Movimento de Escritores na Livraria Escariz, Jardins-Aracaju Por: João Everton da Cruz


Foi um 26 de junho de 2014 marcado pela interação e socialização da cultura nordestina, sobretudo das raízes sergipanas. Uma maneira de fazer chegar a cultura a muito mais pessoas. Durante o evento ouvimos recital de poesia. Reencontramos velhos amigos e discutimos projetos, ideias e cultivamos a paidéia.
O encontro possibilitou uma relação transformadora do ser humano. O humano se faz no curso do desenvolvimento histórico e social; profundamente diferente do mundo da natureza. Daí a importância da cultura na vida das pessoas: "formar", "educar", "instruir o ser humano". Cultura é Humanização.


Ao longo do evento foi possível ler, comprar alguns livros e saborear um café entre amigos. O exercício da palavra foi o fio condutor do encontro de escritores e apreciadores de literatura. Foi dado ênfase ao registro escrito com a exposição de cada escritor acerca dos seus livros. Por isso que o registro é ainda a forma mais duradora de permanecer no tempo uma mensagem que se queira dizer a outras pessoas. Vimos um grande volume de obras sendo produzidas em Sergipe.
Os livros apresentados n"O Escritor na Livraria" são frutos de diferentes dinâmicas literárias e, portanto, em diferentes gêneros. Vale a pena a leitura. A lição que tiramos: é hora de alargar horizontes e confrontar com os desafios. Dizia o teólogo Juan Sobrino: "a realidade dá o que pensar e dá o que fazer". A sabedoria indígena nos ensina que podem arrancar nossos frutos, cortar nossos galhos e queimar nossos troncos, porém nunca conseguiram matar nossas raízes.
Foi um evento prospectivo. É nesta perspectiva que vem nascendo novas Academias de Letras pelo interior do Estado de Sergipe. Fruto do trabalho do Escritor Domingos Pascoal. São elas: Academia Dorense de Letras (recém instalada); Academia Gloriense de Letras; Academia Itabaianense de Letras; Academia do Alto Sertão; Academia Lagartense de Letras; Academia Estanciana de Letras e Academia Tobiense de Letras. Sem contar a Academia Sergipana de Letras.

João Everton da Cruz
Nossa Senhora das Dores - Sergipe

E o Mascate Espertalhão Por: Renato Cassimiro


Na biografia de Benjamim Abrahão Botto, recentemente lançada pelo escritor Frederico Pernambucano de Melo, este secretário do Padre Cícero é apresentado como um espertalhão, por ter se locupletado com a amizade e o cargo de confiança que ocupou na casa do padre. E é uma verdade. No início já havia uma mentira, pois ele dissera na apresentação que nascera na terra de Jesus. Em verdade, Benjamim nasceu no Líbano, na cidade de Zahle. 

Mas, julgue o leitor ao conhecer um pouco mais desta figura. Benjamim tinha negócios em Juazeiro, como um jornal e uma loja de tecidos. Também era proprietário de um rancho para romeiros. Veja o que ele diz neste boletim de publicidade que estampamos acima. 

“CASA DOS ROMEIROS DO PADRE CÍCERO, de Benjamim Abrahão. Antiga Casa São Jorge. Aviso a todos os romeiros que a Casa dos Romeiros do Padre Cícero, não trata de negócio, pois foi aberta por ordem do Padre Cícero, exclusivamente para receber os Romeiros pobres e ricos, dar-lhes ranchos asseados e facilitar-lhes a entrada na casa do mesmo Padre, grátis, e sem nenhum interesse, respondendo as suas cartas, com a máxima brevidade. O encarregado desta casa é amigo íntimo do Padre Cícero, residindo ou morando com ele. Portanto, os Romeiros devem procurar a Casa dos Romeiros do Padre Cícero que serão bem servidos. Os Romeiros não devem iludirem-se com certas pessoas suspeitas que fazem pelas estradas propaganda contra esta casa que é a única que não explora ninguém, e é amiga de todos os romeiros. Encarregado geral: Benjamim Abrahão, Escrivão do Padre Cícero, Joazeiro-Ceará.” 

Deu para entender aí, ou querem que eu explique? Interessante que na lateral do boletim está a expressão: Para evitar disgosto, a casa não acceita pessoas com moléstias contagiosas. 

Renato Casimiro
Fonte: http://colunaderenato.blogspot.com.br/

Vai começar a Festa: Divulgada Programação do Cariri Cangaço Piranhas 2014 !


Tudo pronto para a abertura da Agenda Cariri Cangaço 2014. Piranhas, a sede Cariri Cangaço nas Alagoas, promove a primeira Avante-Premiere do evento que tem seu ponto alto em Setembro de 2015. Uma das cidades mais bonitas e acolhedoras do Brasil, às margens do São Francisco, rica em beleza, esbanjando história e tradição, realiza no próximo mês de Julho, de 24 a 28 a Semana do Cangaço, com vasta e rica programação no momento em que se registram 76 anos da morte de Virgulino Ferreira em Angico, Sergipe.

VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA


Dia 24 de Julho de 2014 
Quinta –feira – Piranhas 
Local : Centro Cultural Miguel Arcanjo de Medeiros 

16:00 h –  Abertura da Semana do Cangaço  
Prefeito de Piranhas Dr. Dante Alighieri
Apresentação da Filarmônica  Mestre Elísio – Piranhas /AL
16:20 h –  Palestra : Soldado Adrião - A Outra Face do Cangaço
                 Palestrante:  Antonio Vilela – Pesquisador e Escritor 
SBEC e Conselheiro Cariri Cangaço
17:00 H – Intervalo
17:10 h – Mesa Redonda :  Cultura Regional  
               Prof. Dr. Benedito Vasconcelos ( Presidente da SBEC ) 
 Profª Railda Nascimento ( MAX – Museu de Arqueologia de Xingó) 
Luiz Carlos Salatiel ( Prefeitura de Piranhas) 
 Jaqueline Rodrigues ( Representante da ASTURP )
Coordenador da Mesa : Manoel Severo ( Curador do Cariri Cangaço)
17:40 h – Debate
18:40 h – Apresentação  de peça teatral com o grupo Estrelas do Sertão
19:20 h –  Lançamento de Livro e Novas Edições 
"Lampião em Paulo Afonso" - João de Sousa Lima
"Dicionário Biográfico Cangaceiros e Jagunços" - Renato Luis Bandeira


Dia 25 de Julho de 2014
Sexta-feira - Piranhas
Local : Centro Cultural Miguel Arcanjo 

10:00 h - Reunião Extraordinária SBEC
11:00h - Reunião Extraordinária do CARIRI CANGAÇO
15:00 h –  Lançamento do Projeto  Arqueologia do Cangaço
                Prof. Dr. Carlos Guimarães ; Prof. Dr. José Roberto Pellini 
Prof. Dr. Leandro Domingues Duran
UFMG , UFBA, UFS - MAX, UFPA
 15:40 h – Intervalo
15:50 h – Palestra : Lampião no imaginário do homem do sertão
               Palestrante : Prof. Wescley Rodrigues
16:30 h – Exibição do documentário:
 “ A violência oficial nos tempos do Cangaço “  de Aderbal Nogueira.
16:40 h – Mesa Redonda :  O Estado e o Cangaço 
                Componentes da Mesa
Manoel Severo - Fortaleza, CE
João de Souza Lima - Paulo Afonso - BA
Sousa Neto - Barro, CE
Tenente Coronel Lucena - Maceió - AL
Coordenador da Mesa : Jairo Luiz Oliveira
17:20 h – Debates
18:00 h – Apresentação do grupo de xaxado Cangaceiros do Capiá  Piranhas /AL
18:30 h – Encerramento


Dia 26 de julho de 2014
Sábado - Piranhas _ AL


09:00 h - Oficina de Discussão Arqueologia e Cangaço 
                Participantes : Pesquisadores da UFS , UFMG, UFPA, UFBA, SBEC GECC, GPEC e Cariri Cangaço
12:00 h – Término da oficina e intervalo para almoço

09:00 h - Oficina de discussão Arqueologia e Cangaço 
    Pesquisadores da UFS , UFMG, UFPA, UFBA, SBEC e Cariri Cangaço
12:00 h – Término da oficina
14:00 h – Exibição de Imagens inéditas 
"O cangaceiro Vinte e Cinco" de Aderbal Nogueira
14:40 h - Dinâmica: A história oral como história
15:40 h - Debates
16:40 h - Autógrafos 
"Lampião na Bahia" - Oleone Coelho Fontes


Dia 27 de Julho de 2014
Domingo - Piranhas - AL


09:00 h – City Tour em Piranhas
Visitas: Palácio D. Pedro II  ( atual Prefeitura Municipal)
 Museu do Sertão; Local da morte do coiteiro  Pedro de Cândido; 
Estação Ferroviária




Dia 28 de Julho de 2010
Segunda-feira

08:00 h – Saída para Angico – Missa do Cangaço
Local de embarque : Porto de Piranhas/AL
13:00 h – Retorno

SEMANA DO CANGAÇO 2014
CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 
ALAGOAS - BRASIL
Manoel Severo e Jairo Luiz

O evento é uma realização da Prefeitura Municipal de Piranhas com a marca Cariri Cangaço e o apoio da ASTURP, da Universidade Federal de Sergipe e do MAX - Museu de Arqueologia de Xingó e terá as conferencias, debates e exibição de vídeos no Centro Cultural Miguel Arcanjo na Piranhas Antiga, Patrimônio da Humanidade; além de visitas dirigidas a muitos dos principais cenários do cangaço lampiônico da década de 30, tanto em Piranhas como em Entremontes e Olho d'Água do Casado,  em Alagoas e Canindé do São Francisco e Poço Redondo em Sergipe.

A Avante-Premiere Cariri Cangaço 2014 em Piranhas tem a frente o pesquisador e Conselheiro Cariri Cangaço, turismólogo Jairo Luiz; e terá as presenças de representantes da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, do GECC - Grupo de Estudos do Ceará, do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, além de Universidades e escolas, dentre outras representações e instituições ligadas à pesquisa e estudos do Cangaço, de todo o Brasil.  

