com - 88-9927-3499

Abraço a todos,
Juliana Ischiara

O Massacre da fazenda Jilo Por:Aderbal Nogueira

Aderbal Nogueira e sua inseparável companheira...

Amigo Severo e família Cariri Cangaço, 
Segue mais um depoimento gravado nas imediações de Floresta. No local foi morto Jiló, cercado em sua casa pelos homens de Novais e Lampião. Numa das chacinas mais sangrentas, macabras e selvagens do cangaço. Virgulino insuflado pela ardilosa trama de Horácio Novaes, cerca a casa da ordeira família Jiló e perpetra um dos maiores crimes do cangaço.

Seu Pedro narra os fatos; ele era criança à época do ocorrido e ouviu a história durante toda a vida, contada por seus familiares. É um local importante na história do cangaço porque Lampião foi enganado por Novais nessa grande tragédia.



Abraços,
Aderbal Nogueira

Fanáticos e Cangaceiros...Relançamento Hoje no Instituo do Ceará

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Pesquisador profícuo, Abelardo Montenegro costumava gabar-se como um dos homens que mais amou o Ceará. O homem foi toda a vida das letras, das que lia e das que escrevia. Tanto que não casou para dedicar-se em plenitude à sua maior paixão: os livros. O advogado Abelardo Montenegro foi um dos mais profícuos escritores cearenses, tendo publicado 42 obras, e um ano após seu falecimento, em 2010, aos 98 anos, ainda ter seis títulos inéditos. Fanáticos e Cangaceiros, que será relançado hoje (20), às 15h30min, no Instituto do Ceará, é originalmente de 1971.

A segunda paixão do escritor não se dissocia da primeira. Ao contrário: a complementa. Abelardo, que gostava de ser chamado de intérprete do Ceará, dedicou boa parte de sua vida a escrever sobre os meandros da cultura e do povo cearense. Exemplo disso é Fanáticos e Cangaceiros, que trata de religiosidade, seca e vida sertaneja.

A nova edição se dá porque a primeira, feita com recursos próprios, foi apenas de 300 exemplares, que foram distribuídos para bibliotecas e estudiosos. Esta edição traz, além dos três capítulos originais, um prefácio assinado por Gildácio Sá que fala um pouco da história do escritor. Apesar de não ter casado, Abelardo, aos 50 anos, adotou como sua uma família cuja mãe, dona Clara, lhe prestava serviços domésticos. Os filhos e netos de Clara são hoje seus herdeiros. Gildácio, casado com uma dessas netas, conviveu com o escritor por 30 anos e dedicou-se a digitalizar toda sua obra, que também estará exposta a partir de hoje.

“Fanáticos e Cangaceiros começou a ser feito por Abelardo ainda no final da década de 1930, o que deu a ele oportunidade de conversar com pessoas que participaram in loco das histórias contadas por ele no livro”, fala Gildácio. Mais de 100 livros e 42 entrevistas compunham a base da obra.

Dividido em três partes, o livro conta a história da vida, do sofrimento e peregrinação do beato Antônio Conselheiro; do fanatismo religioso, das santas missões, das festas religiosas, do misticismo cearense, desde o padre Ibiapina até o padre Cícero - com quem Abelardo conviveu por duas semanas, hospedado em sua casa; e, por fim, da fome, seca e injustiça social que permeava a vida sertaneja e contextualiza o cangaço.

Esta edição, que Gildácio define como “de extrema importância para a história do Ceará” passou por modificações, em relação a primeira, feitas pelo próprio escritor. “Nós atualizamos algumas coisas, revisamos datas e dados, revemos recortes de jornal”, Gildácio explica o trabalho em conjunto feito pouco antes do falecimento do escritor.

Gildácio conta que Aberlado, avesso à entrevistas por sua natureza humilde e modesta, gabava-se apenas de ser o homem que mais amou o Ceará. “Ele dizia: ‘Pode haver alguém que empate esse amor, mas não tem ninguém que passe, não”. E completa: “Fanáticos e Cangaceiros guarda nas entrelinhas a prova do intenso amor de Abelardo ao Ceará”.
Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

Nascido em Crateús, Abelardo Fernando Montenegro morreu aos 98 anos, em 26 de abril de 2010, deixando uma obra que transitou por áreas como a Ciência Política, Economia, Sociologia e Psicologia Social, em quase 50 livros, a grande maioria dedicada ao Ceará.

