Edição de Luxo 2015

Os Últimos Cangaceiros abrem Cariri Cangaço - Edição de Luxo


A noite da última quarta-feira, 23 de setembro de 2015 marcou a abertura do Cariri Cangaço - Edição de Luxo -Ano V tendo como palco principal o Auditório do Largo da RFFSA em Crato, no cariri cearense. 

Para uma platéia de pesquisadores de todo o Brasil foi apresentado em primeira mão no cariri cearense o festejado e premiado  filme de Wolney Oliveira, cineasta cearense de reconhecimento internacional; Os Últimos Cangaceiros. A solenidade teve seu inicio com as boas vindas por Pedro Barbosa, presidente do Instituto Cariri do Brasil, entidade realizadora do evento, fazendo um balanço das atividades do Cariri Cangaço nos seus seis anos de existência para logo em seguida convidar a todos para a apresentação da película.

 Abertura da Noite com Pedro Barbosa
Boas Vindas com Manoel Severo

O filme documentário conta a saga dos ex-cangaceiros do bando de Lampião, Moreno e Durvinha; a entrada no cangaço, o encontro com Lampião, as primeiras mortes, os medos, os desafios, a fuga para Minas Gerais, os filhos, a vida secreta de ex-cangaceiros, o reencontro com a vida passada, a descoberta do segredo, a fama, o mito; mostradas na tela com a sensibilidade de poucos, confirmando "Os Últimos Cangaceiros" como um dos melhores documentários sobre a temática já realizados.

Logo após a apresentação do filme aconteceu um debate coordenado pelo Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo que reuniu o diretor, Wolney Oliveira, o pesquisador João de Sousa Lima e a filha dos principais protagonistas do filme, cangaceiros Moreno e Durvinha; Neli Conceição. Wolney Oliveira revela: "Sempre fui apaixonado pela temática, meu primeiro filme foi Milagre de Juazeiro e meu mais recente foi Os Últimos Cangaceiros em junho de 2016 estarei envolvido nas filmagens de Lampião o Governador do Sertão." Para João de Sousa Lima, pesquisador e escritor de Paulo Afonso, responsável pela "descoberta" do casal de ex-cangaceiros e consultor do filme "foi uma grande emoção ter conhecido Moreno e Durvinha e especialmente Durvinha marcaria minha vida para sempre, ela era um anjo".

Mesa de Debates da Noite de Abertura; Manoel Severo , Neli Conceição, João de Sousa Lima e Wolney Oliveira.
Wolney Oliveira
 
Aderbal Nogueira 
Ulisses Germano 
José Bezerra Lima Irmão 

Neli Conceição, em trajes típicos cangaceiros, de mescla azul, bordados coloridos e bornal e cartucheiras, falou de todo o tempo que viveu ao lado dos pais sem saber de suas vidas no passado e do orgulho de sua criação:"Meu pai era muito rigoroso, exigente, reto, educou com mão de ferro todos os filhos, minha mãe era uma santa, trabalhou muito e sofreu muito para nos criar. Quando descobri que meu pai foi ex-cangaceiro de Lampião, que havia matado muitas pessoas e que tinha deixado um filho pequeno; meu irmão Inacinho;para trás, tive medo, mas depois foi muita emoção com o reencontro deles com sua própria história".

A noite de abertura contou com a presença dos principais grupos de estudos do cangaço do Brasil. O documentarista Aderbal Nogueira representou a SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, também estiveram presentes os presidentes do GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, Ângelo Osmiro e Narciso Dias, do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, além de pesquisadores e escritores do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, numa autêntica integração da alma nordestina.

