É Hoje, Onde Nascem os Bravos !!!


O Cariri Cangaço invade Fortaleza...
Neste sábado, dia 28 de abril a partir das 14 horas, grande tarde de lançamentos e conferências na Academia Cearense de Letras com Luitgarde Barros, Urbano Silva, Barros Alves, Helvécio Feitosa,
Bibi Saraiva,
Geraldo Amâncio e Cristina Couto.

E logo depois, PONTUALMENTE as 19:30h grande exibição de ONDE NASCEM OS BRAVOS, de Daniell Abrew, com Camilo Vidal, Jonas Luis da Silva, de Icapuí e Aderbal Nogueira
no CINE TEATRO SÃO LUIZ.

IMPERDÍVEL,ENTRADA FRANCA !!!

Fortaleza de Prepara para Receber a Alma Nordestina


O Cariri Cangaço é um evento de cunho turístico-cultural e histórico-científico que reúne  alguns dos mais destacados pesquisadores e historiadores das temáticas; cangaço, coronelismo, misticismo, messianismo e correlatos ao sertão e ao nordeste, do Brasil, configurando-se em 2018; seu nono ano de realização; como o maior e mais respeitado evento do gênero no país. 
Presente em 5 estados da federação: Ceara, Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Sergipe, já realizou 19 grandes Seminários com 96 conferências, 58 Mesas de Debates, 87 Visitas Técnicas e 62 Lançamento de Livros, totalizando uma presença de mais de 45 mil pessoas em todas as suas edições. Este ano de 2018 o Cariri Cangaço chega de maneira inédita às capitais, iniciando por Fortaleza; entretanto o Cariri Cangaço mantem ainda agendas nas cidades de Poço Redondo, Sergipe, em Junho; e São José de Belmonte, no estado de Pernambuco em Outubro, num grande evento celebrando Ariano Suassuna.

"Onde Nascem os Bravos" película de Daniell Abrew em grande apresentação no Cine Teatro São Luiz com entrada franca, pontualmente às 19:30h 

A capital do Ceará, Fortaleza, recebe entre os dias 26 e 29 de abril, destacados estudiosos, pesquisadores e escritores de Temas ligados a história do Nordeste no Brasil. O Cariri Cangaço Fortaleza  2018 apresenta um qualificado Fórum de Debates que terá como tema principal O “Coronelismo”.
O evento já se configura como a maior iniciativa do gênero já realizada em uma capital do país. O Cariri Cangaço está sendo construído a partir de grande articulação envolvendo vários segmentos culturais, estudantis e acadêmicos do estado e também da região.

Pedro Lucas Feitosa, Cecília do Acordeon, Deisielly do Acordeon, Ericka do Acordeon, Francine Maria e Pedro Popoff fazem a festa da verdadeira Alma Nordestina

O Cariri Cangaço Fortaleza tem a frente o Instituto Cariri do Brasil e o Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, com o apoio da  Sociedade Brasileira Estudos do Cangaço, da Academia Cearense de Letras e da Academia Lavrense de Letras; além de parceiros institucionais:
 Assembléia Legislativa do Estado do Ceará,
 Universidade Federal do Ceará – Casa José de Alencar,
Cine Teatro São Luiz,
Ordem dos Advogados do Brasil – CE,
Câmara Brasil – Portugal,
  Instituto Cultural do Cariri,
 Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço,
 Sociedade Cearense de Geografia e Historia,
 Academia Cearense de Cinema e
 Instituto Geográfico e Histórico do Pajeú
Colégio Maria Ester
Colégio Dom Quintino e
Laser Video

Programação Completa na 
Aba Lateral deste Blog.

Joaryvar Macedo no Cariri Cangaço Fortaleza 2018


Vamos nos valer do escritor Dimas Macedo para nos trazer um dos grandes homenageados do Cariri Cangaço Fortaleza 2018: Joaryvar Macedo, autor de um dos clássicos da literatura sobre o coronelismo nordestino; O Império do Bacamarte: "Falar da personalidade e, principalmente, da obra literária e historiográfica de Joaryvar Macedo constitui tarefa que dignifica e ao mesmo tempo põe em desafio a argúcia do intérprete, vez que estamos a tratar de um homem de letras que “notabilizou-se como um dos mais autênticos pesquisadores da história do seu Estado”.  

