Agenor de Generosa... Por:Manoel Severo

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Capela e Cemitério da Vila de Dona Generosa


Encravada no sopé da Serra do Umbuzeiro; porta de entrada para a região do Rio São Francisco; no município de Paulo Afonso, acha-se a incrível e enigmática "Vila da Dona Generosa". Localizada a uns 15 km do centro de Paulo Afonso, dali se vislumbra os 507 metros da majestoda  Serra do Umbuzeiro, bem pertinho dos Picos do Tará e da famosa Malhada da Caiçara. O Rei do Cangaço passou boa parte da primeira metade da década de 30 andando por essas bandas ainda mais depois de uma certa "morena da terra do condor" ter lhe roubado o coração.

Serra do Umbuzeiro

O que restou da Casa de dona Generosa

Dona Generosa era uma das maiores coiteiras de Virgulino Ferreira em terras baianas. "Quando os meninos desciam a serra para o baile aqui na casa de minha avó, dizem que dava para sentir o cheiro do perfume deles de longe..." confirma seu Agenor; último remanescente da família, que ainda mora no local.

Visitar a localiadade Riacho, a Vila de Dona Generosa, o Tará, a Malhada da Caiçara e a Serra do Umbuzeiro é programa indispensável para quem chega a Paulo Afonso.Em vários pontos passamos por vegetações como cactos, macambira, mandacaru e o kipá além das plantações de cactos palma, nos transportando para o cenário mágico das caatingas nordestinas, cheias de mistério, encanto e aqui, particularmente, história.


Alcino Costa, Pedro Luiz e Dra. Francisquinha


Agenor da Silva Carvalho, neto de dona Generosa

Jack de Witte, José Cícero, Gilmar Teixeira e Bosco André

Juliana Ischiara e um exemplo do que era o alicerce da época...

Quando estiver em Paulo Afonso não deixe de visitar a Vila de Dona Generosa. Nessa visita a Caravana Cariri Cangaço era composta por: Manoel Severo, Bosco André, Jack de Witte, José Cícero, Gilmar Teixeira, Júlio e Juliana Ischiara, Sousa Neto, Pedro Luiz, Dra. Francisquinha, Paulo Gastão e não poderia deixar de está presente, o Decano de Poço Redondo, Alcino Alves Costa e todos as bençãos do querido João de Sousa Lima.

Manoel Severo
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O cangaço de fardão...

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Vera Ferreira e Geraldo Ferraz na Academia Brasileira de Letras

É com muita satisfação que recebemos as fotografias nos enviadas pelo confrade Geraldo Ferraz por ocasião de sua palestra na Academia Brasileira de Letras dentro do Seminário Brasil, brasis; que trouxe o fantástico cangaço trajado de fardão e tudo para o mais prestigiado salão de nosso país.

 Ferraz e o Presidente da ABL , Marcos Vilaça

Público presente ao Seminário Brasil, brasis, na ABL

Fotografias gentilmente enviadas pelo pesquisador e escritor Geraldo Ferraz.
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A morte do cangaceiro Dois-de-Ouro Por:Honório de Medeiros

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Honório de Medeiros em noite de Cariri Cangaço.

A cruz de aroeira, carcomida pelo tempo – teria quase oitenta anos, repousa sob uma plataforma de tijolos grosseiros que alguma alma caridosa houve por bem construir à margem da muito antiga estrada do cajueiro, que liga Limoeiro a Mossoró. Originariamente, percebe-se facilmente, a cruz estava plantada diretamente no solo calcário. Hoje inclusive existe uma pequena cavidade por trás da cruz, construída com tijolos, talvez para receber velas. Um pouco à esquerda, uma oiticica centenária zomba da fragilidade humana derramando sua sombra testemunha daquele dia fatídico. Mais além, um denso mar de algarobas, marmeleiros, juremas, mufumos, todos acinzentados pelo pó que o vento quente revolve, dá uma precisa noção do tipo de homem que é capaz de enfrenta-lo: o sertanejo!

