Os eternos mistérios de Angico Parte I Por:Alfredo Bonessi

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Alfredo Bonessi

A presente postagem é resultado de espetacular entrevista feita pela pesquisadora Juliana Ischiara com o confrade Alfredo Bonessi.

Carissíma Juliana;

Todas as respostas as suas perguntas serão de minha parte “possivelmente” – não temos como afirmar com precisão o que realmente aconteceu na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angicos – Sergipe, onde foram mortos 11 cangaceiros pela tropa volante comandada pelo Tenente João Bezerra da Força Alagoana. Quem estava lá e quem esteve lá, deixou de esclarecer a pura verdade - aquilo que hoje interessa a todos nós. Temos ainda um volante vivo e dois cangaceiros vivos (acredito) – os cangaceiros somente contarão a versão deles, onde estavam no momento do ataque, o que eles fizeram para escapar do tiroteio, depois aonde aconteceu a reunião do grupo qual foi lugar, o rumo que cada um tomou depois dessa reunião e nada mais.

Capitão Alfredo Bonessi e esposa, em Barbalha, quarto dia de Cariri Cangaço

Ainda sobre o bando do qual pertenciam, se lembrarem de alguma coisa, poderão comentar. Mas Lampião nunca revelava, por questão de segurança interna do grupo, os segredos que se foram com ele. Com a morte do chefe, aquela forma de Cangaço se extinguiu. Restaram, na ocasião, os grupos de Corisco e Dada, que não conseguiram levar a diante a forma de cangaço que Lampião manteve no sertão por mais de 20 anos e outros. Com a morte de Corisco, Dada revelou muito pouco a quem se interessou em saber alguma coisa sobre o grupo de cangaceiros, ou não foi perguntada, escondeu verdades com receio de ser envolvida com a justiça ou mesmo para não envolver as pessoas que estavam ligadas ao cangaço. De igual forma Balão, Zé Sereno, Vinte e Cinco e muitos outros que sobreviveram Angicos, não contaram os seus crimes por receio de serem presos, ou mesmo de serem mortos por aqueles que antes apoiavam de uma forma ou de outra os grupos de cangaceiros. Hoje se analisa esses depoimentos e salta aos olhos as contradições de ambas as partes, tanto de cangaceiros, como de volantes, bem como daqueles que foram os responsáveis pelo sucesso do ataque policial a Grota de Angicos.

1. Quais armas foram usadas em 28 de julho de 38 em Angico?

As armas que foram usadas foram o fuzil mauser modelo 1898, 1908, Metralhadora Bergman 24, 32, possivelmente a winchester 44.40, facas, facões e punhais. Ambas as partes em confronto portavam revólveres em calibres variando do 32 ao 44 e pistolas Luger 7,65, 9mm. As Armas que entraram em combate na Grota naquela madrugada de 28 de julho de 1938, fizeram parte da listagem das armas objeto da nossa palestra no Cariri Cangaço II. Por exclusão, possivelmente não tomaram parte na luta, a metralhadora Hotkiss (beijo quente), o bacamarte, o fuzil chuchu, o manlicher, a conblain.

Fusil Mauser 1898

Metralhadora Bergman

2. O primeiro tiro, partiu de que tipo de arma? Qual o alcance do projétil e em que distancia se podia ouvir o estampido?

Possivelmente de um fuzil mauser, calibre 7 mm de um volante. Declino o ano da arma. O soldado errou o tiro no Cangaceiro Amoroso, imaginamos ser em distância de menos de 5 metros, e com certeza não deu somente um tiro, deu vários, de igual maneira todo o grupo de soldados, depois do primeiro tiro, abriu fogo nutrido em cima de Amoroso, que saiu em desabalada carreira. Amoroso morreu anos depois de maneira trágica. O alcance do projétil dessa arma é para 2400 metros. Para atirar em um homem isolado seu alcance de precisão é de 600 metros. E para um grupo de homens é de 1200 metros. O tiro de combate em um confronto bélico é de 300 metros. A velocidade da bala é de 700m/s e a força do projétil na boca do cano é de 300 Kg ( seis sacos de cimento).

O som derivado do estampido da arma pode ser ouvido em variadas distâncias, dependendo do fator local, aí incluindo temperatura, velocidade do vento, pressão atmosférica e naturalmente o estado de concentração e de saúde do ouvido de quem houve. Normalmente o som do estampido pode ser ouvido entre 1,5 Km até 3 Km de distancia.

3.Na sua opinião, independente de Amoroso ter sido atingido há 50 ou 100 metros do restante do grupo, daria para se ouvir o som do tiro?

Sim. Amoroso estava aproximadamente a 80 metros de distância de Lampião e a 60 metros de Maria Bonita. Ocorre que após este tiro a tropa (28 homens) atirou nos alvos previamente estabelecidos. O soldado Noratinho estava com Lampião na mira de sua arma e Maria Bonita estava correndo quando recebeu um tiro nas costas, bala que saiu pela frente. Caiu, levantou e saiu correndo novamente quando recebeu um outro tiro a curta distância, de lado, no ventre, indo cair próximo a Lampião. Em um combate os estrategistas se utilizam destas condicionantes para um ataque em que se visa alcançar sucesso, com menos perda possíveis: cerco - surpresa - velocidade e força. Quem cai nessa armadilha dificilmente vencerá uma luta. Nisso João Bezerra foi perfeito.

Além do mais o ataque foi ao amanhecer, quando os cangaceiros estavam se levantando, se espreguiçando, ou fazendo suas necessidades, a sua higiene. Uma pessoa nessas circunstancias está sonolenta, sem reflexos, seus sentidos ainda não estão alertas, tempo depois de acordar e levantar e aos poucos é vão entrando na realidade da vida que o cercam, para bem depois tomar um café, fumar um cigarro, bater um dedo de prosa com alguém ou com o grupo, tratar sobre as atividades para aquele dia, quais sejam remendar o equipamento, desmontar e lubrificar o armamento, afiar facas, tratar algum ferimento, realizar o asseio corporal, tomar um banho, e até mesmo voltar a dormir por debaixo de uma fresca ramada. Mas se ainda estiver dormindo e entrar na bala, será um Deus-nos-acuda.

Juliana Ischiara e Alcino Alves Costa

4.A volante levou muitas armas, me refiro ao peso das mesmas, dada a circunstâncias, levando-se em consideração a distancia e as condições geográficas, no caso muito íngreme?

A polícia levava o equipamento de costume que não era pesado, uma vez que o soldado saía para uma operação e depois de poucos dias retornava para sede. Bem diferente do Cangaceiro cujo equipamento necessário pesava bem mais que 24 Kg, (no mínimo). No dia 27 de julho, a noitinha, os soldados não sabiam para onde iam e nem quem iriam combater. Ficaram sabendo horas antes do combate quando já deslocavam para a Grota que o ataque seria contra Lampião. Essa medida foi adotada pelos oficiais como medida de segurança, para evitar que a operação chegasse aos ouvidos de Lampião. Se o deslocamento da polícia fosse de dia e nas vistas de pessoas de Piranhas e ao longo do rio, com certeza Lampião seria avisado a tempo. Após o combate João Bezerra foi conduzido ao porto por dois homens, uma vez que estava ferido e mesmo por segurança uma vez que os Cangaceiros estavam espalhados por todos os lados. O restante, 45 homens, trouxeram com folga e certa vantagem o equipamento dos cangaceiros. Acredito que remar, e subir o rio até Piranhas foi o maior transtorno encontrado pela tropa, que faminta, com sede e muito cansada - estava a mais de dezoito horas sem repouso. Mas a alegria pelos troféus que conduziam em suas canoas apagavam qualquer sinal de enfado, pois os soldados orgulhosos e felizes não acreditavam que tinham matado o Cangaceiro mais famoso e o homem mais valente do sertão.

