O Ferro de Zé Baiano Por:Alfredo Bonessi


O Professor, Historiador, Pesquisador da Cultura Nordestina e Cangaço,  Alfredo Bonessi, recentemente fez  uma descoberta importante e relevante para os estudos do Cangaço. Descobriu  o paradeiro do ferrete  “JB” do cangaceiro Zé Baiano,  do Grupo de Lampião. O ferrete se encontra afixado na parede do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, junto uma porção de ferros utilizados no tempo da escravidão no fim século XIX, aqui no Brasil.  
O ferrete era considerado pelo Museu como  um utensílio de tortura dessa época. Com esse instrumento de tortura Zé Baiano ferrava as vítimas, a maioria mulheres, no rosto, nas nádegas e nas partes íntimas, às vezes porque tinham cortado os cabelos, e outras vezes,  porque eram mulheres de militares, soldados da polícia, que perseguiam o bando de cangaceiros. 
Zé Baiano era tido com um cangaceiro rico e sua vida no cangaço ficou caracterizado  como um cangaceiro malvado, que não tinha dó de suas vítimas. Possuía  uma mulher muito bonita de nome Lídia, cangaceira  também, que era alvo de todas as atenções desse cangaceiro a ponto de receber comida na boca, e de ganhar jóias e muito presentes de parte dele. 
Pega no flagra, no meio do mato, em amores com o cangaceiro Bentevi, do bando de Corisco, Lídia foi amarrada a uma árvore, onde passou a noite gritando e chorando muito, implorando pela vida e pelo perdão do seu amado. Zé Baiano refugiou-se em sua tenda onde passou a noite em claro.  O dia vinha nascendo quando Zé Baiano cavou a cova ao lado da árvore onde estava presa a Lídia, e a matou a pauladas. A seguir enterrou o corpo e sentou-se em cima da cova, onde desandou a chorar.
Zé Baiano foi morto por Antonio da Chiquinha e mais três sertanejos, armados de facão, durante a comilança de uma fatada de bode, regada a cachaça, a mando dos devedores de Zé Baiano, que eram muito e as somas eram vultuosas, segundo dizem, ou segundo outros, para se apossarem das riquezas do cangaceiro.
Enviado por:alfredobonessi@gmail.com

Lampião em Caririaçu Por:Marcos Borges


Caririaçu no Ceará

Fiquei feliz com esse convite e também esse desafio do Editor da Tribuna da Serra, o jovem Isac Silva, já que sou apenas um simples e leigo pesquisador do assunto Cangaço bem como da historia e acontecimentos do Nordeste e seus personagens, quero aqui deixar exposto que estou sempre às ordens para contribuir com assuntos que venham a enriquecer o conhecimento daqueles que se interessam por nossa historia. Sem mais delongas, vamos aos fatos.

Para entender melhor essa rápida passagem do bando de Lampião por Caririaçu, mais precisamente pela Serra do Góes, tem que retroceder um pouco na historia para que ate mesmo os mais leigos no assunto possam absolver com mais clareza e facilidade esse fato inusitado acontecido nesta terra de São Pedro.

Virgulino Ferreira da Silva terceiro filho do casal José Ferreira e Maria Lopes, pequenos proprietários na ribeira do Riacho São Domingos, antiga Vila Bela atual Serra Talhada, foi o maior bandido em atividade do nosso País e há quem diga da América Latina entre as décadas de vinte e trinta, basta apenas frisar que o mesmo tinha em seu encalço os contingentes Policias de sete Estados da Federação que não mediam esforço para agarra-lo vivo ou morto, no entanto ele resistia a tudo e a todos, em uma mistura de coragem que muitas vezes atingia as raias da loucura.
Inteligência, frieza, fúria, desapego à vida e astucia de sobra.

Município de Caririaçu, região do cariri cearense

Durante toda sua vida na criminalidade tinha outro fator que o destacava dos outros, o rei vesgo do cangaço, o mesmo era vaidoso, foi tema de livros ainda em vida, foi filmado em seu habitat natural pelo Sírio-Libanês Benjamin Abrahão Botto. Teve seu apogeu no ano de 1926, quando teve sua “promoção a Capitão do Batalhão Patriota” para combater a Coluna Prestes; a coluna Prestes foi um movimento entre os anos de 1925 e 1927, encabeçados por líderes tenentistas. Pois bem, saindo da Meca Nordestina com o que havia de mais moderno em armas e munição, teve condições para duplicar o seu poder de fogo e aumentar com isso seu contingente de facínoras para mais de uma centena de asseclas a seu comando. 