Ali estava sepultado um tipo de sertanejo que já não existia mais. Pelo menos nos moldes de antigamente. Um cangaceiro. Menino de Ouro? Alagoano? Dois de Ouro? Az de Ouro? Não é provável que sejam os dois primeiros, por que há relatos de fontes primárias quanto à presença deles em episódios posteriores envolvendo o cangaço. A dúvida é: qual dos dois? Dois de Ouro ou Az de Ouro? Se obedecermos à ciência, que nos manda respeitar o testemunho de quem presenciou os fatos, a tendência é que tenha sido Dois de Ouro.

Naquele dia fatídico, fugindo a passo acelerado de Mossoró, onde perdera Colchete e Jararaca, Lampião carregava consigo, tomado por dores cruciantes, esse cangaceiro que teria sido atingido por uma bala que lhe destruíra o nariz. Lampião já parara em uma casa humilde – esse episódio é por demais conhecido – e obtivera água e sal para lavar o ferimento. Coberto de sangue, com a cabeça envolvida por um lenço sujo, o cangaceiro, entretanto, não conseguia continuar. E, à sombra da oiticica, decidiu morrer. Pediu que lhe matassem – não queria continuar. Após muita discussão um seu companheiro o executou e sepultou em cova rasa.

No entorno da sepultura há muitas pedras – calcário. São pedras milenares. Testemunharam tudo. Pudessem relatar o que viram e ouviram contariam a nós acerca daquele momento tenebroso. Saberíamos, talvez, quem de fato teria sido o cangaceiro executado a pedidos. Diriam a nós um pouco mais acerca desses homens-feras que não temiam a morte, a sede, a fome, caminhadas sem fim por sobre um chão inóspito, debaixo do sol inclemente, fendendo a braçadas a caatinga áspera. Não temiam os inimigos naturais – as volantes, os “macacos”, a resistência, quando havia, dos habitantes do Sertão a quem atacavam. Não temiam a traição permanente dos coiteiros e coronéis com os quais constituíam essa página da história do Brasil recém saído da monarquia. Não temiam nada.

Para esse cangaceiro desconhecido deixamos nossa perplexidade, algumas orações, muitas perguntas não respondidas e uma vela acesa, solitária, com a chama a teimar em sobreviver lutando contra o vento quente do sertão.

Honório de Medeiros
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Caravana Cariri Cangaço visita Nazaré Por:Manoel Severo

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Tenente João Gomes de Lira e a Caravana Cariri Cangaço em Nazaré

Um dos últimos personagens vivos da grande Saga do Cangaço, pessoa de inegável atenção e generosidade com todos que o visitam, tornam o tenente João Gomes de Lira uma personalidade quase única deste universo tão enigmatico e ao mesmo tempo encantador que é a história do cangaço no nordeste de nosso Brasil.

A Caravana Cariri Cangaço teve a grande satisfação de mais uma vez pisar o "solo sagrado de Nazaré" e ser recepcionado por um de seus mais diletos filhos, o tenente João; filho do lendário Gomes Jurubeba e um dos "meninos de Mané Neto", um dos incansáveis e insaciáveis Nazarenos.


José Cícero e João Gomes de Lira
João Gomes de Lira e Juliana Ischiara
Afrânio, Aderbal e Paulinho

Desta feita a Caravana Cariri Cangaço era formada pelos confrades, Julio Cesar e Juliana Ischiara, Bosco André, Afrânio, José Cícero, Jack de Witte e Aderbal Nogueira. Por mais de duas horas fomos acolhidos pela família do tenente João Gomes. Uma de nossas satisfações; além da fenomenal honra de pisar solo tão especial como o de Nazaré; é sem dúvidas percorrer as páginas do "Caderno de Visitas de Seu João", onde temos o prazer de colocar nossos nomes quando visitamos o grande nazareno, e encontrar nomes de muitos amigos de todo o Brasil que como nós, não perdem a oportunidade visitar e abraçar a lenda viva que é João Gomes de Lira.