Aguardamos Você !

Manoel Severo - Curador do Cariri Cangaço
Jairo Luiz Oliveira - Coordenador Geral da Semana do Cangaço

Aurora Promove Visita a Sítios Históricos Por: José Cícero Silva

José Cícero e equipe da Secult

Com o objetivo  de melhor divulgar e também promover o turismo local, a secretaria de cultura(Secult) iniciou esta semana o projeto imagético  'Belezas d'Aurora' que conforme o secretário José Cícero,  em sua primeira etapa  pretende produzir uma série de pequenos vídeos e imagens  retratando em seu bojo toda a beleza dos ambientes, tanto naturais, quanto relacionados à história, as artes, os artesanato e a religiosidade do município. 

Neste sentido,  uma equipe de trabalho capitaneada pelo próprio secretário, esteve no último sábado(21) visitando alguns dos locais mais emblemáticos da  história de Aurora, bem como dos seus atrativos naturais espalhados no mais das vezes, pelo interior rural. 

O professor Ronaldo Santos, como convidado, também compôs a equipe de pesquisa de campo, incluindo a presença do senhor Zé de Pedro  do sítio Espinheiro, autêntico contador de causos e que na oportunidade guiou a equipe durante o percurso(ver fotos). Ocasião em que visitaram diversas partes do rio Salgado, a exemplo da famosa Massalina no sítio Volta na região do Pavão. Como inclusive, a capelinha onde encontra-se sepultada a jovem Cotinha  - filha do vaqueiro do padre Cícero, no sítio Maracajá(Pavão) que, segundo os moradores da região vem obrando milagres. 
 

Ainda o cemitério da Bailarina na comunidade de Carro-quebrado no riacho das Antas onde encontram sepultadas clandestinamente as vítimas da grande epidemia de cólera ocorrida em meados do século XVIX e, por último as famosas minas do serrote do Coxá que no passado pertenceram ao padre Cícero Romão sendo motivo de sangrentas disputas envolvendo sitiantes do lugar e outros personagens como Floro Bartolomeu e seus jagunços, os engenheiros conde Adolfo, Frochot, entre outros. 

Episódio que passou à histórica do Cariri  como "as polêmicas demarcação das minas do Coxá de 1908", sem esquecer sua ligação como chamado "Fogo do Taveira".  Sem esquecer a histórica disputa entre os Macambiras e os Fernandes pelas terras onde estavam localizadas as minas. 

Padre Cícero no Serrote do Coxá

O serrote do Diamante também recebeu as atenções da equipe, visto que tantas vezes serviu de coito e esconderijo para Lampião e seu bando nos anos de 26 e 27 antes de chegar à fazenda Ipueiras sob os auspícios do vaqueiro do coronel Izaías Arruda, Miguel Saraiva  que ali residia.

Banco de Imagens - Projeto Imagético: Inicialmente, o rol das fotografias selecionadas será exposto nas vidraças que compõem o espaço sob a estátua do Senhor Menino Deus, ao lado da igreja matriz no centro da cidade. "A ideia  é mostrar para as pessoas um pouco do grande potencial turístico que possui o município de Aurora nos aspectos religioso, histórico e ecológico. Além de tentar provocar em cada cidadão um maior apego e conhecimento acerca da nossa própria história, além de um sentimento de 'pertecimento' no que se refere à defesa do nosso  rico patrimônio histórico, arquitetônico, ambiental, humanístico e cultural", disse.

Fonte:http://blogdaaurorajc.blogspot.com.br/2014/06/equipe-da-secult-realiza-visita-lugares.html

José Cícero Silva
Secretário da Cultura de Aurora
Pesquisador, Escritor
Conselheiro Cariri Cangaço

As Cartas de João Dantas e a Morte de João Pessoa Por: Manoel Severo

João Pessoa

O que não se esperava é que um fato vindo da pequena Paraíba pudesse desaguar na grande revolução de 30... Dia 26 de julho, era assassinado o presidente do estado da Paraíba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, renomado político e candidato à vice-presidência da chapa derrotada do gaúcho Getúlio Vargas.

As esquinas das ruas Palma e Nova, no centro rico de Recife, foi o palco dos 3 tiros que viriam a tirar a vida de João Pessoa. Ali, na Confeitaria Glória, ponto de encontro da elite nordestina, em 26 de junho de 1930 morria uma das maiores lideranças políticas do nordeste e aliado do derrotado Getúlio Vargas.  O crime, apesar de ter sido o estopim para o movimento “revolucionário” não teve ligação com a campanha presidencial. 

Um conflito entre o advogado paraibano João Dantas, João Pessoa e o coronel José Pereira, chefe da cidade de Princesa teria sido o real motivo do assassinato. Senão vejamos: era presidente do estado da Paraíba, João Suassuna, que a revelia da oligarquia de Epitácio Pessoa, articulava a sua própria sucessão lançando a chamada chapa dos 3 Jotas: seu chefe de polícia Júlio Lyra e os coronéis José Pereira e José Queiroga para a presidência, e primeira e segunda vice presidências do estado, consolidando sua força no estado. 

