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Onde Ficar em Piranhas



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A Emoção das Cruzes do Cangaço Por:Uziel Belfort

As Cruzes do Cangaço - Os fatos e personagens de Floresta/PE:História da invasão de Lampião e seu Bando na Chacina da Faz. Tapera dos Gilos, em Floresta/PE.
Ganhei e não me contive em ler, esse excelente livro que retrata a chacina da Tapera, próximo a Fazenda Barra de São Pedro em Floresta/PE. Presente de minha cunhada Eveline Pires de Araujo Belfort, este livro conta uma parte da vida de pessoas importantes para mim, a minha família materna. Antes em uma conversa com o autor Marcos de Carmelita, diariamente perguntando ansiosamente, o mesmo me disse uma coisa que parei e que me deu mais vontade de ler, lembro-me que ele brincou e disse: "Uziel Belfort, desse jeito você vai contar a história antes do livro ficar pronto".

Entendi e aguardei! Mas, antes queria agradece-lo, pelo convite do lançamento que se fez presente o Cariri Cangaço. Pois bem, sobre o livro, cresci ouvindo a maioria dessas histórias, mas os mais velhos não nos emocionavam, acho que com medo e/ou traumas dessa chacina tão cruel e desonesta, onde até Lampião; que comandou o massacre; deve ter morrido chorando pela covardia e a grande injustiça que seu bando cometeu, por uma armação de um desafeto dos Gilos e familiares. 


Confesso que nenhum outro livro tenha invadido tanto a minha alma que por momentos de tristeza e revolta, por diversas vezes, resolvia parar a leitura, quando com muito receio cheguei exatamente as páginas 118 e 119, me deparei com a história de minha Vó materna, D. Maria da Penha dos Santos, em 1927, que veio a perder seu marido e primo Ernesto do São Pedro, morto pelas costas por um cangaceiro de Lampião nessa terrível chacina. Ainda nova no sertão Florestano e desprovida de recursos, tendo que encara sua viuvez a espera de seu primeiro filho, que não chegou a conhecer o pai, tio Cícero Ernesto (in memoriam), juro que senti uma vontade inexplicável de ter vivido naquela época. 

Deus foi muito bom e generoso,cuidou bem de vocês e vocês superaram com muita dor, honestidade e fé as adversidades da época, Deus ainda é o Pai de nossa família. Vó e tio, eu sempre irei amar vocês. Esta história não parou ai, a segunda parte da história é a que eu acho mais bonita, onde Deus colocou em seu caminho um outro pai para seu filho e desse novo casamento a senhora gerou mais cinco filhos e construíram uma bela e grande família muito unida por sinal.

"Seu Lampião, só sei de uma coisa ou no céu ou no inferno, ainda temos uma conta para acertar."

Uziel Belfort
Pesquisador; Belém do São Francisco

A Autonomia de Belmonte Por:Valdir José Nogueira

Antonio Cassiano Pereira da Silva

Assumiu a Prefeitura Municipal de Belmonte na qualidade de Subprefeito em virtude da morte do seu antecessor. Era da Guarda Nacional, foi o Patriarca da “Autonomia Política” do Município de Belmonte, onde enquadrou o mesmo nos moldes republicanos. 
Filho do Capitão Cassiano Pereira da Silva com D. Generosa Pereira, foi proprietário das fazendas Olho d’Agua da Boa Vista e Baixio. Era casado com D. Soledade Neves. 
Sobre a Autonomia municipal , no dia 26 de junho de 1893 o Sr. Antônio Cassiano enviou ao governador de Pernambuco o seguinte ofício:
“Exmº Sr.
Tendo o Conselho deste município hoje deliberado e adaptado em sua organização o seu Regimento interno, Código de postura, orçamento de receita e despesa, feito a divisão do “limite” do município em dois distritos, regulamento da Guarda Municipal e regulamento da Instrução Pública, remeto a V. Excia. As referidas Leis as quais foram por mim promulgadas para o fim de ser considerado constituído este município e entrar imediatamente na administração dos serviços que lhe compete, e de sua autonomia dentro dos limites que lhe são traçados.
Saúde e Fraternidade"
Ao Exmº Sr. Dr.
Alexandre José Barbosa Lima
Digníssimo Governador deste Estado
Antônio Cassiano Pereira da Silva
Subprefeito em exercício pela morte do Prefeito.
No dia 23 de julho de 1893 houve no município de Belmonte, eleição para preenchimento da vaga de prefeito por morte do anterior. Foram eleitos:
Prefeito: Antônio Cassiano Pereira da Silva
Subprefeito: Cincinato Pereira da Silva
Secretário: Zacarias José dos Santos
Vice-Presidente do Conselho: Isidoro Pereira da Silva