Manoel Severo
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Vem aí o Novo Lay Out do Cariri Cangaço!

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Caros companheiros da família Cariri Cangaço, hoje efetivamos a postagem de número 995, quando a página do cariricangaco.com sinalizou no dia de ontem 1.003 visitas; dentro de 5 postagens estaremos comemorando a miléssima postagem, um número que nos enche de felicidade e satisfação,e tudo isso é resultado do carinho, respeito e especialmente da colaboração de todos os amigos.

Para comemorar a nossa postagem de número 1000 estaremos apresentando um Novo Lay Out para nosso cariricangaco.com , já com a nova marca do evento para este ano...Espero que possam gostar. Aguardem!
Um grande e fraterno abraço;

Manoel Severo
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Napoleão Tavares Neves em Destaque Por:Manoel Severo

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Napoleão Tavares Neves e Jonasluiz de Icapuí, em Destaque
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Todos os que visitam o Cariri, e que têm, mesmo que um pequeno pezinho dentro do universo dessa pesquisa encantadora que é história de nossa região, não sai de nossa terra sem antes cumprimentar uma de nossas mais emblemáticas personalidades: Napoleão Tavares Neves.

Foi assim com a equipe de televisão da FGF Tv, sob o comando do amigo Jonasluiz de Icapuí; produtor da televisão e âncora do programa Destaque, veiculado pelo canal para todo o estado do Ceará e parabólicas.

Por duas horas os telespectadores do Destaque terão a oportunidade de conhecer mais de perto um pouco da história e da memória do cariri através do entrevistado; Napoleão Tavares Neves. Impossível não ficar enfeitiçado pelo confrade Napoleão, tamanha gentileza, humildade, sapiência e acima de tudo sabedoria, principalmente em colocar "cada coisa em seu lugar". Napoleão é um dos principais incentivadores e conselheiros do Cariri Cangaço, a ele nossa homenagem e gratidão eterna.

Bem, agora é aguardar o programa Destaque da FGF Tv ou então esperar um  pouco mais para encontrar o Mestre Napoleão em mais uma edição de nosso evento. Então que venha o Cariri Cangaço 2011!

Manoel Severo
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Complô de Mossoró Por:Marcos Pinto a Honório de Medeiros

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Defesa de Mossoró a partir da casa de Rodolfo Fernandes

Reproduzimos a espetacular entrevista do historiador potiguar Marcos Pinto, prestada ao blog honoriodemedeiros; vale ressaltar a luz que ainda precisa ser fortalecida a cerca do ataque de Virgulino a Mossoró. Parabens ao amigo Honório e a Marcos Pinto pela oportuna entrevista.

 
Honório: vc é defensor da teoria da participação direta, embora oculta, de Jerônimo Rosado nas articulações para o ataque de Lampião à Mossoró. Como isso aconteceu?
Marcos: Cresci ouvindo meu avô paterno ARISTIDES FERREIRA PINTO (18.04.1907 / 19.09.1975) narrar, de forma minuciosa, no alpendre de sua fazenda, a saga do seu irmão Cel. FRANCISCO FERREIRA PINTO (17.04.1895 / 02.05.1934), sempre relatando trechos da carta escrita pelo mesmo, e enviada para o seu parente RODOLFO FERNANDES, por emissário especial, após o célebre ataque à Apodi por uma parte do bando do famigerado Lampião, comandados pelo célebre cangaceiro Massilon Benevides, fato ocorrido à 10 de Maio de 1927.