5.  Como militar, como o senhor pensa que foi a estratégia usada pelo Tenente João Bezerra? Lampião morrera por falta de sorte ou atenção/descuido? 

A morte de Lampião não foi por acaso. Lampião foi vítima de uma manobra policial que deu certo entre tantas outras que não deram certo. Lampião não era fácil de ser encontrado. Quem o ajudasse de alguma forma era sustentado a peso de muito dinheiro e sabia muito bem que se o delatasse e fracassasse na tentativa, pagaria bem caro com a vida sua e de seus familiares. Além do mais entre os coiteros e informantes de Lampião cada um vigiava as atitudes dos outros. Pelo lado de Lampião, ele mesmo mantinha um certo segredo em não revelar entre eles quem era ou deixava de ser para que se fosse pego um coitero, não houvesse a denúncia de todos. Mesmo dentro da polícia, com certeza, havia informantes que poderiam avisar Lampião para que se cuidasse daquele ou outro coitero. Dinheiro é tudo e tudo é por dinheiro. Assim como Lampião aliciava as autoridades e policiais em seu favor, a policia também aliciava e fingia que fazia corpo mole com alguns informantes seus. O objetivo da policia era Lampião e não o coitero. Aquele coitero que a polícia sabia que era amigo de Lampião, ficava de “molho” para troca de informações, estratégia utilizada pela própria policia para descobrir o paradeiro do procurado, que era quem realmente interessava.

Depois, em pressão, a coitero assumia o compromisso de cooperar com a policia – fato esse que ficava somente com o comandante da tropa e não chegava aos ouvidos dos soldados, uma vez que dentre os soldados havia aqueles que tinham parentes Cangaceiros. O próprio vaqueiro Domingos dos Patos, que foi o canoeiro que atravessou em canoa o bando de Lampião para Sergipe, trabalhava na fazenda do pai da Dona Cyra, esposa de João Bezerra, o comandante que queria pegar Lampião. Na volante que matou Lampião e Maria Bonita estava um soldado parente dela.

Os coadjuvantes vitais...

Joca Bernardes, ou Joca da Fazenda Capim, era um desse coiteros, que descoberto, tinha se comprometido com o Sargento Aniceto a cooperar naquilo que soubesse contra os cangaceiros. Joca era coitero de Corisco e ficou sabendo da chegada de Lampião pela boca do cangaceiro Vila Nova – só não sabia onde ele estava. Com as compras de Pedro de Candido de queijos fabricados por Joça e já encomendados, em grandes quantidades, Joca denunciou Pedro ao sargento Aniceto. Pedro era aquele coitero que estava na mira da polícia, tinha tido vários encontros com o Tenente Bezerra, mas estava de “molho” para uma ocasião futura e propícia e essa hora havia chegado.

Mesmo assim ao receber o telegrama em Pedra do Delmiro o Tenente João Bezerra não alarmou o pessoal e marcou um encontro com o Sargento na metade do caminho entre Piranhas e Pedra do Delmiro, onde os comandantes das frações fizeram conferência dentro do mato, quatro horas depois da saída de Pedra e três horas depois da saída do caminhão com o Sargento Aniceto de Piranhas. Era aproximadamente 16 para 17 horas da tarde. Mas ainda faltavam as confirmações que o Tenente tanto esperava. Antes da saída de Pedra passou um telegrama para ele mesmo, dizendo que alguém avisara ele que Lampião estava para os lados de Moxotó. Mas alguém de Moxotó enviara de fato um telegrama a ele sobre o aparecimento de cangaceiros na região de Moxotó, só que não eram cangaceiros, mas a tropa do próprio Sargento Aniceto. O Tenente antes de seguir destino para o encontro com o Sargento e de telegrama na mão gritou a pleno pulmões no meio do pessoal civil aglomerado, entre eles estavam alguns suspeitos de serem coiteros de Lampião: vou combater o cego no Iapi. Essa informação que a força tinha ido para o Moxotó chegou ao entardecer a Lampião no coito de Angicos, tendo Lampião brincado e dado risadas, pilherando afirmou: então pode dormir de cueca.

Volante do Tenente João Bezerra

A força ainda se encontrou com Joca que relatou tudo ao Tenente, depois ainda na incerteza se deslocou até um ponto com segurança para então mandar buscar Pedro que relatou tudo o que sabia, e sabia até demais, sabia onde o pessoal dormia e por onde estavam os sentinelas, se é que haviam. Mesmo assim o Tenente ainda desconfiava de tudo aquilo, porque Lampião não era fácil de ser pego assim tão facilmente. Avaliando o tamanho do efetivo de cangaceiros e se deixando levar pelos desconhecidos chegou a querer desistir da operação – só um temerário atacaria Lampião naquelas circunstancias – e mesmo porque já sabia que Lampião o tinha ameaçado de morte - aquilo tudo poderia ser uma armadilha. Mas no momento de indecisão entra em cena a figura do Aspirante Ferreira de Melo, que contestou a idéia de atacar os cangaceiros somente pela manhã, de dia e com seus 16 homens iria mesmo assim atacar Lampião. Se tivesse ido, ele mataria Lampião somente com esses homens, uma vez que Pedro conduziu a Policia até a menos de dez metros da barraca de Lampião e ainda apontou Lampião que estava em pé, fora da barraca.

No mais a sorte de Lampião se acabara naquele dia, o destino pos ponto final em sua vida naquela manhã. Na hora do início do tiroteio se ele estivesse deitado dentro da barraca ou mesmo a alguns metros por detrás das pedras teria escapado, mas veria a sua mulher ser morta a vinte metros de distância. Dado o primeiro tiro naquela manhã, Lampião não teve tempo para raciocinar, para saber o que poderia ser - uma arma disparou por acidente ? – alguém deu um aviso ? – tudo isso e mais poderia pensar que despertava no interior das toldas, não imaginavam que estavam cercados pela polícia e fugir daquele local era a salvação de suas cabeças. Quem cercou Lampião naquela manhã sabia o que estava fazendo e era assim que sempre procedia: o quadrado mortífero. Só não conseguiu a exterminação total dos cangaceiros porque o alvo era Lampião e além do mais a mata espinhenta ao redor da grota e a hora do ataque, o amanhecer, sem os raios do sol, dificultava em muito quem precisava enxergar alvos e necessitava da claridade para ajustar a mira das armas e abrir fogo. Depois outro fator que contribuiu para a fuga dos cangaceiros foi a fumaça originada pela queima da pólvora por ocasião dos disparos das armas em conflito, que cobriu a grota como um manto de morte. 