Valdir José Nogueira

Espetacular ! Por:Betinho Numeriano

Ivanildo Silveira, Betinho Numeriano e Ana Gleide no Cariri Cangaço Floresta

Prezado Amigo Manoel Severo e família Cariri Cangaço, pense num evento que classifico como extraordinário - O Cariri Cangaço Floresta. Floresta só tem a agradecer, ter vivenciado naqueles três dias fatos da nossa história, da nossa gente - dos nossos bravos e incansáveis guerreiros. Tudo isso, devemos muito a você com sua capacidade de mobilizar , de envolver , de liderar. Grande Manoel Severo - somos; Floresta; muito gratos por esse grande momento que Floresta vivenciou. 

Ontem, dia 28, fez um mês daquela abertura espetacular na Câmara Municipal em Floresta; no dia seguinte; naquela Sexta Feira; foi a vez de Nazaré - que dentre tantos fatos marcantes durante todo o dia - cito a fala de Juliana Pereira; fazia parte da mesa de autoridades; na solenidade realizada no final da tarde no Clube, afirmando que: ..."se sentia emocionada e arrepiada por estar aqui em Nazaré - a Vila mais famosa do Brasil, do período do Cangaço, terra dos maiores perseguidores de Lampião".

No sábado, dia 27 de maio; visitas às Fazendas Poço do Ferro e Tapera e a noite na Câmara com as palestras de Leonardo, Denis e Geraldo Ferraz. Foi um dia todo riquíssimo. Aliás, ainda tivemos a manhã do domingo(31), aquele café da manhã no Hotel Floresta coroado com um forró pé de serra de primeiríssima qualidade, organizado pelo respeitadíssimo casal Ovídio e Dadá. Portanto, foi um evento de primeiríssima qualidade. Simplesmente espetacular.' Um grande abraço.

Betinho Numeriano
Professor e Historiador, membro do GFEC
Floresta-PE

Virgulino em Três Fases Por:Jorge Remígio

Narciso Dias, Netinho Flor e Jorge Remigio

Sobre o fracasso de Lampião em Mossoró, muitos atribuem àquele fato histórico, como a derrocada de suas atividades bandoleiras em uma primeira fase do seu cangaço. Se pudermos repartir o seu cangaço a título de delimitarmos duas fases com bastante especificidades, podemos usar Mossoró em 13 de junho de 1927, como um acontecimento meramente isolado do ponto de vista da política da repressão. Não estou invocando a resistência heroica de uma população sem apoio estatal, mas, procurando delimitar uma nova realidade na política de repressão que já mostrava sua eficácia. 

O banditismo rural vingou por muitos anos nos sertões de alguns estados do Nordeste, justamente pela omissão ou políticas ineficazes de combate aos bandoleiros. Quando o governador de Pernambuco Estácio Coimbra toma posse em dezembro de 1926, adota, juntamente com o seu Chefe de Polícia Eurico de Souza Leão, uma nova metodologia de combate ao cangaceirismo, celebrando e ampliando o pacto de cooperação entre os estados afetados pela praga do banditismo, como também adota uma série de atitudes administrativas que surtiram efeitos práticos, como: Alistar em massa pessoas que residiam no mesmo habitat dos cangaceiros, conhecedores daquela geografia inóspita, combate sistemático aos protetores de bandos de cangaceiros, principalmente ao de Lampião. 