SERVIÇO:FANÁTICOS E CANGACEIROS
O quê: relançamento do livro Fanáticos e Cangaceiros, de Abelardo Montenegro
Quando: Hoje, dia 20, às 15h30min
Onde: Instituto do Ceará (rua Barão do Rio Branco, 1594 - Centro - Fortaleza Ceará)

IGOR DE MELO
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Recado de Seraine direto de Serra Talhada....

.Wilson Seraine e Dilson "Patativa" 

Caros amigos do Cariri Cangaço,
Dias 15 e 16 de julho aconteceu em Serra Talhada, lugar onde Lampião Nasceu, o encontro - SERTÃO BEATOS E CANGACEIROS - CENTENÁRIO DE MARIA BONITA.O encontro teve a presença de Expedita Ferreira, filha da Rainha e do Rei do Cangaço e da neta de Lampião, Vera Ferreira que proferiu a palestra - Vida e Modos de Maria Bonita.

Representando o Piauí, estavam Prof. Wilson Seraine, que ministrou a palestra - BEATOS E CANGACEIROS: FONTES DE INSPIRAÇÃO DE LUIZ GONZAGA e o Artista piauiense Dilson Tavares, que abriu a palestra do Prof. Wilson Como Patativa do Assare e a encerrou como Ariano Suassuna.

O evento foi totalmente patrocinado pelo SEBRAE, que além das palestras, houve visitação em diversos locais onde Lampião e seu bando andaram e lutaram, bem como a acasa onde o Rei do Cangaço nasceu.
Abraços

Wilson Seraine.
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Nos Porões de Izaias Arruda Por:Bosco André

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Meu caro amigo Severo e companheiros de Cariri Cangaço, há uns tres meses recebemos aqui em Missão Velha a equipe de filmagem da mini-série "Sedição de Juazeiro". na oportunidade passamos alguns dias acompanhando a competente equipe que tem entre seus produtores o grande pesquisador e documentarista do cangaço Aderbal Nogueira.

Entre uma gravação e outra acabamos fazendo uma nova visita a Casa de Izaías Arruda, bem no centro de Missão Velha. naquela ocasião Aderbal com a competência que lhe é peculiar realizou o registro histórico de um dos lugares mais inusitados da edificação: Os famosos porões da casa de Izaias. Certamente todos os amigos se deleitaram com a matéria que Aderbal enviou para este mesmo blog do Cariri Cangaço, quem desejar ver novamente é só procurar no índice lateral e conferir.

Grupo de Izaias Arruda, o segundo à esquerda Zé Gonçalves

Pois bem, após a maravilhosa postagem de Aderbal , aqui em Missão Velha já começaram a aparecer  histórias e personagens que passaram ou fizeram parte da história dos famosos porões de Izaias. Hoje trago um episódio verídico e que por questões éticas não poderia declinar nomes. Mas vamos aos fatos.

Pelos idos de 1940 quando ainda existiam e eram respeitadas as chamadas "mangas de solta de gado" em cima da Serra do Araripe, que eram respeitadas desde remotas datas, ainda em épocas do cel. Franscisco Mascarenhas de Quental; época em que quem tinha alguma propriedade ao sopé da serra, era o detentor supremo de suas frentes até o limite de seu município. Então um determinado senhor de terras, abastardo , rico e poderoso, cercou as frentes dos sitios Bodó, Varzinha e Santa Rosa, então propriedades do senhor José Gonçalves de Lucena, outrora lugar tenente de Izaias Arruda; que de imediato preparou a desforra.

Zé Gonçalves Lucena

Enviou um compadre de sua inteira confiança, sr. Zé Ruberto, até o município de Jardim e ali foram arregimentados cerca de 80 homens para a destruição da referida cerca e consequente queima da madeira da  mesma, assim foram compradas 3 caixas de machado para a empreita da desforra, que deveria acontecer altas horas da madrugada e ao amanhecer do dia tudo estava consumado.

Os próximos passos ao fim do episódio foi uma representação judicial do rico proprietário contra Zé Gonçalves Lucena e seus homens, e dentre esses os principais cabeças, entre eles, o meu "entrevistado", que acabou sendo usado como uma espécie de bode expiatório, na época, pasmem, com apenas 12 anos de idade, mas escolhido como isca para pegar os "peixes graúdos". Fato consumado  o garoto de 12 anos foi tocaiado em uma vereda que levada à sua casa pelo inspetor de quarteirão , Manoel Fidelis e mais 10 homens. O menino matreiro e vivido, apesar da tenra idade, ao ser conduzido a delegacia, disse que precisava pelo menos avisar a sua mãe. Assim foi feito, levado à presença da mãe no sítio Bodó, quando abriram a porta o menino foi impedido de entrar em casa, deu um salto para dentro e acabou derrubando o delegado, no que sua mãe trancou a porta e ameaçou aos homens do delegado para que entrassem para vir tirar o menino de sua casa.