Honório: em que vc se fundamenta para defender essa teoria?
Marcos: Lembro-me que o meu avô fez o relato sempre observando ter ouvido inúmeras vezes do seu perseguido irmão, que dentre o intrincado de particularidades da missiva informando o Rodolfo, destacava:

- Que fora informado por pessoa de acentuada estima e confiança, de que fora armado um complô com fito único de exterminá-los fisicamente, engendrado pelo quarteto sinistro composta por Jerônimo Rosado, Felipe Guerra, seu cunhado Tilon Gurgel, que por sua vez arregimentou a participação do seu genro Décio Holanda;


- O alerta a Rodolfo para a necessidade e cuidados de chefe de estado em só arregimentar pessoas de sua mais íntima amizade e confiança, de preferência parentes;

- Que o complô tinha como objetivo abrir lacunas nos executivos de Apodi e Mossoró, proporcionando a assunção de Tilon Gurgel em Apodi, e o retorno de Jerônimo Rosado ao comando do executivo mossoroense, na Presidência da Intendência municipal (Equivalente ao de Prefeito) que já ocupara no período 1917-1919, tendo como Vice-Presidente da Intendência (equivalente ao cargo de Vice-Prefeito) o Dr. Antonio Soares Júnior, genro de Felipe Guerra;

Honório: é sabido de sua anterior e forte ligação com Vingt-Un Rosado. Seu afastamento dele se deveu à sua teoria acerca da participação de Jerônimo Rosado no ataque de Lampião a Mossoró?
Marcos: Antes de adentrar na resposta, faço a observação de que o grande e profícuo historiador VINGT-UN ROSADO enfatizou, em um dos seus livros em que aborda a atuação de seu irmão Dix-Sept como governador do RN, a importância do mesmo ter ratificado o intrínseco vínculo de amizade existente entre seu pai (Jerônimo Rosado) e o Dr. Felipe Guerra,com a nomeação do Dr. OTO GUERRA para o pomposo cargo de Procurador Geral do Estado.

Acredito que o sutil afastamento do VINGT-UN em relação a minha pessoa dera-se em decorrência de um artigo que escrevi em um jornal de Mossoró, com o sugestivo título "FORJARAM FATOS NA HISTÓRIA DE MOSSORÓ" em que desmitifiquei fatos supostamente históricos elencados por VINGT-UN sobre o "MOTIM DAS MULHERES" e sob o verdadeiro motivo que fez com que o então governador DIX-SEPT ROSADO encetasse a viagem ao Rio de Janeiro, então Capital da República, ou seja, que a viagem dera-se em atendimento a um telegrama enviado pelo Presidente Getúlio Vargas, que pretendia aparar arestas existentes entre DIX-SEPT e o CAFÉ FILHO, então Vice-Presidente da república. Ressalte-se que o Dr. VINGT-UN nunca deixou de saudar-me quando nos encontrávamos. Em que cofre estará escondida a carta do Cel. Francisco Pinto? Terá sido incinerada pelo Dr. Aldo Fernandes, genro de Jerônimo Rosado ? Por que deram sumiço a essa prova, que paira apenas como uma referência metafórica a um segredo ?

Honório: há, em sua opinião, alguma relação entre o ataque a Apodi, feito por Massilon, e o ataque a Mossoró, no qual esse cangaceiro chefiava um dos subgrupos de Lampião?

Marcos: Os interesses políticos e pessoais que uniam JERÔNIMO ROSADO, FELIPE GUERRA e seu cunhado TILON GURGEL, somado à intrínseca participação do seu genro Décio Holanda, conduz à certeza de que havia um consórcio em confidências íntimas e profundas. Delas se poderá até deduzir que, nos episódios do 10 de Maio de 1927 e de 13 de Junho do mesmo ano, Jerônimo e Felipe Guerra atuaram como espécies de mentores com acentuadas ascendências. As perspectivas de sucesso das nefastas empreitadas alegravam perversamente os seus espíritos. Em sentido adverso a eles, os desígnios divinos anularam tamanha virulência em matéria de inveja e cobiça. Nuances que anularam seus princípios de homens públicos e anulam suas individualidades. Foram pródigos em protagonizarem distorções de caráter. A ânsia pelo poder fez com que perdessem inteiramente o contato com a realidade.