 Neli Conceição e Aderbal Nogueira
Rosane e Geraldo Ferraz

Para o Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, "estar realizando em nossa casa, onde tudo começou, em Crato, a abertura do Edição de Luxo, nos enche de alegria e entusiasmo e vendo o auditório completamente lotado de companheiros de todo o Brasil, só aumenta nossa satisfação, mas também nossa responsabilidade. Gostaríamos de agradecer aos amigos da secretaria da cultura de Crato, parceiros nesta apresentação; Dane de Jade, Dada Petrole , Alan , Luciana Melo e principalmente Gisele Teixeira, a toda a equipe de Crato, nosso muito obrigado". Para o pesquisador potiguar, Ivanildo Silveira, "testemunhamos mais uma vez o grande trabalho do Cariri Cangaço na direção da promoção da discussão séria e responsável sobre esse tema que é tão rico e tão cheio de polêmica como o cangaço, essa noite de abertura e todo o evento estão de parabéns".

Para o pesquisador sergipano José Bezerra Lima Irmão, "talvez o Cariri Cangaço não saiba de sua extraordinária importância para o estudo e aprofundamento do tema cangaço no Brasil, suas edições responsáveis e ricas se traduzem em um bem precioso para a história da temática".

Francimary Oliveira, Neli Conceição e Fátima Cruz
Manoel Severo e Felipe Mimoy

A noite contou ainda com os lançamentos da nova edição da Revista de Artigos do GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará e também da mais nova obra do escritor pernambucano, radicado em Paulo Afonso, João de Sousa Lima - Lampião e os Coronéis das Bahia.

 Neli Conceição, Luiz Antônio, Manoel Severo, Padre Agostinho
 Mabell Sales, João Paulo, Pedro Barbosa e Marcus Vinícius
Manoel Severo, Ulisses Germano e Neli Conceição
Elane Marques, Neli Conceição, Ingrid Rebouças e Ana Lucia
Elane Marques, Manoel Severo e Neli Gonçalves
João de Sousa Lima, Manoel Severo e Ivanildo Silveira no lançamento de Lampião e os Coroneis da Bahia

A noite contou ainda com presença de inúmeros artistas e personalidades das áreas da cultura, da comunicação e das artes do Cariri, com destaque para o jornalista e radialista Antônio Vicelmo, os pesquisadores Emerson Monteiro, Heitor Feitosa Macedo e Lailson Feitosa, as escritoras Célia Magalhães e Vilma Maciel, o músico Ulisses Germano e os poetas Miguel e Josenir Lacerda e ainda o memorialista Huberto Cabral. Ao final da noite os convidados foram recepcionados pela municipalidade de Crato, com um jantar no Largo da RFFSA. A programação seguiu na quinta-feira, dia 24, com visitas a Juazeiro do Norte e Lavras da Mangabeira,

Cariri Cangaço - Edição de Luxo - Ano V
23 de Setembro de 2015
Largo da RFFSA
Crato, Ceará

Juazeiro do Padre Cícero e a Festa do Cariri Cangaço


Juazeiro do Norte, terra santa, meca nordestina, capaz de reunir em torno do mito do Santo Padre Cícero uma verdadeira legião de romeiros, recebeu a Caravana Cariri Cangaço para o segundo dia do Edição de Luxo - Ano V, era a manha ensolarada do dia 24 de setembro.

Companheiros de todo o Brasil acompanharam a Visita Técnica realizada na Colina do Horto, emblemático cenário onde figuram a majestosa estátua do Padre Cícero Romão Batista, com seus 27 metros de cumprimento, velando do alto da serra a toda a nação romeira e o famoso Museu Vivo do Padre Cícero, além do Muro da Sedição, construído ainda em 1914 para proteção da Terra da Mãe de Deus...