Considerado por Raimundo Girão como sendo “o mais abalizado historiador do sul do Ceará”, Joaryvar Macedo nasceu no Sítio Calabaço, a oito quilômetros da cidade de Lavras, aos 20 de maio de 1937, sendo filho de Antônio Lobo de Macedo, poeta popular e político influente em seu município, e de Maria Torquato Gonçalves de Macedo.


Em vida, foi Joaryvar Macedo a própria história do Cariri se movimentando, expressando-se em gestos e palavras, dimensionando-se nas páginas dos livros e opúsculos que nos legou e nos trabalhos esparsos respingados na imprensa caririense e na Revista do Instituto do Ceará, cujas páginas enriqueceu com a percuciência das suas observações. “Homem calmo, de sólida cultura, não sabe fazer alarde pessoal dos seus conhecimentos. É valor autêntico da cultura caririense que começa a espraiar-se por aí afora”. Dele disse o saudoso escritor J.de Figueiredo Filho quando, em data solene para a história das letras sul-cearenses, o recebeu como membro efetivo do Instituto Cultural do Cariri. 

Sem nenhuma dúvida, foi Joaryvar Macedo uma das personalidades mais ilustres das letras cearenses e um dos mais eruditos historiadores do Ceará, cuja formação histórica pesquisou com a argúcia e o devotamento de um beneditino. Em todos os seus trabalhos de pesquisa Joaryvar Macedo primou por um estilo eloquente. E sempre que expendiu juízos em torno de fatos históricos ele o fez com a melhor clareza de raciocínio. A sua linguagem literária revela-se, em todo o seu percurso, recheada de filamentos retóricos, demonstrando-nos o seu autor possuir a dotação de um clássico, sendo ele um moderno."

Joaryvar Macedo no Cariri Cangaço Fortaleza 2018
26 a 29 de Abril 
Fortaleza, capital do Ceará


Lampião e o Cangaço na Historiografia de Sergipe chega a Fortaleza !



Mais um dos grandes lançamentos aguardados pela comunidade de pesquisadores do cangaço acontece dentro da Programação do Cariri Cangaço Fortaleza 2018. O pesquisador, escritor e artista plástico, delegado da policia do estado de Sergipe; Dr Archimedes Marques, Conselheiro Cariri Cangaço; nos traz "Lampião e o Cangaço na Historiografia de Sergipe" em seu segundo Volume.

A obra que começou a ser escrita ha cinco anos e com o objetivo de apenas um volume, pela dimensão e grandeza dos acontecimentos em em território sergipano e pelo talento e senso investigativo do autor, acabou se traduzindo em "pelo menos quatro volumes" , tendo o Volume II sendo lançado em Fortaleza.

Archimedes Marques ressalta "neste segundo volume passeamos sobre a estada, a passagem, a vida das cangaceiras naqueles inóspitos tempos, suas dores e seus amores nas guerras do cangaço e também após esse tempo para aquelas sobreviventes. A história de Carira, seus arruaceiros, seus bandoleiros, seus pistoleiros, os cangaceiros e policiais que por ali atuaram, também é minuciada e melhor estudada com a participação inequívoca de historiadores locais de renome que remontam esse tempo.Laranjeiras, a histórica e linda Laranjeiras dos amores e horrores, não poderia ficar de fora, pois além de tudo, há a grande possibilidade de Lampião ali ter pisado, até mais de uma vez, para tratamento do seu olho junto ao médico Dr. Antônio Militão de Bragança. Nesse sentido a história, a ficção e as suposições se misturam para melhor compreensão do leitor."

Kiko Monteiro, Archimedes e Elane Marques junto a uma de suas festejadas esculturas em papel machê.

