Quinco Vasques , o "Bravo Caririense" Parte I Por:Manoel Severo

Quinco Vasques ao centro de seus dez filhos na sede da fazenda Carnaúba dos Vasques

A região do cariri, no sul do Ceará, guarda além de uma beleza ímpar e inigualável, uma tradição e um conjunto de vultos históricos realmente marcantes; pela força de suas personalidades e pelo grau de bravura que imprimiram às suas trajetórias. Família inteiras ou simplesmente um ou outro personagem, despontam do cariri cearense para fazerem a história de nosso povo.

Um desses marcantes personagens sem dúvidas trata-se de Joaquim Vasques Landim; mais conhecido por Quinco Vasques. Patriarca de uma das mais tradicionais famílias de nosso cariri, do seio dos Terésios, de Santa Teresa, a família Vasques Landim, que protagonizou uma enormidade de episódios pitorescos e importantes dentro da história do coronelismo do sul do Ceará no inicio do século passado.

Um desses episódios que ficaria marcado no panteão caririense foi sem dúvidas o ataque de Quinco Vasques a cidade Lavras da Mangabeira, quando enfrentou o poderoso clã dos Augustos, tendo a frente a não menos emblemática Dona Fideralina. 

Era o mês de abril de 1910. A madrugada do dia 06 para o dia 07 guardava os preparativos para empreitada do bravo caririense rumo as terras da matriarca do clã lavrense dos Augustos. No poder em Lavras se encontrava o cel. Gustavo Augusto Lima, filho de Dona Fideralina. Quinco Vasques e seu grupo, cerca de cinquenta homens bem armados,  partiram da serra de São Pedro no atual município de Caririaçu, mas precisamente do sítio Bico da Arara. Ao longo do caminho outros homens se uniram à empreitada para a tomada de poder em Lavras, perfazendo um total estimado entre 150 a 200 homens em armas sob o comando de Quinco Vasques.


Cel. Gustavo Augusto Lima de Lavras da Mangabeira

O episódio em tela era mais um para ilustrar a verdadeira guerra que havia no sertão do cariri patrocinada pelos potentados locais em busca do poder de mando nos municípios do sertão sul do Ceará. Ocorrências da mesma natureza pontuaram por todo o inicio do século, quando em armas foram tomados e "retomados" o poder em quase todos os rincões caririenses, com destaques , dentre outros, para: Crato com a tomada do poder por parte do cel. Alves Pequeno derrubando o cel. Belém; em Missão Velha em princípio com o Cel. Santana e depois com o cel. Izaias Arruda, sem falar em nomes de destacados mandatários locais, como cel. Joca do Brejão em Barbalha, Totonho Leite em Aurora, Domingos Furtado em Milagres e Zé Inácio no Barro, dentre muitos outros, tendo por fim, provocado a polêmica reunião em 1911 em Juazeiro do Norte do "Pacto dos Coronéis", sob as benção de Padre Cícero e Floro Bartolomeu.

Voltando ao ataque de Quinco Vasques a Lavras no longínquo abril de 1910. As forças equivalentes em número de homens e em valentia e coragem de parte a parte, acabaram pendendo para os defensores de Lavras. A partir de pontos estratégicos dentro da cidade sitiada; como a própria "casa da rua" de Dona Fideralina; o coronel Gustavo Augusto Lima definiu a contenda vencendo os invasores sob o comando de Quinco Vasques.


Quinco Vasques 
Casa de Dona Fideralina no centro de Lavras: Dessas janelas foram rechaçados os homens de Quinco Vasques.

E recorrendo ao grande pesquisador, poeta e escritor Dimas Macedo por ocasião do Cariri Cangaço Lavras da Mangabeira em Maio de 2013: "Severo, destas janelas os homens do Coronel Gustavo rechaçaram os jagunços de Quinco Vasques"... E como já mencionei em outro artigo neste mesmo blog: - Me veio a cabeça esse verdadeiro "duelo de titãs", de um lado a força de todo um clã; dos Augustos de Dona Fidera e do outro a coragem e bravura de um homem da estirpe de um Quinco Vasques. 

Ao final da luta, os homens que não tombaram em combate e nem foram presos caíram no "oco do mundo". Quinco Vasques acabou preso pelos homens do cel. Gustavo Augusto Lima, entretanto após prestar depoimento acabou se safando da prisão pela força da influência notadamente do cel. Santana de Missão Velha e cel. Domingos Furtado de Milagres. 

Continua...

Manoel Severo - Cariri Cangaço

Fontes de Pesquisa: 
Venda Grande d'Aurora de João Calixto Junior;
Revista Itaytera em artigo de Joaryvar Macedo de 1964
Blog: http://familiavasqueslandim.blogspot.com.br/
Fotos: Família Vasques Landim

7 comentários:

João Bosco disse...

Bom dia. Aos que carregam esse sanfue na veia. Orgulha-nos lembrar dos nossos ancestrais. Entristecenos saber que foi exaltado mais a cultura da busca de poder pela obtenção de terra e pela ambição. Mas devemos lembrar das bravuras de lealdade e de caridade que ele também praticou enquanto habitou nesse plano.

Unknown disse...

Me sinto honrada de ser bisneta de Quinco Vasques,com certeza a sua coragem e bondade brota nas veias dos que acreditam em um Brasil melhor.

Unknown disse...

Meu bisavô e tataravô Quinco Vasques

Unknown disse...

Também sou bisneto deste honrado homem do Cariri.

Unknown disse...

Meu pai falou muito dele,sou bisneto dele filho de luiz vasques Lando e neto de antonio vasques Landim.

Anônimo disse...

Alguém sabe onde posso encontrar o livro "Um Bravo Caririense"?

Anônimo disse...

Sou tataraneto ,e me orgulho por fazer parte dessa família .