Epitácio Pessoa interveio e lança seu sobrinho João Pessoa que ganha a disputa e no discurso de posse em outubro de 1928 declara: “que desejava assegurar garantias a todos e que levaria a polícia a vasculhar propriedades à procura de armas que abasteciam o cangaço.” Frontalmente contra a política sertanista de Suassuna e Zé Pereira de suposta complacência com o banditismo cangaceiro.  No conflito envolvendo as partes, que culminou com a famosa “Revolta de Princesa”, o advogado João Dantas, filho do coronel Franklin Dantas do município de Teixeira, havia tomado partido de Zé Pereira.

Anayde: Cartas de amor publicadas...

A oposição mantida a João Pessoa por João Dantas se efetivava violenta, um apartamento seu, localizado em um sobrado da então Rua Direita, 519, bem no centro da capital e próximo do palácio onde trabalhava João Pessoa, foi invadido pela polícia no dia 10 de julho; livros, documentos e móveis de João Dantas foram queimados na calçada fronteira. Ali também teriam sido recolhidas correspondência íntimas entre João Dantas e sua noiva Anayde Beiriz, ato contínuo O jornal A União, que já era então o órgão oficial do governo da Paraíba, publicou uma série de acusações gravíssimas a familiares de João Dantas, inclusive ao patriarca, Cel. Franklin Dantas, unido a isso fizeram publicar em  jornal local, as cartas que João Dantas tinha escrito para sua amada, Anayde . 

Aqui abrimos um parêntese para citar declaração do historiador  José Joffily sobre o escárnio sofrido por Dantas com relação à privacidade de sua relação com a amada: “Bem me lembro, quando,a caminho do Colégio Pio X onde estava concluindo o ginásio, entrei numa fila, com outros estudantes, para ler sonetos extravagantes e páginas confidenciais do diário do fogoso advogado, eram confidências amorosas entre o advogado João Dantas e Anayde Beiriz”.

As desavenças e ódio passaram a deixar cada vez as ácidas e perigosas as ligações entre Dantas e João Pessoa, culminando, diante da pressão de amigos, com a mudança de João Dantas da Paraíba para Olinda em Pernambuco.  

Jornal do Brasil e a manchete da morte de João Pessoa

João Dantas, que morava em Olinda, aproveitou uma visita do presidente do visinho estado paraibano à cidade do Recife; a despeito de visitar um amigo enfermo, o Juiz Francisco Tavares da Cunha Melo, internado no Hospital Centenário; mas que segundo afirmação de Ronildo Maia Leite, “provavelmente João Pessoa viera ao Recife encontrar-se com uma cantora com quem mantinha um romance secreto.”Essa cantora seria a soprano Cristina Maristany. E quando o mesmo se encontrava na Confeitaria Glória, entra João Dantas, armado de um revólver, acompanhado do cunhado Moreira Caldas. Se aproximando de João Pessoa teria dito: 

”-  João Pessoa? Eu sou João Dantas”. 

Aqui saem os cangaceiros das caatingas e entram os cangaceiros da capital... Vários tiros foram disparados por João Dantas e por Moreira Caldas, não se sabendo ao certo, qual tenha sido a bala fatal que mataria o político. Ainda segundo Ronildo Maia “ele morreu com as jóias que, minutos antes, havia comprado na joalharia Krauze para sua amante”. Em seguida ao assassinato do líder paraibano, o governo é assumido por seu vice-presidente Álvaro Pereira de Carvalho, que  muda o nome da capital da Paraíba para João Pessoa e o acrescenta o lema NEGO à bandeira do Estado, numa referência à resposta que João Pessoa teria dado via telegrama, ao presidente Washington Luís sobre a negação de seu apoio à candidatura vitoriosa de Júlio Prestes; o vermelho da flâmula representava o sangue da morte de seu líder e o preto, o luto.

João Dantas

Voltando à Confeitaria Glória; João Dantas ainda seria ferido pelo motorista de João Pessoa quando fugia, e depois acabaria sendo preso ao lado do cunhado Moreira Caldas e de novo a ironia do destino colaria cabeças decapitadas; como em Angico; no caminho do povo nordestino. 

Recolhidos à Casa de Detenção, do Recife, os dois foram degolados e tiveram suas cabeças enviadas para a Paraíba, era o dia 03 de outubro de 1930, o crime teria sido arquitetado pelo tenente da força policial Ascendino Feitosa, e seu auxiliar o soldado João da “Mancha”; ele tinha uma mancha escura no rosto, razão pela qual lhe foi dado esse apelido; como executor.  

