O Pequeno Grande Cangaceiro Pedro Por:Manoel Severo

Pedro Popoff e Carla Motta

Este universo do Cangaço é realmente surpreendente; esse fenômeno que marcou o povo do sertão por décadas, encanta e gera curiosidade não só aos apaixonados por história ou apenas aos que moram por estas bandas do Brasil, mas desperta as mais impressionantes emoções nos mais inesperados lugares do planeta.

Pois é, gostaria de apresentar aos muitos amigos da família Cariri Cangaço, mais um desses extraordinários apaixonados pelo sertão e cangaço: Pedro Motta Popoff. Calma... Não se trata de um conhecido pesquisador, escritor, acadêmico... Trata-se de um ilustre morador da cidade Bauru em São Paulo que dos alto de seus 8 anos, isso mesmo: 8 anos de idade descobriu ser mais um verdadeiro fã da história e das coisas do nordeste, do sertão, Gonzaga e Lampião; como pode ? Bem, veja você mesmo no depoimento de sua mãe, Carla Motta:


Pedro Popoff e a paixão por Gonzaga


"Sr. Manoel Severo , meu nome é  Carla Motta, mãe de um menino de 8 anos, Pedro Motta Popoff, moramos em Bauru , interior de São Paulo. Pedro desde os 2 anos é apaixonado pelo campo, e coisas da roça e sertão.
Seu gosto musical é estranho para nós , somos de uma geração totalmente Rock, rsrs, mas o garoto parece ter vindo com este “ gosto” que é bem diferente das referências culturais e familiares. Fomos ao Nordeste quando Pedro era bebê....e depois se mostrou um apaixonado por Lampião, Luiz Gonzaga e Cangaço. Seria uma imensa honra para nós ter a sua visita ao Blog:

pedromottapopoff.blogspot.com.br

Um canal que ele nos pediu e que aos poucos vamos “postar” seus causos, vídeos e desenhos 
Muito obrigada pela atenção"
Carla Motta.


Querido Pedrinho, dessa forma deixo você muito a vontade, desate o nó das alpercatas, coloque o gibão de lado, acomode o matulão e se abanque, seja bem vindo a família Cariri Cangaço !!!

Fotos: Portal G1

Manoel Severo
cariri Cangaço

NEC Convida para Centenário de Dadá


A incrível história de Zé Pedro Por:Ramon Batista

Serra de Nazarezinho vista a partir da casa de Chico Pereira no Jacu

Zé Pedro tinha como rotina subir a serra pelo menos duas vezes por semana ou mais para ver umas cinco cabeças de gado que tinha por lá, e também para pegar ervas, raspas de arvores e raízes de plantas para fazer lambedores e cozimentos. Além de rezador forte era também curandeiro, sabia remédios pra tudo. Certo dia decidiu subir a serra para pegar umas cascas de Jatobá, quando chegou ao pé da serra ouviu gritos de socorro, foi na direção dos gritos e chegando lá viu um homem deitado no chão gravemente ferido com uma das pernas sangrando muito. 

Ele perguntou quem era o homem porque nunca o tinha visto por essas bandas e o homem respondeu que era caçador das bandas de São Gonçalo, e tava em cima da pedreira caçando mocó quando tinha escorregado, pediu que o ajudasse e pelo amor de Deus não o deixasse ali. Zé Pedro falou que era homem velho já sem forças e não podia descer com ele de cima da serra e também o homem não suportaria a descida, mas perto dali ele conhecia uma furna e botaria o mesmo lá. 


Ramon Batista

Falou para o homem que viria rezar no mesmo todos os dias ate que ele pudesse descer a serra iria também fazer uns cozimentos para ele passar nos ferimentos, assim foi feito ele levou o homem para a tal furna chegando lá, ele tirou do bornal umas bolachas deu ao homem junto com sua cabaça d'água, rezou no mesmo e foi para casa. No outro dia assim ele fez acordou cedo, tirou o leite de duas vacas magras que tinha e foi subir a serra, chegando à furna lavou o ferimento do homem com cozimento de ameixa do mato, rezou no mesmo... 

Ele não faz perguntas e o homem pouco fala com ele também, tirou do bornal umas bolachas e um pedaço de carne, encheu a cabaça d'água novamente, e voltou para casa antes do sol esquentar. Ele fez essa rotina por quase um mês, todos os dias tinha como obrigação subir a serra para curar o homem. No décimo sexto dia, quando subiu a serra teve um susto ao ver que o homem não estava mais na furna.

Voltou para casa, passando-se três dias, acordou cedo para ir ate um pé de cajueiro, para catar umas castanhas, chegando ao pé de cajueiro foi alvejado por uma bala de rifle vinda do homem do qual ele havia cuidado e curado durante quase um mês. O homem tinha reparado que no bornal em que o curandeiro trazia os remédios e os alimentos para ele havia também muitas moedas de ouro. O homem ferido era na verdade um cangaceiro que tinha se perdido na serra após trocar tiros com uma volante da cidade de Sousa.