E continua o autor: "Boas novidades também são apresentadas neste volume, uma com referência ao “desaparecido” Luiz Marinho, cunhado de Lampião, então casado com a sua irmã Virtuosa, outra referente ao casamento de um casal de cangaceiros ainda na constância desse fenômeno ocorrido em Porto da Folha, com a prova documental e, em especial o extraordinário fato novo relacionado a Maria Bonita em Propriá na sua segunda visita àquela cidade para tratamento médico. Fotos inéditas também estão apostas neste volume, que acredito será bem aceito pelos pesquisadores do cangaço".

Archimedes Marques ao lado de sua esposa, também pesquisadora, escritora e Conselheira do Cariri Cangaço, Dra Elane Marques prometem muitas surpresas aos participantes do Cariri Cangaço principalmente com a Exposição "O Cangaço em Papel Machê", um conjunto extraordinário de esculturas retratando personagens do universo do cangaço, feitas pelo artista plástico e autor, Archimedes Marques, imperdível.

Cariri Cangaço Fortaleza
26 a 29 de Abril de 2018
Fortaleza,capital do Ceara

Programação Fortaleza 2018


PROGRAMAÇÃO CARIRI CANGAÇO FORTALEZA 2018

QUINTA-FEIRA 
Dia 26 de Abril de 2018 

19h – Noite Solene de Abertura 
Assembléia Legislativa do Estado do Ceará
Av. Desembargador Moreira 2807, Dionísio Torres
Auditório Murilo Aguiar

Exposição O Cangaço em Papel Mache
ARCHIMEDES MARQUES
Aracaju-SE

Feira de Cordéis, Xilogravuras e Literatura do Cangaço

19h20min – Formação da Mesa de Autoridades
19h30min – Hino Nacional

19h30min – Apresentação do Cariri Cangaço
Por Conselheiro
IVANILDO SILVEIRA 
Natal-RN

19h45min - Fala das Autoridades

20h20min - Entrega de Comendas
MINISTRO UBIRATAN DINIZ AGUIAR
REITOR ROBERTO CLÁUDIO FROTA BEZERRA
FRANCISCO REGIS FROTA ARAUJO
VALDETÁRIO ANDRADE MONTEIRO
PAULO QUEZADO

Por Conselheiros 
JULIANA PEREIRA E ÂNGELO OSMIRO

20h50min - Cariri Cangaço, 
Onde a Verdadeira Alma Nordestina se Encontra 
MANOEL SEVERO BARBOSA

21h15min - As Crianças de Alma Nordestina e o 
Futuro da Cultura do Brasil de Raiz 
CECÍLIA DO ACORDEON
PEDRO MOTA POPOFF
DEISIELLY DO ACORDEON
PEDRO LUCAS FEITOSA
ERICA DO ACORDEON
FRANCINE MARIA


SEXTA-FEIRA
Dia 27 de Abril de 2018

8h30min - Casa José de Alencar
Av. Washington Soares, 6055
Universidade Federal do Ceará
9h - "O Menino do Cordel e do Baião"
PEDRO MOTA POPOFF
Bauru-SP

9h10min - Comenda Alcino Alves Costa da SBEC
BENEDITO VASCONCELOS
Mossoró-RN
Homenageados
NELI CONCEIÇÃO
WESCLEY RODRIGUES
NARCISO DIAS

9h15min - Diploma de Amigo do Cariri Cangaço
FREDERICO PONTES
UFC-Casa José de Alencar
INGRID REBOUÇAS

9h20min - Lampião na Historiografia de Sergipe
Volume II
ARCHIMEDES MARQUES
Aracaju-SE

9h40min - O Coronelismo e sua Capilaridade Histórica 
FÁTIMA PINHO
Juazeiro do Norte-CE 

10h10min - Homenagem a Joaryvar Macedo
 "O Império do Bacamarte"
ROSALBA MACEDO
HELIO SANTOS
Fortaleza-CE