Agora nos valemos de um trecho de entrevista prestada pelo Coronel Manuel Arruda de Assis, oficial da Policia Militar da Paraíba a José Romero Araujo em janeiro de 1989, “o indivíduo João da Mancha era considerado inclusive por seus antigos colegas de farda, como um psicótico, extravagante sangrador das forças volantes paraibanas. Naquele dia rompeu, com um bisturi pertencente ao medico Luiz de Góes, a carótida do advogado João Dantas, como também de seu cunhado, o engenheiro Moreira Caldas, ambos assassinados com a mesma “técnica”. O “serviço” fora feito por um profissional macabro que conhecia muito bem o seu “ofício”. O militar sabia milimetricamente onde iria romper a artéria, visto que a luta corporal travada entre o intrépido advogado João Dantas e os seus algozes impediu o seccionamento no ponto exato, como pretendia Dr. Luiz de Góes.” E continua o coronel Manuel Arruda, “só alguém que estava profundamente em contato com a “arte” de sangrar poderia ter feito um “trabalho” com tamanha perfeição”.


E continuando com as reflexões de Manuel Arruda, “quando as tropas comandadas por Juarez Távora, ativo integrante da coluna Prestes, chegaram ao Recife, o primeiro local visado pelos militares paraibanos foi a detenção onde se encontravam presos João Dantas e Moreira Caldas que se tornou alvo dos comandados por Ascendino Feitosa, estando entre estes João da “Mancha” e o médico Luiz de Góes.” Conforme o entrevistado, esse médico era capaz de tudo, regido por verdadeiro espírito sanguinário. E segue: “dominados os prisioneiros, Luiz de Góes apontou a Ascendino a carótida. João Dantas entrou em luta corporal com seus algozes, sendo atingido na sobrancelha. Com precisão invulgar, João da “mancha” recolheu o bisturi e aplicou certeiro golpe no local indicado, pondo fim à vida de João Dantas.” O entrevistado revelou que o corpo do advogado foi profanado de diversas maneiras, mesmo quando estertorava. Em seguida, o cunhado Moreira Caldas teve o mesmo fim, morrendo implorando para que o deixassem cuidar da família.

Segundo Manuel Arruda de Assis, era comum solicitar a presença de João da “Mancha” quando cangaceiros eram aprisionados. No combate de 1923, quando o sucessor de Sinhô Pereira fora ferido no tornozelo, no qual pereceram Lavandeira e Cícero Costa, ambos foram sangrados pelo frio soldado volante que se aperfeiçoou em matar usando o extremo da covardia e da perversidade.

Entretanto outra versão defende que João Dantas e Moreira Caldas se suicidaram com golpes de um mesmo bisturi, primeiro Dantas, depois Caldas, tese essa reforçada por supostos bilhetes deixados pelos mesmos em baixo de seus travesseiros. Segundo afirmações de José Joffily "como poderiam estes documentos de despedida, escritos em instante derradeiro, apresentar a correta redação, o talho das letras e a autenticidade das assinaturas, comprovadas em perícia, se tudo fosse escrito no tumulto de uma feroz degola e trucidamento?” e continua citando a confidência de João Dantas ao seu irmão Manoel, como prova do seu intuito de suicidar-se:

“-No caso de um movimento armado e vitorioso, 
eu não me entrego. Mato-me!” 
 “-E tens ao menos com que te matar?” 

 “-Ele abriu a gola do pijama e retirou dele um afiado bisturi.”.

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço

O Pactos dos Governadores para Eliminar os Cangaceiros Parte II Por: Honório de Medeiros

Honório de Medeiros ao lado de Kydelmir Dantas e Professor Pereira

O que nos diz Fenelon Almeida [9] acerca da morte de Jararaca? 

“Não obstante as dores fortes que sentia, Jararaca dava sinais evidentes de que iria sarar dos graves ferimentos recebidos. Vinha aos poucos melhorando. Seu organismo resistia de maneira surpreendente. E isso passou a preocupar as autoridades policiais de Mossoró. Por temor ou por simples espírito de vingança, preferiam que ele morresse de vez, sem apelação. Que desaparecesse de Mossoró. Não queriam mais tê-lo ali nem uma semana.

O Tenente Laurentino de Morais [10] tinha ido a Natal, de onde regressou no dia seguinte (com quem teria estado ele?). A partir de sexta-feira, dia 17, começou a circular pela cidade a notícia de que o ainda temível cangaceiro seria transferido de Mossoró para Natal – uma informação lacônica, desacompanhada de qualquer comentário ou explicação da medida.”


Tenente Laurentino de Moraes

Sérgio Dantas[11], novamente: “Até hoje ignora-se de onde ou de quem partiu a ordem para o extermínio do cangaceiro[12].”

Importante, para a compreensão da possibilidade desse pacto, é a leitura da carta publicada por Manoel Alves do Nascimento[13], enviada por Paulo Fernandes, filho de Rodolfo Fernandes, em 15 de setembro de 1963, ao escritor Nertan Macedo, que pela sua importância vai transcrita integralmente, sem ser editada:

“Ilmo. Sr. Nertan Macedo - Rio de Janeiro (GB)

Na qualidade de filho de Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins, prefeito de Mossoró, RN, por ocasião do assalto de Lampião àquela cidade, tendo deparado à página 213, linhas 20/21 do seu livro ‘Capitão Virgulino Ferreira Lampião’ com uma afirmativa que não corresponde a verdade, cumpro o dever de refutá-lo e solicitar de V. SA. as providências que o caso requer. De V. SA. referindo-se à Jararaca, que ‘de madrugada, um conselho local, reunindo elementos de maior destaque da municipalidade, decidiu pela morte do bandido’. Jamais ouvira falar em tal reunião nem também ouvira imputar a elementos da municipalidade a decisão de eliminar o bandido Jararaca.