Ramon Batista, cineasta, pesquisador - Nazarezinho - Pb 

A Mulher no Cangaço Por: Globo Reporter

Inacinha, companheira de Gato

Um dos momentos mais intrigantes do ciclo do cangaço, notadamente na era lampiônica foi sem dúvidas a entrada e a presença das mulheres no bando a partir da chegada de Maria Bonita para ser a companheiro de Virgulino Ferreira. A partir do vídeo abaixo, apresentado pelo Globo Reporter da TV Globo ainda em 1976, teremos a oportunidade de conhecer mais de perto essa história.



Dados técnicos do documentário:
Fonte: Canal do Youtube de alencar2

Créditos para Paulo Davi Alcântara
Lampião Aceso do amigo Kiko Monteiro

A Pedra de Delmiro

Fabrica da Pedra

Construída por Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, A Cia. Agro Fabril Mercantil começou a funcionar em 05 de junho de 1914, no dia em que comemorava mais um aniversário do seu fundador, na distante Vila da Pedra, hoje município de Delmiro Gouveia. Com a implantação desta fábrica,o lugarejo inabitado da Pedra, prosperou, ganhou escolas, rinque de patinação, posto telegráfico, estradas e os primeiros automóveis. No primeiro ano de funcionamento a fábrica empregava mais de 800 operários (homens e mulheres) produzindo diariamente mais de dois mil carretéis de linhas para costura, rendas e bordados. Em 1916 a fábrica intensificou a sua produção passando a exportar para a Argentina, Chile Peru e outros da América do Sul.

Mas, em outubro de 1917, Delmiro Gouveia foi covardemente assassinado Com sua morte o controle da Cia Agro Fabril Industrial passou aos irmãos Menezes, liderada durante anos pelo empresário, Antônio Carlos de Menezes, até que, no final dos anos 80, após sucessivas crises financeiras foi adquirida pelo Grupo Cataguases, passando a chamar-se Multifabril NordesteS/A.Essas crises voltaram a se repetir periodicamente levando a fábrica a ter a sua produção radicalmente reduzida, como risco de ter as suas portas fechadas. Em 1992 o Grupo Carlos Lyra,tradicional grupo empresarial no segmento da agro-indústria, de açúcar, álcool e de fertilizantes, com forte participação na economia nacional, aceitou o desafio de não deixar parar a única e tradicional industria da região.


Tendo assumido o controle da empresa, deu-lhe o nome da FÁBRICA DA PEDRA S/A Fiação e Tecelagem, nome este uma homenagem do Dr Carlos Lyra a cidade onde Delmiro Gouveia fez história, a antiga Vila da Pedra.Atualmente a Fábrica Da Pedra é considerada uma grande empresa para a região, gerando riquezas e capacitando grandes profissionais para o mercado da produção têxtil e econômica do país. 

Por sua vez, também está ligada ao turismo pelo valor histórico, preservação de algumas de suas fachadas, bem como de uma história rica em fatos que comprovam todo o processo de empreendedorismo encravado por Delmiro Augusto da Cruz Gouveia.A Fábrica da Pedra está aberta para visitações acompanhadas por guias treinados pela própria empresa, cabendo ao visitante entrar em contato direto com a área de Recursos Humanos da empresa ou através das operadoras e agências de viagens que atuam no município.

Gilmar Teixeira.

Fotos: Acervo de Gilmar Teixeira
https://www.facebook.com/coroneldelmiro.gouveia

Antônio Vilela escreve sobre Dominguinhos Por:Roberto Almeida


“Dominguinhos – O Neném de Garanhuns”. Este é o mais novo livro do professor, pesquisador e escritor Antônio Vilela. A obra faz um retrospecto da vida do sanfoneiro, cantor e compositor José Domingos de Moraes, natural da Terra das Sete Colinas, e que ao longo de mais de 70 anos de vida conseguiu prestígio nacional e internacional como músico.

Vilela revela que o título original do livro seria “Dominguinhos. O Menino de Garanhuns” e que a mudança do título foi sugerida por Maria Auxiliadora, irmã do artista. “Quando criança ele era só era conhecido por Neném, principalmente entre os familiares”, revelou Maria ao escritor garanhuense.

No livro o autor traz documentos históricos, fotografias e depoimentos de jornalistas, historiadores e artistas, como Luiz Gonzaga, Fagner, Jorge de Altinho, Djavan, Nando Cordel, Genival Lacerda, Elba Ramalho, além de Guadalupe a Anastácia, que foram casadas com Dominguinhos.

Antônio Vilela

O escritor pesquisou desde a infância e adolescência do músico em Garanhuns, onde ele começou tocando na frente do Hotel Tavares Correia e nas feiras. Focou sua ida para o Rio de Janeiro, a amizade com Gonzagão, até chegar ao Dominguinhos doente, sua morte e a luta para que seus restos mortais ficassem em Garanhuns.

É um trabalho de apaixonado pelo que faz, de um escritor voltado para os valores do Nordeste e de sua cidade.