Lampião dificilmente realizava ataques no Ceará, especialmente no Cariri, pois, segundo o próprio cangaceiro, não tinha inimigos no estado e respeitava a região por ser a terra de Padre Cícero, de quem era devoto. Se por um lado não tinha inimigos cearenses, por outro sobravam "coiteiros", como eram designados aqueles que davam abrigo e proteção aos cangaceiros. O principal "coiteiro" de Lampião no Cariri era o Coronel Isaías Arruda, do Município de Missão Velha e Aurora. Influenciado por esse poderoso chefe político, Lampião parte de Aurora para seu mais ousado e fracassado plano: assaltar a Cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte, a segunda maior do Estado e uma das maiores do nordeste.

Parte do bando de Lampião que atacou Mossoró

Em 13 de junho de 1927, os cangaceiros invadiram Mossoró, mas foram recebidos a bala, e após cerca de quarenta minutos de intenso combate, bateram em retirada rumo a Limoeiro do Norte no Ceará. Fortalecida após a vitória, a Polícia potiguar, com apoio das Polícias da Paraíba e do Ceará, partiu no encalço do bando. Acuado, o bando rumou para o Cariri. Houve confrontos nas localidades de Riacho do Sangue (Jaguaretama), Cacimbas (Icó), Ribeiro e Ipueiras (os últimos em Aurora). 

O bando seguiu para a Serra do Góes (Caririaçu, no Ceará), nessa viagem as pressas o chefe maior do cangaço pára na Fazenda Góes do Coronel Antônio Pinheiro Bezerra de Menezes. Basta imaginar que tal noticia deixou os moradores da pacata Vila de São Pedro em pavorosa. Pois bem, a Vila se preparou para receber a incomoda visita, com trincheiras nos becos e nas entradas de ruas, com fardos de algodão e sacos de areia, tendo a frente alguns valentes experientes em enfrentar cangaceiros, como João Gago, que já trocara tiros com o grupo de Lampião na Paraíba, Janjão de Ouro, homem de confiança de Maria Leal em são Matheus, atual Jucás, Antônio Delfino e Jose Neco, conhecido por Casa Velha. Tendo então o grande chefe de bando informações de que a vila o esperava desta forma, tira no rumo de Aurora evitando um confronto já que não lhe era vantajoso devido a tanta perseguição.

Após um período de alguns dias esperando a malta do mal e perdendo a paciência, seguem os chefes dos sitiados e mais alguns homens dispostos ao encontro do bando e se deslocam ate a Serra do Góes tendo por parte do vaqueiro do coronel acima referido a alegre noticia de que o bando já tomara outro rumo e que a terra de São Pedro estava fora de perigo, com essa noticia volta à paz e a tranquilidade a reinar nessa terra abençoada por Deus e protegida por nosso padroeiro São Pedro.

Cangaceiro Jararaca, preso em Mossoró

Queria, no entanto abri aqui um paragrafo para um assunto que descobri há algum tempo e que ainda não notei ninguém dar alguma atenção e valor ao fato que narrarei logo em seguida. Como um pesquisador vive da historia e dos fatos nela encontrados e também como um assunto puxa outro, registro aqui nessas simples linhas um fato interessante e desconhecido. Nesse malsinado ataque a Mossoró o rei do cangaço perdeu dois de seus homens de maior e inteira confiança, Colchete ferido mortalmente no inicio da luta e Jararaca que foi ferido e capturado, depois de alguns dias foi enterrado vivo por ordem das autoridades locais. Chamava-se Jose Leite de Santana natural de Buíque Pernambuco, homem de inteira confiança de Lampião. Após o ingresso desse bandido de alta periculosidade ao bando de Lampião sua família passou a ser perseguida diariamente.