Jorge Remígio, Paulo Cangaceiro e Marcos de Carmelita

A prisão; domiciliar em Recife; do Coronel Anjo da Gia, do fazendeiro Ascênio Gomes, do comerciante Ascendino Gomes de Oliveira, foi uma ação inédita até então. Os próprios correligionários políticos do então governador foram pressionados, já sinalizava uma nova realidade na política de repressão. 

O ataque à Mossoró foi exatamente a seis meses dessa nova política adotada pelo Estado de Pernambuco. Estado com o maior potencial econômico à época, mas, em contrapartida, com maiores problemas em decorrência do cangaceirismo. Já que se estabeleceram fases no cangaço de Lampião, considero três fases: Do seu início como chefe de bando, 1922, até o ataque à Mossoró-RN em junho de 1927. Do ataque frustrado até a sua saída de cena dos estados que até então aterrorizou, fugindo em estado lastimável para Bahia em agosto de 1928, fruto da política de repressão que deu certo. A terceira fase seria o seu “império” e derrocada após dez anos de terror nos estados da Bahia e Sergipe, incursionando pelas Alagoas e Agreste pernambucano. 

Voltando, Mossoró é um marco delimitador na ação política. Não um objeto transformador, com influência decisiva em toda conjuntura subsequente do cangaço de Lampião. Um dia ou dois, após o ataque à Mossoró, chega àquela cidade a Volante paraibana comandada pelo bravo Clementino Quelé, a mando do governador da Paraíba, João Suassuna. Depois veio a perseguição de volantes cearenses no encalço dos bandoleiros que fugiram desesperadamente pelo Vale do Jaguaribe tentando chegar ao Cariri, após o ataque à cidade potiguar. Volantes até então estáticas ou figurativas. Lampião também ficou surpreso. Não avisaram para ele que o pacto entre os estados já estava realmente funcionando eficazmente. O que escrevi é um ponto de vista, passível de críticas e correções. Abraço cangaceiro.

Jorge Remígio, pesquisador do GPEC
Conselheiro Cariri Cangaço
João Pessoa-Pb

Quem Tem Razão ? Por:Junior Almeida

Virgulino e Antônio Ferreira

Quem tem razão? Antônio Amaury ou Optato Gueiros? No final do mês de maio desse ano de 2106 estivemos em Floresta-Pernambuco, onde participamos do Cariri Cangaço. Na programação, além do lançamento do livro “As Cruzes do Cangaço”, de Marcos de Carmelita e Cristiano Ferraz, algumas palestras e visitas a locais com alguma relação ao cangaço, fizeram parte do evento. Além da lendária Nazaré do Pico, o grupo de escritores, pesquisadores, curiosos e anfitriões foi à Tapera dos Gilos, fazendas de Eloy Jurubeba, Jenipapo e Ema, além de Poço do Ferro do célebre Ângelo da Gia, hoje município de Ibimirim. Nessa última ouvimos o bisneto do famoso coiteiro e amigo de Lampião, Washington Gomes de Lima, dizer como se deu a morte de Antônio Ferreira, irmão de Lampião, na propriedade.


 Washington Lima e o relato da morte de Antônio Ferreira por ocasião da visita do Cariri Cangaço ao Poço do Ferro