Negligência???

Negligência ? sim. Descuido ? sim, a começar pela escolha do local. Nada de lugar com uma só boca, como falaram depois quem escapou para contar história. Não foi isso que matou Lampião. Lampião foi morto por uma estratégia militar, num jogo de informação e contra-informação utilizado até hoje nos meios policiais. Aquele lugar, aquela gruta não é local para defesa, mas as cercanias, no cimo dos morros sim. Homens bem distribuídos , em locais previamente marcados, acordados, vigilantes, e sóbrios, impedem qualquer efetivo que se aventure a abater quem estiver no interior da furna. Quem estiver no interior da furna terá tempo suficiente para escapar ileso de qualquer ataque que venha a sofrer, desde que a força atacante se encontre previamente com sentinelas postados a mais de cem metros de distância da furna. Além do mais o local não serve para esconderijo porque do meio do rio se enxerga com relativa facilidade o rolo de fumaça que sobe das fogueiras onde eram cozinhadas as comidas, e deveria haver mais de uma. Não é crível que 45 homens comam de um mesmo fogo. Quanto maior a fogueira, maior é o rolo de fumaça, maiores serão os odores que exalam das carnes assadas, do café requentado, do fumo dos cigarros de palha. E o som dos vozerios compartilhados, das músicas, das toadas, das gargalhadas, dos casos contados, dos acontecidos, das boas empreitadas com ganhos fáceis, e aquele cabra que implorou para não morrer ?, aquele rosto desfigurado pelo assombro da morte, quando a ponta do punhal sangrador foi afundando devagarinho na base do pescoço ? – motivos de comemorações e de alegrias para aquele bando de gente impiedosa não faltavam.

Não se pode culpar Lampião por isso ou aquilo, ou pelo que deixou de fazer, mesmo porque o bando não era uma milícia organizada, com estratégia de defesa e ataque, as manobras de guerra a bastante tempo não eram postas em práticas depois que Antonio Ferreira e Sabino haviam desaparecidos. As orientações do chefe eram quase sempre as mesmas: não enfrente os macacos – fuja ! A policia, sabendo desse proceder dos cangaceiros, se sentia motivada a se aproximar dos grupos e de abrir fogo sobre eles, com a certeza que correriam abandonando o campo da luta. Fugiam não por medo, mas por economia da munição, cara e escassa, pela preservação da própria vida, além do mais o que se ganharia em matar uns poucos macacos – depois desses viriam mais e mais numa seqüência de mortandade que nunca terminaria. Por isso a melhor defesa residia simplesmente na grande mobilidade, nas andanças, percorrer grandes distâncias em poucas horas, e nessas poucas horas estarem em vários lugares diferentes – assim a informação dos delatores não chegaria aos ouvidos da polícia com tempo suficiente para ser transformada em uma ação planejada a ponto de surpreender o grupo. Outro fundamento do grupo era sumir sem deixar rastros, ou deixar vestígios bem visíveis que conduziriam os soldados a um lugar determinado, culminando em uma emboscada. Outras vezes os rastros não levavam a lugar nenhum e a volante ficava bobando no meio da catinga. Na maioria das vezes os grupos de cangaceiros sumiam por meses e ninguém sabia por onde andavam, até que um caçador informava a pista deles, na maioria das vezes falsa e sem sentido, às vezes a mando dos próprios cangaceiros para despistar uma ação de assalto a alguma localidade.

Portanto, a escolha de Angicos como ponto de reunião, mesmo que seja para passar uma semana, foi um erro mortal, mesmo com a desculpa do tratamento de Maria Bonita em Própria, ou para tratar operações futuras, ou pela necessidade de aproximação com a água devido presença de mulheres, nada justifica a desatenção para com o fator segurança do chefe em particular e do grupo em geral. Caso fosse irremediavelmente necessário a permanência na área - isso até não seria considerado um problema desde que os homens fossem dispostos estrategicamente ao redor, no cimo dos morros, no leito do riacho, em vigilância constante e protegendo quem estava no fundo daquele buraco.

Continua...
Parte II em breve
Juliana Ischiara e Alfredo Bonessi
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Quem realmente é a Tropa de Elite?

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O Brasil inteiro acompanha o sucesso de público e crítica do recente Tropa de Elite, que em sua terceira semana de exibição já comemora mais de 3 milhões de expectadores, recorde absulto. Estivemos eu e Aderbal Nogueira assistindo ao filme no último dia 26. É notória a qualidade do cinema brasileiro. O enredo, a fotografia, a trama de ficção que acontece quase que refletindo num espelho, a realidade da cidade maravilhosa diante da violência do tráfico, das milicias e da corrupção estatal; unida ao excelente trabalho dos atores capetaneados por Wagner Moura, acabam realmente prendendo nossa atenção do começo ao fim e confirmando-se como uma das melhores obras do cinema nacional.

Bope, pano de fundo da trama do segundo Tropa de Elite

Bem, o fato é que saimos do cinema, eu e Aderbal, completamente em silêncio. A película havia calado fundo em cada um de nós, e olhem que se tratam de dois pesquisadores de um dos fenômenos mais violentos de nosso nordeste: o Cangaço. Pouco a pouco fomos organizando as idéias e Aderbal acabou comentando comigo:

"Severo parecia que estávamos assistindo o telejornal diário..."

Wagner Moura, o Capitão Nascimento, personagem principal

Com certeza a violência está presente em todo o planeta, em menor e maior grau, acaba se manifestando sob várias formas e aspectos, sempre esteve presente na história da humanidade, mas... Tropa de Elite nos traz uma forma desesperadora de violência: A desesperança. O que mais nos assusta é a total incapacidade que Estado apresenta em defender o verdadeiro cidadão, defender as leis, defender a vida, isso é assustador!


Para onde miram essas armas?

Pensava comigo e comentava com o confrade Aderbal: Que loucura essa situação toda em que vidas humanas não valem  mais que um "simples capricho" ? E me veio a cabeça, mesmo que de forma descabida e sem considerar o próprio mérito filosófico da reflexão com relação à temporalidade, situação sócio-cultural, forma de vida, enfim:  "que ligações, comparações ou semelhanças poderiamos encontrar ou estabelecer, entre o que vemos hoje, por exemplo nas ações das milícias e mesmo o tráfico de drogas no Rio de Janeiro e o movimento do cangaço nos sertões nordestinos do inicio do século XX?"

Com a palavra a família Cariri Cangaço.
Abraços
Manoel Severo
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Livraria Saraiva a mais nova parceria do Cariri Cangaço e GECC

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O Cariri Cangaço e o Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará - GECC, fecharam nesta última semana mais uma grande parceria de sucesso. A partir de agora o Cariri Cangaço e GECC estarão promovendo seus encontros mensais em um dos espaços  mais privilegiados do Brasil. Deste momento em diante as Livrarias Saraiva - MegaStore,  também são parceiras do Cariri Cangaço.