“Dominguinhos – O Neném de Garanhuns” com orelha de Mourinha do Forró e prefácio de Zezinho de Garanhuns já pode ser encontrado nas livrarias e bancas de revista da cidade. Com certeza Antônio Vilela também irá estar com seu livro na II Bienal de Livros do Agreste, que acontece em Garanhuns no próximo mês.

Roberto Almeida
Fonte:http://robertoalmeidacsc.blogspot.com.br

Memória Fotográfica Por: Renato Casimiro


Temos um grande arquivo de imagens do Pe. Cícero, desde a sua primeira e comprovada fotografia ao tempo de sua ordenação sacerdotal, em 1870,  até os últimos dias, em 1934. Evidentemente não temos a pretensão de ter tudo o que foi produzido com sua imagem. Por isso mesmo, vez por outra estamos garimpando novos flagrantes de sua existência, especialmente em arquivos privados. 

É o caso desta imagem que reproduzimos aqui, que foi disponibilizada na página do Facebook do jornalista Marcelo Fraga e a ele pertence, por ter adquirido,. Bem recentemente. Esta imagem, inclusive, está circulando pelo Brasil, como peça do acervo que consta da Caravana do Meu Padim. Nesta imagem, provavelmente de uma pessoa muito amiga do Pe. Cícero, o velório está à porta da Capela do Socorro, antes do sepultamento. As feições do Pe. Cícero já são bem marcadas pelo tempo, o que indica que esta imagem deve ter sido feita já pelos anos 30.

http://colunaderenato.blogspot.com.br/

O Trágico Massacre de São José do Belmonte Parte Final Por: Sousa Neto

Gonzaga, pivô do Massacre de São José de Belmonte

Alguns moradores já acordados vieram em socorro de Gonzaga e assim começa o tiroteio. Gonzaga que ao ouvir as pancadas e perceber que o bando sinistro havia penetrado na residência subiu a escadaria por um dos quartos que dava para o sótão da casa. Ainda segundo Cajueiro uma senhora apavorada pergunta quem é o chefe, ele responde: “nois num tem chefe”, nesse momento um cangaceiro tenta contra uma jovem que parte em sua direção e lhe agarra dizendo: valha-me senhor pelo amor de Deus! Cajueiro manobra o rifle e diz: Agora você escolhe, ou solta à moça ou me mata ou morre. Então o seu companheiro a soltou e essa foi em direção a sua mãe que se encontrava na cozinha. Cajueiro então pergunta: Cadê o “major” tá ai? Ela respondeu “tá ai dentro sim senhor”. Ato continuo Cajueiro tranca a família em um quarto e chama o cangaceiro Livino para nas palavras dele “dar uma busca na casa”.

Cajueiro dando boas risadas, confessa ao Dr. Amaury que Gonzaga havia caído do sótão e estava escondido atrás da porta. Estive recentemente observando o sótão da casa de Gonzaga e pude perceber que a parte que compreende a sala de estar, bem como todos os quartos do lado esquerdo do grande corredor estavam forrados. 

O lado direito da casa, o sótão estava em construção. O detalhe é que a parte acima dos quartos por onde tinha a escada de acesso, eram de tabuas fornidas e pregadas de cima para baixo, ambiente propicio para armazenar objetos, alimentos etc. A parte da sala de estar era toda forrada de madeira fina, toda ela pregada com pregos de baixo para cima, apenas dar adornar ainda mais o bonito recinto.


Hagaus Araujo, Manoel Severo, Marquinélio e Sousa Neto

Luiz Gonzaga aterrorizado tentando se ocultar naquele ambiente escuro, caminhou para o mais distante possível da escada e foi para a parte da sala de estar. Penso haver ele esquecido que aquele adorno não suportaria o seu peso. Foi ai que o assoalho cedeu, ele caiu e tentou se abrigar atrás da porta, mas a casa já estava infestada de bandidos que pensavam apenas em passar a mão nos objetos de valor.

Ainda segundo Cajueiro Livino Ferreira foi quem fez o serviço, matou o “major” Gonzaga. Morreram nesse episódio o cangaceiro José Dedé “o Baliza”, Antônio da Cachoeira (sofreu um ataque cardíaco fulminante) e o soldado Heleno Tavares hoje homenageado com o nome da rua que combateu o bando nefasto. Saíram feridos do bando de Lampião, Yoio Maroto com um tiro no braço, o valente Zé Bizarria e Cicero Costa.

Anos depois foi aberto um inquérito para apurar essa ocorrência e em 07 de outubro de 1929 todos os 42 implicados foram condenados. 
Yoio Maroto refugiou-se no Barro debaixo da proteção de Justino Alves Feitosa que dias depois lhe deu carta de recomendação endereçada ao Coronel Leandro da Barra, homem influente na região dos Inhamuns que o acolheu. Yoio passou a viver usando o nome fictício de Coronel Antônio Alves. Com muito esforço e trabalho adquiriu a fazenda Malhada Vermelha aonde veio a falecer em 19 de maio de 1953.