Chegou ao ponto de seu avo o velho Zuza como era mais conhecido ter sido ameaçado de ter seu cavanhaque arrancado pelo por pelo, seu tio por nome de Francelino, não suportando mais tanta perseguição por parte da policia junta a família e os poucos pertence que possuía em lombo de burros e se larga no oco do mundo indo para onde o destino lhe chamava. Quando o dia ia dando seus primeiros raios de Sol o tio de Jararaca já estava longe, chegando a terra do Padre Cicero, consegue uma audiência com o Santo do Nordeste e conta sua situação, é aconselhado a seguir com toda família para residir e trabalhar na Serra de São Pedro hoje Caririaçu, aqui ficando por muitos anos. Segundo alguns pesquisadores, quando os mais velhos foram morrendo os filhos e netos foram morar em Juazeiro onde ainda hoje possuem alguns remanescentes morando na ladeira do horto. A história é, antes de tudo, um divertimento: o historiador sempre escreveu por prazer e para dar prazer aos outros. Mas também é verdade que a história sempre desempenhou uma função ideológica, que foi variando ao longo dos tempos.

Marcos Borges
Caririaçu, Ceará

Moreno e Durvinha, os Últimos Cangaceiros estreia hoje em Fortaleza


Durante muitas décadas, não se falava sobre Lampião nem de brincadeira em uma fazenda do interior de Minas Gerais. Lá, o casal José Antônio Souza e Jovina Maria da Conceição seguia uma vida pacata, distante de qualquer referência ao mundo do cangaço. O estilo de vida dos pais - sem família e com um passado de lacunas - começou a gerar muitas perguntas dos filhos. A explicação parecia frágil: a de que os parentes haviam todos morrido nas grandes secas do Nordeste.

Mas quando José Antônio completou 95 anos, achou que era hora de, enfim, contar a própria história. O casal pacato era, na verdade, Moreno e Durvinha, dois cangaceiros sobreviventes do bando de Lampião. Com a revelação, os filhos foram descobrindo profundas marcas do cangaço nos pais: das marcas deixadas na pele de Durvinha por uma bala expelida a faca até a afamada valentia de Moreno, homem dos trabalhos pesados de Lampião.

A história do casal, que fugiu travestido de romeiro e mudou de identidade para escapar das forças volantes, é contada no documentário "Os Últimos Cangaceiros", que estreia nesta quinta-feira (28), no Cinema do Dragão do Mar. Por meio dos depoimentos de Moreno e Durvinha, de imagens de arquivo e das gravações feitas pelo cineasta Benjamin Abrahão na década de 1930, o filme mostra a vida no cangaço por um viés diferente. "Os Últimos Cangaceiros" ilumina detalhes do bando de Lampião para revelar sua arqueologia - com modos de vida, cultura, cotidiano e vestígios históricos.

Com trilha sonora de DJ Dolores, o filme é embalado por ritmos nordestinos, com a sobreposição da sanfona sobre melodias eruditas. É também pelo uso das imagens de arquivo que o filme chama atenção. As imagens feitas por Benjamin Abrahão, o único a filmar o Cangaço na época de atuação do grupo, ganham cores em um trabalho realizado frame a frame para o documentário de Wolney Oliveira, o que provoca realismo maior ao espectador.

Durvinha em foto de Benjamim Abrahão

Além disso, "Os Últimos Cangaceiros" se desdobra na tela como um filme de encontros. O documentário acompanha a busca de Moreno e Durvinha por seus familiares e os encontros com as pessoas com as quais cruzaram ao longo da vida em bando. Embora o filme revele que os últimos cangaceiros do bando de Lampião foram recebidos socialmente como heróis após revelarem suas identidades, ele não esconde o lado obscuro do Cangaço.

Uma coisa é certa: o longa é capaz de mostrar aspectos do bando de Lampião que seguem distantes das inúmeras ficções sobre o tema e da História oficial. Realizado com uma equipe integralmente cearense ao longo de cinco anos, o documentário tem 180 horas de filmagens editadas em 79 minutos. O projeto, iniciado para ser uma ficção sobre Lampião, se tornou um documentário sobre um casal de cangaceiros que ilumina também sutilezas do grupo - das vaidades dos integrantes ao cheiro de perfume que eles deixavam por onde passavam. A ideia de uma ficção futura, porém, ainda não foi abandonada pelo diretor.