Honório vc está escrevendo algum livro, atualmente?

Marcos: Sim, estou em fase de conclusão trabalho de cunho histórico/genealógico com o título "SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA FAMÍLIAS APODIENSES".

O Cariri na Presidência da ANE Por:Napoleão Tavares Neves

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Voltaire, Danielle, Peixoto Junior e Manoel Severo

O nosso bem caririense José Peixoto Júnior, foi agora eleito Presidente da Associação Nacional de Escritores–ANE, com sede em Brasília. Caririense dos melhores e dos mais talentosos, José Peixoto Júnior é fecundo poeta, talentoso escritor e extraordinária figura humana.

Nascido em Caririmirim, na Fazenda Jenipapo, bem na raiz da nossa Chapada do Araripe, José Peixoto Júnior tem formação fundamental no “Ateneu Jardinense” e no saudoso Ginásio do Crato. Formado em Direito, é funcionário Público Federal aposentado, em Brasília.

Membro do Instituto Cultural do Cariri, de Crato, José Peixoto Júnior ocupa a Cadeira Padre Joaquim de Alencar Peixoto, sendo o principal biógrafo do irrequieto sacerdote, artífice maior da independência política de Juazeiro com o vibrante jornal por ele fundado, “O Rebate”. Ademais, José Peixoto Júnior é ainda aparentado do cratense, padre Alencar Peixoto, tendo sido por ele batizado na Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho, de Granito (PE), aí por volta de 1925.

Assim sendo, temos um grande caririense no pódio da Associação Nacional de Escritores–ANE. José Peixoto Júnior, por seu telurismo e amor ao sertão nordestino, foi vaqueiro no topo da nossa paradisíaca Chapada do Araripe, que chama, maviosamente, de “Rainha das Chapadas do Nordeste”.

Bravos por subida ao pódio da entidade máxima dos escritores brasileiros!

Napoleão Tavares Neves
Médico, historiador, memorialista, cronista e escritor.

Publicado originalmente no Blog do Crato/Dihelson Mendonça

NOTA CARIRI CANGAÇO: Nos unimos a justa e oportuna homenagem prestada pelo Mestre Napoleão Tavares Neves ao amigo estimado Peixoto Júnior, um de nossos confrades da família Cariri Cangaço. Com certeza tê-lo na presidência da ANE nos enche de orgulho e satisfação. Querido Peixoto, receba nosso fraterno abraço, extensivo a Voltaire e toda família e até o Cariri Cangaço 2011.
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A Representação Social do Cangaço Por: Salete Rego

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Rosa Bezerra e confrades por ocasião do lançamento de seu livro no Cariri Cangaço

Esse encontro de hoje é marcado pelo ineditismo. Não se cogitaria, sequer, há poucos anos, uma mulher, filha de um cangaceiro, receber uma homenagem de uma entidade literária que teve até pouco tempo atrás a presença, apenas, da elite intelectual pernambucana fazendo parte de seu quadro de sócios efetivos.Deve-se este avanço à visão estratégica de seu atual presidente, Alexandre Santos que, viabilizando a inclusão dos representantes de todos os segmentos da literatura pernambucana, nesta entidade, concede-nos, nesta ocasião, a possibilidade de conhecer, mais de perto, a pesquisadora que, ao lançar o seu livro de estréia, em 2009, A Representação Social do Cangaço, já demonstra maturidade suficiente para entrar no rol dos escritores que fazem da escrita um veículo não apenas de prazer, mas de compromisso com a história que é sempre contada pelos vencedores, roubando dos vencidos a chance de registrar a sua própria história.

