Kydelmir Seguiu a Receita de seu Luiz Gonzaga Por: Gilmar Teixeira

Nerizângela e Kydelmir Dantas

No sertão, há sujeitos que não precisam de sobrenome: bastam o jeito, a poesia e o rastro que deixam por onde passam. Kydelmir é um desses. No linguajar matuto, diriam que é "um cabra bom", e isso já seria elogio dos grandes. Mas quem conhece sabe: Kydelmir é muito mais. É guardião da cultura nordestina, desses que carregam a alma cheia de sanfona, repente e cordel. Não é só poeta. É mestre. Ensina o que sabe como quem partilha água em tempos de seca. Cordel pra ele não é papel com rima: é ferramenta de encantamento, é ponte entre o ontem e o amanhã. Onde tiver menino querendo aprender ou adulto querendo se lembrar do que esqueceu, lá está Kydelmir, com um sorriso nos olhos e um livrinho na mão.

E se o assunto é Cariri Cangaço, esse festival que junta memória e resistência nordestina, ele é presença certa. Não importa se é no Ceará, na Paraíba, na Bahia ou no fim do mundo — lá está ele, firme como mandacaru no lajedo, sempre ao lado da esposa, que é fã de carteirinha de Luiz Gonzaga. Falando no Rei do Baião, foi dele a receita que Kydelmir adotou com gosto: “Cavalo veio gosta de capim novo.” E é assim que ele anda: com alma de menino, brilho nos olhos e um passo leve, como quem descobriu que envelhecer é só um detalhe de fora pra dentro. Por dentro, Kydelmir ainda escuta, A volta da Asa Branca, de Zé Dantas e Luiz Gonzaga, com o mesmo arrepio da primeira vez.

Eu mesmo, lá de Feira de Santana, peguei essa receita emprestada. E não é que tem dado certo? A gente se alimenta de juventude quando se cerca de arte, de verso, de amizade boa. E nos próximos Cariris da vida, espero de novo cruzar com esse poeta de Nova Floresta — terra de sol, carne de sol e de um sujeito que é, por si só, sol em dia de festa.

Que venha Kydelmir, com suas rimas e causos, pra mais uma roda de conversa, cantoria e abraço. Porque certos encontros, como o cheiro de terra molhada, a gente nunca esquece.

Gilmar Teixeira, Conselheiro Cariri Cangaço

Feira de Santana, BA

2 comentários:

Kydelmir Dantas disse...

Após esta demonstração de apreço, por parte do Gilmar, gratidão é a palavra que usamos para saudá-lo.
Abraços meu irmão do Cariri Cangaço.
KD

Anônimo disse...

Merecidíssima homenagem!
O Prof. Kildemir é um daqueles que iluminam o ambiente onde estão!👏👏👏