Quando ocorreu o assalto de Lampião (13 de junho de 1927), encontrava-me no Rio cursando o 6° ano de medicina. Menos de quatro meses depois meu pai veio a esta capital e aqui faleceu a 10 de outubro, tendo conversado comigo sobre os dramáticos acontecimentos e não me declarou entretanto ter mandado matar Jararaca. 

Posteriormente ouvi pessoas de minha família e também estranhos sobre os referidos acontecimentos e nunca ouvi qualquer coisa que induzisse pelo menos a um indício de verdade na afirmação de V. SA. Deliberei entretanto em viajar recentemente até Mossoró para investigar melhor o assunto. Falei a várias pessoas, homens honrados, alguns dos quais tomaram parte na defesa da cidade e de nossa residência e todos unanimemente repudiam a versão do seu livro. Embora cumpra a V.SA. e não a mim provar o alegado. Apresso-me em aduzir alguns comentários que esclarecem o assunto. Vejamos alguns fatos e circunstâncias em que se desenrolaram os acontecimentos em exame. 


Jararaca preso em Mossoró

1 – As forças policiais, sediadas em Mossoró, obedeciam ao comando do oficial Abdon Nunes[14];

2 – O Governador do Rio Grande do Norte, Doutor José Augusto Bezerra de Medeiros e o seu chefe de polícia, Desembargador Manoel Benício de Melo, estavam à época, em franco dissídio com o prefeito de Mossoró (meu pai); 

3 – Segundo consta, as autoridades estaduais não acreditavam que Lampião atacaria Mossoró e por isso não enviaram, com antecedência, forças suficientes para defesa da cidade;

4 – O Sr. Mirabeau Melo, chefe da repartição do telégrafo em Mossoró era irmão do chefe de polícia, e atuava como informante das coisas locais e porta voz do governo era um medíocre intrigante, inadequado para a missão que o destino lhe reservou pois tanto o governador do estado e seu chefe de polícia como o prefeito de Mossoró eram homens de bem e do mesmo partido político de modo só se compreende o dissídio entre eles em torno do problema de interesse público em virtude da ação maléfica de mexeriqueiros; 

5 – As advertências à população e providências tomadas por meu pai eram exploradas pela oposição até com o ridículo. Chamavam-no por exemplo de velho medroso por se preocupar com um possível ataque de Lampião à cidade;


Trincheira na casa de Rodolfo Fernandes

6 – Quando porém se tornou certo o ataque e o pânico dominou a cidade nossa casa foi procurada como refúgio por alguns desses detratores. Segundo relato que me fez nosso motorista, José de Paula, já falecido, que assistiu à cena, um comerciante de alta projecção local, José Martins Fernandes ajoelhou-se aos pés de meu pai e lhe pediu perdão da campanha que movera e lá ficou, em nossa casa, perdoado, inerte e inútil, durante toda a luta;

7 – O telegráfo nem sempre foi voraz[15]. Recordo-me ainda de ter lido os telegramas vindos de Mossoró e retransmitidos de Natal para Juvenal Lamartine, governador eleito para o Rio Grande do Norte por eles ficava-se com a impressão de que Lampião dominará a cidade;

8 – Jararaca, preso, recusou o alimento que lhe fornecia o xadrez e declarou que só comeria comida da casa do prefeito. Minha mãe enviou leite para sua alimentação. Houve censura e comentários por essa atitude. 

9 – Boatos, intrigas políticas dominavam o ambiente apesar de que houvesse o real perigo de um novo assalto;

10 – Corriam porém ameaças de que o governo cogitava de desarmar os civis que eram afeiçoados a meu pai embora houvessem defendido à cidade e fossem todos homens pacatos em Mossoró não havia nem nunca houve o hábito do rifle; 



11 – Jararaca dissera ou mandara dizer ao meu pai que desejava falar-lhe em particular. Até hoje não se sabe o que ele pretendia dizer pois foi massacrado na noite que seguiu; 

12 – Pessoas fidedignas que conviveram com meu pai disseram-me agora que ele na intimidade reprovou a morte de Jararaca;

13 - Alega-se que se meu pai tivesse tido conhecimento prévio do massacre projetado teria se apressado em ir ao encontro solicitado por Jararaca pois no consenso de muitos, este desejava, no mínimo, revelar onde estava escondido seu dinheiro ou fazer qualquer revelação a respeito de Lampião, por vingança, pois ele não acudiu aos seus rogos para que o levasse ferido, deixando à margem de um desvio ferroviário rente aos fundos de nossa casa;

14 – Ainda está vivo um dos soldados da escolta que abateu Jararaca. É o Sr. João Arcanjo, hoje funcionário da prefeitura de Mossoró. Não o ouvi por escrúpulo. Deve ter sido um mero instrumento a cumprir ordens de algum superior sem nada saber nem poder se insurgir contra as mesmas; 

15 – Sabe-se ainda que o Sr. Amaro Silva, agrônomo, funcionário do Ministério da Agricultura, cortou as orelhas de Jararaca[16] e levou-as para Natal para exibi-las às autoridades. 


