Cariri Cangaço; Investimento no segmento Acadêmico.


Professores Océlio Teixeira e Josier, no lançamento do Cariri Cangaço 2009

Muito bem prezado amigo Severo. O Cariri Cangaço deste ano, com certeza, será maior e melhor que o do ano passado. Uma sugestão é que seja investido mais no lado acadêmico, para ser ter leituras mais aprofundadas das temáticas em questão: Coronelismo, Beatos(Religiosidade Popular) e o Cangaço propriamente. Nesse sentido, pode contar o nosso apoio.Ah... vou postar no maravilhosomundocariri, ok? Abraços;

Professor Océlio Teixeira

A Donzela e o Cangaceiro !



Danielle Esmeraldo, Emily e Cacá Araujo

Olá, Severo!

Pode contar com o apoio da Sociedade Cariri das Artes / Cia. Cearense de Teatro Brincante - Ponto de Cultura do Brasil. De antemão, oferemos ao evento uma apresentação da peça "A DONZELA E O CANGACEIRO".
Abração! Parabéns!!! 

Cacá Araujo


Acreditar sempre vale a pena! Por:Victor Junior



Victor Junior ao lado de Aderbal Nogueira


Grande Severo, agora que vocês já descobriram que é possível, com certeza o Cariri II vai detonar, e trazendo mais 2 cidades.
Parabéns antecipado e merecido pra ti , Danielle e toda a equipe dos parceiros, por terem transformado um evento que tinha tudo pra ser efêmero, num acontecimento de riqueza cultural duradoura.

Sorte da história do Cangaço que revive, sorte daqueles que a estudam porque têm um palco pra mostrar suas competências sobre o assunto, e sorte de todos nós que, graças a iniciativa de vocês, vamos ser transportados pela segunda vez neste tunel do tempo que é o Cariri Cangaço, criado em plena caatinga,    

Acreditar sempre vale a pena e você e Danielle são exemplos disso. Cordialmente

Victor Jr.
Diretor Profissionais da Estratégia
MONEY PARCERIAS

Cajazeiras Aguarda Equipe do Cariri Cangaço



Professor Wescley ao lado de Neli Gonçalves e Ana Lúcia

Caro amigo Severo, saudações cangaceiras!
Tudo bem contigo?
A caravana do Cariri Cangaço já tem data para passar pelas terras paraibanas (Cajazeiras)? Espero poder recepcioná-los juntamente com os outros confrades daqui.
Bom, também gostaria de saber de você, onde nós poderemos adquirir o Box com os DVDs do I Cariri Cangaço. Vocês já estabeleceram uma quantia pelo material?
Também gostaria de saber se já estão disponíveis os certificados de participação do evento e das pessoas que apresentaram trabalho. É que temos que enviar ao Cnpq o relatório das nossas produções acadêmicas no ano de 2009 e as devidas documentação comprobatória.
Agradeço a atenção e deixo o meu abraço extensivo a Daniele e toda a  família Cariri Cangaço. Cordialmente!

Professor Wescley Rodrigues
Cajazeiras - PB

A Tragédia Guaribas de Chico Chicote, Parte III


Napoleão Tavares Neves e Manoel Severo, em Guaribas

A manhã daquele primeiro de fevereiro de 27, avançava nas Guaribas. A força comandada pelo tenente José Gonçalves Bezerra, após o assassinato do grupo de Antônio Gomes Granjeiro em Salvaterra e Antônio Marrocos no terreiro de Chico Chicote, iniciava um dos mais terríveis cercos da história do cangaço.

De dentro de casa, acompanhado apenas pela esposa, Dona Geracina, da filha Josefa, do filho Vicente Inácio, e os cabras Sebastião Cancão e Mané Caipora; Chico Chicote numa das resistências mais célebres do sertão, sustenta uma verdadeira chuva de bala de seus oponentes, que mantinham Guaribas quase que totalmente cercada.

O tenente Zé Bezerra ordena avançar e antes mesmo que o corneteiro Louro pudesse fazer soar o instrumento, foi mortalmente atingido por um balaço vindo da arma de Sebastião Cancão. A fuzilaria se fazia ouvir por todos os recantos daquele sovaco de serra; Lampião estacionado a poucas léguas dali, no local chamado Malhada Funda, na serra do Araripe, ouviu o combate, mas não daria retaguarda a um inimigo confesso: Chico Chicote.

A refrega continuava feroz, de dentro da casa a reação dos sitiados era impressionante, chegando a dá a impressão que havia um verdadeiro exercito na defesa; dona Geracina e a filha Josefa se desdobravam na refrigeração e carregamento das armas; do lado de fora, dois moradores de Chico Chicote, Zé Francisco e Fiapo; chegavam e davam uma retaguarda, atacando a força volante pelos flancos e conseguindo algumas baixas na tropa de Zé Bezerra.