Na semana que passou, Aderbal Nogueira, Ângelo Osmiro e Manoel Severo, representantes do Cariri Cangaço e do GECC, estiveram reunidos com a Gerente de Comunicação da Saraiva MegaStore, Maíra Araujo,  na oportunidade foi fechada a parceria para já a partir do mês de novembro as reuniões Cariri Cangaço/GECC em Fortaleza, se realizarem no Espaço Rachel de Queiroz, na Saraiva MegaStore do  Shopping Iguatemi Fortaleza.



Saraiva MegaStore e o Espaço Rachel de Queiroz: novo endereço Cariri Cangaço - GECC

Para Aderbal Nogueira, sócio da SBEC, membro do GECC e conselheiro do Cariri Cangaço,"temos certeza que essa parceria tem  a marca do sucesso, e sabemos que estaremos ao lado da Saraiva promovendo encontros cada vez mais qualificados que em muito engradecerão o estudo e pesquisa da temática."

Para Ângelo Osmiro, ex-presidente e sócio da SBEC, "o momento é de extrema importancia, é mais uma conquista a ser festejada, os estudiosos sérios, comprometidos com a história do nordeste, terão mais um espaço para divulgar seu trabalho"; já Manoel Severo, membro do conselho consultivo da SBEC e Curador do Cariri Cangaço, "sem dúvidas é uma conquista que deve ser comemorada, aqui teremos eventos de qualidade todos os meses, palestras, debates, apresentação de vídeos, trabalhos acadêmicos, mostra de fotografias, enfim, com certeza ter um dos maiores grupos do Brasil, como a Saraiva, ao nosso lado, é uma grande honra".

As reuniões do GECC - Cariri Cangaço acontecem mensalmente e abordam temas como o Cangaço, Messianismo, Beatos, Coronéis, dentre outros; o primeiro encontro já está marcado para dia 08 de novembro, segunda-feira, no Espaço Rachel de Queiroz, na Saraiva MegaStore do  Shopping Iguatemi Fortaleza a partir das 19 horas com a Conferencia de Inauguração da parceria, com o professor doutor Renato Cassimiro e o Tema: Padre Cícero e o Cangaço de Virgulino Ferreira.

Produção Cariri Cangaço.
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Os Cangaceirinhos do outro lado do Mundo...

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Manoelinha, a mais nova cangaceirinha da família; em foto no Museu de Alagadiço com punhal de Luis Pedro.

Minha paixão pelo Cangaço; é notória e de conhecimento de todos os amigos; entretanto poucos sabem que também os descendentes, nossos filhos, têm lá seu pezinho nas grotas de macambira e na mais braba caatinga sertaneja. Quando se aproximam as férias escolares, nem é preciso comentar, eles já sabem: Gabriel, Pedro, Sawanna, Emily e Manoelinha, acabam sempre tendo um encontro marcado com algum recanto de nosso "solo sagrado cangaceiro", a única incoveniencia é ter que contornar o humor de Manoelinha:

 "Pai, Piranhas e Paulo Afonso de novo? Não acredito !  Não dá para ser uma praia este ano?"...

Pois é, mas não podemos fugir de nosso instinto e natureza, e como "água mole em pedra dura tanto bate até que fura...." todos acabaram se apaixonando também pelo maravilhoso mundo do cangaço; além das inúmeras visitas que tivemos o prazer de compartilhar com nossos filhos, ainda pudemos tê-los bem perto em nosso Cariri Cangaço, como apresentadores e mestres de cerimônia. A eles minha gratidão pela compreensão, pela dedicação e pelo sol escaldante que muitas vezes precisaram enfrentar, por razão de nosso amor pelo cangaço...

Uma pequena amostra das andanças dos cangaceiros juvenis junto 
à família Cariri Cangaço:

 Gabriel ao lado de Ivanildo Silveira em Natal

 Pedro e Sawanna...e as cabeças nas escadarias da prefeitura de Piranhas

Manoelinha e o local onde morreu Zé Baiano em Alagadiço

Pedro e Manoelinha ao lado de Aristéia em Delmiro Gouveia

 Gabriel ao lado de Honório de Medeiros em Pipa

Emily, Pedro, Manoelinha e Sawanna no Museu de Alagadiço, do confrade Antonio Porfírio

 Gabriel ao lado de Jairo Luiz e Alcino Costa na grota do Angico

Manoelinha, Emily e Gabriel junto aos amigos Vilela e Dona Maria da Paz em Garanhuns

Pedro e Peixoto Junior em Brasília
Gabriel e Pedro na Vila de Dona Generosa; Paulo Afonso

Pedro e Sawanna no Museu do Cangaço em Piranhas

Manoelinha ainda bem pequena; e sua primeira trilha a Angico, ao lado de Jairo Luiz

Sawanna e João de Sousa Lima na Casa de Maria Bonita na Malhada da Caiçara

Mas...como nem tudo são rosários de espinhos de mandacaru, este ano de 2010, os nosso amados cangaceiros juvenis:  Gabriel, Sawanna, Pedro e Emily, antes mesmo de mais uma extraordinária viagem por todos os recantos cangaceiros do nordeste, foram dá uma passadinha no outro lado do mundo: Estão desde o último dia 22 no Japão. Essa maravilhosa viagem tem tres naturezas; a primeira, de cunho espiritual, foram participar de um Seminário de Aprofundamento da Sukyo Mahikari, nosso caminho espiritualista; segundo conhecer um pouco mais o maravilhoso país do sol nascente e terceiro.......Pesquisar alguma coisa Lampião no Japão!!! Arigato !

E agora um pouquinho dos
cangaceiros no Japão...

Emily, Gabriel e Pedro em Atami, terra de OshienushiSama 

Monte Fuji, os garotos alcançaram até 3.000 mts de altitute; neste domingo, dia 24

Pedro, Gabriel, Emily e Sawanna, no Templo Xintoista de Ise 

Sawanna no principal lago no Templo de Ise

Saudades queridos filhos, vocês são minha vida. Que Deus Supremo os abençoe sempre, aproveitem bem com humildade e gratidão, e lembrem-se, Janeiro está chegando e com certeza: João de Sousa, Vilela, Jairo, Inácio, Alcino, etc, etc, etc, já estão nos esperando "à beira do caminho".

Manoel Severo
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Zé Rufino em Memórias do Cangaço por Paulo Gil Soares

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Paulo Gil Soares, consagrado jornalista e cineasta nos proporcinou um dos mais fortes depoimentos da história do cangaço; em um de seus antológicos documentários, "Memórias do Cangaço"  temos a marcante entrevista do coronel José Rufino, conhecido como o maior matador de cangaceiros do ciclo lampiônico. Zé Rufino, segundo sua própria conta matou cerca de vinte cangaceiros, entre esses, grandes nomes do cangaço como Mariano, Azulão, Pai Velho e por fim o Capitão Corisco, o Diabo Louro.
   