Sousa Neto - Pesquisador, Escritor, Conselheiro Cariri Cangaço

Fontes Pesquisadas:
ARAÚJO, Vilar (Entrevista em julho 2013) 
FERRAZ, Marilourdes – O Canto do Acauã
MOURA, Valdir José Nogueira (HISTORIADOR E ESCRITOR)
CORRÊA, Antônio Amaury – LAMPIÃO Segredos e Confidências do Tempo do Cangaço.
REVISTA - A Província – O universo pelo Regional – Fevereiro de 1998

Múcio nos Caminhos de Conselheiro !

Diana Lopes, Pedro Luis, Juliana Ischiara e Múcio Procópio

"Só Deus é grande" que a máxima do Conselheiro seja entendida e nos cabe perpetuar o seu desejo de lutar por um mundo melhor ! 

Caros amigos da família Cariri Cangaço, estamos com data marcada para a mais uma viagem "Pelos Caminhos do Conselheiro" 
com professores e alunos da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.  De 1º a 4 de maio, próximos, estaremos absorvendo mais estímulos , por conhecer as veredas da busca conselheirista. 
Abraço a todos.

Múcio Procópio, pesquisador Conselheirista
Conselheiro Cariri Cangaço
Natal - RN

O Homem que Revolucionou o Sertão !

Delmiro Gouveia; O Industrial que Revolucionou o Sertão

Em meados do século XIX, nascia na fazenda Boa Vista, em Ipu, diocese de Sobral, a 291 km de Fortaleza, Delmiro Gouveia. O menino, filho do cearense Delmiro Porfirio de Farias e da pernambucana Leonila Flora da Cruz Gouveia, veio ao mundo no dia 5 de junho de 1863 para ser o pioneiro da industrialização do Nordeste: foi o primeiro empresário a empregar a energia hidráulica da queda do Angiquinho, na cachoeira de Paulo Afonso, para colocarem funcionamento as máquinas de sua indústria - a Companhia Agro-Fabril Mercantil, no Recife. 

O feito histórico ocorreu no dia 26 de janeiro de 1913. No ano seguinte, Gouveia inaugurou sua fábrica de linhas que, com as marcas Estrela (nacional) e Barrilejo (estrangeira), passou a dominar o mercado brasileiro, conseguindo também forte atuação nas praças argentina, chilena e peruana, desbancando os produtos similares estrangeiros. A expansão continuou até atingir a Bolívia, a colônia inglesa de Barbados, as Antilhas e a América do Norte. Ainda no mesmo ano (1914), o empresário iniciou a construção de estradas para a circulação de riquezas até Vila da Pedra (AL), atual Delmiro Gouveia, onde residia, findando por abrir 520 km de vias carroçáveis. Com isso, também foi o pioneiro na introdução do automóvel no sertão.

