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O Cariri Cangaço e o Movimento Armorial Por:Manoel Belarmino

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Foi com imensa felicidade que recebi a notícia, através do curador do Cariri Cangaço Manoel Severo Barbosa, que uma das edições do Cariri Cangaço em 2018 será na cidade de São José do Belmonte, em Pernambuco. No chão sagrado da Pedra do Reino. Sou cordelista e loucamente apaixonado pelo Movimento Armorial.
E o que é o Movimento Armorial? Este movimento surgiu sob a inspiração e direção de Ariano Suassuna, com a colaboração de um grupo de artistas e escritores do Nordeste e contou com apoio da Universidade Federal de Pernambuco. Teve início no âmbito universitário, mas ganhou apoio oficial da Prefeitura do Recife e da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco.
O Movimento Armorial nasceu oficialmente, no Recife, no dia 18 de outubro de 1970, com a realização de um concerto e uma exposição de artes plásticas realizadas no Pátio de São Pedro, no centro da cidade do Recife.
O principal objetivo do Movimento Armorial foi a valorização da Cultura Popular Nordestina, pretendendo realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares da cultura do País. Segundo Suassuna, sendo "armorial" o conjunto de insígnias, brasões, estandartes e bandeiras de um povo, a heráldica é uma arte muito mais popular do que qualquer coisa. Desse modo o nome adotado significou o desejo de ligação com essas heráldicas raízes culturais brasileiras. Surgiu aí a Arte Armorial Brasileira tendo como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos "folhetos" da Literatura de Cordel, com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha suas cantigas, e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares das raízes do povo nordestino.
O Movimento Armorial interessou-se pela pintura, música, literatura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, arquitetura, teatro, gravura e cinema.

Manoel Severo, João de Sousa Lima e Manoel Belarmino

Uma grande importância é dada aos folhetos da Literatura de Cordel, por achar que neles se encontra a fonte de uma arte e uma literatura que expressa as aspirações e o espírito do povo brasileiro, além de reunir três formas de arte: as narrativas de sua poesia, a xilogravura, que ilustra suas capas — da qual o principal representante no movimento é o artista Gilvan Samico — e a música, através do canto dos seus versos, acompanhada muitas das vezes por viola ou rabeca.
Os espetáculos populares do Nordeste, encenados ao ar livre, com personagens míticas, cantos, roupagens principescas feitas a partir de farrapos, músicas, animais misteriosos como o boi e o cavalo-marinho do bumba-meu-boi, são também importantes para o Movimento Armorial. O mamulengo ou teatro de bonecos nordestino também é uma fonte de inspiração para o Movimento, que procura além da dramaturgia, um jeito nordestino de encenação e representação.
O Movimento Armorial congrega nomes importantes da cultura nordestina, além do próprio Ariano Suassuna, Guerra-Peixe, Antonio Madureira, Francisco Brennand, Raimundo Carrero, Gilvan Samico, Géber Accioly entre outros, além de grupos como o Balé Armorial do Nordeste, a Orquestra Armorial de Câmara, a Orquestra Romançal e o Quinteto Armorial.


Aí vem o mestre Manoel Severo e traz uma noticia dessa! Noticia no seu blog que o Cariri Cangaço será na São José do Belmonte. E que certamente essa Edição terá como tema principal o Cangaço e a Arte Armorial. Já estou contando os dias para mergulhar num mundo de encantamento armorial, da Pedra do Reino e da história nordestina. Somente o Cariri Cangaço pode nos proporcionar tamanha oportunidade para conhecermos melhor e com mais profundidade a nossa cultura nordestina. Em 2018 será duplamente emocionante o Cariri Cangaço. De Poço Redondo e Serra Negra ao chão sagrado armorial da Pedra do Reino de São José do Belmonte.

Manoel Belarmino,
Pesquisador, Cordelista
Poço Redondo, Sergipe

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