Diante da solicitação do amigo, Professor Alberto Lima, trazemos um trecho do documentário "Memórias do Cangaço" com a entrevista de Zé Rufino ao jornalista Paulo Gil Soares.
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José Rufino foi o tema da conferência de abertura do Cariri Cangaço 2010, com o escritor e pesquisador Antônio Amaury Correa de Araujo.
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Fonte: Youtube
Cariri Cangaço

A Lei de Chico de Brito Por:Ivens Mourão

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Francisco de Brito, o famoso "Chico de Brito"

O cratense Francisco de Brito ficou famoso em todo o Nordeste como Chico de Brito. É o pai do repórter da Globo, Francisco José, baseado em Recife. Por sinal a semelhança física é enorme. O Sr. Francisco era uma pessoa cheia de opiniões. Só prevalecia aquilo com que ele concordava. No seu território, era um verdadeiro rei. O Luís o conheceu sempre vestindo uma roupa caqui. A calça e a blusa, de mangas compridas, sempre da mesma cor e do mesmo tecido. Ai daquele que fosse contra uma opinião sua! O seu prestígio era tamanho que, se alguém perseguido pela polícia se segurasse em uma estaca da cerca das terras do Chico de Brito estava salvo! Nenhum policial se aventurava a prender alguém que se socorrera do velho, mesmo que fosse segurando numa simples estaca. As estórias são tantas, que hoje é impossível distinguir o que é verdade daquilo que é pura lenda. Surgiu, então, a expressão de “Lei de Chico de Brito”, quando alguém quer se referir a uma determinação fruto apenas da vontade própria.

A versão da história de como surgiu a expressão “Lei de Chico de Brito” está contada na Revista cratense A Província, em artigo assinado por Raimundo B. de Lima. Este ouviu o seu pai, José Barros Cavalcante, contar inúmeras vezes, por ter sido testemunha ocular. O meu cunhado, Edson Teixeira, também ouviu o testemunho de outro filho do Chico de Brito, Francisco Brito, a mesma explicação da expressão, que é a seguinte:

Cel. Antônio Luis Alves Pequeno


No Governo do Accioly no Ceará, era intendente do Crato o Cel. Antonio Luís Alves Pequeno. A política virou, e assumiu o Governo do Estado o Cel. Franco Rabelo. Este nomeou para Intendente do Crato o Cel. Francisco José de Brito. O antigo Intendente não quis entregar o posto. O novo Intendente foi ao Lameiro e falou com outras figuras importantes da cidade: Francisco Calaça, Diógenes Frazão, Abdon da França Alencar, César Pereira. Com esses e mais outros homens de confiança, entre eles Augusto Pereira Amorim, foram até à Prefeitura, encontrando-a fechada. Colocaram a porta abaixo. O Cel. Francisco José de Brito sentou-se na cadeira do Intendente, como uma maneira de formalizar a posse. Nisto, surge o Dr. Irineu Pinheiro (veio a se tornar o maior historiador do Crato), sobrinho do Intendente deposto. Revoltado, perguntou:

- “Mas que Lei é esta, me diga?”
O novo Intendente sentenciou:
- “É a Lei de Chico de Brito! Esta Lei eu mesmo fiz”


O Cel. Antônio Luís Alves Pequeno foi  substituído pelo famoso Chico de Brito na Prefeitura de Crato. A semelhança do Chico de Brito com o filho Francisco José, repórter da Globo, é total

Fonte: blogdocrato
Dihelson Mendonça
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Antônio Porfírio e sua Alagadiço

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Sawaninha e a réplica do famoso ferro de Zé Baiano, mantido no Museu de Alagadiço

Gostaria de compartilhar um telefonema que recebi nesta sexta-feira do confrade Antônio Porfírio, de Frei Paulo, quer dizer, de Alagadiço, Sergipe. Há dois anos tive a satisfação de visitar juntamente com minha família; Danielle, Sawanna, Pedrinho, Emily e Manoela; a simpática Alagadiço, famosa pelos episódios de triste lembrança, perpetrados pelo "Gorila de Chorrochó", Zé Baiano. Ali, sob a orientação do pai do amigo Porfírio, conhecemos boa parte da história de sofrimento da vila e de seu povo.

Quando Virgulino Lampião estava no auge de seu "segundo reinado" em terras sergipanas, estabeleceu Frei Paulo como sesmaria pertencente ao perverso Zé Baiano, da famosa família de cangaceiros Ingracias. Por ali o grande Rei do Cangaço passou por quatro vezes e ali se deu o episódio de emboscada e morte do ferrador do cangaço Zé Baiano. No local, sob a coordenação do amigo Porfírio foi erquido um mausoléu e um museu, reunindo parte do espólio dos personagens da saga  cangaceira em Alagadiço.

Local da morte de Zé Baiano e seu grupo

Pois bem, nesta sexta-feira a tarde qual não foi minha supresa ao receber a ligação de Antônio Porfírio, que entre uma conversa e outra, comentava sobre o importante papel do blog do Cariri Cangaço no fortalecimento dos espaços de pesquisa e discussão do tema cangaço, ao mesmo tempo em que nos assegurou a excelente aceitação de nossa humilde revista eletrônica no estado de Sergipe. Em tempo nos convidou para participar no próximo dia 12 dos festejos da padroeira de Alagadiço e confirmou sua presença no Cariri Cangaço 2011.

Ao amigo Porfírio e sua família o abraço do Cariri Cangaço.
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Mendes e Mendes...

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O blog do Cariri Cangaço acabou tornando-se ponto de encontro dos muitos amigos que pesquisam, estudam, discutem e são verdadeiros apaixonados pela temática do cangaço em nosso Brasil. Uns famosos, outros com certeza no mesmo caminho; uns curiosos, participativos, outros ensaiando comentários, enfim. Hoje nossa revista eletrônica resolveu prestar uma justa homenagem a um dos mais assíduos leitores de nosso cariricangaco.com; o amigo José Mendes Pereira, de Mossoró, que invariavelmente enriquece nosso blog com seus oportunos comentários,dúvidas, reflexões, provocando a interação que só é possível através deste maravilhoso mundo virtual. É com você, Mendes e Mendes...

Colecionador do Cangaço, Dr. Ivanildo Silveira

Dr. Ivanildo Alves da Silveira:

Não sei como é que ainda existem pessoas duvidando da morte de Lampião. Se Lampião tivesse escapado da chacina da Grota de Angicos, na madrugada de 28 de julho de 1938, com certeza, um homem corajoso e destemido como era ele, tinha voltado ao sertão pernambucano, sua terra natal, para dizer aos seus conterrânios: "Eu, Virgulino Ferreira da Silva, vulgo, capitão Lampião, está vivo, gordo e sadio". Em especial, teria infernado a vida do tenente José Lucena, causador da morte de seu pai.
Senhores escritores e pesquisadores: Pelo amor de Deus, não contrariem a literatura lampiônica,já que foi montado o dominó do cangaço pelos próprios senhores.
José Mendes Pereira - Mossoró - Rio Grande do Norte.


Poeta e escritor Kydelmir Dantas

Ilustre escritor Kydelmir Dantas:

Tire-me esta dúvida. O cangaceiro que aparece na foto abaixo, ao lado direito de Corisco, é mesmo o cangaceiro Vinte e Cinco? Já encontrei em outros textos como sendo o cangaceiro Rouxinho.
José Mendes Pereira - Mossoró- Rio Grande do Norte.