Neli Conceição, filha do casal Moreno e Durvinha

"Os Últimos Cangaceiros" é fruto do interesse pelo Cangaço nutrido pelo diretor Wolney Oliveira desde os tempos em que o pai dele, cineasta Eusélio Oliveira, o levava para filmar as romarias de Juazeiro do Norte. "Em uma das viagens, meu pai me deu de presente o livro 'Milagre em Juazeiro', fiz até meu primeiro longa sobre isso. Pela primeira vez, me deparei profundamente com a figura fantástica e polêmica do Lampião. Depois meu pai me deu outro livro, chamado 'Memórias do Cangaço'. Essa história sempre ficou remoendo em mim", conta.

Quando conheceu a filha de Maria Bonita e Lampião, Vera Ferreira, em um festival de cinema, Wolney a convidou para apresentar, no Cine Ceará, trechos filmados por Benjamin Abraão. As conversas com Vera na época serviram de estímulo para que ele iniciasse o projeto de uma ficção sobre o líder do Cangaço. "Começamos a filmar o longa 'Lampião, governador do sertão'. O nome é resultado de uma carta que ele fez pro Governo de Pernambuco, propondo divisão dos territórios a serem governados pelos dois. Ele assinou dessa forma, daí veio o nome inicial", explica Wolney.

Wolney Oliveira

Durante as filmagens, a equipe descobriu que Moreno e Durvinha estavam vivos. Diante da novidade e do alto custo para realizar uma ficção de época, Wolney decidiu transformar seu filme em um documentário. "Eu pensei: Estou fazendo um filme sobre Lampião, que já está morto. Achei então que o filme não era mais sobre Lampião, mas sobre Durvinha e Moreno, que ainda estavam vivos", diz.

O filme foi finalizado em 2011 com um material importante para a memória do Cangaço. Exibido em 50 festivais nacionais e internacionais, contabiliza, até agora, oito prêmios. Quatro anos após a sua finalização, "Os Últimos Cangaceiros" enfim chega às salas de cinema de Fortaleza. Questionado sobre a demora para colocar o longa em circuito, Wolney Oliveira afirma que o grande nó ainda do cinema brasileiro é a distribuição.

"Eu me dou por feliz porque meu filme vai ser lançado nacionalmente, por um apoio da Secult ainda na gestão do ex-secretário Paulo Mamede. A Coelce é que vai bancar o lançamento por meio do edital Mecenato. Não havia sensibilidade do Poder Público para o audiovisual, embora hoje o Ceará seja um dos mais importantes produtores do Brasil. Eu acredito muito na palavra do governador Camilo, que criou um comitê da cultura e assumiu o compromisso de colocar 1,5% do orçamento para o setor", declara.

Mais informações:
"Os Últimos Cangaceiros" entra em cartaz a partir de 28 de maio de 2015. Haverá sessão especial em Fortaleza no dia 28 de maio, às 19h30, no Cinema do Dragão-Fundação Joaquim Nabuco, seguida de debate com o diretor.

Jornal Diário do Nordeste
Beatriz Jucá

Repórter


Sargento De Luz, o matador do cangaceiro Jurity Por:Rubens Antonio


Lampião e Jurity

A localização de imagens relacionadas ao Cangaço é relativamente fácil.Mais difícil é a disposição de imagens em qualidade melhor, incluindo-se nitidez e resolução. O caminho é ainda mais pedregoso quando buscamos uma fotografia que mostre uma personagem determinada. 

Uma delas é a do sargento De Luz.Conforme Alcino Alves Costa, seu verdadeiro nome era Amâncio Ferreira da Silva, um pernambucano, nascido em 1905, que, passando ao Estado de Sergipe, acabou, neste Estado, integrando a sua polícia.Seu maior feito lembrado relaciona-o ao cangaceiro Jurity.