Bosco André

Ato contínuo chega o pai do garoto, também homem de confiança de Zé Gonçalves e o inspetor e seus homens se retiram da propriedade. O resultado desse episódio todo foi que o referido garoto, meu "entrevistado" e seu pai precisaram passar mais de 15 dias escondidos da polícia e da justiça, adivinhem onde? Pois é, dentro dos famosos Porões de Izaias Arruda, na época já pertencentes a José Gonçalves. Abração a todos e em setembro todos vamos fazer uma nova visita aos Porões durante o Cariri Cangaço.

Bosco André
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Projeto Editorial do Centenário Por:Renato Cassimiro

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É com prazer que encaminho a vocês o convite para o lançamento de parte da Coleção Centenário, parte do Projeto Editorial do Centenário, que coordenei com o apoio financeiro do BNB, em homenagem ao primeiro Centenário do Município de Juazeiro do Norte.
Em 29 de setembro serão lançados outros 5 volumes e 100 folhetos de cordel (50 clássicos e 50 inéditos).

Relação das Obras a serem lançadas em Juazeiro do Norte no dia 19 de Julho de 2011, dentro das comemorações do Centenário.

Reedições: Joaseiro do Cariry , Joaquim Marques Alencar Peixoto; Padre Cícero, Pessoas, Fotos e Fatos, Walter de Menezes Barbosa.


Lançamentos Inéditos: Memórias de um Romeiro, Odílio de Figueiredo Filho; Odílio Figueiredo, Um Juazeirense de Expressão; e De D. Bosco a Padre Cícero; Vera Odísio Siqueira.


Textos Acadêmicos (Dissertações de Mestrado e Teses de Doutoramento): A Construção de Práticas e Saberes em Saúde dos Romeiros de Padre Cícero, Anair Cavalcante; Sob o Signo da Fé e da Mística, Anna Christina Carvalho; Amália Xavier e a Escola Rural de Juazeiro, Delane Lima Nogueira; O Teatro de Deus; Edianne dos Santos Nobre; Os Caminhos da Terceirização em Juazeiro do Norte, José Carlos dos Santos; A Cidade do Padre Cícero, Maria de Lurdes Araujo; Entre Chegadas e Partidas, Maria Paula Jacinto Cordeiro;  O Lavrador, Mirelle Araujo da Silva; Para Onde Sopra o Vento, Renata Marinho Paz; Padre Cícero e a Nação Romeira, Therezinha Stella Guimarães. 


Cordialmente,
Renato Casimiro
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Pai, obrigado por tudo. Te amamos!

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Por onde devemos começar ? Talvez dizendo de nosso grande orgulho e grande felicidade por poder tê-lo ao nosso lado na jornada da nossa vida, por poder dizer o quanto somos gratos a Deus por receber o presente que é o senhor, por poder fechar os olhos em qualquer momento de nossa vida e saber que o senhor está orando e cuidando de nós, com todo o amor de seu coração.

Paizinho você é um exemplo para nós, nosso amor e reconhecimento não têm tamanho. Te amamos muito e estaremos sempre a seu lado.

Feliz Aniversário.
Um beijo de muito amor

Gabriel, Sawanna, Pedro, Emily e Manoela
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Caipira de Poço Redondo, Sertão, Viola e Amor Por:Samuel Albuquerque

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Alcino Alves Costa e Aderbal Nogueira

Os sergipanos do Sertão do São Francisco conhecem e admiram Alcino Alves Costa. Desde 1992, esse poço-redondense tornou-se frequentador assíduo das casas de muitas famílias que sintonizam seus rádios na Xingó FM. Ao cair da tarde, essas pessoas rememoram suas vivências, embaladas por antigas canções sertanejas selecionadas cuidadosamente por Alcino, em seu programa “Sertão, Viola e Amor”.


