Sebastião Nunes Batista
ANTOLOGIA DA LITERATURA DE CORDEL, de Sebastião Nunes Batista, Natal-RN: Fundação José Augusto, 1977, 419 páginas. O pesquisador Sebastião Nunes Batista (1925-1982) veio de uma família de poetas, pois, era filho do cordelista, livreiro e editor Francisco das Chagas Batista (1882-1930) e Hugolina Nunes da Costa (1888-1965), filha do famoso cantador da Vila do Teixeira: Ugolino Nunes da Costa (1832-1895), ou seja, vem da tradição da Escola dessa Toponímia de poetas.
Era sobrinho do cantador e cordelista Antônio Batista Guedes (1880-1918) e do poeta Manoel Sabino Batista (1868-1899), ou melhor, um dos fundadores do movimento literário cearense, de 1892, conhecido como Padaria Espiritual, que, tinha o jornal de nome O Pão. Aquela confraria era formada por Adolfo Caminha, Antônio Sales, Rodolfo Teófilo, e, além de Outros. O padeiro Sabino Batista utilizava o cognome de Sátiro Alegrete no tal movimento.
E irmão do famoso cordelista Paulo Nunes Batista (1924-2019) e de Maria das Dores Batista Pimentel, que, utilizava o pseudônimo de Altino Alagoano na autoria de seus cordéis. Foi bastante influenciado pela tradição, convivência e legado poético familiar, pois, esses fatores contribuíram para inseri-lo na poesia, não como cantador e muito menos como cordelista, mas, como grande pesquisador do cordel. Realizou muitas pesquisas da teoria, do resgate de verdadeiros autores de folhetos e da história do cordel, que, foram publicados em forma de artigos e livros.
De sua lavra, entre outras obras, destacaram-se: Primeiro, publicou pela Biblioteca Nacional, em 1971, a excelente BIBLIOGRAFIA PRÉVIA DE LEANDRO GOMES DE BARROS (1865-1918). Em 1921, a viúva do Pai do Cordel Brasileiro vendeu o espólio a João Martins de Athayde, entretanto, ao longo dos anos, João Martins e José Bernardo passaram de editor proprietário para "editor autor", como era estampado nas capas dos folhetos. Então, o grande objetivo desse Livro foi reaver e devolver a Leandro Gomes de Barros a devida autoria.
Segundo, em 1977, pela Fundação José Augusto, do Governo do Rio Grande do Norte, a ANTOLOGIA DA LITERATURA DE CORDEL, a qual, terá maiores detalhes, abaixo. Terceiro, em 1982, publicou pela Fundação Casa de Rui Barbosa, a POÉTICA POPULAR DO NORDESTE, que, trata da forma e da modalidade da poesia oral e escrita. Fazia parte de uma equipe de pesquisadores da Fundação Casa de Rui Barbosa, na qual, existiu um projeto que se chamava de Literatura Popular em Verso, onde, foram publicados catálogos, estudos e antologias.
A lista de cordelistas inseridos no livro ANTOLOGIA DA LITERATURA DE CORDEL, de Sebastião Nunes Batista...
Em janeiro de 1982, proferia uma palestra em Laranjeiras-SE, repentinamente, foi acometido de um ataque cardíaco e veio a falecer. Quanto à Obra, em voga, o prefácio é de autoria de Manuel Diégues Júnior (1912-1991), pesquisador do folclore e pertencia aos quadros da Fundação Casa Rui Barbosa, pois, ao longo do texto referiu-se à poesia oral e escrita. Destacou a influência portuguesa, a peleja na cantoria e no cordel, a classificação de temas em ciclos e a importância cultural do cordel no Nordeste. Aliás, o prefaciador já tinha publicado um alentado artigo, nomeado de CICLOS TEMÁTICOS NA LITERATURA DE CORDEL.
A nota preliminar, do Autor, começou afirmando a similaridade entre a literatura de cordel e o romanceiro popular do Nordeste. No fluxo do texto fez alusão ao romanceiro estudado pelo escritor José de Alencar, aos cantadores da Vila do Teixeira e ao cordelista Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Vale salientar, que, tanto o Prefaciador como o Autor adota o estudo da literatura de cordel com o viés folclórico e não como gênero literário. A Antologia é formada de 44 cordelistas, em ordem alfabética, visto que, começa com Abraão Bezerra Batista e termina com Silvino Pirauá de Lima.
De cada poeta, descreveu os dados biográficos e escolheu somente um cordel já publicado em forma de folheto, pois, reproduziu a capa da edição. É bom lembrar, que, para esse Livro, foi utilizado um conjunto de fontes: livros, artigos, jornais, revistas, cordéis e depoimentos.
Carlos Alberto Silva
Até aquele momento, um cordel ainda pouco conhecido, foi inserido e chamava-se de A GUERRA DE CANUDOS. De acordo com o pesquisador da Guerra de Canudos e de Antônio Conselheiro: o sergipano, mas, radicado na Bahia, José Calasans Brandão da Silva (1915-2001), encontrou, um exemplar, na Biblioteca da Faculdade de Filosofia, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), esse cordel, sem autoria, sem data, sem local de publicação e com 16 páginas. Comparou o conteúdo com os dados do cordelista e cantador João Melquíades Ferreira da Silva (1869-1933), contemplado no Livro CANTADORES E POETAS POPULARES, de Francisco das Chagas Batista (1882-1930), e, chegou à conclusão, que, só poderia ser de autoria do Cantor da Borborema, porque, também foi combatente na citada Guerra. Então, o Professor produziu um texto e publicou, em forma de artigo, na Revista Brasileira de Folclore.
O livro ANTOLOGIA DA LITERATURA DE CORDEL, de Sebastião Nunes Batista, teve uma tiragem de 20.000 exemplares. Foi notícia no Jornal Diário de Natal, na edição do dia 29/09/1977, informando, que, no dia 10/10/1977, na Academia Norte-Riograndense de Letras seria lançado e com a presença do Autor. De fato, no dia do lançamento, foi entrevistado na Rádio Poti e na redação do Jornal.
REFERÊNCIAS:
-BATISTA, Francisco das Chagas. CANTADORES E POETAS POPULARES. 2ª Edição. João Pessoa-PB, Governo do Estado da Paraíba, 1997, 233 páginas (Biblioteca Paraibana, Volume XXI).
-BATISTA, Sebastião Nunes. ANTOLOGIA DA LITERATURA DE CORDEL. Natal-RN: Fundação José Augusto, 1977, 419 páginas.
-SILVA, José Calasans Brandão da. A GUERRA DE CANUDOS. Através da Revista Brasileira de Folclore, Ano VI, Nº 14, 1966, páginas 53-64.
Carlos Alberto Silva, pesquisado do Cariri Cangaço
Natal, Rio Grande do Norte