Jurity, em tempo de Cangaço
Pós-Cangaço, já como o cidadão Manoel Pereira de Azevedo.
(imagem obtida por Rubens Antonio em suas pesquisas nos arquivos baianos)

Localizando-o, o sargento De Luz, ironizou:"- Não sabia que era tão fácil pegar um jurity!" Apesar da exibição de documentação comprovando ser uma pessoa quite com a Justiça, valendo-se do mesmo estar desarmado, enquanto estava acompanhado de praças armados, não só lhe deu ordem de prisão. Em um dos atos mais covardes, em tempos já pós-cangaço, foi conduzido a lugar ermo onde executou-o, atirando-o vivo em uma fogueira. A única imagem, até agora, reconhecida, era aquela obtida por Alcino Alves Costa:


Porém a reobservação e reestudo de material disponível pode conduzir a revelações. A foto abaixo, publicada no "A Noite Ilustrada" de 08 de novembro de 1938, mostra a entrega do subgrupo comandando pelo cangaceiro Pancada.

Em sua legenda uma identificação reveladora.

Eis, enfim, uma imagem em melhor qualidade e menos alegórica do temível Sgtº De Luz, uniformizado e aparatado, em um evento relacionado ao fim do Cangaço.

Conforme Alcino Alves Costa, De Luz foi executado em uma tocaia encomendada por seu sogro, em 1952.

SILVA FILHO, Rubens Antonio da. “Sargento De Luz, o matador do cangaceiro Jurity" in: “Cangaço na Bahia” site: cangaconabahia.blogspot.com acessado em 20.05.2015.

O Cangaço e seus Segredos Por:Sabino Bassetti

Quem conhece José Sabino Bassetti, tem a nítida ideia do que temos na praça, com seu mais novo lançamento !
 A nova obra deste espetacular pesquisador e escritor, LAMPIÃO - O CANGAÇO E SEUS SEGREDOS; é sucesso garantido, não só pela temática instigante e cheia de capilaridade, mas e principalmente pelo dom e talento desse verdadeiro "rastejador das caatingas" ! Parabens meu querido amigo Bassetti ! 

Dessa forma não percam tempo, adquira seu exemplar direto com o autor; R$40,00 com frete incluso - peça por email: sabinobassetti@hotmail.com

Comunicado Importante - SBEC

"Em virtude das greves nas duas Universidades Públicas de Mossoró(UERN  e UFERSA ) e da impossibilidade de realizar o XVII Fórum do Cangaço nas outras instituições de ensino superior( UnP, Mater Christer e Faculdade Diocesana), a Comissão Organizadora do evento resolveu suspender a realização do mesmo. Agradecemos as instituições parceiras e as pessoas que estavam comprometidas com a organização deste conclave e prometemos que logo que seja possível , realizaremos este tão importante evento cultural. Saudações." 

Benedito Vasconcelos Mendes.
PRESIDENTE

SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço

Vem aí o XVII Fórum do Cangaço Por:SBEC




PROGRAMAÇÃO DO XVII FÓRUM DO CANGAÇO –SBEC- 
MOSSORÓ/RN

DIA 08 / Junho  – SEGUNDA-FEIRA ( PROGRAMAÇÃO)
09h00 – Sessão Solene da Câmara Municipal de Mossoró em
Homenagem ao XVII Fórum do Cangaço
Local – Auditório da Câmara Municipal de Mossoró