"O monumento em homenagem ao Padre Cícero Romão Batista foi inaugurado no dia 1º de novembro de 1969, no alto da Serra do Catolé ou, como é mais conhecida, Colina do Horto, pelo então prefeito Mauro Sampaio. A estátua conta com 27 metros de altura, e se constitui na terceira maior do mundo em concreto, esculpida por Armando Lacerda em um local que era sempre escolhido pelo sacerdote para os seus retiros espirituais. Existe uma estimativa que aponta a visitação ao monumento na ordem de 2,5 milhões de pessoas por ano. De um lado fica o Museu Vivo e, do outro, enorme quadro da ceia larga com 17x4m, enquanto há alguns metros temos a Igreja de Bom Jesus do Horto"

Caravana Cariri Cangaço sob os pés de Cícero...
Ana Lúcia, Wescley Rodrigues e Juliana Pereira
 Aninha, Juliana Pereira, Jorge Remigio, Ivanildo Silveira, Manoel Serafim, Manoel Severo, Alan Ferreira, Francimary Oliveira, Urbano Silva, Narciso Dias e Louro Teles
 Ingrid Rebouças, Aninha, Manoel Severo, Urbano Silva, Edvaldo Feitosa e Padre Agostinho
Pesquisadores; Juliana Pereira, Antonio Tomaz, Rosane Ferraz, Ângelo Osmiro,      Ivanildo Silveira e Geraldo Ferraz

Companheiros de todo o Brasil acompanharam a Visita Técnica realizada na Colina do Horto, emblemático cenário onde figuram a majestosa estátua do Padre Cícero Romão Batista, com seus 27 metros de cumprimento, velando do alto da serra a toda a nação romeira e o famoso Museu Vivo do Padre Cícero, além do Muro da Sedição, construído ainda em 1914 para proteção da Terra da Mãe de Deus... 

Uma das convidadas que pela primeira vez participava do Cariri Cangaço, a pesquisadora de Teresina, Francimary Oliveira revela, "sinto- me honrada de ter participado desse Cariri Cangaço em um momento muito especial. O meu abraço a todos os participantes, e em especial a ele, Manoel Severo, que além de todas as qualidades, é um grande ser humano."

Inaugurado no dia 1º de novembro de 1999, no velho Casarão do Horto, o Museu Vivo de Padre Cícero possui cinco ambientações com personagens em tamanho real, a partir de resina de poliéster. Percorrendo os cômodos do imóvel, o visitante encontra o Padre Cícero em um café da manhã com amigos; em uma capela ao lado da beata Maria de Araújo – protagonista dos milagres; despachando com José Marrocos em seu gabinete; orando e descansando em uma rede. Na primeira sala do museu, fotos e dados sobre a vida do sacerdote, além de muitos ex-votos de fiéis ao longo do percurso na casa que serviu para retiros espirituais do Padre Cícero.

 Sabino Bassetti, Manoel Severo e Ivanildo Silveira
 Joventino, Neli Silveira, Elane Marques, João de Sousa Lima e Manoel Severo
Ângelo Osmiro Barreto
Pesquisadores, Nilton de Registro, São Paulo e Afrânio de Belo Horizonte
Ainda dentro da programação da Visita Técnica a Caravana Cariri Cangaço esteve no Muro da Sedição, quando também na colina do horto se mantém ainda intacto e restaurado uma pequena extensão do outrora muro que foi construído pelos romeiros de "meu Padim" para protege Juazeiro das forças legalista de Franco Rabelo em 1914. Por ocasião da visita os convidados do Cariri Cangaço tiveram a oportunidade de ouvir os episódios marcantes da Sedição de Juazeiros pelo pesquisador pernambucano, de Caruaru, Urbano Silva e pelo sacerdote carioca Padre Agostinho.

O pesquisador e escritor Sabino Bassetti, da cidade de Salto, em São Paulo, comenta: "Ter amigos com a sinceridade, garra, educação e paciência do grande Manoel Severo, enche de orgulho qualquer pessoa. O Cariri Cangaço, é sem nenhuma dúvida o maior evento do gênero. Parabéns Severo. É muito bom ser seu amigo." Já o maior livreiro do cangaço do Brasil, professor Francisco Pereira de Cajazeiras, completa: "Amigo Manoel Severo obrigado pela acolhida e proporcionar aos estudiosos do Cangaço e temas afins, um excelente evento."