O que restou da Casa Grande de Chico Chicote

Na vila de Porteiras a repercussão do cerco a Guaribas já havia chegado. Os muitos amigos de Chico Chicote se organizaram para auxiliar na defesa do lugar, achavam que o mesmo estava sendo atacado por Lampião e seus homens e partiram para as Guaribas para atacar o cangaceiro. Eram dez horas da manhã quando o grupo partiu de Porteiras, entre os cerca de 50 homens sob o comando do cabo Cesário,dentre esses, um grande amigo de Chico Chicote, Antônio da Piçarra.

O grupo de Porteiras sustentava o fogo na defesa de Chico Chicote, pelas quatro da tarde o fogo recuou um pouco e Antônio da Piçarra chamou Chico Chicote para romper o cerco e vir se refugiar ao lado da tropa, no que foi rechaçado pelo sitiado, ele ficaria ali até a morte.

Uma hora depois, outro componente do plano , se evidenciaria. Chegava no campo de batalha a volante pernambucana de Arlindo Rocha e  a volante paraibana do tenente João Costa; a esses se somavam homens do poderoso Zé Pereira (foto ao lado), comandados por Sinhô Salviano, terrível inimigo de Chico Chicote e protegido do coronel de Princesa.

Com a chegada do reforço das volantes o fogo intensificou, já eram mais de 10 horas de combate ferrenho, àquele momento o grupo de Porteiras percebeu que combatia forças policiais e não o bando de Lampião, supostamente atacante das Guaribas; ali, o grupo recuou e acabou deixando Chico Chicote entregue a seu próprio destino.

Continua...

NOTA CARIRI CANGAÇO: Esta é a terceira e penúltima parte da postagem sobre a tragédia de Guaribas; fonte de pesquisa: Revista Itaytera, nº16; cordel "A Tragédia de Guaribas" de Maria do Rosário e entrevista com o memorialista Napoleão Tavares Neves.

Universo de Amigos




 Dihelson Mendonça, Wilson Bernardo e Manoel Severo

Severo, meus parabéns por já começar os preparativos para o Cariri Cangaço 2010. Se em 2009 foi maravilhoso, imagine neste ano. Pode contar conosco, e dessa vez vamos nos preparar para fazer uma cobertura multimídia bem melhor que a do ano passado.
Um forte abraço,

Dihelson Mendonça - Blog do Crato




  Maria Eli e Rubinho Lima

Boa tarde meu querido Severo!
Desejo que esteja bem, com saúde acima de tudo.
Gostaria de saber mais detalhes sobre o lançamento do DVD do CC 2009.
Local, data e hora do lançamento e também quero saber como faço para ter uma cópia deste documento audiovisual importantíssimo para pesquisadores, estudantes e para o povo nordestino.
Grande abraço!

Maria Eli - Juazeiro do Norte, Ceará



 Juliana Ischiara entre Ivanildo Silveira e Antônio Amaury

Amigo Severo, obrigada por nos acolher nesta família tão maravilhosa que é a família Cariri Cangaço. O sentimento é de fraternidade, companherismo e amor entre todos nós que fazemos parte desta grande e acolhedora família. Somos gratos por vc e Danielle serem os provedores desta grande união entre amigos, obrigada.


Juliana Ischiara - Quixadá, Ceará



Diana Lopes e Neli Gonçalves

Prezado Severo,
Obrigada por todas as informações sobre o Caririr Cangaço
Caso desejo o nosso grupo de xaxado na abertura do próximo Cariri Gangaço, iremos com maior prazer, só não dispomos de transporte.
Abraços lampionicos para todos

Diana Lopes - Triunfo, Pernambuco

O Primeiro Livro a Gente nunca Esquece Por: Paulo Moura


  
Danielle Esmeraldo, Paulo Moura e Manoel Severo

Dizem que o primeiro livro que a gente escreve é como o primeiro sutiã para uma adolescente, ou mesmo um primeiro beijo. A gente nunca esquece! O sentimento que tenho pelo meu livro Lampião em Verso e Prosa, é mais ou menos assim. 
 
Foi a partir dele que aprofundei meu gosto pela poesia de cordel e, como já sabia fazer cordel, fui estimulado a pesquisar e estudar com mais profundidade o tema. Desde então, procurei beber na fonte dos mais renomados cordelistas, tanto os da antiguidade, como Leandro Gomes de Barros, Silvino Pirauá, até os contemporâneos, a exemplo de José Honório, Arievaldo Viana, entre outros.
 