DIA 10 / Junho - QUARTA - FEIRA
19h00 – Ato de Instalação do XVII Fórum do Cangaço
Prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes – Presidente
da Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço
Lançamento da Revista ”Polígono” da SBEC e do
Livro ”Culinária Sertaneja”
Local: Auditório da UnP/Campus Mossoró
19h30 – Conferência de Abertura– Tema: Medicina no Cangaço
Conferencista: Dr. Iaperi Soares de Araújo
Local: Auditório da UnP/Campus Mossoró
DIA 11 – QUINTA – FEIRA
08h00 às 12h00 – MINICURSOS (Carga horária de 04 horas/aula)
Local: Sala de Aula da UnP
Tema : Geografia do Cangaço
Ministrante: Pesquisador Paulo Medeiros Gastão
Local – Sala de Aula da UnP
Tema: Guerra de Canudos
Ministrante: Prof. José Romero de Araújo Cardoso
Local – Sala de Aula da UnP
Tema: Religiosidade Sertaneja
Ministrante: Prof. Dr. Lemuel Rodrigues da Silva
Local – Sala de Aula da UnP
Tema: Arqueologia do Cangaço
Ministrante: Prof. Dr. Valdecir dos Santos Lima
19h30 – A Coragem do senhor Maciel frente ao Bando de
Baltazar Meireles – Depoimento Histórico
Depoente: Profa. Dra. Maria Conceição Maciel
20h00 - Palestra/Tema: Padre Ibiapina e o Sertão Nordestino
Palestrante: Historiador José Joab Aragão
DIA 12 – SEXTA – FEIRA
08h00 às 12h00 – MINICURSOS (Carga horária de 04 horas/aula)
Local – Sala de Aula da UnP
Tema : Geografia do Cangaço
Ministrante: Pesquisador Paulo de Medeiros Gastão
Local – Sala de Aula da UnP
Tema: Guerra de Canudos
Ministrante: Prof José Romero de Araújo Cardoso
Local – Sala de Aula da UnP
Tema: Religiosidade Sertaneja
Ministrante: Prof. Dr. Lemuel Rodrigues da Silva
Local – Sala de Aula da UnP
Tema: Arqueologia do Cangaço
Ministrante: Prof. Dr. Valdecir dos Santos Lima
19h30 – Palestra / Tema: Música Popular Nordestina na Época
do Cangaço
Palestrante: Pesquisador Múcio Robério Procópio de Araújo
DIA 13 – SÁBADO
7h30 – Chegada à Câmara Municipal de Mossoró da Maratona
Ciclística seguindo a trilha feita por Lampião na invasão à
Mossoró em 1927
Coordenador: Dr. Renato Vasconcelos Magalhães
08h00 as 12h00– JURI SIMULADO – 
Julgamento Histórico de 
Jararaca
Presidente: Dr. Breno Valério Fausto de Medeiros
Local – Auditório da Câmara Municipal de Mossoró
12h00 – Encerramento
Fala do prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes
Presidente da SBEC
Apresentação de Membros da COMFOLC

A civilização do couro e a civilização da seca Por: Romero Cardoso e Marcela Lopes

Romero Cardoso

Capistrano de Abreu, célebre historiador cearense, denominou a formação cultural sertaneja, fruto da miscigenação das raças branca, indígena e negra, como civilização do couro, enquanto Paulo de Brito Guerra e Benedito Vasconcelos Mendes definiram-na em função da labuta do gênero humano que habita a hinterlândia no desafio constante à inclemência da seca.

A organização do espaço sertanejo esteve desde o início da colonização fortemente atrelado à importância auferida pela pecuária no ensejo da própria ocupação territorial das terras adustas do semiárido. O abastecimento de carne para a zona da mata açucareira constituiu-se na razão econômica da expansão para o interior do atual território nordestino, tendo em vista a impossibilidade de criar animais de grande porte nas terras destinadas ao suporte mercantil no quinhão que coube a Portugal quando da assinatura do Tratado de Tordesilhas.

Capistrano de Abreu

A exemplo da área açucareira que se firmou através da existência de grandes latifúndios em consonância com pequenas extensões de terra trabalhadas por homens livres e que se responsabilizaram pelo abastecimento da região com produtos alimentícios de origem agrícola, o semiárido também teve na distinção entre animais de grande porte e de pequeno porte a cristalização de status social.

Possuir gado bovino em grande número significava sinônimo de poder, enquanto dispor de rebanho caprino definia a situação de cada um na escala social. A cabra, ou vaca do pobre, era criada, como ainda é hoje no conjunto regional, pelas pessoas que detinham menos poder aquisitivo.Descobriram que o traslado do gado vivo era extremamente inviável, pois nas longas caminhadas os animais perdiam peso e se desvalorizavam consideravelmente. Surgiram então as oficinas, as charqueadas nordestinas, responsáveis pelo fabrico da carne de sol.



O aproveitamento do couro para a confecção de apetrechos usados no cotidiano deu ênfase à definição de Capistrano de Abreu para a civilização surgida no semiárido a partir do motivo econômico que ensejou todo processo de ocupação da hinterlândia.A vegetação extremamente espinhenta fez com que o vaqueiro nordestino se diferisse dos outros campeadores de gado espalhados Brasil a fora. O couro passou a ser utilizado na confecção de gibões, chapéus, cantis, alforjes, luvas, silhas, selas, perneiras e uma gama de outros apetrechos de trabalho, indispensáveis para que o campear do gado fosse realizado no semiárido.