 Caravana Cariri Cangaço no "Muro da Sedição"
 Explanação de Padre Agostinho
Padre Agostinho, Manoel Severo, João de Sousa, Aninha, Antonio Edson e Urbano Silva
"Quando os soldados de Franco Rabelo chegaram a Juazeiro do Norte se depararam com uma situação inusitada: em apenas uma semana, os romeiros cavaram um valado de nove quilômetros de extensão cercando toda a cidade e ergueram uma muralha de pedra na colina do Horto. A fortificação recebeu o nome de "Círculo da Mãe de Deus". O batalhão, ao ver que seria impossível romper o círculo, recuou e pediu reforços. As forças estaduais retornaram à cidade do Crato e pediram reforços para destruir o Círculo. Franco Rabelo enviou mais soldados e um canhão para invadir Juazeiro do Norte. No entanto, o canhão falhou e as forças rabelistas foram facilmente derrotadas pelos revoltosos."
"Após expulsar os invasores,  Floro Bartolomeu parte para o Rio de Janeiro a fim de conseguir aliados. Os revoltosos seguem para Fortaleza com o objetivo de derrubar o governador. Na capital federal, Floro consegue o apoio do senador Pinheiro Machado. Quando as forças juazeirenses chegam a Fortaleza, uma esquadra da Marinha impôs um bloqueio marítimo na orla fortalezense. Cercado, Franco Rabelo não teve como reagir e foi deposto. O Presidente Hermes da Fonseca nomeou interinamente Setembrino de Carvalho, enquanto novas eleições foram convocadas. Benjamim Liberato de Carvalho foi eleito governador e Padre Cícero, vice novamente"
Alcides e Gerlane Carneiro, Manoel Severo
A Fé de Geraldo Ferraz...
Manoel Severo, Ana Lúcia, Narciso Dias e Padre Agostinho
"É uma emoção muito grande está em Juazeiro do Norte e visitando lugares tão importantes tanto para a história do nordeste como para a fé do povo romeiro, sem dúvidas o Cariri Cangaço nos proporciona momentos simplesmente inesquecíveis" relata Alcides Carneiro, de João Pessoa. Já Narciso Dias, também de João Pessoa e presidente do GPEC "Mais uma vez o Cariri Cangaço se supera com a qualidade do evento, visitas guiadas pelos principais cenários da história e acima de tudo pela qualidade dos palestrantes, a exemplo do que vimos aqui no Horto". Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço completa:"Vir ao Cariri, ao Juazeiro do Norte e não vir ao Horto seria algo imperdoável, e unir essa visita ao talento de nossos companheiros pesquisadores, Padre Agostinho e Professor Urbano Silva, dentre tantos outros que colaboraram com esse momento inesquecível, fazem tudo valer a pena". 

Cariri Cangaço
Edição de Luxo - Ano V
Colina do Horto, 24 de Setembro de 2015
Juazeiro do Norte, Ceará

Lavras da Mangabeira discute o Pacto dos Coronéis na Festa do Cariri Cangaço


Lavras da Mangabeira, no Vale do Salgado, recebeu para almoço a Caravana Cariri Cangaço dentro da programação do segundo dia do Edição de Luxo; 24 de setembro de 2015. Tendo como anfitriões o prefeito do município, Tavinho Augusto e a secretária de cultura, Cristina Couto, os convidados Cariri Cangaço teriam na terra de Dona Fideralina, um dia de visitas, conferencias, debates e lançamento de livros, girando em torno do famoso episódio da Invasão de Lavras por Quinco Vasques no ano de 1910 e outro episodio marcante que foi o famoso Pacto dos Coronéis.

Tendo como cenário a bucólica praça em frente a Secretaria de Cultura, no centro de Lavras; Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, Geraldo Ferraz, pesquisador e escritor de Recife, Urbano Silva, pesquisador e historiador de Caruaru e Heitor Feitosa Macedo, pesquisador e escritor de Crato; protagonizaram o primeiro momento da vasta programação, na verdade; um dos momentos mais significativos de todo o evento. Por mais de duas horas os convidados do Edição de Luxo tiveram o privilégio de participar do Painel "O Pacto dos Coronéis" , episódio emblemático de 1911, protagonizado de maneira magistral por Padre Cícero e os principais coronéis do cariri.