A versão do povo do lugar, segundo o fazendeiro, é que Antônio Ferreira morreu de um “sucesso”, que é como os mais antigos se referem a uma morte por acidente. Washington mostrou o local em que a cabeça do cangaceiro ficou exposta, depois que uma força volante desenterrou o corpo do sicário famoso, alguns dias depois de sua morte, e seguiu com a “Família Cariri” para dois locais diferentes: primeiro o local em que está enterrado a cabeça de Antônio Ferreira e em seguida o local onde está o corpo, perto de um umbuzeiro onde segundo a história, o bandido teve a sua cabeça decepada. Na sepultura coberta por pedras, uma nova cruz foi colocada pelos pesquisadores paraibanos Narciso Dias, Jair Tavares e Jorge Remigio; que falou aos presentes, relatando que na época da morte de Antônio, um meninote da fazenda recebera do cangaceiro uma encomenda de uns peixes em troca de um bom trocado, e que quando soube da morte, lamentou apenas o negócio não concluído.
Cariri Cangaço na Cruz de Antônio Ferreira
O pesquisador Antônio Amaury corrobora com essa versão. Diz Amaury em seu texto: “Era começo de Janeiro de 1927. Antônio Ferreira, junto de Luiz Pedro, Jurema e um outro rapaz, estava acoitado pelo coronel Ângelo da Gia, na fazenda Poço do Ferro, e jogavam baralho. Luiz Pedro estava numa rede e Antônio em pé. Antônio estava perdendo muito no jogo, enquanto disse a Luiz:
-Luiz, você está sentado nesta rede há muito tempo! Agora deixe que eu me sente um pouco aí.
O rapaz segurando o cano do fuzil, ao apoiar-se para levantar, bateu com a coronha no chão. A arma, destravada, disparou a bala que atingiu Antônio em cheio. Este, antes de cair, só teve tempo de falar:
-Matou-me, Luiz.”

E continua o pesquisador paulista: “Lampião, que estava longe, ao receber a notícia, passou a noite na cavalgada para acertar-se do ocorrido na fazenda de seu amigo Ângelo. Perdera assim mais um irmão em sua história de cangaceiro, por um acidente estúpido. Ouviu e concordou com o parecer do próprio coronel sobre o acidente. Jararaca, um dos chefes cangaceiros, no entanto, propôs que todos os envolvidos pagassem com a vida, por não acreditar que se tratasse de um acidente. Ao saber que seria perdoado, Luiz fez um juramento a Lampião, que passou para a história.
-Seu capitão... O senhor poupou minha vida. Eu juro acompanhá-lo até o fim. No dia em que o senhor morrer, eu morro também!”
Será mesmo que a morte de Antônio Ferreira foi assim, como conta a versão oficial? Seria Virgulino assim tão justo e compreensivo ao ponto de deixar viver um homem responsável pela morte do seu irmão, mesmo que por acidente?

Cariri Cangaço na Fazenda de Anjo da Gia
Optato Gueiros tem outra versão para a morte do sicário, que relata em seu livro “Lampeão; Memórias de um Oficial ex Comandante de Forças Volantes”. Ele diz que:
“Foi em 1926 o tenente Higino, sargentos Manuel Neto e Arlindo Rocha achavam-se sob comando do major Téophanes Ferraz, deram na batida do grupo que havia perto de Vila Bela, seqüestrando viajantes, impondo-lhes pagamento de cinco contos pelo resgate, e como não dispusessem desse valor, foram conduzidos pelos bandoleiros. Manuel Neto e Arlindo faziam a vanguarda, tendo o comandante o tenente Higino, ordenando que se aproximassem uma légua da serra, fizessem alto, afim de serem acertados alguns planos para o ataque, pois já tinha previsto o que os aguardava naquele terrível boqueirão da Serra Grande. 


Os sargentos, porém, fizeram alto em local que já estavam ao alcance dos projéteis das armas dos cangaceiros, que em número de noventa e seis, ocuparam as posições mais estratégicas, desde os penhascos de cima às furnas e contrafortes da encosta até o pé da serra.

Nessa altura, o tenente Higino disse:
- Não deveriam ter parado mais, que os planos podemos concertar, já estando nós ao alcance das armas dos cangaceiros? Agora ‘come-los ou verte-los’, avancemos.
Meio minuto correu desses entendimentos, os bandidos abriram fogo.
Manuel Neto foi retirado do local onde caíra, com as duas pernas quebradas; e Arlindo Rocha, com um ferimento no queixo, com fratura exposta.
Carlos Alberto, José Tavares e Junior Almeida

A tropa, que era composta de duzentos e sessenta soldados, lutou até à noite com os inimigos que, além de inexpugnavelmente entrincheirados, davam constantemente ‘retaguardas’. 