Lançado na Bienal Internacional do Livro de Pernambuco em 2009, e no Cariri Cangaço, no mesmo ano, em pouco tempo teve a sua primeira edição esgotada, estando, a segunda, revisada e ampliada, prevista para ser lançada na Bienal que acontecerá de 24 de setembro a 2 de outubro deste ano, no Centro de Convenções de Pernambuco.A Representação Social do Cangaço é leitura obrigatória para todo historiador, pesquisador, estudante, enfim, para o público ligado de alguma forma ao fenômeno do Cangaço. Ele se diferencia das demais abordagens sobre o assunto, porque traz à tona, entre outras coisas, a forma como a mídia tendenciosa pode relatar os fatos, visando o favorecimento de determinados segmentos da sociedade.

Rosa Bezerra e os autógrafos em noite de Cariri Cangaço

Não apenas o Cangaço teve os seus fatos distorcidos pelos meios de comunicação, mas outros movimentos, ao longo da história tiveram o mesmo destino, com grave repercussão até os dias atuais. Cabe, pois, ao público, saber fazer a leitura crítica de tudo o que é veiculado, exercendo, Rosa, um papel fundamental neste quesito ao publicar uma obra que tem o poder de acender uma tocha na escuridão onde muitos, ainda, estão imersos.Saindo da mediocridade a que esteve submetida até grande parte do século passado, a mulher cangaceira rompe com um padrão alimentado pelo machismo e entra para a história, mesmo sem ter consciência disso, como a que tem vontade própria, a que vai atrás do seu homem, a que enfrenta a dureza de parir os seus filhos no meio da caatinga e a incerteza de poder criá-los dignamente.

Rosa herdou das mulheres cangaceiras o visual marcante, a personalidade forte, a coragem de ir à luta pelos seus ideais, transparecendo, sempre, a grande admiração que nutre pelo pai, Generino Bezerra, e pelo atributo que norteou a sua vida – o senso de justiça. Amiga, você está fazendo a diferença, aqui, na UBE. Está deixando a sua marca para que futuras gerações possam ter uma visão mais abrangente a respeito do movimento social chamado Cangaço e das mulheres cangaceiras, que não apenas acompanhavam um grupo que subvertia a ordem estabelecida, matando, invadindo ou se vingando, mas que se destacavam pela coragem de romper com um padrão que vinha se perpetuando para a glória machista sertaneja.

A atitude daquelas mulheres, na época, largamente comentada através do boca-a-boca, pode ter servido de exemplo para a libertação de muitas outras que se viam oprimidas por pais, irmãos e maridos.

Salete Rego Barros é escritora, editora e dirigente da UBE-PE. Trabalho apresentado em 21 de março de 2011, por ocasião da estréia do programa 'Conversa de Segunda' na Casa Rosada da Rua Santana, no Recife, quando a escritora Rosa Bezerra foi homenageada pelo seu trabalho sobre a participação da mulher no Cangaço.

NOTA CARIRI CANGAÇO: Tivemos a grande satisfação de acolher o lançamento da espetacular obra da escritora Rosa Bezerra, A Representação Social do Cangaço em nosso Cariri Cangaço 2009. Em 2010 novamente privamos de sua companhia durante todo o evento e este ano, com certeza teremos mais Rosa Bezerra no Cariri Cangaço 2011.
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E por enquanto nos bastidores.... Por:Manoel Severo

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De vez em quando é importante "abrir o velho e surrado baú de nosso coração"... faz bem a alma, reconforta o caminho, nos enche de entusiasmo e nos dá a certeza que estamos trilhando e combatendo o bom combate. O que seria desse evento se não fosse essa grande e maravilhosa família? 

Muitos dizem e na verdade constatam que muitas vezes o encontro entre tantos pesquisadores, os conhecidos Vaqueiros da História, como diz o grande Decano de Poço Redondo, Alcino Costa, acaba produzindo o inusitado, que são os segredos de alcova. Na grande maioria das vezes o que acontece nos "bastidores" é tão ou mais interessante que as próprias conferências, que o digam todos aqueles que fazem parte desta Caravana chamada Família Cariri Cangaço, não é verdade Lili ?