Os demais sergipanos, ao menos aqueles que costumam ler jornais e acompanhar publicações de livros, conhecem Alcino através dos seus textos. Ele frequenta as páginas dos jornais locais e os recentes títulos publicados pela Editora Diário Oficial, escrevendo sobre um universo que é pouco estudado e compreendido: o Sertão.Desde Felisbelo Freire, autor da primeira grande obra de História de Sergipe, muito pouco se estudou sobre o nosso Sertão. Alcino Alves Costa não é historiador de formação, mas como um competente escritor, vem registrando e interpretando com sensibilidade a memória do Sertão Sergipano.

Filho de Ermerindo Alves da Costa e de Emeliana Marques da Costa, Alcino nasceu no dia 17 de junho em 1940, em Poço Redondo, no seio de uma família que contava com mais quatro irmãos e duas irmãs. Muito jovem, enfronhou-se na política local. Foi prefeito por três vezes, entre meados da década de 1960 e fins da década de 1980. No entanto, abandonou essa paixão cheia de sobressaltos por outras que lhe eram mais caras: a família, os livros, a música e, como não podia deixar de ser, o Sertão.

Caipira de Poço Redondo ao lado do casal Pedro Luiz

Ao longo de sua vida, constituiu três famílias. Teve muitos filhos e esforçou-se para formar médicos, advogados, engenheiros, professores... Maria do Perpétuo, carinhosamente conhecida como Peta, sua primeira companheira de jornada, deixou-nos recentemente. Ela foi uma grande esposa, uma mãe abnegada, uma mulher generosa como poucas.

Os livros de Alcino começaram a aparecer em 1996, quando foi publicado o “Lampião além da versão”, obra que já está em sua terceira edição e vem sendo lida e comentada em vários lugares do país. Entre 2000 e 2009, publicou mais cinco livros: “Preces ao Velho Chico”; “Sertão, viola e amor”; “Canindé do São Francisco, seu povo e sua história”; “O sertão de Lampião”; e “Poço Redondo, a saga de um povo”. Entretanto, não sou a pessoa adequada para avaliar a obra que vem sendo construída por Alcino. Desde os quatro anos de idade, quando minha mãe, deixando para traz o velho Pernambuco, tomou aquele sergipano como novo companheiro, Alcino tornou-se uma das pessoas mais queridas e importantes para mim. Cresci ouvindo e vendo esse homem escrever sobre as belezas do seu Sertão e sobre as pessoas valentes e, ao mesmo tempo, sensíveis que lá viveram. Para mim, ele também foi o transmissor das lendas que alimentam o imaginário do povo sertanejo; contadas em noites chuvosas, quando a luz elétrica teimava em desaparecer. Perto dele, cresci ouvindo vozes clássicas que cantam o universo sertanejo e caipira: Tonico e Tinoco, Cascatinha e Inhana, Luiz Gonzaga, Marinês, entre tantos outros. Os livros e manuscritos espalhados pela casa, a barulhenta máquina de datilografar, as centenas de vinis e a radiola que não tinha descanso contaram favoravelmente para que eu tomasse gosto pelos estudos e pelas coisas de Sergipe.

Certamente, em alguns anos, o legado que vem sendo construído por Alcino será investigado por algum estudioso do pensamento sergipano e nordestino. Não tenho dúvidas de que sua obra é reveladora do universo mental de uma das “nações” que compõe o Brasil. Afinal, o sertão nordestino estudado por Alcino representa outro Brasil. Não o Brasil do litoral, capturado em sua alma pelos escritos de Gilberto Freyre, José Lins do Rego e dezenas de outros cientistas sociais e literatos. Falo do Brasil dos sertões nordestinos, o “outro Nordeste”, como diria Djacir Menezes. Alcino faz parte de um seleto grupo que teima em desvendar a história e a cultura desses recônditos do Brasil.Mas para não deixar exclusivamente às gerações futuras o reconhecimento da importância de sua obra, tomo a palavra para dizer que, mesmo preferindo viver isolado em Poço Redondo, longe dos ciclos que legitimam os intelectuais da província, Alcino vem engrandecendo a nossa “Republica das Letras”. Seus livros, seus artigos, seu programa de rádio têm muito a dizer sobre os homens e as mulheres do Sertão. Aliás, o nome com o qual batizou seu programa de rádio é o que melhor traduz o seu legado. Alcino vem dedicando sua vida “ao sertão, à viola e ao amor”. Saudações ao “Caipira de Poço Redondo”.