Usina de Angiquinho em Alagoas

Mas até chegar à condição de industrial de sucesso, Gouveia enfrentou muitos desafios e inimigos. A história rumo ao sucesso começa com a mudança de sua família do Ceará, em 1868, para Pernambuco. De bilheteiro na estação do trem urbano de Olinda, passando por despachante de barcaças, Gouveia começa, aos 20 anos, a se interessar pela compra de peles de cabras e ovelhas para exportação, servindo de intermediário entre produtores de couro e comerciantes estrangeiros: No mesmo ano, 1883, casa-se com Anunciada Cândida de Melo Falcão, a Iaiá.
Em 1886, passa a trabalhar por conta própria e por comissão, estabelecendo-se como negociante de couros, vindo a tomar-se, 11 anos depois, no Rei das Peles, acabando por assumir, em 1897, a presidência da Associação Comercial de Pernambuco. Dois anos depois, à frente da Usina Beltrão, de refino e embalagem de açúcar, implanta no Recife o que hoje seria chamado de centro de diversões. Constrói um mercado modelo sem similar no Brasil.
O projeto, denominado Mercado Coelho Cintra, inaugurado a 7 de setembro de 1899, foi o primeiro do Recife a utilizar luz elétrica e incluía carrossel, retreta, teatro, regatas, hotel, bares e velódromo. Com preços baixos, o Mercado incomodou a concorrência, gerando inimigos poderosos, como o prefeito Esmeraldino Bandeira e o todo poderoso da política pernambucana, o presidente do Senado Federal e vice-presidente da República, Francisco de Assis Rosa e Silva. No ano seguinte, seus inimigos políticos incendeiam o complexo e Gouveia é jurado de morte pelos oligarcas da família Rosa e Silva (rosistas). No ano seguinte, 1901, perseguido, foge para a Europa.
Já separado da mulher, em 1902, o empresário rapta e volta para o Brasil com a adolescente Carmela Eulina do Amaral Gusmão - filha do governador de Pernambuco do período 1899-1900, o desembargador Sigismundo Antônio Gonçalves, um rosista de destaque -, estabelecendo-se em Alagoas. Quando Gouveia chegou a Pedra, a 280 km de Maceió, em 1903, havia ali pouco mais de cinco casebres em torno de um terminal da ferrovia que unia Piranhas a Petrolândia (AL), pela qual circulava um trem por semana. Ele contava então com 40 anos. Em 1904, nascem três filhos da união com Eulina.
Delmiro Gouveia viajou diversas vezes à Europa e aos Estados Unidos e viu de perto os efeitos revolucionários que a utilização da energia elétrica tivera na indústria. Quando conheceu o distrito da Pedra, sua proximidade da cachoeira de Paulo Afonso e as possibilidades de explorar racionalmente toda aquela região, teve a idéia de realizar ali um grande projeto. Assim, em 1909 o empreendedor dá início aos estudos para a utilização econômica da cachoeira de Paulo Afonso, com aproveitamento parcial de capitais e know-how estrangeiros. O interesse estava voltado ao abastecimento de energia elétrica para funcionamento das máquinas importadas para a Companhia Agro-Fabril Mercantil. Com a indústria inaugurada em 1914, o distrito passou a contar com uma população de cerca de 5 mil pessoas.
As residências eram servidas de luz elétrica, água corrente e esgotos. Havia oito escolas, sendo duas profissionais. Dali partiam cinco estradas de rodagem e as terras em redor, beneficiadas pela irrigação, produziam algodão, mandioca, feijão, milho e arroz. Havia criação de gado zebu e holandês e estavam sendo realizadas experiências com novos cruzamentos. A região de Pedra, na confluência de quatro estados, servida por ferrovia e banhada pelo São Francisco, funcionava como corredor de todo comércio do sertão. Tropas de burros pertencentes à firma Iona e Cia., com sede em Maceió, traziam peles e couros do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Sergipe. Em Pedra, elas eram tratadas e enfardadas. Seguiam de trem até Piranhas, desciam o São Francisco até Penedo e por mar chegavam a Maceió, de onde eram exportadas. Em pouco tempo, o empresário recuperou a fortuna (perdida quando fugiu do Brasil) e o título de Rei das Peles. A firma -com dois sócios italianos, Lionelo lona e Guido Ferrário - chegou a possuir 200 burros de carga.
Três anos depois da inauguração da fábrica, isolado na cidade que ajudou a construir, o pioneiro da industrialização do Nordeste foi assassinado a bala, no dia 10 de outubro, aos 54 anos de idade, em seu chalet, sob circunstâncias misteriosas e nunca esclarecidas, até o pesquisador Gilmar Teixeira, se debruçar em uma pesquisa séria e corajosa, onde desvenda esse misterioso crime, que já perdurava quase 100 nos, e que está no seu livro "Quem matou Delmiro Gouveia", para saber a verdadeira história do assassinato desse grande homem nordestino, só lendo o livro do escritor Gilmar Teixeira

Fonte:https://www.facebook.com/coroneldelmiro.gouveia/posts/1399846880292453

Niemeyer e os Cavaleiros da Cultura

A Associação Cavaleiros da Cultura , foi criada em 2008, efetivando a realização de um sonho: cavalgar levando cultura e incentivando a leitura pelos quatro cantos do país. A história teve início com um grupo de amigos, que, durante cavalgadas recreativas, procurava um sentido especial para suas jornadas. Ainda em julho de 2007, 16 cavaleiros participaram da “Cavalgada do Centenário de Oscar Niemeyer”, idealizada por seu neto Carlos Oscar Niemeyer, quando partiram de Goianá em Minas para a homenagem ao maior arquiteto brasileiro a partir da distribuição de 12 mil livros em 25 bibliotecas e escolas públicas de cidades do interior de Minas e São Paulo. Ali foram percorridos 813 quilômetros até a cidade de Barretos em São Paulo por 19 dias de atividades intensas, nascia ali o embrião dos Cavaleiros da Cultura.
 