Certa feita, coloquei um trecho do meu livro Lampiao em Verso e Prosa, num site que eu tinha construido (isso nos meados de 2000, 2001) quando recebo um maravilhoso comentário de um internauta que me chama de artífice da poesia de cordel e me coloca no mesmo naipe de Leandro. E eu me perguntava: Quem diabos é esse Leandro? pois é. Eu não tinha conhecimento de quem era o Principe dos Cordelistas.


Hoje, vivo tão envolvido com a literatura de Cordel que acho que sem ela não existe vida.Vivo nesse universo mágico de poetas sertanejos. Nessa maravilha que é o falar metrificado. De subir num palco e recitar uma bela poesia ou mesmo uma poesia engraçada e ver o povo embaixo se emocionando com o que você diz. Na véspera do Natal, fui me apresentar a convite do mestre Allan Salles, no mercado São José, juntamente com os poetas Edgar Diniz e Altair Leal. Ficamos mais de hora e meia dizendo poesias pra aquele povo simples do mercado, que vibravam, riam e se emocionavam com nossas poesias.
 
Num certo momento, já ao final da nossa exibição, recitei um verso que fiz falando sobre o "Natal que eu Queria" e, ao terminar a fala tinha um bebinho lá embaixo chorando de emoção. Essa cena ficou guardada na minha mente, tanto que estou narrando agora, não pela novidade do choro. Pois que é a coisa mais corriqueira, se arrancar umas lágrimas do ouvinte que nos assiste, mas pela simplicidade do sentimento do bebinho. Não me perguntem porque. Mas aquilo me tocou!

Paulo Moura
Poeta, cordelista e escritor
Sócio da SBEC

Poemas de Patativa inspiram Novo Filme Por:Antônio Vicelmo

 
 Poeta maior; Patativa do Assaré

A programação de encerramento do ano do Centenário de Patativa do Assaré inclui shows, produções artísticas, apresentações folclóricas e a exibição de documentários, entre "O Casamento de Corisco e Dadá em Noite de São João", "Na Rua do Campo", "Mestres dos Saberes e Fazeres da Cultural Popular Assareense", "Patativa Vaca Estrela Boi Fubá" e "A Triste Partida". Patativa nasceu no dia 5 de março de 1909, na serra de Santana, município de Assaré. Os 100 anos de nascimento do poeta foram comemorados em todo o Brasil, inclusive com uma sessão solene no Senado em sua homenagem. O agricultor pobre, que se tornou famoso com sua poesia matuta, contribuiu para o despertar de uma consciência artística em Assaré. Ancorado na poesia brejeira de Patativa, voltada para a cultura popular, um grupo de jovens da cidade pretende encerrar as comemorações do centenário mostrando que Patativa deixou seguidores em todos os setores da cultura brasileira.

Filmagens

Uma das vertentes deste saber popular é a produção de filmes. Esta semana, a equipe de produção esteve no Crato, concluindo as últimas cenas do filme "O Casamento de Corisco e Dadá em Noite de São João". De acordo com o enredo, Corisco em suas caminhadas pelo sertão cearense encontra uma moça bonita, bordando um pano de cozinha e começa a cortejá-la. Após o encontro, os dois se entrelaçam no meio da Caatinga em uma bela noite de amor. Ao amanhecer, o cangaceiro promete voltar para casar com a moça, mas na sua volta, várias barreiras aparecem, impedindo este amor.

Um amor nascido da pureza de uma menina e do instinto feroz e violento de um cangaceiro. Ela, filha de uma família nobre, poderosa, não aceita a concretização desse amor. Ele, afilhado de um dos homens mais temidos do sertão, usa de sua patente para providenciar a união dos dois amores. "Amor não escolhe status, escolhe corações puros que se amam".


 Imagens da Ficção "O casamento de Corisco e Dadá..."

"O Casamento de Corisco e Dadá, em noite de São João", segundo o secretário de Cultura de Assaré, Marcos Salmo, é um curta-metragem de ficção, que traz elementos diferenciados da cultura popular nordestina. Todas as falas do personagens foram elaborados em forma de poesia, com a colaboração do poeta Geraldo Gonçalves, sobrinho de Patativa. Salmo ressalta que o casamento tem sua base sedimentada nas características do cangaço, não identificando os cangaceiros como heróis ou vilões do sertão, mas enfatizando a contribuição cultural do Cangaço para a cultura nordestina e cearense. A produção lembra que o casamento acontece na década de 30, no período da colheita, começando da noite de São João e terminando com a cerimônia do casamento na noite de Santo festivo, onde aparecem todas as místicas e superstições envoltas na cerimônia de matrimônio nessa época.