Samuel Barros de Medeiros Albuquerque
Professor da Universidade Federal de Sergipe
E-mail: samuelalbuquerque@ufs.br
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Epitácio e Jesuino, festa nos Limões... Por:Juliana Ischiara

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Manoel Severo e Dr. Epitácio de Andrade


Aconteceu nos dias 8, 9 e 10 de Julho, nas cidades de Currais Novos, Acari, Caicó, Catolé do Rocha, Messias Targino e Patu, o Seminário sobre Jesuino Brilhante e o lançamento do livro A Saga dos Limões: Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuino Brilhante de autoria de Epitácio de Andrade Filho.

Evidente que, para nós, o ponto alto desse Seminário foi a visita técnica à famosa Casa de Pedra onde viveu Jesuino Brilhante durante sua vida no cangaço. Além disso, outro fator muito importante foi a ampliação das discussões e abertura ao estudo do cangaço nessa região.

Juliana e Júlio Ischiara nas terras pisadas por Jesuíno

Outra característica desse evento, foi seu caráter intermunicipal, nos moldes do Cariri Cangaço, onde foram realizados debates em diversas cidades da região com a participação dos gestores das secretarias de Cultura, mostrando o interesse desses municípios em incrementar as discussões sobre o tema "Cangaço".

Gostaria de parabenizar o querido amigo Epitácio de Andrade pela iniciativa e pelo lançamento de seu livro que, inclusive, terá o lançamento, no Ceará, durante o Cariri Cangaço em Setembro de 2011.

Saudações cangaceiras

Juliana e Julio Ischiara
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A Chacina dos Nove Parte I Por:Oswaldo Póvoa

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Tivemos dias atras um maravilhoso artigo de Napoleão Tavares Neves sobre a vida de Sinhô Pereira, indicando que do Piauí o líder se dirigiu ao Duro, ou seja, São José do Duro em Goiás, hoje Dianópolis no estado do Tocantins. Logo em seguida, o amigo Professor Mario Hélio pediu algo sobre a vida de Sinhô Pereira em São José do Duro; particularmente ainda não temos artigos sobre essa passagem fantástica do Vila Belense no Duro, mas estamos conseguindo; depois foi a vez do confrade Alcino Alves Costa nos trazer sob sua pena, a Incrível Saga da Chacina do Tronco em quatro postagens e agora, "pescamos" no site da cidade de Dianopolis (www.dianopolis.to.gov) um espetacular conjunto de artigos também sobre a famosa "Chacina dos Nove", episódio marcante daquela terra e que envolveu a eletrizante vida do poderoso Abílio Wolney.


Dianópolis em crivo vermelho, Palmas, a capital, em amarelo

Dianólopis era a antiga Vila de São José do Duro, localizada na Messoregião Oriental do Tocantins, no Sudeste do Estado e possui um altitude de 693 metros acima do nível do mar ocupando uma área de 4.123 Km2 e está há 342 Km da capital Palmas. Possui cerca de 15 mil habitante.


A chacina dos Nove, por: Oswaldo Póvoa
O episódio conhecido na história de Dianópolis como a Chacina dos Nove retrata uma das passagens mais negras das inumeráveis escritas pelas oligarquias cuja paixão não vacila na escolha dos piores caminhos para alcançar seus objetivos: controlar o poder, dar ordens como faziam os capatazes por ordem de seus senhores, no caso de Dianópolis a oligarquia dos Caiado Jardim. Tratava-se de impor uma liderança em que pequena parcela de uma família se aliou a outros grupos para tentar expor uma liderança fraca. Apelando para artifícios torpes, as autoridades locais provocaram um incidente em maio de 1918, envolvendo o inventário de Vicente Belém, assassinado ao findar o ano de 1917 com fundadas suspeitas de implicação das mesmas autoridades, valendo-se da oportunidade para motivar um pedido de socorro aos seus chefes na capital, de que resultou uma Comissão presidida por um juiz togado, o Dr. Celso Calmon Nogueira da Gama, disposto a atuar segundo as conveniências dos seus chefes. 

A primeira vítima da sinistra Comissão foi o Coronel Joaquim Aires Cavalcante Wolney (foto ao lado), assassinado em 23 de dezembro de 1918 por soldados de uma escolta, na fazenda Buracão, mesmo sem ter o coronel oferecido a menor resistência, aliás se entregou dizendo: -Não me matem, estou entregue! Depois vieram os Nove, no curso dos acontecimentos que a História registra com detalhes. 