 
Carlos Oscar Niemeyer à frente das Cavalgadas Culturais pelo Brasil
Devido ao expressivo sucesso da cavalgada, seus integrantes decidiram levar o projeto adiante. Em setembro de 2008, oficializaram a criação da Associação dos Cavaleiros da Cultura e elaboraram um estatuto próprio. O objetivo principal do grupo é desenvolver ações de cunho cultural e educacional, em que sejam valorizados os costumes e a cultura brasileira. Dentre as propostas, estão o apoio a pesquisas e estudos com esse caráter, além da prestação de serviços de utilidade pública, aprimoramento profissional e organização de viagens que privilegiem a cavalgada e o tropeirismo.
Os acervos distribuídos pelos Cavaleiros da Cultura são resultado de um grande trabalho de sua diretoria e componentes, como também de doações de editoras, escritores e doadores particulares. Um de seus mais marcantes eventos foi a Cavalgada Cultural Brasília ainda em 2009 com a distribuição de 57 mil livros através de percurso de 650 km entre Niterói e Belo Horizonte, a 25 municípios dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, beneficiando 32 mil pessoas.
Carlos Oscar e seu avô, Oscar Niemeyer, padrinho dos Cavaleiros da Cultura
O compromisso da Associação Cavaleiros da Cultura de difundir a leitura pelo país aumentou com o recebimento da logomarca criada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O desenho foi feito a pedido de seu neto, Carlos Oscar, antes da Cavalgada do Centenário (2007), em que mais de 12 mil livros foram distribuídos nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
“Quando surgiu a idéia de fazer a cavalgada em homenagem ao meu avô, a primeira preocupação foi ter o seu apoio. Sempre curioso em saber quantas escolas seriam beneficiadas, ele foi se envolvendo no projeto. Em uma de nossas conversas, perguntei se ele não gostaria de fazer nossa logomarca”, relembra Carlos Oscar Niemeyer.
Em menos de um dia, a figura foi elaborada pelo arquiteto, que pela manhã ao chegar em seu escritório, deixou-a na mesa do neto. “Confesso que me emocionei ao ver o desenho, em um rolinho de papel vegetal”, conta o presenteado. Com traços leves, linhas pequenas e curvas, a logo expressa a sensibilidade do trabalho de Niemeyer. O cavalo, símbolo da força e coragem, se torna sinônimo de elegância em suas linhas.
O desenho é registrado no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e todo o material elaborado para campanhas de arrecadação de livros, além de bandeiras e camisetas das cavalgadas levam a marca. 
Visite o site: http://cavaleirosdacultura.org.br/

Museu do Sertão, a alma nordestina de Benedito Vasconcelos Por: Manoel Severo

Benedito Vasconcelos, fundador do Museu do Sertão em Mossoró

Hoje gostaria de convidar a todos a conhecer uma das mais importantes e significativas iniciativas pelo fortalecimento e a memória do sertão; falo do Museu do Sertão, fundado e mantido pelo professor Benedito Mendes Vasconcelos , agrônomo e docente da UERN, que com recursos próprios montou ao longo de sua vida, desde os idos de 1970, um dos mais respeitáveis espaços das "coisas e tradições nordestinas".

Localizado na capital do oeste potiguar, na simpática Mossoró, o Museu do Sertão a partir da competência e talento de Benedito Vasconcelos, nos traz e apresenta a verdadeira alma do sertão, da caatinga, dessa terra e desse chão que tanto amamos. 

 Paulo Moura, Manoel Severo e Ângelo Osmiro no Museu do Sertão
 Ana Lucia e Múcio Procópio
 Wescley Rodrigues, Paulo Gastão e Ana Lúcia
Manoel Severo, Antônio Vilela e Kydelmir Dantas

Ainda em 2011 a Caravana Cariri Cangaço fez uma de suas mais importantes visitas ao Museu do Sertão. Por ocasião do Fórum do Cangaço, uma promoção da SBEC -Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, tivemos o privilégio de sermos anfitrionados por Benedito Vasconcelos e sua equipe e saímos maravilhados, aquela foi a primeira de outras muitas visitas, sempre coroados de um sentimento de pertencimento que só quem verdadeiramente é nordestino, conhece.

Convidamos a todos para em sua próxima visita a Mossoró não deixar de sentir o cheiro da mata branca no Museu do Sertão de Benedito Vasconcelos. Antes de chegar até lá visite o site:

Paulo Britto, personagem Cariri Cangaço! Por:Manoel Severo

Paulo e Ane Britto

Este universo da pesquisa e estudos do cangaço nos reserva inúmeras surpresas; não só pelo conjunto de recortes, revelações, fragmentos da verdade histórica; verdadeiras sagas de homens e mulheres valorosas espalhados por este maravilhoso sertão a fora, que configuram esse fenômeno intrigante, ao mesmo tempo, penoso e espetacular, que foi o cangaço; mas também por todos os amigos que acabamos trazendo dentro do coração ao longo dos anos.

Os personagens da história de ontem são os muitos cangaceiros, volantes, coiteiros, coronéis, enfim; que escreveram com letras de sangue suas sagas genuinamente nordestinas. Os personagens de hoje são verdadeiros vaqueiros da história; homens e mulheres, possuidores de uma paixão incomum pela história de seu lugar, em meio aos dois universos: remanescentes, descendentes, pessoas que de alguma forma guardam em suas biografias, lembranças e marcas dos tempos do bacamarte.

Volante do Tenente João Bezerra
Primeira Edição do Cariri Cangaço: Aderbal Nogueira, Leandro Cardoso, Antônio Amaury, Paulo Britto e Alcino Alves Costa, abaixo: Paulo Gastão entrevista Paulo Britto 

Era o ano de 2009, havíamos junto com alguns amigos concluído o formato da primeira edição do Cariri Cangaço que seria realizado em setembro daquele ano. Dentre os convidados sugeridos pelo grupo que pensava a programação de nossa primeira edição, surgiu o nome de um senhor que para mim era ainda desconhecido: Paulo Britto, logo após o nome vinha sempre a observação "o homem é filho do tenente Bezerra que matou Lampião !"