Urbano Silva, Oleone Fontes, Heitor Feitosa, Geraldo Ferraz e Manoel Severo
Heitor Feitosa Macedo e Manoel Severo

"Em 1911, a oligarquia Accioly dava sinais de declínio e as constantes disputas internas enfraqueciam ainda mais o bloco coronelista. Então, em 04 de outubro de 1911, líderes políticos de dezessete localidades do interior cearense se reuniram em Juazeiro para firmar um pacto de harmonia entre si e apoio incondicional a Nogueira Accioly . Estiveram presentes na reunião e assinaram o pacto, que foi posteriormente registrado em cartório, os líderes políticos de Missão Velha, Crato, Juazeiro, Araripe, Jardim, Santana do Cariri, Assaré, Várzea Alegre, Campos Sales, São Pedro do Cariri (Caririaçu), Aurora, Milagres, Porteiras, Lavras da Mangabeira, Barbalha, Quixadá e Brejo Santo. Tal acordo é considerado um dos acontecimentos mais importantes do coronelismo brasileiro, mas não cumpriu os objetivos que pretendia, visto que alguns meses depois Franco Rabelo assumiu o cargo de Presidente do Ceará (atualmente chamado Governador), sem que os signatários do pacto reagissem. Além do mais, em 1914, quando Franco Rabelo decidiu invadir Juazeiro, os demais pactuantes não ajudaram a defender a cidade como estava previsto no artigo 8º do pacto, pelo contrário, algumas entraram em confronto com Juazeiro como, por exemplo, Crato."

 Painelistas; Heitor Macedo, Urbano Silva, Manoel Severo e Gerado Ferraz
Ana Lúcia, Ivanildo Silveira...
Pacto dos Coronéis em debate em Lavras da Mangabeira

Manoel Severo em princípio contextualizou a época e o cenário do importante e simbólico "Pacto pela Paz", traduzindo o zelo e o apego dos mandatários de barranco ao poder local; reunidos a partir da astúcia de Floro Bartolomeu e o poder carismático de Padre Cícero, sob o beneplácito de Nogueira Accioly. Geraldo Ferraz, moderador da tarde de debates conduziria então as apresentações dos pesquisadores Heitor Feitosa Macedo e Urbano Silva.

Heitor Feitosa Macedo, pesquisador e escritor de Crato, discorreu de maneira magistral sobre a Gênese do marcante fenômeno do coronelismo no nordeste brasileiro, remontando à época de nossa própria colonização, passando pela formação e o caráter do povo do sertão, permitindo a todos uma lúcida reflexão sobre as principais causas do coronelismo e do próprio cangaço, nos permitindo encontrar uma base sólida para uma melhor compreensão sobre o cenário e o ambiente para o surgimento do Pacto dos Coronéis em 1911 em Juazeiro do Norte.

Nogueira Accioly, Presidente do Ceará à época do Pacto...