10h30min - Izaias Arruda x Paulinos: Novas informações 
sobre os desfechos das lutas
JOÃO TAVARES CALIXTO JUNIOR
Juazeiro do Norte-CE

11h10min - Fontes para a Historia do Ceará Colonial
PROFESSOR FRANCISCO PINHEIRO
Fortaleza-CE

ALMOÇO
Apresentação Cultural
QUIRINO SILVA E CÉLIA MARIA
João Pessoa-PB

14h15min - A Dura Vida no Sertão Brasileiro
RITA PINHEIRO, A Garimpeira da Cultura
Salvador-BA

14h30min - Lampião Decurião:Mito e Mistério
PAULO QUEZADO
Fortaleza-CE

15h10min - Apresentação do Aplicativo "Lampião-Herói ou Vilão"
RÚBIA LOSSIO
RENATA KALINA DE PAULO ALVES MACEDO
HÉRLON RIBEIRO PARENTE CORTEZ
Universidade Leão Sampaio - Juazeiro do Norte-CE

16h00min - Lançamento de "Documentos para a 
Historia de Missão Velha"
Os Coronéis das Terras dos Terésios
JOÃO BOSCO ANDRÉ
Missão Velha-CE

16h40min - Lançamento de "Pequenos Assombros"
BRUNO PAULINO
Quixeramobim-CE

COFFE BREAK COM APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA
POETA GERALDO AMÂNCIO
ALDANISIO PAIVA
MAESTRO RAFAEL BRITO
IAN FERMON DE MORAES QUEIROZ

NOITE LIVRE

SÁBADO
Dia 28 de Abril de 2018

MANHÃ LIVRE

14h15min – Academia Cearense de Letras
Palácio da Luz - Rua do Rosário, 01 Centro

14h30min - Academia Maria Ester de Leitura e Escrita
RECEPÇÃO e APRESENTAÇÃO

14h45min - Formação da Mesa 

14h50min - Entrega de Diploma a Personalidades
LUITGARDE OLIVEIRA CAVALCANTI BARROS
REGINA PAMPLONA FIÚZA
JONAS LUIS DA SILVA, DE ICAPUÍ
ANTONIO VICENTE ALENCAR
Por Conselheiros
JORGE REMÍGIO, ARQUIMEDES E ELANE MARQUES

15h00min - Entrega de Diplomas Honra ao Mérito
FÁTIMA LEMOS
RÔMULO ALEXANDRE
NENENZINHA MANGUEIRA
Por
PAULO VANDERLEI E NOADIA COSTA



15h10min - Entrega de Diplomas da Academia Lavrense de Letras
CRISTINA COUTO

15h20min - Conferência "Padre Cícero Romão Batista"
LUITGARDE OLIVEIRA CAVALCANTI BARROS
Rio de Janeiro-RJ
MESA
BARROS ALVES
Fortaleza-CE
URBANO SILVA
Caruaru-PE
DANIEL WALKER
Juazeiro do Norte-CE

16h20min - Lançamento de "A Raposa do Pajeú"
Capitão Simplício Pereira da Silva
HELVÉCIO NEVES FEITOSA
Fortaleza-CE
VENÍCIO FEITOSA NEVES
Parambu-CE

16h50min - O Império dos Rifles
BIBI SARAIVA
Exu-PE

17h20min - Lançamento do Livro
 "A Tragédia de Princesa:O caso Dr. Ildefonso Augusto de Lacerda Leite"
CRISTINA COUTO
Lavras da Mangabeira-CE

17h40min - Poesia e Lançamento e Entrega de Diploma
Fideralina - A Matriarca de Ferro
POETA GERALDO AMÂNCIO

18h00min - Café com Arte
A Poesia e a Música de Alma Nordestina
FRANCINE MARIA
Ibiapina-CE
CECILIA DO ACORDEON
Redenção-CE
DEISIELLY DO ACORDEON
Ocara-CE
ERICKA DO ACORDEON
Sousa-PB