O tempo foi passando, fomos conversando com todos os convidados e enfim mantive o primeiro contato com Paulo Britto, que até então também nunca havia ouvido falar nesse tal "Cariri Cangaço" nem muito menos em Manoel Severo, entretanto, com uma cordialidade incomum, marca registrada do mesmo, me atendeu com se fossemos grandes amigos de longas datas. Começava ali uma relação de amizade afeto que repercutiu em toda nossa família ao longo desses anos.

Paulo Britto, Manoel Severo e Napoleão Tavares Neves, abaixo a 4ª edição de "Como dei cabo de Lampião" autoria de João Bezerra

O Cariri Cangaço de 2009 recebeu 79 pesquisadores de todo o Brasil, na época nenhum evento havia realizado nada parecido. Paulo Britto chegava a Crato acompanhado do filho Benner e de sua nora; pouco a pouco abraçava os conhecidos e se esforçava em cumprimentar a todos. Diante da agenda intensa de atividades e eventos, compareceu à grande maioria, sempre solicito, cordial e participativo.

Em noite polêmica de encerramento do Cariri Cangaço daquele ano, quando se discutiu em Mesa qualificada; onde despontavam Antônio Amaury, Leandro Cardoso, Paulo Gastão, Alcino Costa e Aderbal Nogueira; o desfecho das "Mentiras e Mistérios de Angico"; novamente Paulo Britto se destacou pela elegância, lucidez e acima de tudo pelo extremo respeito às divergências, mostrando também ali a grandeza de seu caráter. 

Nesta oportunidade quando a família promove o lançamento da 4ª Edição do livro de seu pai, capitão João Bezerra, "Como Dei Cabo de Lampião", temos a satisfação de abraçar ao confrade e estimado amigo Paulo Britto, como também à sua esposa Ane e a toda sua família, refletindo todo nosso respeito e admiração, estimando que logo mais, em eventos de nosso Cariri Cangaço possamos abraçá-los mais uma vez.

Manoel Severo
Cariri Cangaço

Noite GECC - Cariri Cangaço acontece em Fortaleza !

Grupo do GECC - Cariri Cangaço em reunião ordinária

Mais uma vez os cangaceirólogos estiveram reunidos para debates sobre o tema na reunião ordinária do Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará - GECC e Cariri Cangaço. O encontro aconteceu na noite desta terça-feira, dia 01 de abril, no auditório da ABO em Fortaleza. Com a presença marcante de inúmeros sócios e convidados a reunião foi aberta com os informes por parte do Presidente do GECC, escritor Ângelo Osmiro que destacou os últimos lançamentos no mercado editorial do cangaço, como os lançamentos dos escritores Renato Bandeira, Paulo Gastão e Marcos Damasceno.

Ângelo Osmiro e Wilton Dedê e o debate sobre os conflitos do Caldeirão e Pau de Colher 
Vicente Alencar 
Afrânio Mesquita

Num segundo momento o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, discorreu sobre a experiência da Conferência "Lampião, Cangaço e Cariri Cangaço" realizada pelo mesmo na cidade de Toledo, região de Castilla La Mancha, na Espanha, no último mês de fevereiro; quando apresentou suas impressões e os reflexos do que pode sentir sobre o conhecimento e disseminação da temática cangaço no continente europeu. Para Manoel Severo o que mais surpreendeu foi "a grande curiosidade que o personagem Lampião acabou despertando nos expectadores e ainda alguns que já conheciam um pouco do fenômeno do cangaço, a relação que estabeleciam ainda entre a figura mítica de Robin Hood e o cangaceiro nordestino". Concluindo, Severo sinalizou como extremamente positiva a experiência que reuniu um "público de 102 pessoas, desde estudantes a jornalista e profissionais liberais, nesse primeiro passo no Cariri Cangaço fora do país."

 Manoel Severo e o Cariri Cangaço na Espanha
 Ezequias Aguiar e Audízio Xavier
Coronel Gutemberg

Outro momento importante foi o início do ciclo de debates dirigidos, que apresentou em seu primeiro momento os temas do "Caldeirão do Beato José Lourenço" e o conflito de "Pau de Colher", tendo como principais protagonistas do debate os pesquisadores Ângelo Osmiro e Wilton Dedê. Ao final do encontro ficou definido o próximo tema para debate, a acontecer na primeira terça-feira do mês de maio: "O Ataque de Lampião a Ipueira dos Xavier",tendo como principal debatedor o economista e pesquisador Audízio Xavier.

 Malvinier Macedo
 Edilson Cláudio e Haroldo Felinto
Aldo Anísio

A Noite GECC - Cariri Cangaço, é realizada sempre nas primeira 
terças-feiras de cada mês no auditório da ABO em Fortaleza.

Cariri Cangaço - GECC

O Trágico Massacre de São José do Belmonte Parte II Por: Sousa Neto




Logo de manhã cedo sem as informações almejadas a volante cearense tratou de sair da fazenda Cristóvão e talvez pela falta de caráter que lhe era peculiar, Montenegro afirmou que estava ali por informação e solicitação de Luiz Gonzaga. Para alguns uma justificativa herética e totalmente sem crédito. 
O fato é que dali por diante a semente da desavença foi cultivada, Luiz Gonzaga jurando inocência e Yoio Maroto fingindo acreditar.