Antônio Vicelmo
Repórter do Jornal Diário do Nordeste
Colaborador do Blog do Crato

 

Melquíades:O Cientista e o Cangaço


 Ecologia do Cangaço, de Melquíades Pinto Paiva


Engenheiro agrônomo, especialista em Ictiologia, doutor em Ciências pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e, antes de tudo, nordestino. Melquíades Pinto Paiva, cearense de Lavras da Mangabeira, carrega lembranças da mãe cavando buracos para esconder jóias, quando a cidade era ameaçada pela chegada de cangaceiros. As memórias ficam. A cultura nordestina enraíza-se na mente de seus filhos. Em paralelo com suas atividades acadêmicas na área das ciências, o professor Melquíades cultiva seu interesse pelo cangaço, construindo bibliografia sobre o assunto e estudando os variados aspectos dessa atividade.

Em sua obra "A Ecologia do Cangaço" , uniu o seu saber acumulado sobre o cangaço e sua formação de biologista, voltando estudos sobre ecologia e meio-ambiente, Melquíades Paiva realiza uma obra singular e rara. “Vi que eu podia aliar dois tipos de conhecimentos - cientista e historiador”, nesta obra, que é dividdida em quatro capítulos, temos ainda um glossário de nomes vulgares, bibliografia comentada e iconografia. 

Ainda sobre a "Ecologia do Cangaço" temos em seu primeiro capítulo, “Tempo e espaço do cangaço”, as delimitações e classificação das áreas de atuação, como setores de atividade, de recrutamento, de repouso e de fuga. Em “Gente do cangaço”, Melquíades descreve a origem das pessoas que viveram a saga do cangaço, suas características físicas e culturais. “Eles não tinham pousada certa, estavam sempre varando o mundo; possuíam forte conhecimento das caatingas e de suas fontes ou poços d´água; carregavam tralha de até 40 quilos, vencendo a pé distâncias que chegavam a ultrapassar 100km/dia, durante três dias sem parar, sem dormir, sem comer e sem sossego, sob calor terrível. Para isto, deveriam ser jovens, com até 30 anos de idade, duros e afeitos às lutas”, escreve Melquíades. 

No terceiro capítulo, “Vida no cangaço”, o foco é a relação desses homens e mulheres com as caatingas. Afinal, era imprescindível conhecer o local, para que pudessem se esconder, encontrar água e alimentos e também utilizarem elementos da natureza para tratamento de doenças e ferimentos. No capítulo quatro, “Guerrilhas cangaceiras”, três importantes segmentos, na saga cangaceira, são destacados: as práticas de despistamento, de combate e de fuga. Para Melquíades Paiva, então, o estudo do cangaço passa por um retorno às origens. A fascinação pelo assunto é “subjetiva”, mas é compreendida por sua nordestinidade.

Melquíades e mais uma de suas obras: Fideralina Augusto Lima

NOTA CARIRI CANGAÇO:O cientista Melquíades Paiva Pinto, especialista em Ictiologia, o estudo dos peixes; criou, na década de 60, o Instituto de Ciências do Mar, o Labomar. Fez seu doutorado em Ciências pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), nos anos 70. No mesmo período, foi representante oficial do Brasil em 19 missões diplomáticas e vice-presidente da Comissão Internacional para a Conservação dos Atuns do Atlântico. Reside no Rio de Janeiro, e foi agraciado com o Troféu Sereia de Ouro, outorgado pelo Sistema Verdes Mares, uma das mais destacadas comendas do estado do Ceará. Fontes: enciclopedianordeste.com.br e diariodonordeste.

Melquíades Pinto Paiva

Prezado Severo,
Estarei em Fortaleza entre 27/02 e 11/03/2010. Apareça na Reitoria da UFC, às 18:30 horas do dia 05/03 - então farei o lançamento do meu livro "Breves Memórias do espaço e do tempo", comemorativo da passagem do meu 80º aniversário.

Um abraço

Melquíades Pinto Paiva
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A Lenda da Flor do Pequi

 
 Belíssima e surpreendente Flor do Pequi

O "Pequi" é uma espécia arbórea nativa do cerrado brasileiro. Possui uma grande importância econômica reconhecida tanto pelas populações tradicionais quanto pela pesquisa. Existe uma narrativa bastante interessante que conta como surgui o primeiro pequizeiro.

Foi assim...
Conta a lenda que quando o derradeiro quilombo foi encontrado, houve uma enorme matança de crianças, jovens e velhos. Aqueles que conseguiram fugir, foram implacavelmente perseguidos e sumariamente executados.

Naquela noite, somente uma jovem escrava grávida conseguiu furar o cerco, escapando da chacina, tomando rumo ignorado pelo serrado. Ela andou dias e noites sem comer, sem beber e sem dormir vindo a falecer sob a sombra de uma frondosa árvore de galhos fortes, fartos de folhas, porém estéril.