Ilustre Escritor e professor Romero Cardoso:

Espero que o senhor não receba esta minha dúvida como crítica, e sim, como uma informação correta sobre a data do assassinato de Cristino Gomes da Silva Cleto, "o Corisco". O notável escritor pôs em seu texto que Corisco foi morto no dia cinco de maio de 1940. Alguns pesquisadores do cangaço, informam que a morte do perigoso bandido ocorreu no dia 25 de maio de 1940. Qual seria a data mais correta do tiroteio que aconteceu na região de Brotas de Macaúbas, na Chapada da Diamantina, quando Dadá enfrentou com garra e destemida o tiroteio?
Respeitosamente:
José Mendes Pereira - Mossoró-Rn.

Esse é o Mendes e Mendes, amigo do Cariri Cangaço, que com certeza já é o campeão de postagem de comentários nas muitas matérias de nosso blog. A você caro Zé Mendes, o nosso abraço.

Cariri Cangaço
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Aderbal Nogueira libera Vídeo inédito com Chiquinho Rodrigues

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Aderbal Nogueira e sua Laser Vídeo estão longe de divulgar 20% de todo o maravilhoso acervo que possuem sobre o tema cangaço; resultado de anos e anos de pesquisa, andanças, dedicação e paciência, percorrendo este "mundão de meu Deus" que são as caatingas nordestinas. Conversando com Aderbal, conseguimos persuadi-lo para, "passo a passo" , nos conceder o previlégio de alguns desses momentos marcantes, agora é esperar e se deliciar com "pequenas porções" de nossa história e o talento da equipe de Aderbal Nogueira.

Neste primeiro vídeo, temos a primeira parte da entrevista de Chiquinho Rodrigues, no município de Piranhas nos trazendo detalhes do marcante episódio da invasão à cidade ribeirinha; do cangaceiro Gato, na tentativa desesperada de resgatar sua amada Inacinha. A entrevista foi concedida a Aderbal Nogueira e Paulo Gastão. vem comigo!


Acervo de Aderbal Nogueira - Laser Video
Cariri Cangaço
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Pinto Madeira, nem herói nem vilão Por:Napoleão Tavares Neves

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Manoel Severo e Napoleão Tavares em convesa na bela Barbalha

Certa vez, em conversa com o Padre Antônio Gomes de Araújo, ícone da historiografia regional e meu velho mestre do saudoso “Ginásio do Crato”, a ele perguntei: “Afinal, Pinto Madeira era de Jardim ou de Barbalha?” A resposta veio taxativa: “Era de Barbalha, do sítio Coité, entre o Silvério e o Mondes, mas com atuação política, sobretudo a partir de Jardim, porque ali tinha ele uma alma irmã: o Padre Antônio Manoel de Sousa, ambos monarquistas ferrenhos.”

Esta digressão introdutória vem muito a propósito, sobretudo para provar que Pinto Madeira era polêmico até na sua naturalidade, sempre envolto em um halo de dubiedade até pelas elites intelectualizada do Cariri. Sim, porque a História de Barbalha prova que ele nascera no sítio Coité, nas vizinhanças do Distrito-Vila de Arajara cujo nome, em Tupi, significa “Terra onde nasceu o homem” e este homem é Pinto Madeira! Por outro lado, a rodovia asfáltica que liga Barbalha a Crato via Arajara, cortando ao meio o sítio Coité, é Rodovia Pinto Madeira.

Assim sendo, sou a favor da veracidade histórica desta segunda hipótese quanto ao seu nascimento, já que segundo o historiador Dr. Odálio Cardoso de Alencar, “História se faz com fatos e datas”. Ademais, a redoma geográfica formada pela Chapada do Araripe, fazia de Jardim o lugar estratégico para preparação das tropas pintistas que, em avantajado número de cerda de aproximadamente 2 mil homens armados de cacetes, recebiam na história Matriz de Santo Antônio de Jardim, as bênçãos da Igreja em uma Santa Missa celebrada pelo primeiro pároco, Padre Antônio Manoel de Sousa, por isto imortalizado como “O benze-cacetes”, recebendo publicamente o ânimo inicial de “guerra sagrada” de restauração do Trono do Brasil, pondo Jardim em destaque nacional na luta pela Monarquia do Brasil. (ao lado as Armas do Brasil Império, defendido por Pinto Madeira). Pela falta de armas de fogo, os revoltosos de Pinto Madeira eram armados de cacetes de madeira jucá ali encontrada, fazendo com que no Cariri em geral, cacete e jucá fossem sinônimos. Por outro lado, apesar de sua importância no Cariri, Pinto Madeira nunca foi devidamente estudado nem pela elite intelectualizada, permanecendo quase desconhecido da grande maioria, apesar de ser nome de rua em quase todas as cidades caririenses.

Pois bem, agora, em muito boa hora, vai sair de Jardim uma obra de fôlego que disseca a saciedade a vida atribulada de Pinto Madeira, pondo-a no seu devido lugar na historiografia regional: “Pinto Madeira, nem herói nem vilão”, da jovem e arguta historiadora jardinense, Nélcia Turbano de Santana. É um estudo sério, objetivo, judicioso e fundamentado, além de escrito em castiça linguagem, trazendo a lume toda a trajetória do irrequieto revolucionário que terminou por protagonizar o mais esdrúxulo julgamento da História do Brasil, no qual, quase no alvorecer da República, o condenado não teve sequer o primordial direito de defesa! Suas testemunhas sequer foram ouvidas!Pasmem! E qual seu horrendo crime? Crime de lesa Pátria? Não e Não! Crime de participação ativa, na linha de frente de tantos movimentos revolucionários, tendo Jardim como palco? Revoluções de 1817, 1824 e 1832? Não!

Napoleão Tavares entre os confrades por ocasião do Cariri Cangaço

O homem foi sumariamente fuzilado nos arredores da Vila Real do Crato, no lugar Barro Vermelho, pela morte do português, Joaquim Pinto Cidade, na batalha pintista do sítio Buriti, arredores de Barbalha, quando tantos atiraram, mas só a bala de Pinto Madeira foi considerada mortífera, em uma recuada época, quando não havia laudo cadavérico por aqui” Mais uma vez, Pasmem! Foi, não há como negar, uma sumária execução direcionada, encomendada, quando o Senador José Martiniano de Alencar, já ascendera ao elevado posto de Presidente do Ceará. E eles eram figadais adversários! Pois bem, o máximo que Pinto Madeira conseguiu foi que comutassem a sua sumária pena de morte para fuzilamento, em vez de enforcamento! E isto já nos seus derradeiros momentos de vida, quando “já fedia a cadáver”, segundo palavras textuais de um dos juízes!

Tudo isto e muito mais ainda, está no excelente livro “Pinto Madeira, nem herói nem vilão”, de Nélcia Turbano de Santana, jardinense até pelo histórico nome familiar. Esta oportuna obra merece ser publicada até pela Prefeitura Municipal de Jardim que tem à frente, pelo quarto mandato, um homem inteligente e de visão de futuro, médico Dr. Fernando Neves Pereira da Luz, por sinal, meu primo e afilhado.

Finalizando, devo dizer ainda que o substancioso trabalho de Nélcia Turbano de Santana mergulha fundo na História regional trazendo a lume até as condições econômicas da ambiência da época onde e quando tudo se deu. É, portanto, na minha visão, obra meritória, rara e única no gênero.