Sedento de vingança sempre triste e acabrunhado Yoio Maroto mandou avisar a Sinhô Pereira o ultraje sofrido juntamente com a família. Sinhô já decidido a seguir para Goiás pede então a Lampião que resolvesse essa questão de Belmonte. Sinhô Pereira tinha enorme gratidão e apreço a Yoio, que além de ser seu primo era casado com Maria, irmã de Luiz Padre.

Luiz Gonzaga Gomes Ferraz avisado de um possível ataque por parte de cangaceiros parentes de seu compadre contratou um efetivo armado para lhe garantir proteção. Semanas após resolveu deixar Belmonte retirando-se para a Bahia e depois Sergipe buscando se estabelecer quando foi convencido a voltar ao Pernambuco com todas as garantias, inclusive do governo do estado. Esse fato provocou ainda mais a ira de Yoio Maroto que começou a ponderar ser Belmonte pequeno demais para os dois, vez por outra murmurava: aqui ou um ou outro!




Em Dianópolis Sousa Neto é recebido por Hagahús, D. Josa, Wilson, Vilar, Iara, Prof. Pereira e toda a familia de LUIZ PADRE. 


Entra em cena Antônio Maroto, irmão de Yoio que para conseguir um empréstimo de três contos de reis, convenceu Gonzaga a não acreditar na boataria de uma possível vingança por parte de Yoio e que se empenharia no sentido de convencer o seu irmão de sua inocência. O avisa da saída de Sinhô Pereira do sertão nordestino o que deixa Gonzaga exultante, e em uma demonstração de placidez despensa a sua guarda pessoal recolhendo as armas e munições. Acreditou que tudo havia acabado. Mero engodo. 

Ainda alertado pelos habitantes de Belmonte para não dar crédito a Antônio Maroto, alguns amigos diziam: “Gonzaga em cangaceiro não se pode confiar, Yoio está preparando o bote”! 
É certo que todos tinham razão. Yoio Maroto ia pouco a pouco arregimentando homens para o ataque. Entre outros contou com Tiburtino Inácio (Gavião), filho do major Zé Inácio do Barro que tinha uma irmã casada com um primo de Yoio. Depois Cicero Costa e mais alguns familiares.


Em recente entrevista que fiz com o Sr. Vilar Araújo, filho de Luiz Padre no estado de Tocantins, esse afirmou que José Terto (Cajueiro) já se encontrava na região central do país há mais de dois anos ao lado de seu pai, quando da chegada de Sinhô Pereira lhe ordenando a voltar ao sertão nordestino comandar essa ação. Vilar conta que o seu tio Quinzão (Cajueiro) quando tomava umas doses de aguardente, sempre narrava esse episódio. 

Sinho Pereira e Luis Padre

É certo que a mãe de Cajueiro, D. Antônia Pereira da Silva foi ultrajada pela força volante de Peregrino Montenegro como ele mesmo narra. O que me causou mais curiosidade foi o fato do cangaceiro tão distante ser enviado para comandar uma ação já designada a outro.

Questionei com o senhor Vilar essa motivação de Sinhô Pereira e Luiz Padre. A resposta veio sem pestanejar: “Tio Chico (Sinhô Pereira) acreditava que Lampião pudesse não atender ao seu pedido”. 
Cajueiro chega e se integra ao pequeno grupo liderado por Lampião e principia os preparativos para o ataque.


Yoio Maroto escolheu o dia ideal para o ataque. Belmonte estava em festa, outubro era o mês dos festejos celebrados ao Sagrado Coração de Jesus. Dia 19 de outubro o “noitário” ou patrono da festa era justamente Luiz Gonzaga Gomes Ferraz e o ataque teria que ser no dia seguinte logo cedo, pois com certeza Gonzaga estaria em casa.

Ao romper o dia 20 de outubro o casarão de Gonzaga estava completamente cercado. O povoado é acordado ao som de machadadas, pernadas e várias outras formas de conseguir arrebentarem as portas da residência. As pancadas pouco a pouco iam despertando os vizinhos e outros moradores que logo perceberam se tratar de um violento ataque a residência do homem mais prestigiado daquele vilarejo.

Segundo o cangaceiro Cajueiro na aludida entrevista, disse ser ele o primeiro a penetrar no interior da residência após escalar o muro do quintal. Ficou dando apoio enquanto os seus companheiros arrombavam um portão que dava para a rua dos fundos. Outro grupo tentava o arrombamento da porta da frente. Foi justamente nesse momento que Cajueiro assistiu a morte de Baliza, um dos que tentavam despedaçar o portão. A morte de Baliza ainda não está de tudo esclarecida, há mais razões para esse assassinato e em breves dias irei explanar. Isso é outra história. 

CONTINUA....

Sousa Neto
Pesquisador e Escritor
Conselheiro Cariri Cangaço