19h00min – Cine Teatro São Luiz
Praça do Ferreira, Centro

19h30min -  Roda de Conversa com o Diretor
DANIELL ABREW
FRANCISCO REGIS FROTA ARAUJO
ADERBAL NOGUEIRA
JONAS LUIS DA SILVA, DE ICAPUÍ

20h00min - Exibição do Filme
"Onde Nascem os Bravos"
DANIELL ABREW
Fortaleza-CE

DOMINGO
Dia 29 de Abril de 2018

9h – Visita ao Memorial de Luiz Gonzaga
MARCELO LEAL
Fortaleza-CE

IMPORTANTE
Toda Programação totalmente grátis, inclusive a exibição no Cine São Luiz. Lembramos também que não é necessário inscrição prévia.





Cariri Cangaço Fortaleza 2018
Realização
INSTITUTO CARIRI DO BRASIL
Co-realização
ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS
ACADEMIA LAVRENSE DE LETRAS

Apoio
SBEC- SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS DO CANGAÇO
GRUPO DE ESTUDOS DO CANGAÇO DO CEARÁ
OAB - ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - CEARÁ
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ
CINE TEATRO SÃO LUIZ
CASA JOSÉ DE ALENCAR - UFC
ICC - INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI
SOCIEDADE CEARENSE DE GEOGRAFIA E HISTORIA
GPEC-GRUPO PARAIBANO DE ESTUDOS DO CANGAÇO
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO PAJEÚ
LASER VÍDEO

Patrocínio
COLÉGIO MARIA ESTER
COLÉGIO DOM QUINTINO
CÂMARA BRASIL-PORTUGAL

Mídia e Redes Sociais
GRUPO LAMPIÃO CANGAÇO E NORDESTE
GRUPO OFICIO DAS ESPINGARDAS
COMUNIDADE O CANGAÇO
GRUPO HISTORIOGRAFIA DO CANGAÇO
GRUPO DE ESTUDOS CANGACEIROS
O CANGAÇO NA LITERATURA
GRUPO SERTÃO NORDESTINO
PROGRAMA RAÍZES DO SERTÃO


Religiosidade e Messianismo na Cultura Nordestina Por:Urbano Silva

Beata Maria de Araujo

Marca indelével da sociedade rural nordestina, a religiosidade e em sequência o messianismo são capítulos grandiosos que nos convidam para o aprofundamento da pesquisa e debate, com o objetivo de entender a nossa identidade regional. Em linhas gerais, nomes da grandeza de Ibiapina e Cícero Romão, sacerdotes católicos, e Antonio Vicente, popularmente denominado Conselheiro, moldaram as bases de uma religiosidade que transpôs as regras eclesiásticas e quebrou a fronteira entre o sermão e o fazer social.
Contemporâneos, esses três homens transpassaram mais de um século com atividades sociais que inquietaram os poderosos da monarquia, os mesmos que transformaram o Brasil em República, mas seguramente não tiveram em seus atos políticos, o alcance social dos referidos nordestinos. Seguidores do lema bíblico: a fé sem obras, é morta, foi a ação plenamente humanitária que salvou milhares de sertanejos da sentença de morte, do flagelo das secas constantes, das epidemias de varíola, cólera e outras mazelas, que certamente teriam transformado o nordeste num gigantesco cemitério de pessoas e a sua pecuária, dizimados por fome e secas. O viés político do fazer social, a reboque de uma religiosidade que propunha a construção de consciência humanitária, foram duas características que alicerçaram o delicado equilíbrio que impediu uma explosão de violência, - alimentada pela miséria e injustiça social - sofrida por uma região quase sempre relegada a planos inferiores na administração pública.
Professor Urbano Silva em apresentação no Cariri Cangaço em Juazeiro do Norte
Onde os governos foram omissos, os espaços foram preenchidos pelo socorro em nome da fé, nem que fosse o binômio pão e água, a base da alimentação para manter o corpo com vida. Como parte da complexidade antropológica da conviência humana, os benfeitores dos sertões foram perseguidos por aqueles que se sentiam donos de pessoas e bens, e por isso mesmo ameaçados de perda do poder de mando. Coronéis latifundiários, donatários, militares, e alguns religiosos formaram uma corrente de várias dobras e assumiram uma frente de oposição que assustou pela truculência dos atos, fosse nos palácios ou na realidade das roças. O ato mais violento foi o genocídio contra Canudos, um modelo de sociedade que estabeleceu a igualdade das classses, com a preservação da nossa identidade cultural, culminando com a morte (por questões de saúde) do líder Conselheiro.