A força teve dez mortos e mais de trinta feridos.” 
O trecho mais revelador do texto de Optato Gueiros, ele diz que:

“Antônio Ferreira ficou baleado e faleceu no Poço do Ferro, onde foi sepultado.

Dias depois fiz a exumação do cadáver, que foi identificado. Era o segundo irmão que Lampião perdia em combate. O bandido sentiu muito a morte de Antônio Ferreira, e desse dia em diante, não quis mais cortar o cabelo, tornando-se uso entre os cangaceiros, deixar crescer o cabelo, proporcionando-lhes um aspecto ainda mais repulsivo.”





Quem está com a razão ? Antônio Amaury, pesquisador sério e respeitado do Sudeste do país, ou Optato Gueiros, comandante volante que participou diretamente das ações contra o cangaço no Nordeste, mas que no mesmo livro cometeu o erro básico ao dizer que o ataque da horda lampiônica à Serrinha do Catimbau foi em 1936 e o comandante da resistência foi Antônio Caxeado, quando se sabe que o ataque foi em julho de 1935, e o homem que baleou Maria Bonita foi João Caxeado?

O dramaturgo grego Ésquilo, conhecido como pai da tragédia, disse que em uma guerra, a primeira vítima é a verdade. Tem razão. São muitas versões, muitas verdades e muitas mentiras. É de se pensar que não seria difícil Lampião decretar a versão da morte por acidente do seu irmão. Será que alguém do Poço do Ferro desobedeceria uma ordem de Virgulino? Não podia essa versão ser contada várias vezes até que virasse verdade, como recomendava o ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels? Quem tem razão, Amaury ou Optato?



Junior Almeida
Pesquisador e Escritor, Capoeiras-PE



Opinião...





Leonardo Ferraz Gominho, de Floresta

Leonardo Ferraz Gominho, pesquisador e escritor de Floresta:" Penso que se a versão do "sucesso" não fosse verdadeira, algum dia pelo menos uma das pessoas que presenciaram o fato abrira "o bico". Não é razoável que ninguém que ali estava jamais tenha afirmado que o cangaceiro chegou ali baleado. Por outro lado, não parece razoável Antônio Ferreira ter se deslocado da Serra Grande para a fazenda Poço do Ferro, a tão grande distância, para se cuidar. Encontraria com certeza outro coito, bem mais perto e seguro, para se tratar. Mas...."

Sálvio Siqueira do Oficio das Espingardas e o "bravo Mané Neto"

Sálvio Siqueria: "Meus amigos, os comandantes tinham que dizer alguma coisa para ver se "tapariam" a grande derrota sofrida na Batalha da Serra Grande. Foi, sem dúvida nenhuma, a maior derrota da corporação pernambucana para um bando de foras-da-lei de todos os tempos. Ocorreu, antes da batalha, o sequestro de duas pessoas, mas, uma, o funcionário da Souza Cruz, Benâncio Vieira, que andava com dinheiro, paga seu resgate e é mandado para Vila Bela, afim de arrecadar o valor do resgate da outra vítima, que era funcionário da multinacional Standart Oil, Pedro Paulo Mineiro Dias, que não levava consigo dinheiro algum. A quantia era muito alta, mas, o Vieira consegue arrecadar, com os comerciantes e amigos do local. 


Ele é pego e notam a quantia que levava. Isso chamou a atenção do comandante Teheófannes, que logo toma suas providências, reunindo o maior contingente possível naquele momento. Em pesquisas realizadas no local da batalha, os pesquisadores nos mostram que foram arqueadas proteções com pedras. Ali, naquela serra, foi premeditadamente planejado e preparado o terreno para aquele combate pelo "Rei dos Cangaceiros". Manoel Neto, quando baleado, sem poder retirar-se, teve a ajuda de um companheiro, um cabo, o qual foi salvo de uma das balas dos cangaceiros, quando a mesma atingi a rapadura que trazia em seu bornal, espatifando-a, que o retirou carregado nos ombros, e mesmo nessa incômoda posição, Mané Fumaça atira nos inimigos. 