Diante da iminente ameaça de um ataque para vingar o assassinato do Coronel Wolney o Juiz Celso Calmon cuidou de salvar a pele. Fugiu apressadamente deixando a vila de São José do Duro entregue às autoridades locais com a proteção de cerca de 40 policiais sob o comando de oficiais desesperados que, para tentar evitar ao ataque, tomaram nove reféns, que acabaram sendo fuzilados e sangrados pela polícia. Em ordem alfabética, um breve resumo biográfico de cada um deles, vítimas da inominável monstruosidade. 

Foram mortos nove membros da Família do Cel. Joaquim Wolney: Benedito Pinto de Cerqueira Póvoa, filho de Joaquim Cerqueira, era Capitão da Guarda Nacional, um dos homens mais ricos do lugar; João Batista Leal, genro do Coronel Joaquim Wolney ,era Major da Guarda Nacional; Joca Póvoa, era filho de Benedito Póvoa; João Santana, era capitão da Guarda Nacional, tendo dois filhos entre os reféns, não desejando testemunhar a execução deles, pediu para ser executado antes. Os carrascos fizeram o contrário e ele, desesperado, fechou os olhos mas não pôde deixar de ouvir os gritos desesperados dos filhos; Joaquim Filho (Wolneyzinho) - Filho do Coronel Joaquim Wolney, estudante de Medicina no Rio de Janeiro, tinha vindo visitar os parentes quando os fatos começaram a ganhar gravidade. Tomado como refém foi fuzilado pela polícia; Messias Rocha, era ourives e casado com Aurora Cerqueira, sobrinha de Benedito Póvoa, filho de José Pinto de Cerqueira Póvoa e Ana Lino Pereira. Quando a polícia prendeu os reféns e colocando seus deles no tronco, teve um gesto nobre quando pediu que o colocassem no tronco em lugar de Benedito Póvoa, seu tio por afinidade; Nasário do Bonfim,  morava na fazenda Água Boa, de João Santana para quem trabalhava. Foi tomado como refém junto com o patrão e dois filhos deste;  Nilo Santana e Salvador Santana, filhos de João Santana, o cadáver do primeiro se achava ao lado dos restos mortais do pai. 

OS NOVE Texto do Professor Osvaldo Rodrigues Póvoa
FONTE: www.dianopolis.to.gov.br
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A Chacina dos Nove Parte II Por: Nertan Macedo

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Coronel Abílio Wolney

A versão de Nertan Macedo em "Abílio Wolney um Coronel da Serra Geral"...
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Em 1902, Sebastião casa com uma prima, Auta Ayres Cavalcante. Já desfruta, a essa altura, de certo prestígio no Duro. Prestígio político, prestígio individual. É hábil, matreiro, conversador. Além do mais, compra patente de Capitão-Cirurgião da Guarda Nacional. Exerce, ainda, as funções, muito altas para o meio, de Coletor Estadual. Abílio Wolney está em Goiás Velho, sempre afastado da família, da esposa. Sebastião torna-se amante da própria cunhada, mulher de Abílio, Josefa Ayres Cavalcante Wolney. Isso por volta de 1897. Além de amante da cunhada, é Coletor e, agora, também chefe do Partido Democrata na região. Aí começa o estopim: o inventário de Vicente Pedro Belém, amigo de Abílio Wolney. 

Vicente Pedro Belém era um amigo do coronel Abílio Wolney e morava distante do Duro cerca de seis quilômetros. Fora assassinado no dia 29.12.1917. O matador tinha sido seu cunhado, Zuca Viana. Motivo do crime: Zuca acusava Vicente de querer conquistar sua mulher... ...Sebastião de Brito Guimarães, coletor estadual, resolve impugnar o inventário por sonegação. Em janeiro de 1918 a questão se arrasta e a posição de Sebastião é contestada pelos parentes de Vicente Belém, que protestaram. Mas Sebastião é teimoso.... E Abílio decide enfrentar o assunto. ...Abílio se irrita. 

Juntamente com o pai, o cel. Joaquim Ayres Cavalcante Wolney e alguns jagunços, vai ao Duro, invade o cartório, segura o juiz municipal Manoel de Almeida, grita bem alto que quer solução rápida para o inventário, bate com o coice da carabina na mesa do magistrado, ameaça, discute, exige - e o juiz, intimidado pelos dois coronéis, pai e filho, e mais os jagunços, cede. Promete atender e despachar o inventário no mesmo dia, nos termos da exigência dos coronéis. Despacha o inventário, porém decide denunciar os coronéis ao governo do Estado, o que faz, juntamente com o coletor Sebastião de Brito Guimarães. 