PACTO DOS CORONÉIS
Aos quatro dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e onze, nesta vila de Juazeiro do Padre Cícero, Município do mesmo nome, Estado do Ceará, no paço da Câmara Municipal, compareceram à uma hora da tarde os seguintes chefes políticos: Coronel Antônio Joaquim de Santana, chefe do Município de Missão Velha; Coronel Antônio Luís Alves Pequeno, chefe do Município do Crato; Reverendo Padre Cícero Romão Batista, chefe do Município do Juazeiro; Coronel Pedro Silvino de Alencar, chefe do Município de Araripe; Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio, chefe do Município de Jardim; Coronel Roque Pereira de Alencar, chefe do Município de Santana do Cariri; Coronel Antônio Mendes Bezerra, chefe do Município de Assaré; Coronel Antônio Correia Lima, chefe do Município de Várzea Alegre; Coronel Raimundo Bento de Sousa Baleco, chefe do Município de Campos Sales; Reverendo Padre Augusto Barbosa de Meneses, chefe do Município de São Pedro de Cariri; Coronel Cândido Ribeiro Campos, chefe do Município de Aurora; Coronel Domingos Leite Furtado, chefe do Município de Milagres, representado pelos ilustres cidadãos Coronel Manuel Furtado de Figueiredo e Major José Inácio de Sousa; Coronel Raimundo Cardoso dos Santos, chefe do Município de Porteiras, representado pelo Reverendo Padre Cícero Romão Batista; Coronel Gustavo Augusto de Lima, chefe do Município de Lavras, representado por seu filho, João Augusto de Lima; Coronel João Raimundo de Macedo, chefe do Município de Barbalha, representado por seu filho, Major José Raimundo de Macedo, e pelo juiz de direito daquela comarca, Dr. Arnulfo Lins e Silva; Coronel Joaquim Fernandes de Oliveira, chefe do Município de Quixadá, representado pelo ilustre cidadão major José Alves Pimentel; e o Coronel Manuel Inácio de Lucena, chefe do Município de Brejo dos Santos, representado pelo Coronel Joaquim de Santana.A convite deste, que, assumindo a presidência da magna sessão, logo deixou, ocupou-a o Reverendo Padre Cícero Romão Batista, para em seu nome declarar o motivo que aqui os reunia. Ocupada a presidência pelo Reverendo Padre Cícero, fora chamado o Major Pedro da Costa Nogueira, tabelião e escrivão da cidade de Milagres, que também se achava presente. Declarou o presidente que, aceitando a honrosa incumbência confiada pelo seu prezado e prestigioso amigo Coronel Antônio Joaquim de Santana, chefe de Missão Velha, e traduzindo os sentimentos altamente patrióticos do egrégio chefe político, Excelentíssimo Senhor Doutor Antônio Pinto Nogueira Acioli, que sentia d'alma as discórdias existentes entre alguns chefes políticos desta zona, propunha que, para desaparecer por completo esta hostilidade pessoal, se estabelecesse definitivamente uma solidariedade política entre todos, a bem da organização do partido, os adversários se reconciliassem e ao mesmo tempo lavrassem todos um pacto de harmonia política. Disse mais que, para que ficasse gravado este grande feito na consciência de todos e de cada um de per si, apresentava e submetia à discussão e aprovação subseqüente os seguintes artigos de fé política: Art. 1° Nenhum chefe protegerá criminosos do seu município nem dará apoio nem guarida aos dos municípios vizinhos, devendo pelo contrário ajudar a captura destes, de acordo com a moral e o direito. Art. 2° Nenhum chefe procurará depor outro chefe, seja qual for a hipótese. Art. 3° Havendo em qualquer dos municípios reações, ou, mesmo, tentativas contra o chefe oficialmente reconhecido com o fim de depô-lo, ou de desprestigiá-lo, nenhum dos chefes dos outros municípios intervirá nem consentirá que os seus municípios intervenham ajudando direta ou indiretamente os autores da reação. Art. 4° Em casos tais só poderá intervir por ordem do Governo para manter o chefe e nunca para depor. Art. 5° Toda e qualquer contrariedade ou desinteligência entre os chefes presentes será resolvida amigavelmente por um acordo, mas nunca por um acordo de tal ordem, cujo resultado seja a deposição, a perda de autoridade ou de autonomia de um deles. Art. 6° E nessa hipótese, quando não puderem resolver pelo fato de igualdade de votos de duas opiniões, ouvir-se-á o Governo, cuja ordem e decisão será respeitada e estritamente obedecida. Art. 7° Cada chefe, a bem da ordem e da moral política, terminará por completo a proteção a cangaceiros, não podendo protegê-los e nem consentir que os seus munícipes, seja sob que pretexto for, os protejam dando-lhes guarida e apoio. Art. 8° Manterão todos os chefes aqui presentes inquebrantável solidariedade não só pessoal como política, de modo que haja harmonia de vistas entre todos, sendo em qualquer emergência "um por todos e todos por um", salvo em caso de desvio da disciplina partidária, quando algum dos chefes entenda de colocar-se contra a opinião e ordem do chefe do partido, o Excelentíssimo Doutor Antônio Pinto Nogueira Acioli. Nessa última hipótese, cumpre ouvirem e cumprirem as ordens do Governo e secundarem-no nos seus esforços para manter intacta a disciplina partidária. Art. 9° Manterão todos os chefes incondicional solidariedade com o Excelentíssimo Doutor Antônio Pinto Nogueira Acioli, nosso honrado chefe, e como políticos disciplinados obedecerão incondicionalmente suas ordens e determinações.Submetidos a votos, foram todos os referidos artigos aprovados, propondo unanimemente todos que ficassem logo em vigor desde essa ocasião.Depois de aprovados, o Padre Cícero levantando-se declarou que, sendo de alto alcance o pacto estabelecido, propunha que fosse lavrado no Livro de Atas desta municipalidade todo o ocorrido, para por todos os chefes ser assinado, e que se extraísse uma cópia da referida ata para ser registrada nos livros das municipalidades vizinhas, bem como para ser remetida ao Doutor Presidente do Estado, que deverá ficar ciente de todas as resoluções tomadas, o que foi feito por aprovação de todos e por todos assinado.Eu, Pedro da Costa Nogueira, secretário, a escrevi.Padre Cícero Romão Batista - Antônio Luís Alves Pequeno - Antônio Joaquim de Santana - Pedro Silvino de Alencar - Romão Pereira Filgueira Sampaio - Roque Pereira de Alencar - Antônio Mendes Bezerra - Antônio Correia Lima - Raimundo Bento de Sousa Baleco - Padre Augusto Barbosa de Meneses - Cândido de Ribeiro Campos - Manuel Furtado de Figueiredo - José Inácio de Sousa - João Augusto de Lima - Arnulfo Lins e Silva - José Raimundo de Macedo - José Alves Pimentel.