O rastejador que estava próximo, também fora baleado, um pouco a frente, mas, não deu para ser salvo por algum dos companheiros. Esse ferido, sem poder mexer-se, é sangrado por Antônio Ferreira, o cangaceiro "Esperança". O sequestrado, Pedro Paulo Mineiro Dias, só depois da batalha é liberado, narra desde o princípio do conflito e, em nenhum dos seus depoimento e ou entrevistas, até agora visto por esse estudioso, cita esse ferimento em Antônio Ferreira. Depois dessa derrota, a Força Pública intensifica com maior ênfase a perseguição ao"Rei Vesgo". Inclusive, a revolta é tanta, que é decretada, em Precatória a prisão de João Ferreira que encontra-se, junto com seu irmão Eziquel e suas irmãs, em Juazeiro do Norte, CE. Depois que Antônio Ferreira é ferido, por acidente pela arma de Luiz Pedro, é enterrado nas terras da própria fazenda em que estavam acoitados. 



Aqui foi atingido Antonio Ferreira por "Sucesso" por Luiz Pedro

A volante comandada por Manoel Neto chega na dita fazenda Poço do Ferro, e ele ordena que desenterrem o corpo. Após ser desenterrado, e o corpo identificado, sua cabeça é decepada e colocada numa estaca do curral ao lado da casa da propriedade. Depois, a mesma é retirada da estaca e enterrada em local diferente de onde o restante do corpo ficou enterrado, porém, dentro dos limites do mesmo imóvel rural. Nós não seremos nem por um, nem por outro dos escritores acima, no tópico, citados pelo amigo Junior Almeida, apenas buscamos, nas pesquisas estudiosas, estarmos o mais próximo possível da verdade história. "


Geziel Moura, pesquisador radicado em Belém do Pará: "Tem momento na história do cangaço que me acosto a Emília do Sitio do Pica Pau Amarelo: "Verdade é uma espécie de mentira bem pregada, das que ninguém desconfia. Só isso". ( Memórias de Emília), para mim, qualquer episódio, da historiografia cangaceira, está em suspeição,mesmo aquela que tenho como "verdade verdadeira", e veja que o caso do falecimento, de Antonio Ferreira, não é pensada de modo diferente, apenas por Optato e Amaury, pois a morte por baleamento em serra Grande, é defendida, há muito, por Marilourdes Ferraz em sua obra "O canto do Acauã" (p.300 e 301), excelente obra sobre os nazarenos. Agora respondendo a sua pergunta: Nesta matéria, não sou de Amaury, nem de Optato e nem de Marilourdes, sou da Marquesa de Rabicó, é mais confortável e não corre-se riscos."


Geziel Moura ao lado de Felipe e Jorge Remígio

Chagas Nascimento, pesquisador de Mossoró, RN : "Uma notícia em um jornal pernambucano, para apimentar o debate. "JORNAL PEQUENO, 17 DE DEZEMBRO DE 1926. - COMBATE CONTRA O BANDITISMO. EM LUTA COM A POLÍCIA, NO MUNICÍPIO DE FLORESTA, MORRE O IRMÃO DE LAMPIÃO - O governador do Estado tem informações seguras, de fonte digna de fé, de que em luta travada com a polícia, no município de Floresta, foi morto o bandido Antonio Ferreira, irmão de Lampião, e segundo opinião geral, mais temível que este." Fonte de pesquisa: PERNAMBUCO NO TEMPO DO CANGAÇO - Autor: Geraldo Ferraz. Será que houve premonição do jornal, para os fatos que iriam ocorrer no início de janeiro de 1927?"