Napoleão Tavares Neves, médico e historiador.
Fonte: Blog do Crato
Postado por Armando Rafael 
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Aguas Belas e a Fazenda Nova de Audálio Tenório Por:Patricia Melo

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Casa sede da Fazenda Nova de Audálio Tenório

Bom, me senti quase que obrigada a postar um comentário aqui pois esta fazenda faz parte da minha vida, passei toda a minha infância e adolescência andando a cavalo indo ver o casarão ouvindo estórias, e convivi com pessoas lindas, realmente me emociono ao ver essas fotos.

Tudo começou da amizade do meu bisavô o Coronel Lucena de Santana do Ipanema que tinha uma filha Tereza Lucena, filha de Jacy que faleceu quando Tereza havia 4 anos, Dona Dasdores, como era chamada a mulher de Audálio Tenório, que nunca havera filhos, perguntou ao Coronel Lucena um certo dia porque ele não deixava Tereza em Águas Belas para ela estudar no Damas, Colégio interno de freiras muito respeitado e conhecido em Garanhuns, então assim foi Tereza se criou na fazenda Nova até a fase adulta quando conheceu o Alagoano Rubens Quintella e se casaram em Maceió tiveram 6 filhos, Jacy Maria Lucena Quintella Cavalcanti, Rubens Lucena Quintela Cavalvanti, Sergio Lucena Quintella Cavalcanti, Vera Maria Lucena Quintela Cavalvanti, Ruth Maria Lucena Quintela Cavalvanti e Noemi Maria Lucena Quintela Cavalvanti.



Imagens da Fazenda Nova em Águas Belas, Pernambuco.
 
Começo eu, Patricia, a fazer parte dessa historia; Sou filha de Jacy, a filha mais velha de Tereza e Rubens, "bisneta" de Vovó Dasdores e do Vovô Audálio, pois, minha avó Tereza seria a filha que o casal nunca teve de sangue, temos ainda hoje fotos trocadas por Dasdores e Tereza onde Dasdores a chama de Filhinha e Tereza enviava fotos iniciando com Mamãezinha. Bom, assim fomo, a família que não era de sangue, mas que cresceu ali como netos e bisnetos.

Um certo dia resolvemos organizar a festa de 80 anos da vovó Dasdores, vovô Audalio já havia falecido; faleceu de diabetes, lá para as tantas, em meios da organização da festa, ela, Dasdores vira para a minha mãe e fala: " Jacy milha filha, eu queria fazer uma coisa, já estou velha e começo a pensar mais na morte, tenho o desejo de viver meus últimos dias aqui na fazenda e por aqui mesmo ficar, e assim como eu, pessoas que nasceram e se criaram aqui devem querer fazer o mesmo, gostaria de repartir alguns pedaços de terra para as famílias que nasceram e se criaram aqui".

Então assim fizemos; fomos pegar os nomes das pessoas direitinho, fizemos as escrituras e no dia da festa de 80 anos , ela fez um discurso, entregando a cada um um pedaço de terra. Me emociono aqui escrevendo, lembro o quão forte foi aquele momento, para ela, que lembrara do falecido marido Audálio, de toda trajetoria vivida na Fazenda Nova e da ligação com aquele povo e para eles, gente que se criou ali naquele pedaço de terra, que sempre viveram e trabalharam ali, a terra era agora parte efetiva da vida de cada um.

Audálio Tenório ao centro, ao lado, Gerson Maranhão

Bem, isso é só uma das belas historias que posso ilustrar aqui do que era a vida desses dois icones dessa região, e que fazem muita falta na nossa "Família". Nossa Vovó Dasdores faleceu em Maceió sob os cuidados de minha Mãe Jacy Médica, e deixou a Fazenda Nova em testamento, que fez quando ainda era viva, para a família da filha Tereza, mas infelizmente, não podemos entrar mais na fazenda, pois os sobrinhos indignados com a vontade dela, invadiram e brigam pela posse, nós não brigamos esperamos que a justiça julgue e faça valer a vontade que Dasdores expressou em vida, afinal, para nós o que realmente importa nao é o bem material, mas sim as recordações dos momentos que vivemos com eles e com todos que ali vivem, que infelizmente esses que agora vivem lá, nunca tiveram.

Atualmente vivo em Milão, faço mestrado em arquitetura, e são em momentos assim como esse, que eu agradeço ao inventor da internet e a tecnologia pela oportunidade de me transportar a um lugar virtualmente, onde não posso mais ir materialmente, espero que tudo se resolva e eu possa voltar a reviver minha infância e a dar aquelas velhas cavalgadas na Fazenda Nova.

Patricia Quintella Mélo

NOTA CARIRI CANGAÇO: O Cariri Cangaço se sente feliz e honrado por fazer parte desse maravilhoso reencontro entre Patricia e sua inesquecível Fazenda Nova; cenário marcante para todos os que conheceram e compartilharam a história de vida do Doutor Audálio Tenório.
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A Derradeira Gesta Por:Rodrigo Fonseca


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Uma nova versão sobre a origem e as atividades de Virgulino Ferreira, o Lampião, destrói o mito do cangaceiro como expressão da miséria social e transforma o mais importante símbolo do banditismo rural do país em um braço direito dos coronéis. Resultado de uma pesquisa de 30 anos feita pela antropóloga e professora da Uerj , Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, o livro A derradeira gesta: Lampião e nazarenos guerreando no sertão (editora Mauad), apresenta a tese de que Virgulino Ferreira não só foi culpado pela morte do pai como estava vinculado aos grandes proprietários do Nordeste. Uma teoria que contesta a versão corrente de que a vingança e a falta de leis no sertão o teriam conduzido às armas. A pesquisadora também defende que seu assassinato, em 1938, foi motivado por questões econômicas que envolviam a transferência das verbas de combate ao cangaço para a indústria açucareira do Nordeste.

Apoiada na literatura antropológica sobre o cangaço, em acervos de documentos e entrevistas, Luitgarde Barros conta que Lampião era membro de uma família de pequenos proprietários e que entrou na vida do crime ainda na adolescência. "O cangaço não é de origem pobre, mas nasce de proprietários remediados, comerciantes e donos de tropas de cavalos e burros. O próprio Virgulino Ferreira, antes de tornar-se Lampião, possuía terras e animais. Mas ainda jovem, em 1916, começou a agir como cangaceiro, sendo cabra dos Porcino, uma família criminosa  que agia em Alagoas", afirma, referindo-se ao grupo dos irmãos Pedro, Antonio e Manuel Porcino.

