Em 1928, há 92 anos, foi aberto inquérito para apurar os acontecimentos que tiveram lugar em 20 de outubro de 1922, no Município de Belmonte. Em 7 de outubro de 1929, era publicada no Diário Oficial do Estado de Pernambuco a sentença de pronúncia proferida nos autos do Processo Criminal daquele trágico acontecimento que resultou, entre outros, na morte do coronel LUIZ GONZAGA GOMES FERRAZ, diante do Promotor Público de Olinda, em comissão no Município de Belmonte: Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto), Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), José Terto (Cajueiro), Antônio Cornélio, José Bizarria, José Teotônio da Silva (José Preto), João Porfírio, Feliciano de Barros, Antônio Padre (irmão de Luiz Padre), Pedro José Clemente (Pedro Cabôclo), Francisco José (Vereda), Tiburtino Inácio (filho do major José Inácio do Barro – CE), Antônio Moxotó, José Dedé (Baliza), Meia Noite, José Ovídio, Papagaio, José de Tal (Caneco), Miguel Cosmo, Raimundo Soares do “Barro”, Antônio Ferreira da Silva, Livino Ferreira da Silva, José de Tal (Caboré), Cícero Costa, Terto Barbosa, José Benedito, Manoel Barbosa, Olímpio Benedito ( Olímpio Severino Rodrigues do Nascimento), Francisco Barbosa, Dé Araújo, José Flor (Manjarra), Antônio Caboclo (Pente Fino), Laurindo Soares (Fiapo), Manoel Benedito, Antônio Pereira da Silva (Toinho da Cachoeira), João Cesário (Coqueiro), Sebastião de Tal (Sebasto), Manoel Saturnino, Beija Flor, Pilão, Lino José da Rocha. Quanto aos outros indivíduos que tomaram parte no ataque, ignora-se ao certo o nome ou sinais característicos de cada um.
Além do coronel Gonzaga cujo assassínio era o fito principal do ataque, a ação dos criminosos vitimou ainda o soldado Heleno Tavares de Freitas, que caiu em poder dos bandidos quando acudia a chamada para a defesa; o velho Joaquim Gomes de Lira (Joaquim Padeiro); e João Gomes de Sá, que foi saqueado e ferido. Da parte dos atacantes, morreram o famoso Baliza e Antônio da Cachoeira (este, após o tiroteio, faleceu de parada cardíaca), e entre os inúmeros feridos estavam Zé Bizarria, Cícero Costa e o próprio Ioiô Maroto, que ficara aquartelado na casa do velho Quintino Guimarães.
Jose Valdir Nogueira, pesquisador e escritor; Conselheiro Cariri Cangaço - São José de Belmonte, Pernambuco.
Adendo por Jorge Remigio: "Amigo Valdir, esse inquérito deve ser o judicial. Me corrija se não for. Lendo o livro de Marcos Edíson de Araújo Clemente, pag. 212, 213, ele afirma que em relatório enviado pelo Delegado Especial Francisco Menezes Melo, de Vila Bela ao chefe de Polícia, Eurico de Souza Leão, em fevereiro de 1927, o qual relata as condições deploráveis em que se encontra a Delegacia daquela cidade. É bom referendar que Vila Bela ficava no epicentro dos movimentos de combate ao banditismo rural. O Batalhão já estava sediado em Floresta, mas é inegável a importância de Vila Bela. O Delegado afirma em relatório que encontrou alguns papéis sem importância, alguns depoimentos soltos e só dois documentos de importância. Um era o Inquérito Policial sobre o evento de Belmonte que vitimou o comerciante Luiz Gonzaga Ferraz. Esse inquérito foi instaurado mas ficou parado, engavetado. No caso, sem investigações. Em 1928 é instaurado um Inquérito Judicial, creio que devido toda essa desqualificação e prevaricação da burocracia policial da época. É um fato a ser investigado pelos estudiosos do tema, até porque a vítima tinha alta projeção na sociedade, era uma pessoa rica, no entanto, não houve o interesse do Estado na consumação das investigações do caso. Na esfera política, a família Pereira estava na oposição. Não tinha força para intervir no inquérito. Estácio Coimbra criou dez Delegacias Especiais no estado. Esse relatório dar uma noção de como a máquina burocrática do estado era frágil nas cidades do sertão onde o crime de banditismo rural imperava."
Jorge Remígio , Conselheiro Cariri Cangaço.