De todas as versões que já escreveram sobre a morte de Antonio Ferreira, eu acredito mais na versão que ele foi baleado em combate, no município de Floresta em dezembro de 1926. Talvez o tenham levado ferido para a fazenda Poço do Ferro, e lá, não resistindo aos ferimentos, faleceu. No início de janeiro de 1927, Lampião estava refugiado no sul do Ceará. Acho muito improvável, o capitão se encontrar tão distante de seus principais homens de confiança. É o que penso, respeitando a opinião dos contrários.


Antônio Ferreira, o primeiro à nossa esquerda, em foto de 1926 em Juazeiro do Norte

Jorge Remígio, Conselheiro Cariri Cangaço: "Eu entendo que um fato com tamanha importância para a história do cangaço, como fôra a batalha da Serra Grande em 26 de novembro de 1926 e ainda aliada a outro fato de muita importância também, além de carregado de questionamentos e dúvidas, qual seja, o objeto em discussão, a morte de Antônio Ferreira, seja relatado em uma página de um livro. Qual o respaldo de informações precisas Optato tem? Para mim, nenhuma. Lacônico, não estava na Batalha da Serra Grande e ainda propaga informações erradas. O Major Teóphanes Torres não comandou ação nenhuma. Ele encontrava-se na cidade de Floresta no momento do grande combate. Ele diz que exumou o corpo de Antônio na Fazenda de Anjo da Gia . Será que foi ele? O livro Lampeão, de Optato Gueiros tem erros crassos. Todo livro tem lá sua importância, mas com a quantidade de informações que temos na atualidade, não fica muito difícil identificar falhas de escritores que publicaram há várias décadas passadas."


Cel. Anjo da Gia

José João Sousa:"Segundo o escritor João Gomes de Lira, após a morte de Antônio Ferreira e, temendo a chegada de Lampião, Luiz Pedro retirou-se com os companheiros Moitinha e Jurity. Continua o ex-volante, que foi informado por José Cordeiro de Siqueira e Silvino Cordeiro de Siqueira, sobrinhos do cangaceiro Luiz Pedro, (Silvino Cordeiro de Siqueira foi Vereador em Serra Talhada por diversas legislaturas), que após o sucesso (a morte acidental), Luiz Pedro abandonou o grupo no Poço do Ferro, viajando para a região de São Caetano do Navio, dali seguindo para os lugares São Gonçalo e Riachão no município de Flores. 

Em seguida para um lugar por nome de Campos, também no município de Flores. Finalmente, Luiz Pedro com os dois companheiros seguiram para casa de um coiteiro José Freire, no lugar Carrapato, onde se ocultou em uma serra. Dias depois, Luiz Pedro avistou dois homens que vinham em sua direção. De longe reconheceu ser Lampião e o coiteiro Luiz Cândido. Embora temeroso, Luiz Pedro disse para os companheiros: É Lampião que vem acolá. Se eu o avistasse com o bando, respeitava, mas só, um homem é para outro. No encontro Lampião falou para Luiz Pedro não abandonar o grupo, pois tinha vindo buscá-lo. Quanto à morte do irmão estava ciente de tudo, tinha sido mesmo um sucesso (uma morte acidental)"

Fonte:Oficio das Espingardas, Facebook

Denúncia ! Por: Kydelmir Dantas


E por falar em Direitos Autorais , com a palavra os conhecedores: Também temos esse 'problema' na Literatura de Cordel. Com o advento da internet, alguns 'poetas cordelistas' estão fazendo "ctrl C-ctrl V", mudando os títulos e publicando como se "seu" fosse. Não é de hoje que um jovem poeta do Cariri cearense - João Peron - está multiplicando cordéis com o tema Cangaço, sem a autorização dos seus autores - Cocriz, Antonio Francisco e Kydelmir Dantas - que são de Mossoró... Copiando aos milhares e vendendo nas feiras populares de outros estados, menos do Rio Grande do Norte. 