Em A derradeira gesta (que recebeu uma indicação para o prêmio Jabuti deste ano), Luitgarde reúne todos os detalhes para desmistificar Lampião. Envolvida com o tema do cangaço por razões pessoais - em 1927, antes de seu nascimento, sua mãe foi feita refém do cangaceiro no município de Santana do Ipanema, Alagoas - ela levanta dados em sua pesquisa que negam a versão até hoje cultivada em universidades brasileiras. Nega, portanto, que o assassinato do pai de Lampião, José Ferreira, em 1921, pelas mãos do coronel (então tenente) Lucena, teria sido o motivo que conduziu Virgulino ao cangaço. "Tenho documentos de cartório mostrando a perseguição de Lampião quando ele ainda era membro do grupo dos Porcino, ainda nos anos 10." Segundo a professora, Virgulino Ferreira vivia uma vida dupla, antes de se entregar definitivamente ao cangaço, em 1922. "Em Pernambuco, ele era um proprietário, com sua tropa de burro, e fazia comércio com a vizinhança. Mas como era exímio cavaleiro, percorria as regiões próximas e chegava em Sergipe e na Bahia praticando crimes. Aí Virgulino dava lugar ao cangaceiro", afirma. 

De acordo com Luitgarde, essa série de crimes em que Lampião se envolve, como invasões a cidades e troca de tiros, é o caminho que conduz seu pai à morte. "Em 1921, Lampião vai com os Porcino para um lugarejo em Alagoas chamado Mariconha e lá eles matam um rapaz cego de 15 anos e promovem uma série de roubos. Depois, escondem o dinheiro roubado em uma pequena fazenda próxima onde o pai dele estava vivendo, o que atrai o coronel Lucena ao local", explica. "Como entrou atirando, esperando surpreender Lampião, Lucena acabou matando seu pai." Com a morte do pai, Luitgarde defende que Lampião apelou para o código sertanejo de vingança para justificar suas ações. "Essa legitimação dos próprios atos utilizando elementos da cultura sertaneja, como valentia e obrigação de vingança, para limpar manchas desonrosas ou corrigir injustiças, foi amplamente utilizada por todos  os cangaceiros, principalmente Lampião."

 Tenente Lucena, acima a esquerda, vendo ainda outros destacados comandantes de Volantes; João Bezerra e Ferreira de Melo

A partir de 1922, já com seu próprio bando, ele passa a envolver os coronéis em sua atividade pelo sertão. "Os grandes protetores dele são desembargadores, juízes de direito e altos industriais." Luitgarde destaca também a corrupção na polícia. "Quando um destacamento policial ia perseguir os cangaceiros, eles eram avisados por membros corruptos." Luitgarde registra no texto nomes de juízes e políticos que recebiam o cangaceiro em suas residências e o apoiavam para que suas terras fossem poupadas. Alguns, como o governador de Sergipe, Eronildes de Carvalho, chegaram a lhe fornecer armas. "Existem entrevistas em que Eronildes afirma ter dado uma pistola para ele, negando ter lhe vendido armamentos. Ele foi o principal coiteiro de Lampião", denuncia. A relação de "amizade" entre Virgulino Ferreira e os grandes proprietários de terra é explicada por Luitgarde como um jogo de interesses. O esquema fazia com que Lampião atacasse apenas os adversários de seus padrinhos. "Depois os grandes proprietários compravam por quase nada as terras dos concorrentes arrasadas por ele. Assim, eles refazem o latifúndio do Nordeste". Para Luitgarde, esse sistema de favores não beneficiava Lampião, apenas alimentava a "indústria do cangaço". "Ele assaltava os pequenos e médios proprietários e esse dinheiro era usado para comprar armas, munição e polícia corrupta. Mas quem poderia vender armamento para ele sem ser punido? Só pessoas muito importantes tinham o monopólio do comércio com o cangaço. E como Lampião não poderia regatear preço com o governador, já que só este lhe poderia vender armas, era obrigado a continuar a vida de crimes para pagar os altos preços cobrados."

Alimentada por verbas do Governo Federal, essa "indústria" do banditismo chega ao fim em 1938, por questões econômicas, conforme afirma a professora. "Naquele ano, o presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool, o pernambucano Barbosa Lima Sobrinho, informa aos governadores de Alagoas e Pernambuco que a verba para o subsídio da produção açucareira vinha sendo destinada ao combate ao cangaço. E que isso ia acabar." Depois dessa notícia, o governador de Alagoas, Osman Loureiro, incumbe o coronel Lucena de comandar o extermínio do bando de Lampião em um período de um mês. "Lucena convocou seus homens e afirmou que se eles não cumprissem a tarefa no prazo seriam demitidos. Em 30 dias acabou o cangaço", lembra, referindo-se ao massacre contra o grupo do cangaceiro ocorrido em julho de 1938, na Grota de Angicos, Sergipe. Sem piedade na análise do cangaceiro, Luitgarde confessa a necessidade de se corrigir um erro histórico. "Ao contrário do que se acredita, no período de Lampião as populações pobres são as mais atingidas por seus atos, enquanto as classes que o protegiam ficavam cada vez mais ricas. Esses fatos ficaram obscuros porque quando se cria um mito a primeira coisa que a imprensa faz é esconder a verdade  sobre sua vida."

Renato Cassimiro, Manoel Severo, Melquiades Pinto e Luitgarde Barros

Mas análises como as de Luitgarde ainda não compõem a maioria dos estudos sobre Lampião e o banditismo rural nordestino, conforme comprova o sociólogo César Barreira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do Laboratório de Estudos da Violência. "Na academia, a interpretação da história de Lampião que ainda predomina é a do bandido social motivado pelo assassinato do pai e produto de uma sociedade com dificuldade de trabalho. O que ainda se discute é se a sua violência teve mesmo a natureza de atrocidade que lhe é atribuída e qual a participação da força policial na formação do cangaço", explica. Barreira lembra que a maioria das pesquisas ainda vê ações positivas no cangaço. "Há um aspecto positivo nas ações de Lampião no momento em que sua violência representa a negação das condições sociais em que vivia. A idéia é que ele tenha tomado a orientação do banditismo porque a Justiça não agiu como devia na morte de seu pai. O que temos relacionada a ele é a construção de uma nova lei. A lei do cangaço", afirma. Recentes pesquisas, contudo, apontam para a pluralidade de olhares.

Andarilhos e Cangaceiros

O antropólogo e pesquisador Jorge Luiz Mattar Villela, co-autor de Andarilhos e cangaceiros - A arte de produzir território em movimento (ed. Univali), desenvolve atualmente uma tese de doutorado pelo Museu Nacional, no Rio de Janeiro, onde analisa a formação do cangaço a partir da relação entre as famílias locais e a violência. "Analisando os exércitos privados formados no interior de Pernambuco, encontrei evidências de que eles são na verdade grupos de origem familiar que em função de terem cometido algum crime ou afronta caem na ilegalidade, podendo migrar ou se transformar em cangaceiros, entregando-se então ao uso das armas", explica Villela. Sem se preocupar em estabelecer opiniões definitivas, Villela admite que a imagem do principal membro do cangaço ainda está sujeita a interpretações. "Os povos vitimados pelo cangaço vêem Lampião como qualquer inimigo dele veria. Alguém sem qualidades, cruel e impiedoso. Há análises dele como independente dos coronéis. O ponto de vista muda. O que não se pode negar é o valor que a vida possui no sertão, já que alguém é capaz de arriscar seus bens para vingar um aliado morto", aponta.

RODRIGO FONSECA, JBOnline
Matéria nos enviada gentilmente por Alfredo Bonessi
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