Igreja e Casarões na Praça Wolney em Dianópolis

A denúncia segue para Goiás Velho. E, com receio de represálias de Joaquim e Abílio, os dois denunciadores, Manoel de Almeida e Sebastião de Brito, retiram-se do Duro. Na expectativa da decisão do governo do Estado, a quem apoiavam. Os Wolney fortificam a Fazenda Buracão. O Buracão vira uma praça de guerra. Ali se acoitam os mais famosos jagunços regionais. A propriedade do coronel Joaquim é uma praça de guerra. Cangaceiros armados até os dentes. ...O magistrado espírito-santense (que fazia parte da comissão que veio ao Duro a mando do governo de Goiás) é manhoso, é arteiro. Como quem não quer nada, toma uma decisão importante. Quer ir ao Buracão visitar os coronéis Joaquim e Abílio. Vai. É recebido fidalgamente. 

Comes e bebes dos mais finos e variados. Até uma boa cerveja esfriada. Muito calmo e seguro de si, o dr. Calmon diz aos Wolney a que veio. Veio para pacificar, tranqüilizar o Duro e as famílias, reintegrar as autoridades coagidas pelo trabuco. Pede aos Wolney a restituição do inventário de Vicente Belém, retirado do cartório e levado para o Buracão. O juiz degusta um vinho esplêndido, da adega do coronel Joaquim. Almoça principescamente. Mas é durão, irredutível: quer o inventário de volta. ...Tudo reduzido em miúdos: a paz voltará a reinar com a devolução do inventário. Mas Abílio desconfia. Não está confiante como o velho coronel, seu pai. Também João Correia de Mello, genro de Abílio, não vai na conversa do magistrado de Pouso Alto. Diz para quem quiser ouvir: - Juizinho de merda. A gente podia mesmo era acabar logo com ele. 

...Nada do que ficou acertado foi cumprido. De volta ao Duro, o juiz Celso Calmon Nogueira da Gama faz justamente o contrário do que, dizem, prometera aos Wolney no Buracão. Decreta a prisão do pai e filho, Joaquim e Abílio. Expede o mandado. ...Antonio Seixo de Brito, comandando trinta praças, e acompanhado pelos alferes Sales e Catulino, marcha sobre a Fazenda dos Wolney - o Buracão. Acercam-se da casa-grande, onde os moradores ainda estão adormecidos. A missão também não é fácil para o tenente. Ele faz, inexplicavelmente, quatro paradas no trajeto, assim como quem quer meditar na empreitada, antes de levá-la a termo. Mas segue. Decide cumprir a ordem do Juiz.



...-Meu filho, estamos cercados. Abílio escuta, do quarto onde se encontrava, na casa grande do Buracão. Levanta-se às pressas, toma de uma Winchester, calibre 22, apontando-a por uma porta entreaberta. A carabina na mão, o coronel Abílio ouve os gritos do pai num canavial próximo. -Me socorra, meu filho! O coronel Joaquim, com suas barbas brancas e longas, está sendo assassinado a tiros, facadas e coronhadas pela soldadesca do tenente Brito. ...A voz do velho cala, de repente. E Abílio, de carabina na mão, a porta entreaberta, sente que está consumada a traição do juiz... 


Depoimento... por: Mestre Almeida

Francisco de Almeida Sobrinho, filho de Manoel José de Almeida, juiz, que é filho de Francisco José de Almeida, português, já muito doente e com 93 anos em depoimento de uma hora por nós (seu filho Salomão e eu) gravado em 09.12.2000 nos revelou que o cel. Wolney pai de Abílio era muito cruel e nos citou um exemplo: -Ele tinha 11 cães de caça, que era sua diversão, um dia esses cachorros atacaram um conhecido da cidade por nome Manoel Fogueteiro (fabricante de foguetes) que estava armado com um facão, mas, não ousou tirá-lo da bainha com medo de represália do Coronel. Quase veio a falecer. Mestre Almeida fala muito bem da Obra de Osvaldo Póvoa "Quinta Feira Sangrenta" e chega a dizer que oficialmente foi o que aconteceu. Mas, faz suas observações por fora: -Abílio tinha como evitar aquela chacina a história seria outra se ele não tivesse existido. 

Em último caso poderia se entregar à polícia já que era bandido e tinha mandado de prisão decretado pelo juiz Calmon. A morte do cel. Wolney foi devido a uma desobediência ao cumprimento de um mandado, poderia ter sido evitada também. Abílio era um bon vivant, um playboy dos tempos de hoje, mulherengo e cachaceiro. 
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FONTE: www.dianopolis.to.gov.br
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A Chacina dos Nove Parte III Entrevista

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Entrevista com Francisco de Britto...