Cícero, o padre, foi excomungado pelo clero que ele tanto amou e serviu, e transitou entre política e religiosidade com a mesma desenvoltura. Carisma, fé e caridade moldaram a memória do mito. Ibiapina, o mais diplomado dos três, direcionou a sua inteligência para o fazer social aos menos favorecidos. Certamente a sua sapiência foi fundamental para transitar entre senhores e servos, na sua desafiadora jornada que uniu educação, religião, doação, consciência política e qualidade de vida. Viva o nordeste e a grandeza dos nossos personagens. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo (frase atribuída ao Ibiapina).

Urbano Silva
Professor, pesquisador do Cariri Cangaço
Caruaru, Pernambuco
E vem aí,
Religiosidade e Messianismo no
26 a 29 de Abril de 2018... 

Praça Lampião:A Recepção da Capital da Cultura do Cangaço Por:Manoel Belarmino


Poço Redondo é mesmo a Capital da Cultura do Cangaço. E não temos dúvidas disso. Poço Redondo, na sua maneira simples, singela, como assim sempre foi e é o seu povo, homenageou Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, com uma Praça na Cidade. Assim como temos também a Praça Frei Damião e a Praça Antônio Conselheiro, temos a Praça Lampião, que foi inaugurada em 1988 pelo então prefeito Alcino Alves Costa. Poço Redondo soube homenagear os personagens da História do Nordeste Brasileiro. E os três principais personagens da história do Nordeste pisaram neste chão Poço Redondense. Antônio Conselheiro aqui esteve na sua caminhada peregrina passando pela estrada de Curralinho em busca da terra prometida, a caminho do Belo Monte, a Canudos. Lampião esteve aqui e acoitou-se por várias vezes, culminando com sua morte em Angico. E Frei Damião rezou por duas vezes aqui as Santas Missões.
Poço Redondo é marcada na Historia da Cultura do Cangaço, como a Capital do Cangaço. Basta ver: o número significativo de cangaceiros e cangaceiras filhos e filhas de Poço Redondo no Cangaço, A Missa do Cangaço, Grota do Angico, o Fogo do Maranduba, o cangaceiro e político Zé de Julião, o historiador e pesquisador da história e da cultura do Cangaço Alcino Alves Costa, o Memorial Alcino Alves Costa e o povo poço-redondense.
Em junho de 2018, no período de 14 à 17, acontece acontecerá o Cariri Cangaço Poço Redondo. Dezenas de escritores, professores, pesquisadores, estudiosos, estudantes, jornalistas e a população em geral estarão na Capital do Cangaço para um dos maiores seminários sobre a cultura nordestina. A Praça Lampião será, sem dúvida, como sempre um lugar da primeira parada dos participantes do Cariri Cangaço antes de iniciar o evento. É um símbolo ou lugar de recepção da Capital do Cangaço aos visitantes. Ali são feitas as primeiras fotografias pelos que visitam Poço Redondo.
Manoel Belarmino,pesquisador e escritor
Comissão Organizadora do Cariri Cangaço
E Vem ai...