Manuel Duarte

As circunstâncias e fatos narrados induzem a conclusão de ser pura invencionice afirmativa de que ‘um conselho local, reunindo elementos de maior destaque da municipalidade, decidiu pela morte do bandido.’ 

Os fatos devem ter ocorrido de outro modo. Ouvi a respeito do Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros e ele me respondeu que o Jararaca morrera na luta. É cedo para esclarecer o caso. Ainda estão vivas pessoas envolvidas direta e indiretamente no assunto. Há ainda descendentes próximos de outros.  Seria tarefa subversiva agitar agora essa questão. Meu objetivo é apurar os fatos, senão a bem da verdade e da memória de meu pai refutar a imputação que indiretamente lhe foi feita.” 

Continua...


[9] “JARARACA: O CANGACEIRO QUE VIROU SANTO"; ALMEIDA, Fenelon; Guararapes; Recife, Pe; 1981.

[10] Clóvis Marcelo de Araújo que se encontrava de guarda no Presídio onde estava Jararaca, afirmou a Raimundo Soares de Brito: “A escolta era composta do Tenente Laurentino de Morais, então Delegado e Comandante do destacamento; Tenente Abdon Nunes; Sargento Pedro Silvio de Morais; um Sargento do destacamento de Macau, cujo nome não recordo; Cabo Manoel de Tal e os Soldados Militão, Paulo e João Arcanjo (GURGEL, Antônio e BRITO, Raimundo Soares de; “NAS GARRAS DE LAMPIÃO”; Fundação Guimarães Duque; Fundação Vingt-Un Rosado; Coleção Mossoroense; Volume 1513; 2ª. Edição.

[11] “LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE”; DANTAS, Sérgio Augusto de Souza; Cartgraf – GRÁFICA EDITORA; 2005; Natal; Rn.

[12] Jararaca.

[13] “POLÍGONO – REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS DO CANGAÇO – TOMO I – ANO I - Coleção Mossoroense; Série “C”; Volume 963; Co-edição ETFRN/UNED; Mossoró; 1997.

[14] Não era o Tenente Laurentino?

[15] Deve ser “veraz”.

[16] Na realidade as de Colchete. Segundo entrevista feira por Ilná Rosado com Jerônimo Lahyre de Melo Rosado, Amaro Silva foi até o Sítio “Canto”, onde estava sua mãe Dna. Marola, levando uma orelha de Colchete. Botaram-na em uma lata e esta dentro de outra e enterraram em baixo de uma árvore perto da casa que ficava próximo da porteira. Nunca mais a encontraram.

Honório de Medeiros
Pesquisador, Escritor, Conselheiro Cariri Cangaço
Conselheiro da SBEC
Fonte:http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/

Lampião na Cabeça de Luciana Sandroni


Com uma arma apontada para a cabeça, Helena tem que escrever a biografia de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Com o rei do cangaço, não tem brincadeira. Promessa é promessa. E deve ser cumprida a qualquer custo. Helena é a narradora de Lampião na Cabeça, primeiro livro de Luciana Sandroni pela Editora Rocco. Por meio da personagem, a premiada escritora de livros infanto-juvenis recria a controversa trajetória de Lampião – do menino tranquilo ao temido cangaceiro que entrou para a história como um homem perigoso e violento – em um livro instigante, que conta ainda com belas ilustrações e projeto gráfico assinados por André Neves.

Em suas pesquisas, Helena descobre que Virgulino foi um menino esperto e inteligente. Terceiro de nove filhos, cresceu ouvindo as histórias dos cangaceiros famosos cantadas pelos artistas populares da época e brincando de “Polícia e cangaceiro”, o equivalente ao “Polícia e ladrão” da cidade. Desde os seis anos, ajudava o pai com os carneiros e as cabras na pequena fazenda da família, e na juventude se tornou muito habilidoso na arte do couro, além de ótimo vaqueiro, excelente dançarino de xaxado e tocador de sanfona de oito baixos. Mas por que então foi se meter no cangaço?

Lampião de Mario Cravo

Virgulino virou Lampião para vingar a morte do pai, em 1921. As rixas entras as famílias eram muito comuns na época e a justiça era feira “aqui e agora”. Uma vingança puxa outra e... Virgulino nunca mais deixou de ser Lampião. Atuou no cangaço dos 19 aos 41 anos, tornando-se o bandido mais importante do século XX. Eternizou a imagem do cangaceiro – chapéu de couro com a aba virada para cima enfeitada com moedas de ouro, as cartucheiras se cruzando no peito – e até hoje é amado e odiado.