Recebemos cópias de exemplares, através de amigos, adquiridos nas Feiras de Caruaru-PE, Salvador-BA, São Luís-MA e tivemos conhecimento destes em outros locais. Através da editora Queima-Bucha, do Gustavo Luz, sediada em Mossoró, encaminhamos carta protesto ao vendedor de cordéis o mesmo sequer teve a hombridade de respondê-la... Mas continua com a cara-de-pau d'um golpista que teima em copiar e vender ao seu bel-prazer. Pedimos que compartilhem entre os cordelistas, poetas e defensores de uma cultura ora tipicamente nordestina. E em respeito aos verdadeiros autores. Saudações cordelísticas.

Kydelmir Dantas
Conselheiro Cariri Cangaço
Cordelista - Mossoró , RN

Cariri Cangaço e Muitas Emoções Por:Camilo Lemos


As grandes emoções o destino sempre arranja um jeito para fazer surpresa. Ao pisar no chão de Nazaré do Pico durante o Cariri Cangaço 2016, senti o sangue correndo apressado nas veias. Meu corpo avisava o que parecia um retorno. Nunca fui a Nazaré, mas já havia estado ali. Conheci e entrei na casa do tenente João Gomes de Lira. Caminhei pelas ruas de Nazaré ao seu lado. Foi Aderbal quem me apresentou a esses personagens históricos, não esquecer seu Neco de Pautilha, do qual sou fã. Ao ver um senhor caminhando por um instante, eu estava vendo o tenente João Gomes de Lira, o mesmo caminhar. Dei bom dia aquele senhor e perguntei se ele era da família do tenente. Respondeu-me com o mesmo jeito calmo e educado de falar do homem que conheci pelos vídeos – Sim, sou filho – Eu estava falando com o senhor Rubelvan Lira, cópia no andar e no falar do famoso tenente João Gomes de lira. Disse a ele: conheci seu pai, quem me apresentou foi Aderbal.

 Camilo Lemos no Cariri Cangaço Floresta 2016

Um sentimento indescritível me tomou naquele momento. Pisar no chão da história, conhecer o povo daquele lugar do mesmo sangue dos afamados perseguidores de Lampião, os Nazarenos. Sem sombra de dúvida um povo bravo.  A máquina que eu estava usando parou de funcionar e fui tirar dúvida com Aderbal, que tenho como pessoa de maior importância para minha pesquisa, pouco tempo depois, ele bate no meu ombro e diz: vamos comigo no meu carro? 

Apressei-me e fui chamar professor Múcio Procópio, o qual também tenho um grande apreço, tanto pelo ser humano, quanto pelo pesquisador. De repente, o destino havia reunido os meus ídolos no quesito Cangaço, Canudos e Nordeste. Conheci a voz, o gesto, os personagens, as histórias pelas gravações de Aderbal. Cheguei ao ponto de decorar todas as falas. O mesmo aconteceu com o documentário “Os Últimos Cangaceiros” que conta parte da extraordinária história de vida dos ex-cangaceiros Morena e Durvinha, pais de Neli. 

Camilo Lemos e Múcio Procópio

Trabalho este, fundamental para minha entrada no mundo da pesquisa. O coração disparou quando Aderbal disse: a Neli vai com a gente. Esses minutos dentro do carro foram sem dúvidas momentos de sonhos, jamais imaginei tal encontro, o destino me dando um presente para a vida toda. Ouvidos atentos a todas as falas, olhos mirando a paisagem, histórias e fatos vão sendo revelados, enquanto a Caatinga nos revelava um palco histórico. Aderbal, o motorista pede: Neli conte a Rebeka Lúcio como você descobriu a história dos seus pais. 

A partir daí, todo um filme passa na minha cabeça, enquanto outro filme começava e desta vez eu fazendo parte. Eu estava vivendo um sonho e sentindo uma das maiores emoções da minha vida. Tão perto da filha dos cangaceiros que eu tanto quis conhecer. Quando se vive isso, você renasce para viver de novo. Um filme novo agora é a minha vida. Obrigado Aderbal e Neli. Por testemunhas professor Múcio Procópio e Rebeka Lúcio.

Camilo Lemos, Natal-RN