O corpo esquálido e jazido daquela mulher se decompôs, transformou-se em húmus e sal da terra, fazendo-se fertilidade àquela árvore.
Desde então, flores da cor do sol brotavam naquele tronco robusto, transformando em frutos redondos e verdes, de segurar com as duas mãos. Frutos estes quando partidos, revelava uma polpa amarelo ouro, em forma de embrião, com aroma indizível e inconfundível paladar.

Assim, os nativos do cerrado deram o nome a este fruto de pequi.Hoje, conhecidos por pequizeiros todas as árvores mães que geram estes frutos em abundância, garantido sustâncias a quem tem fome e sede, descanso a quem tanto trabalha, restaura a virilidade dos homens e dá vida longa às mulheres que um dia deram a luz.


 O Famoso Pequi do cariri


Parafraseando ao amigo Kiko do Lampião Aceso; Beba na Fonte: culturanocariri.blogspot.com , blog encantador de nossa amiga Janinha Brito.

NOTA CARIRI CANGAÇO: A Floresta Nacional do Araripe, FLONA, situada na Serra do Araripe, e boa parte dela dentro do território do Crato, é berço maravilhoso do Pequizeiro. Ali, famílias inteiras tiram seu sustento anual nas safras do Pequi.  Dessa fruta incomum e de sabor incomparável vamos conhecer no Cariri Cangaço 2010, o mais famoso prato típico de nossa região: A Pequisada. Quem for vivo... verá! Todos estão convidados.

Mossoró se prepara para o XII Fórum do Cangaço

 
 Lemuel Rodrigues na Mesa de abertura do Cariri Cangaço 2009

Caro Manoel Severo, estamos fechando a programação do XII Fórum do Cangaço 2010 com o tema: Cangaço - Entre o conhecimento histórico e o saber escolar.
Será realizado entre os dias 08 e 10 de junho de 2010
na UERN-Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
A programação fechada está prevista para o dia 27 do mês corrente daí enviaremos o convite oficial a todos.   

Lemuel Rodrigues Silva 
SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço
Mossoró-RN



Magérbio de Lucena Por: Manoel Severo

 
 Magérbio de Lucena em debate na URCA, ao lado de João de Sousa Lima e Honório de Medeiros

Para a construção do Cariri Cangaço, contamos com a ajuda vital de muitos colaboradores; entre esses não poderíamos deixar de pontuar os pesquisadores e historiadores de nossa região. Hoje abro um parêntese para agradecer todo o apoio e atenção deste grande pesquisador e escritor do cangaço: Dr. Magérbio de Lucena.

Desde o primeiro momento Magérbio esteve ao lado da organização do Cariri Cangaço colaborando com sua experiência e trazendo sempre idéias que com certeza foram também importantes para o resultado que; todos juntos, conseguimos alcançar.

 Dr. Magérbio de Lucena em sua apresentação no Cariri Cangaço

Magérbio de Lucena é oftalmologista, atende diariamente dezenas de pacientes na cidade do Crato. Foi o parceiro inseparável do inesquecível Hilário Lucetti; ao lado do qual escreveu o clássico: O Estado Maior do Cangaço. Na edição do Cariri Cangaço 2009, Magérbio de Lucena foi o responsável pela palestra: "A Epopéia de Mossoró" e neste ano já tem presença marcada para nos trazer um pouco mais da história dos valorosos "Nazarenos".

A Medicina e o Cangaço Parte II Por: Josenir Lacerda


 Cordelista Josenir Lacerda por ocasião de sua apresentação no Cariri Cangaço


Durante as ações guerreiras
Intenso estado de alerta
Enfrentando temporais
Sob precária coberta
Numa tensão enervante
Esperando a cada instante
O ataque e a descoberta

As doenças pulmonares
Venéreas e intestinais
Eram presenças constantes
E ameaças reais
Dada a promiscuidade
Excessos, leviandade
Gerando males brutais

Porém o caso mais grave
E de urgente tratamento
Era se arma de fogo
Provocasse o ferimento
Pois havendo hemorragia
O controle carecia
De eficaz procedimento

No caso de não haver
Socorro firme no ato
Com hemorragia presente
Determinante era o fato
Debilitado e carente
O cangaceiro doente
Morria de imediato

Cônscios que a qualquer momento
Surgiria uma emergência
O bando sempre levava
Medicamentos de urgência
Temendo ataque e ação
Viam nessa prevenção
Chance de sobrevivência

E nesse caso aparece
“O entendido”, o protetor
Trata o doente e o ferido
Cura a mazela e a dor
Com zelosa paciência
Diploma de experiência
Do Cangaço é o doutor



Josenir Amorim Alves de Lacerda, nasceu em Crato (CE) no dia 16 de Janeiro de 1953. Profunda admiradora do folclore, da cultura regional e da poesia popular; tem vários cordéis publicados, entre eles “O matuto e o orelhão” e “O segredo de Marina”, trabalhos que fazem parte do projeto Livro de Graça na Praça – Belo Horizonte (MG);
“O Linguajar Cearense” foi enfocado em livros didáticos de várias editoras. Já publicou mais de trinta cordéis, entre os quais se destacam: “De volta ao Passado”, “A Fábula do Peru”, “O menino que nasceu falando”, “As danação de Julita”, entre outros.É uma das fundadoras de Academia de Cordelistas do Crato, ocupando a cadeira n° 03.
 