14 a 17 de Junho de 2018

Os Sonhos e Revelações Místicas do Cangaço Por:Junior Almeida

Arte de Anilton Freitas

Para alguns a definição de sonho é que se trata de uma experiência que possui significados distintos se for ampliado um debate que envolva religião, ciência e cultura. Já para a ciência, é uma experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de sono. Desde os tempos remotos sonhos são citados na história como uma espécie de guia, de conteúdos reveladores para a salvação. Por exemplo, a Bíblia narra os famosos sonhos de José do Egito.
Segundo as Escrituras, o filho de Jacó, antes mesmo de ser vendido como escravo por seus invejosos irmãos e no futuro se tornar pessoa de confiança do faraó, já interpretava sonhos. Em uma de suas primeiras revelações José disse aos seus irmãos que tinha sonhado que “estavam no campo amarrando feixes de trigo e de repente, o seu feixe ficou de pé, e os feixes dos irmãos se colocaram em volta do seu e se curvavam diante dele”. Conta à história que os irmãos, que já não gostavam de José, aumentaram mais ainda seu ódio por ele.
Ainda vivendo em seu lar José sonhou e revelou aos seus irmãos outro sonho que teve, sendo entendidos esses sonhos como prenúncio da sua futura grandeza. Na “revelação” o filho preferido de Jacó via o sol, a lua e onze estrelas se curvaram diante dele. Seria o que as pessoas fariam no futuro, quando esse depois de algum tempo preso injustamente interpretou o sonho do faraó, onde previa sete anos de fartura e sete anos de seca no Egito, quando o faraó via em seu sonho sete vacas magras devorando a mesma quantidade de vistosas vacas no Rio Nilo.

Joao de Sousa Lima, Junior Almeida e Jorge Remigio no Cariri Cangaço Floresta 2017 

O Livro Sagrado também fala que o anjo Azael visitou em sonho por algumas vezes outro José, esse descendente do Rei David e pai adotivo de Jesus. O objetivo de tais aparições em sonho do enviado de Deus seria para guiar a Sagrada Família em sua jornada e livrar-lhes dos perigos, bem como revelar ao casticismo esposo de Nossa Senhora o que se passava com sua companheira. Deus teria falado tanto em sonho com São José, que existe até uma imagem do santo denominada “São José Dormindo”, onde o santo carpinteiro aparece deitado,dormindo, esperando as instruções do anjo.
Na história bem mais recente, alguns episódios do cangaço também tiveram como pano de fundo o misticismo e os sonhos. Por tantas vezes se falou sobre as superstições que guiavam Lampião, ou em revelações nas rezas e sonhos. Na minissérie da Rede Globo, de 1982, “Lampião e Maria Bonita”, que teve Nelson Xavier interpretando o rei do cangaço e Tânia Alves como sua companheira, mostra a mulher de Virgulino sendo avisada em sonho que iam morrer numa emboscada. Claro que o sonho da “Santinha” de Lampião no seriado está no campo da liberdade artística do diretor, não se tendo comprovação de que realmente tenha acontecido, mas em outros casos da história do cangaço, sonhos guiaram pessoas e revelaram salvação bem como tragédias.
Cariri Cangaço na Tapera, 2016
No episódio da chacina dos Gilos, no Sítio Tapera, em Floresta, Pernambuco, no ano de 1926, por exemplo, o misticismo se fez presente, quando uma rezadeira teria dito a Manoel de Gilo o paradeiro de seus burros roubados por Horácio Grande. A mística mulher teria alertado que esse deixasse os animais pra lá, pois em suas orações “via” que se fosse atrás dos animais, uma grande tragédia cairia sobre sua família, fato esse que aconteceu em 28 de agosto de 1926, onde quase toda família Gilo foi dizimada pelas calúnias de Horácio Grande e fúria de Lampião, nesse caso usado como arma de vingança.
No ano seguinte, durante o fracassado ataque a Mossoró, onde morreram alguns cabras de Lampião, e o Rei Vesgo sofreu uma de suas maiores derrotas de sua carreira de bandoleiro, outro episódio “do outro mundo” no mínimo inusitado apareceu na história. Conta Aglae Lima de oliveira em seu “Lampião, Cangaço e Nordeste” que já depois de morto, o pernambucano José Leite de Santana, vulgo Jararaca, apareceu em sonho para uma mulher de nome Joaninha Rosário para lhe mostrar onde estava enterrado o seu tesouro, a chamada botija. Segundo a autora, o casal Chico e Joaninha Rosário viviam de matar bodes e eram muito pobres.
Moravam a aproximadamente um quilômetro da casa de um italiano em que o cangaceiro ferido tinha ido pedir socorro. No sonho um aflito Jararaca teria dito que a sua alma estava nas trevas, penando muito por ter enterrado seu dinheiro, e portanto daria a botija a Joaninha em troca da liberdade da sua alma. No sonho o cangaceiro teria revelado o local exato de onde estava o tesouro, que era nas proximidades da casa do casal de “bodeiros” em baixo de três oiticicas e sinalizado com uma medalhinha “Deus te Guie”. O casal seguiu todos os rituais místicos dos arrancadores de botijas e se deram bem. Pra quem não tinha nada na vida, poderam levantar as mãos pro céu e rezar para agradecer a Jararaca, pois com parte do dinheiro da botija, 80 contos de réis, o casal comprou uma fazenda.
Cangaceiro Jararaca, preso em Mossoró