Se Lampião foi uma espécie de Robin-Hood do sertão ou apenas um cabra da peste egoísta e sanguinário que espalhava o medo e a opressão pelos povoados onde passava, até hoje há controvérsias. Mas que sua história é fascinante, quanto a isso não resta dúvida. É justamente essa história aberta a várias interpretações que Luciana Sandroni conta no arretado Lampião na cabeça. Com uma narrativa criativa, que mistura ficção e dados reais e reflete ainda sobre o papel do escritor, a autora mostra que toda história pode ser contada de várias maneiras. E é bom não se esquecer disso, senão o couro vai comer!

Fonte:http://bemolariaramos.blogspot.com.br

Quem foi Sabino Gomes Por:Francisco Cleudimar Lira

Sabino Gomes

Sabino Gomes de Góis, alusivamente conhecido como “Sabino das Abóboras” nasceu na Fazenda Abóbora, localizada na zona rural do município de Serra Talhada/PE, próximo a fronteira com a Paraíba pertencente ao respeitado coronel Marçal Florentino Diniz pai de Marcolino Pereira Diniz. No local eram criadas grandes quantidades de cabeças de gado, havia vastas plantações de algodão, engenho de rapadura e se produziam muitas outras coisas que geravam recursos. Também existem dois riachos, denominados Abóbora e da Lage, que abastecem de forma positiva a gleba.

Sabino era filho da união não oficial entre o coronel Marçal Florentino Diniz e uma cozinheira da fazenda. Consta que ele trabalhou primeiramente como tangedor de gado, o que certamente lhe valeu um bom conhecimento geográfico da região. Valente, Sabino foi designado comissário (uma espécie de representante da lei) na circunvizinhança da fazenda Abóbora.

Para alguns estudiosos do cangaço teria sido Sabino que coordenou a vinda do debilitado Lampião para ser tratado pelos médicos José Lúcio Cordeiro de Lima e Severino Diniz de um ferimento no pé ocasionado pelo confronte do chefe do cangaço com a polícia na localidade de Serra do Catolé, pertencente ao antigo município de Vila Bela, hoje Serra Talhada/PE. E que a amizade entre “Lampião” e o filho bastardo de Maçal Diniz, teria nascida na Fazenda Abóbora e se consolidado a ponto de Sabino se juntar ao “Rei do Cangaço” e seu bando, em uma posição de destaque, no famoso ataque de cinco dias ao Rio Grande do Norte, ocorrido em junho de 1927.

Marcolino Diniz em foto de 1930

Asseguram também que a inserção de Sabino no cangaço se deu em razão do assassinato de um primo legitimo seu de nome Josino Paulo surdo-mudo, morto por Clementino Quelé - conhecido por tamanduá vermelho, nas pilhérias do cangaço. Por outro lado a corrente, que defende o ataque a cidade de Souza como porta de entrada de Sabino no bando de Lampião. Fato esse que veio a antecipar o afastamento do líder cangaceiro ao poderoso coronel  Zé Pereira, de Princesa, cunhado de Marcolino Diniz. Entre 1921 e 1922, acompanhou seu meio irmão Marcolino para Cajazeiras.

Marcolino Pereira Dinizdesfrutava de muito prestígio político. Era presidente de clube social, dono de uma casa comercial e do jornal “O Rebate”. Tinha franca convivência com a elite cajazeirense. Sabino por sua vez era guarda costas de Marcolino e andava ostensivamente armado. Nesta época Sabino passou a realizar nas horas vagas, com um pequeno grupo de homens, pilhagens nas propriedades da região.

Foi através do Cel. Marcolino, que Sabino trouxe para residir na cidade sua mãe Maria Paula - carinhosamente chamada pelas pessoas de Vó e suas quatros filhas: Maria, Geni, Alaíde - Nazinha e Maria de Lourdes - Delouza.

Casa sede da Fazenda Aboboras

Em 13 de março de 1928, já completando um ano da ousada investida a cidade de Mossoró/RN, Sabino se dirigiu com Lampião e seu bando para a região do cariri cearenses, entrando nas terras alencarinas pelos lados de Macapá, atual Jatí, indo em direção a Fazendo Batoque (Fazenda Piçarra) de propriedade do coiteiro Antonio Teixeira Leite (Seu Antônio da Pirraça como era conhecido). Arranchados nas terras da fazenda o bando de Lampião foi alcançado por uma volante comandado pelos tenentes: Arlindo e Eurico Rocha e o sargente Manoel Neto. Numa noite de chuva forte e muito relâmpagos no céu, Sabino e mais outros comparsas, se deslocaram até a sede da fazenda, para buscar munições e armas, e ao atravessar por um "passadiço" de uma cerca, foi iluminado por um relâmpago, sendo visto e alvejado rapidamente pelos policias da volante de Arlindo Rocha. Era a morte e o fim de Sabino das Abóboras. Poucos cangaceiros foram tão cultivados, fora o chefe Lampião, do que Sabino Gomes, cuja presença no cangaço a cultura popular se encarregou de perpetuar, a exemplo da trova divulgada pelas bandas do sertão, a qual dizia: "Lá vem Sabino mais Lampião, Chapéu quebrado,  fuzil na mão".

Francisco Cleudimar Lira
FONTE - http://cajazeirasdeamor.blogspot.com.br/2011/10/quem-era-o-homem-que-atacou-cajazeiras.html