Um dos momentos eletrizantes do encontro foi quando um burburinho no café da manhã acabou se espalhando como rastilho de pólvora: Primeiro foi o Decano "coxixando" com Danielle Esmeraldo, coxixo que acabou chegando ao confrade Emilson, atravessou o Atlântico até ser objeto de colóquio entre o Padre Cícero Gastão e o irmão do Papa, sem falar na última tentativa de Luiz Ruben junto ao amigo Gilmar Teixeira... 

Mas não haveria jeito, a decisão estava tomada, daí só restou ao companheiro Lemuel Rodrigues oferecer o velho e bom trago a quem se aprochegava, e Rosa Bezerra acabou também entrando na festa com o tira-gosto, entretanto para manter todas as aparências pelo menos o Comendador Mariano ficou no inofensivo Iogurte...É a vida!

Mas como por tras de um grande homem tem  sempre uma grande mulher, Juliana Ischiara acabou desencadeando o deixa disso e apesar da presença de uma mascarada suspeita...

...tudo haveria de acabar bem apesar da pôse meio torta de nosso selvagem Bin Laden, o homem é um  verdadeiro dínamo e já mandou muitos para o outro mundo, que o digam os parentes que visitavam o mausoléu: João de Sousa, Gonzaga e Joãozinho Souto...
Até Rubinho Lima foi requisitado para acalentar a dor do poeta Pedro Bandeira que acabou compreendendo a situação com a chegada de Afrânio das Marmitas e do sobrinho de Luiz Gonzaga: Seraine Gonzaga...

É certo que alguns estavam totalmente alheios ao que ocorria a seu redor,  alimentando algum sonho perdido em talvez mudar de naturalidade ou mesmo buscando novos atalhos para chegar a  Lagoa do Mel...Esse é o nosso Cariri Cangaço! Então que venha 2011!

Manoel Severo
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Marcio Vasconcelos

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Depois de passar por Fortaleza,
São Paulo e Salvador a exposição
“Zeladores de Voduns e
outras entidades do Benin ao Maranhão”
está de volta à São Luís do Maranhão.

Compareçam!

Márcio Vasconcelos

Nota Cariri Cangaço: Estimado amigo Marcio Vasconcelos, receba nosso abraço de parabens continuados e em setembro você já sabe: Compromisso com nosso Cariri Cangaço.
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Antônio Linard uma legenda do Cariri Por:Manoel Severo

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Antônio Linard

Por ocasião da visita de nosso confrade Jack de Witte ao Cariri do Brasil, tivemos privilégio de novamente visitar o complexo industrial dos Linard na acolhedora Missão Velha, portal de entrada do Cariri. Ali fomos recebidos pelo amigo Maraton Linard e seu filho Alônio Linard.

Por mais de duas horas estivemos visitando as instalações da Usina da família Linard, iniciada ainda no início do século passado,  a partir da determinação, trabalho árduo e muito talento de seu fundador, senhor Antônio Linard.

Residência da Família Linard

 Jack de Witte e Alônio Linard

 Jack de Witte, Alônio Linard e Bosco André

famoso Torno de Lampião

Alônio Linard, seu neto, que nasceu e cresceu dentro da Usina e desde criança se acostumou a percorrer e aprender todos os segredos de seu avô e pai; agora é um dos timoneiros do empreendimento; nos mostrou toda a estrutura do parque industrial e nos contou um  pouco da história desse grande pioneiro que foi Antõnio Linard. Uma das passagens mais marcantes foi seu relato de como seu avô fazia no início de tudo: "Vovô não sabia idiomas, então recebia catálogos da Inglaterra, da Alemanha e ia traduzindo com um dicionário e ia montando os moldes, as peças..." e assim se construiu uma das mais festejadas usinas de nosso Ceará. Sem falar no inusitado e marcante episódio de seu encontro com Virgulino Lampião nos idos entre 1926 e 1927, quando dali surgiu seu primeiro torno, o "Torno de Lampião"

NOTA CARIRI CANGAÇO: A família Linard é uma das mais tradicionais de nosso Cariri, com sede em Missão Velha, são também anfitriões de nosso Cariri Cangaço. Grande abraço aos amigos Maraton e dona Eailce Linard e seus filhos, estimados amigos, Amélia e Alônio Linard.
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Major Zé Inacio, foi aqui que tudo começou...