O Estado enviou Calmon Nogueira da Gama para investigar o caso. Ele iniciou o inquérito, mas o pessoal do Abílio não atendeu à convocação. O juiz ficou sabendo que eles iam fugir e mandou um policial na fazenda para prendê-los. O velho Wolney estava com um capataz e, quando se viu cercado, saltou no chão e entrou num canavial. Ao sair do outro lado, foi morto pela polícia. Começou aí a covardia da polícia, que ainda fez toda sorte de estrepolia.
                                                                                    
                                                                                             


Abílio Wolney conseguiu escapar, arrebanhou jagunços na Bahia e atacou a cidade. A munição da polícia não valia nada, não dava tiro. Mas ela pôs todos os Wolneys no tronco, como reféns. Wolney disse depois que teve medo de atacar, ao saber que sua família estava presa, mas, premido pelos chefes de jagunço, foi obrigado a invadir a cidade. Quando começou o tiroteio, a polícia matou todo mundo.


O absurdo dessa história é que lá todo mundo era parente, compadre. Não sei como aconteceu uma barbaridade daquelas. Um genro do velho Wolney, Benedito Pinto, atacadista, era muito amigo de meu pai. Tinha outro irmão do Abílio Wolney, que era uma dama de tão fino. Não saía da casa de meu tio.  
                                                                                                                                                   


Haroldo de Britto — Tenho aqui um artigo do senhor, chamado A Tragédia Nortista: “O caso macabro do Duro, tão proclamado e interpretado pelos que não o conhecem, ficou célebre nos anais da história simples de Goiás, e ainda hoje no mistério que o envolve, muita gente o ignora, dispensando por isso grande parte de simpatia e compaixão à família Wolney, a única responsável, aliás por tudo quanto tem infelicitado aquela zona nortista. As horríveis inverdades publicadas na revista Paranaíba, editada por Moisés Santana, e estrondosos noticiários de jornais mal informados teceram um mundo de dúvidas e incertezas ao redor dos fatos que, nas linhas que ora inicio, propus-me a esclarecer, pois ninguém, posto que em linguagem pouco correta e elegante, poderá apreciá-las melhor que eu, que as presenciei vendo crescer o tumor até estourar ao golpe do bisturi. Muitos julgam que Abílio Wolney, agindo à mão armada contra o governo do Estado, vingava a morte do pai, assassinado pela polícia em sua fazenda Buracão, na noite de 23 para 24 de dezembro de 1918. Mas não. O seu coração perverso nunca palpitou na ternura do amor filial, porquanto se assim fosse não teria ele, nessa sede bestial da vingança, sacrificado a maior parte de sua família, atacando um punhado de casas onde se refugiavam não só a força policial, mas sua mãe, irmãos, filhos, cunhados, primos, parentes e amigos. Seu ideal era outro: ideal de grandeza, de triunfar pela força e, mesmo conhecendo o perigo a que estavam expostos os seus, mandou uma ordem de cangaceiros circular a pequena Vila do Duro e matar sem contemplação. Buscarei estereotipar todas as fases da família Wolney e mostrarei, sem espírito de parcialidade, todos os seus grandiosos sentimentos para que os leitores conheçam a verdade dos fatos e não andem por aí a confundir amor filial com canibalismo”.                                                                            


FB: Ora, mas eu acabei de dizer isso. O culpado de tudo foi a mania de grandeza do Abílio Wolney. Quando a força policial soube que os jagunços vinham, prenderam os parentes dele como reféns. Uma irmã do Abílio se propôs a ir ao encontro dele para que desistisse do ataque. Os policiais não queriam, mas acabaram sendo convencidos a deixá-la ir. Quando ela contou para o Abílio em que pé estava a situação, ele baqueou. Mas Humberto Dourado, Abílio Batata e outros não deixaram Abílio desistir. Estavam sequiosos por roubo, queriam saquear a cidade.


Político, escritor e articulista de jornal, Francisco de Britto era uma figura ímpar. Aos 89 anos (OUT/1994), concedeu uma entrevista surpreendente ao Jornal Opção — sua última grande entrevista —, em que dissertou, vagarosa e lucidamente, sobre a política goiana e até sobre sua vida pessoal. 


FONTE:www.dno.com.br
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