Só para ter uma noção do valor da botija de Jararaca, o dinheiro exigido por Lampião para não atacar Mossoró era 400 contos de réis. Dia 26 de março de 2018 o membro do grupo Lampião, Cangaço e Nordeste na rede social Face Book, Rivanildo Alexandrino, postou o que dava para comprar com a quantia que o Rei do Cangaço queria em terras potiguares. Seguindo o mesmo raciocínio do internauta, vemos que só com o dinheiro usado para comprar a citada fazenda o casal Chico e Joaninha poderia comprar 16 carros populares, que em dias atuais seriam necessários mais de 600 mil reais. Se Jararaca é santo ou não isso é outra história, mas aparecer em sonho e tirar um pobre casal da miséria já pode ser considerado por Chico e Joana Rosário como um verdadeiro milagre.
Outro fato da história do cangaço em que aparece a citação de um sonho foi em Serrinha do Catimbau, onde em julho de 1935 o bando de Lampião atacou a então vila de Garanhuns, atualmente município de Paranatama em Pernambuco. Assim como em Mossoró no rio Grande do Norte, a súcia se deu mal em Serrinha, tendo sido nesse fogo baleada nada mais nada menos do que Maria Bonita, a rainha do cangaço. Antes do ataque à vila, porém, os bandoleiros passaram no Sítio Azevém, onde saquearam a residência e comércio do casal Zé Basílio e Maria Gracinda, a Branca.
Arte de André Neves

É certo que o casal ficou sem nada, pois os cangaceiros levaram tudo que o casal possuía, mas poderia ter sido pior. Dona Branca, a agricultora vítima do bando de Lampião, faleceu em 2017 com 103 anos de idade, e agradecia a um sonho que tivera dias antes da invasão de sua casa pelo bando de Lampião. Segundo ela no momento da agonia de ser ameaçada, lembrou-se de um sonho que tivera dias antes.
Ela sonhou que chegava uma mulher em sua casa e perguntava se ela tinha medo de Lampião. Branca no sonho respondeu que sim, pois sabia que os cangaceiros cortavam as orelhas das mulheres para tirar os brincos e os dedos para tirar os anéis. Então a mulher do sonho disse que não era assim. Que ela própria tirasse os anéis e desabotoasse os brincos, e entregasse aos cangaceiros que eles não buliam com ninguém. Que quando eles procurassem dinheiro, ela mesma fosse mostrar onde tinha, que eles não buliam com ela de jeito nenhum. Foi o que Branca fez durante o assalto e isso a deixava de certa forma confiante de nada de mais grave acontecer com ela e sua família.

Junior Almeida em 03 de Abril de 2018
Pesquisador e Escritor, Conselheiro Cariri Cangaço
Capoeiras, Pernambuco

E vem aí
26 a 29 de Abril de 2018...