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Casa séde da fazenda Baixa Grande do Major Zé Inácio

Estar no cariri, mas precisamente no Barro e ter a oportunidade de visitar a lendária Fazenda Baixa Grande, do não menos lendário e emblemático "Major Zé Inácio do Barro", para nós que estudamos a temática cangaço, é no mínimo emocionante. Foi aqui que tudo começou, foi dessas terras que ainda em 1918 saíram os primeiros homens de Sebastião Pereira e Luiz Padre, foi nessas terras que tres dos filhos do almocreve do Pajeú, Zé Ferreira, vieram morar, ali formariam ao lado dee muitos outros os cabras de Sinhô Pereira; foi dessas terras e dessa casa que partiram os celerados, e daí, o Mito.

Vista lateral

 O que restou do engenho

Ainda pelos idos do final da primeira década do século passado, a família Pereira, em franco confronto com a família Carvalho, no vale do Pajeú, acabou vindo fixar residência na cidade de Barro. Foram adquiridas as fazendas Timbaúba e Carnauba, bem próximas a outra fazenda famosa de um contra-parente: A Baixa Grande do Major Zé Inácio. Logo após a morte de Né Dadu, Sebastião Pereira assume o comando do braço armado da família Pereira e desse tripé: Timbauba, Carnauba e Baixa Grande, sob os auspícios do Major Zé Inácio, se forma o primeiro grupo de cangaceiros sob o comando de Sinhô Pereira, era o ano de 1918.

Estamos com a vista da fazenda Baixa Grande em direção a cidade de Barro

Aqui temos a vista da fazenda Baixa Grande em direção as fazendas Timbauba e Carnauba, no alto do morro, território da família Pereira.

Major Zé Inácio era verdadeiramente um dos maiores potentados de toda essa região desse lado do cariri, com influência forte em municípios como Milagres, Mauriti, Aurora, Missão Velha; tinha fortes e importantes aliados, conseguindo formar e fomentar um verdadeiro exercito de cabras e cangaceiros sempre a seu comando. Foi sempre um dos principais personagens em todos os episódios envolvendo conflitos armados na região e passou a ser o mais importante aliado de Sinhô Pereira e Luiz Padre.

Manoel Severo e Sousa Neto na sala principal da Fazenda Baixa Grande

Quanta coisa aconteceu e foi decidida por esses cômodos e que passaram por essas portas...


Com a palavra Virgulino Ferreira da Silva, por ocasião de sua passagem por Juazeiro do Norte em 1926 em entrevista ao médico cratense Otacílio Macedo: " - A meu ver o cangaceiro mais valente do nordeste foi Sinhô Pereira. Depois dele, Luiz Padre. Penso que Antonio Silvino foi um covarde, porque se entregou às forças do governo em consequência de um pequeno ferimento. Já recebi ferimentos gravíssimos e nem por isso me entreguei à prisão...

...Conheci muito José Inácio de Barros. Era um homem de planos, e o maior protetor dos cangaceiros do nordeste, em cujo convívio sentia-se feliz."

 
Sousa Neto e Bosco Amdré se despedem da fazenda Baixa Grande do Major Zé Inácio; nosso próximo encontro? Quando setembro chegar.
Que venha o Cariri Cangaço 2011...

NOTA CARIRI CANGAÇO: Na edição 2011, o Cariri Cangaço terá uma espetacular Conferência sobre a vida deste grande potentado que foi o Major José Inácio de Sousa, como também teremos a oportunidade de visitar a lendária fazenda onde tudo começou...
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