I Festival de Música do Cangaço -A Musicalidade no Cangaço




Se o Folheto de Cordel foi o maior divulgador impresso do cangaço, o mesmo se pode dizer da cantoria, no campo da música que durante muitos anos personalizou a cultura nordestina. É quase impossível não associar o Repente ao sertão. O som metálico da viola, as possantes vozes dos cantadores e suas pelejas cantadas no improviso, formam um duelo simbólico entre o bem e mal, Deus e o Diabo, vida e morte. Ao levarem informações aos povoados mais distantes através das suas cantorias, os cantadores de viola levavam, não apenas as notícias do momento, mas o fantástico, o maravilhoso, ou seja, o que p ossibilitasse que a imaginação trabalhasse fertilmente para aliviar as dores da vida calejada pela miséria. Certamente, o cangaço era um tema de destaque, pois possuía uma série de fatores que rapidamente permitia que se passasse do real para o imaginário. Era uma espécie de bálsamo para se entrar no realismo fantástico. As canções que abordavam o cangaço, até hoje ainda são facilmente ouvidas:

Olê, mulé rendeira,
Olê, mulé renda,
tu me ensina a fazer renda
que eu te ensino a namora”

Ou:

“Acorda, Maria Bonita!
levanta vem fazer o café
que o dia já vem raiando
e a polícia já tá de pé”

Ou ainda:

"Assim é que cantava
os cabras de Lampião
dançando e xaxando
no forró do sertão".

"As Bandas de Pífanos, também estão vinculados ao cangaço. A gemedeira do ‘pife’ é única e está atrelada não somente ao homem da Zona da Mata ou do Agreste, mas, também, ao sertanejo. No sertão as Bandas de Pífanos, hoje bem mais raras de se encontrarem, são chamadas de Cabaçal e sempre que tocam, executam xote, xaxado e baião. O curioso é que os músicos se apresentam com chapéus semelhantes aos utilizados pelos cangaceiros o que também acontecia com Luiz Gonzaga, o rei do baião. Dentro do universo sonoro, não podemos esquecer o Parraxaxá, canto de insulto entoado pelos cangaceiros no intervalo das batalhas contra os soldados do governo (volantes) e esse canto também era conhecido como “Canto de Guerra”; os aboios e as várias formas sonoras de se chamar toda espécie de bicho: bode, pássaro, galinha etc". Acentua  o pesquisador e professor Adriano Marcena.
 Adriano Marcena ao lado de Severo e Danielle

A Música do Cangaço nasceu dentro dos bandos. Não foi produzida fora e os cangaceiros assimilaram, receberam e adotaram. Eram, eles mesmos, com seus poetas e músicos, compondo, tocando, dançando, recitando. Sendo, inclusive, dezenas dessas modinhas, atribuídas a autoria ao próprio Lampião, outras, a Zabelê, Cajarana e Gitirana.

O tema fascinou e inspirou outros músicos e compositores que cantaram – e cantam - as músicas alusivas ao cangaço, de forma que, muitos e muitos nomes da Música Popular Brasileira tem no seu repertório pelo menos uma música alusiva a Lampião ou ao Cangaço.

 Anildomá Willians, presidente da Fundação Cabras de Lampião

O I FESTIVAL DE MÚSICAS DO CANGAÇO pretende revigorar essa musicalidade. Será realizado em Serra Talhada, sertão pernambucano, no meio da caatinga, região do Pajeu, lugar de origem do LAMPIÃO, onde o cenário é propiciado pela diversificação cultural, visando envolver todos os gêneros e estilos - pode ser rock, xaxado, blues, reggae, hip hop, forró, etc, o importante é que o tema seja CANGAÇO, objetivando fomentar o segmento musical em vários formatos, além de formar platéias e criar massa crítica.

As inscrições ficarão abertas até o dia 25 de março/2010.

Será etapa única, que acontecerá no dia 1º de maio de 2010. Realização da FUNDAÇÃO CULTURAL CABRAS DE LAMPIÃO / PONTO DE CULTURA ARTES DO CANGAÇO, em parceria com instituições públicas e privadas.

O Regimento e a Ficha de Inscrição encontram-se em anexo e podem ser adquiridos também no site www.cabrasdelampiao.com.br ou através do e-mail festivaldemusicasdocangaco@gmail.com

Venha participar desse momento histórico!           

