Virgulino e seu bando, por Benjamim Abraão
Conflitos de vizinhos eram corriqueiros. O cangaço era um atrativo para quem tinha um viés, uma propulsão para o crime ou um interesse "comercial" naquela atividade bandoleira. Virgulino e os irmãos Antônio e Livino sempre foram problemáticos. Claro que tiveram desafetos problemáticos. Porém, nunca foram "empurrados" para o crime. A não ser, pela própria genitora.
Vejam bem; de uns trinta anos para cá, é pouco tempo, o estudo do cangaço evoluiu em outra perspectiva, que foi aprofundar-se na crítica e centrar à pesquisa privilegiando mais os documentos do que exclusivamente a oralidade. Claro que a pesquisa oral é importantíssima, uma vez que haja compromisso com o método.
Em trabalhos sérios, determinados, criteriosos, não se identifica uma única bondade por parte de Lampião em dezoito anos de cangaço. A área que privilegia o mito, a fantasia, o folclore, foi construída desde os anos vinte e absorvida pela população rural nos Sertões nordestinos. O estudo do cangaço hoje é debatido em seminários e tema de mestrados e teses acadêmicas. Claro que se deve saber que Sinhô convidou Lampião para acompanhá-lo até a atual Dianópolis. Ele recusou porque adorava a vida bandida e era a grande oportunidade que caia ao seus pés ou mãos, a chefia de um bando, até então de cangaço de vingança que automaticamente passou a ser um Cangaço Meio de Vida, de Negócio, no dizer de Frederico Pernambucano de Melo.
Mesma ideia teve, quando em entrevista em 1926, questionado se não desejava abandonar àquela vida, respondeu que estava muito bem nela e que não cogitava sair de suas atividades. Outro porém. Lampião nunca quis vingar-se dos seus inimigos declarados. José Alves Sobrinho (Zé Saturnino) e o Tenente José Lucena de Albuquerque Maranhão. Apesar de viver falando deles.
Jorge Remígio
Pesquisador, membro do GPEC
Conselheiro Cariri Cangaço
Em trabalhos sérios, determinados, criteriosos, não se identifica uma única bondade por parte de Lampião em dezoito anos de cangaço. A área que privilegia o mito, a fantasia, o folclore, foi construída desde os anos vinte e absorvida pela população rural nos Sertões nordestinos. O estudo do cangaço hoje é debatido em seminários e tema de mestrados e teses acadêmicas. Claro que se deve saber que Sinhô convidou Lampião para acompanhá-lo até a atual Dianópolis. Ele recusou porque adorava a vida bandida e era a grande oportunidade que caia ao seus pés ou mãos, a chefia de um bando, até então de cangaço de vingança que automaticamente passou a ser um Cangaço Meio de Vida, de Negócio, no dizer de Frederico Pernambucano de Melo.
Louro Teles, Heldemar Garcia, Jorge Remígio, Narciso Dias e Jair Tavares em visita do Cariri Cangaço ao Sítio Passagem das Pedras
Jorge Remígio
Pesquisador, membro do GPEC
Conselheiro Cariri Cangaço
Boa Remigio! Acho que o depoimento do próprio cangaceiro sempre foi desprezado pelos pesquisadores que valorizam teses complexas para explicar um fenômeno simples. Ele era um líder do crime organizado e ponto final. Tentam transformar Lampião num revolucionário.
ResponderExcluirQuem acredita que Lampião tinha algum objetivo além de enriquecer com o crime, precisa acreditar que o Cego foi incapaz, durante 20 anos, de completar sua vingança contra Saturnino e Lucena. Ou você acredita que ele usava a vingança como desculpa para roubar, ou acredita que foi incapaz de se vingar. Das duas, uma.
Esse país continua uma fábrica de líderes fajutos.
C Eduardo