Impossível adentrar a caatinga se não estivesse bem protegido das verdadeiras armadilhas representadas pelos dilacerantes espinhos das inúmeras espécies vegetais que fazem da caatinga um desafio. Quando das pegas de boi no mato, tempo de marcação das rezes, visto que não havia cerca divisando propriedades, era necessário que o vaqueiro estivesse bem protegido, caso contrário seria fatal à integridade física dos valentes campeadores de gado do semiárido.   



Era impossível que o vaqueiro sertanejo enfrentasse as duras condições apresentadas pela ecologia da caatinga se não houvesse uma adaptação ao meio. Dessa forma, o couro dos animais abatidos foram definindo a própria condução cotidiana da região. Com o couro, os sertanejos passaram a fazer verdadeiras obras de arte, usando-o em camas, cadeiras, estofados, mesas, portas, enfim, na própria construção cultural que se efetivou enquanto produto direto da habilidade humana.

Quando das grandes seca, a exemplo da ocorrida entre os anos de 1877-1879, o couro dos móveis e das formas artesanais que passaram a ser feitas no semiárido, foi usado como meio de sobrevivência. Retiravam o couro para servir de alimento, pois, conforme Rodolfo Teóphilo, somente no Ceará cerca de trezentas mil pessoas ou morreram de fome e de sede ou emigraram para a região norte, sobretudo para os seringais do atual estado do Acre, na época pertencente à Bolívia.

As pregações do Padre Cícero Romão Batista foram importantes para que os sertanejos se convencessem que a única saída para os filhos da civilização do couro e da seca naquela época de aflição era tentar a vida fora do Nordeste semiárido. Navios lotados transportaram flagelados das secas até Óbidos, no Pará. De lá seguiram subindo o curso do Amazonas rumo ao desconhecido.Somente quando o mercado externo deu sinais de alento econômico no que tange à utilização do couro para produzir determinados bens de consumo, foi que começou a se efetivar importante momento para o produto de origem animal que antes era utilizado apenas pelos sertanejos em suas vidas diárias.



Coronel Delmiro Gouveia conseguiu amealhar fortuna exportando, não raras vezes contrabandeando, peles e couros bovinos e caprinos para importantes firmas estrangeiras, acumulando capital suficiente a ponto de estruturar a ousada experiência industrial da Fábrica Estrela na Vila da Pedra (Hoje Município de Delmiro Gouveia) em Alagoas.A civilização da seca, por sua vez, foi determinada, principalmente, conforme seus definidores e principais estudiosos, através da implementação de estupendas obras de engenharia empírica que garantiram em certas épocas o fomento à sobrevivência do sertanejo frente à inclemência das estiagens prolongadas.

O aproveitamento de matérias-primas encontradas no bioma catingueiro só foi possível graças à invectividade sertaneja, pois certos produtos obtidos através do extrativismo realizado na região seria impossível se não tivesse havido ênfase a projetos artesanais como a prensa de cera de carnaúba, fabricada com o miolo da aroeira, árvore nativa do semiárido. O algodão, detentor, até bem pouco tempo, de grande valor no mercado externo não teria condições de ser comercializado se não tivesse havido a implementação da bolandeira que descaroçava um dos principais motores econômicos da região até o advento da praga do bicudo.

A inteligência do homem do sertão fez surgir rústicos engenhos que transformavam o melaço da cana em rapadura, alfenins e outros produtos de larga aceitação no mercado interno. Ao contrário do litoral, cujo artesanato teve caráter contemplativo, no semiáridos foi à sobrevivência perante os desafios suscitados pela natureza extremamente hostil.Civilização firmada na superação de obstáculos, o semiárido nordestino desenvolveu caracteres próprios que determinaram a originalidade de um povo forte que luta de forma estoica contra os ditames da natureza inclemente e a indiferença dos poderes constituídos que ainda insiste em negar direitos inalienáveis à dignidade humana.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).

Marcela Ferreira Lopes. Geógrafa/ UFCG/CFP. Graduanda em Pedagogia/UFCG/CFP. Especialista em Educação de Jovens e Adultos com ênfase em Economia Solidária /UFCG/CCJS.

E de 25 a 28 de Julho...
Cariri Cangaço Piranhas 2015