Saudações cangaceiras,
 
Karl Marx Santos Souza
FUNDAÇÃO CULTURAL CABRAS DE LAMPIÃO
PONTO DE CULTURA ARTES DO CANGAÇO

O Combate da Fazenda Ipueiras - Serrita Por:Ivanildo Silveira


Cel. Pedro Xavier das Ipueiras

No dia 03 de fevereiro de 1927, na Fazenda Ipueiras, hoje município de Serrita/PE, naquela época município de Leopoldina, hoje Parnamirim, no alto sertão pernambucano,  ocorreu um grande combate entre a Família do Cel. Pedro Xavier e Lampião e seu bando.

Ipueiras, de certo modo, possuía uma situação privilegiada, de solo fértil, água; lá se produzia cana-de-açucar, para fazer moagens, arroz, batata e demais produtos da terra destinados á alimentação da população, a pescaria nos açudes e a atividade agropecuária. O excedente era comercializado na feira semanal localizada na Vila de Ipueiras, encravada na Fazenda de mesmo nome.

O Coronel Pedro Xavier, homem flexível, hospitaleiro e generoso, exerceu também o cargo de juiz  interino de direito na vacância do titular da comarca de Leopoldina. Morava no casarão da Fazenda Ipueiras e teve numerosa prole. Os descendentes, os familiares dos Xavier; uns moravam na Fazenda  e outros na Vila de Ipueiras – uma incipiente urbanização com um pequeno mercado semanal, uma escola, uma agência de correio, farmácia, mercearia, padaria, loja, que na sua maioria, pertenciam aos próprios membros da família, uma espécie de feudo.

 Serrita em detalhe

Na década de vinte , do século passado, eram comuns as andanças de bandos de cangaceiros, por todo o nordeste. Lampião perambulava pelas caatingas, assaltando, matando, extorquindo, pequenos, médios e grandes proprietários de terra.

De início, Lampião e o seu bando passaram em “paz” pela Ipueira, em 26 de maio de 1925, quando o Cel. Pedro Xavier não fugindo da costumeira hospitalidade,  mandou fornecer-lhe comida, roupas e lenços tirados da loja de um de seus filhos Gumercindo.

Naquela oportunidade,  as filhas e as noras do Cel. Pedro Xavier foram proibidas de se apresentarem para conhecer Lampião e seu bando, para evitar que os cabras cometessem algum atrevimento.

O Cel. Pedro Xavier, um tanto constrangido de ter dado guarida a Lampião, pois soube de algumas bobagens que seu bando andou fazendo com outras pessoas dali, firmou o propósito diante da família, de que, na próxima vez que ele passasse, o “ receberia na bala “. Para isso, mandou um recado para Lampião:

“Não volte mais a Ipueiras, do contrário, será recebido a bala”.Ao tomar conhecimento do fato,  Lampião mandou a seguinte resposta:“ Quando passei por Ipueiras, respeitei você e sua gente, agora com seu recado atrevido a coisa vai mudar, prepare-se que haver choro".

O momento fatídico estava para acontecer a qualquer instante. Até que no dia 03 de fevereiro de 1927, alguns membros da família do Coronel Pedro Xavier estavam reunidos na casa da fazenda para almoçar, esperando os demais que se encontravam na Vila de Ipueiras. Encontravam-se na casa sede da fazenda apenas: a matriarca Josefa Xavier (esposa do coronel); José Saraiva Xavier (Dezinho), um dos baluartes do combate; Aparício Xavier que na época era seminarista em Petrolina-PE, e estava de férias na Fazenda; Mário Saraiva Xavier, o mais novo dos filhos e ainda menino; Francisca Xavier (nora do Coronel); Pedro; e amigos da família como Napoleão Pereira e Naninha (esposa); e Tosinha ( de Jardim-Ce); Manoel Preto ( afilhado de d. Josefa) e Pedro Dama, este, por sinal, cego de um olho, homens de confiança da família.

   
Estavam na Vila de Ipueiras na hora do cerco e foram subindo para a casa da fazenda, atirando: o Coronel Pedro Xavier, o patriarca da família, Gumercindo, Antonio, Aristides e Amélia (filhos do coronel), João Sampaio Xavier (genro e sobrinho), Luiz Teixeira (genro), Pedro Saraiva (genro). Dos filhos só faltou Francisco Xavier Sobrinho, filho mais velho do coronel Xavier, que estava em um fazenda distante, e não chegou a tempo.

De repente, se ouviu um tiro.Dezeinho Xavier teve a impressão de ser tropa do governo, e indagou: “ Quem vem aí, é da polícia?“. A resposta foi um tiro disparado pelo cangaceiro ‘Tempero' que vinha á frente do grupo. Por um triz não alvejou Dezinho, que, sem perda de tempo, respondeu ao tiro, atingindo o aludido bandoleiro á altura de uma das orelhas, que caiu ali, sem vida.

 
Lampião e seus cabras iniciaram o grande tiroteio, com mais rancor, diante da morte de um dos integrantes do grupo. Verdadeira batalha estava sendo travada, entre os Xavier e os Cabras de Lampião, cujos tiros quebraram jarras d´agua, derrubaram paiol e jirau de queijo. Dezinho Xavier, Manoel reto e Pedro Dama seguraram o fogo de frente evitando que Lampião chegasse ao terreiro da casa, enquanto esperavam pelo pessoal que estava na Vila de Ipueiras, mas que já vinham ás carreiras para  sustentar o fogo.

Enquanto o combate prosseguia, com tiros de ambos os lados, as mulheres rezavam e os homens, não tinham tempo nem  de urinar. Napoleão Pereira, em alto e bom desafiava Lampião, dizendo: “ Cabra safado, um bandido como tu, eu te dou de peia no umbigo, você está falando com Napoleão Pereira do Jardim do  Ceará “. No meio da aflição, Manoel Preto acalmava Dona Zefinha; “ Madrinha Zefinha, enquanto a senhora ver este negro aqui, só tenha medo dos castigos de Deus “.

Lampião trazia como refém, um camponês, amigo dos Xavier, Sr. Vicente Venâncio, além de Pedro Vieira Cavalcante da cidade de Jardim-Ce, tendo exigido da família desse último, 5 contos de réis para soltá-lo.

A hora crucial se aproxima, o quadro torna-se dramático e nunca se sabia como iria terminar tudo aquilo, apesar da resistência dos Xavier se fazer forte, com poucos homens lutando e uma coragem inusitada.

Com a chegada, na casa da Fazenda, dos  que se encontravam na Vila de Ipueiras, entre eles, destacou-se Gumercindo Xavier, homem de caráter admirável e coragem a toda prova, a reação aumentou.

 Imagens da Fazenda Ipueiras, Serrita-PE

Só que os recursos se exauriam, a cada minuto. O Cel. Pedro Xavier temendo a munição se acabar e Lampião ir ganhando terreno em direção á casa da fazenda, e ai seria o fim da epopéia, mandou seus serviçais selar cavalos e avisar aos parentes e amigos, a exemplo do Coronel Chico Romão, de Serrita/PE.

Segundo depoimento de um dos reféns de Lampião, Sr. Vicente Vitorino, no momento do tiroteio,  Havia se quebrado o Rosário de Lampião", e, como os cangaceiros eram por demais supersticiosos, o rei do cangaço manifestou-se receoso com o fato: era  mal sinal num combate, quebrar-se um rosário. Por sua vez a bala certeira dos Xavier havia matado o cangaceiro “Tempero”. Lampião ficou cabreiro com o episódio e disse:

“ os homens estão fortes, o rosário quebrou e já perdemos nosso melhor fuzil, referindo-se á perda de “Tempero” ( que era um dos melhores atiradores do grupo),vamos dar o fora“.

A cruz mostra o local onde foi assassinado Pedro Vieira

Naquele dia Lampião estava endiabrado. Como a esposa do refém Pedro Vieira Cavalcante (de Jardim-Ce) não pagou o resgate exigido pelo facínora, ali mesmo, na Faz. Ipueira, ele foi morto.  O tenebroso bandido, também, matou um popular, um rapaz jovem chamado Lino, que ia cavalgando num jumento, próximo ao local do combate.
 
O refém Vicente Vitorino teve melhor sorte. Lampião se dirigiu ao mesmo e disse-lhe:“ Velho, se você nos desviar de um "Piquet" dos Xavier, eu lhe solto, se não você morre “.E, então, o camponês sabiamente, os conduziu por percursos estranho aos percorridos normalmente pelos Xavier, e, lá longe, na Macambira, Lampião soltou o velho que voltou á casa dos Xavier e narrou todo o acontecido.

 Severo, Dr. Napoleão e Ivanildo Silveira

Logo após o cambate, chegaram á Fazenda Ipueiras, o Coronel  Chico Romão, de Serrita, com 50 homens, armas e munições, Aparício e Alfredo Romão com 30 homens; Luiz Pereira de Jardim-CE (genro do Cel. Pedro Xavier) com 30 homens. Em face do acontecido, as filhas do coronel Pedro Xavier, a idéia foi de Adalgisa ergueram uma Capela na fazenda, cujo patrono é São José.

Um abraço  a todos
IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN

NOTA CARIRI CANGAÇO: Esse episódio, tão bem narrado pelo confrade Ivanildo Silveira, foi exatamente um dia após a chacina de Guaribas, onde tombou morto Chico Chicote, também objeto de postagem neste blog.