Prefeito Tavinho Augusto Lima e Manoel Severo
Edvaldo Feiosa em Lavras da Mangabeira e o Pacto dos Coroneis

O pesquisador e escritor alagoano da cidade Água Branca, Edvaldo Feitosa ressalta a festa do Cariri Cangaço em Lavras da Mangabeira: "Lavras da Mangabeira, nos recebeu de braços abertos na edição de luxo, ano V, representada pelo seu anfitrião Ilustre Prefeito Dr. Gustavo Augusto Lima Bisneto, vereadores e secretários municipais, nos fez entender a primazia que todos têm pela cultura e pela história de seu município. Escritores, historiadores, pesquisadores, acadêmicos, alunos e o público em geral, foram contemplados com o livro "Terra do Sol". Uma fórmula de estímulo a leitura! E, nesse cenário histórico-cultural fomos agraciados com a honrada palestra sobre o pacto dos coronéis, sendo esta, moderada pelo Dr. Geraldo Ferraz. Na realidade esse momento foi um verdadeiro show literário capitaneado por todos. De forma constante, sempre à frente dos debates, ele, o moderador do cariri cangaço Manoel Severo a quem agradecemos pelo seu dinamismo e competência. Família Cangaceiros Cariri: Melhor que esta edição só outra. Tenho a lhes dizer que iniciei o meu planejamento para recebê-los em 2016 nesta pacata cidade histórica de Água Branca, no estado de Alagoas. Será o mínimo que poderei fazer, assim compensarei o apoio, o respeito e o carinho que recebi de todos vocês."

 Jacqueline Rodrigues, Ivanildo Silveira e Celsinho Rodrigues 
Veridiano Clemente e Antônio Edson
 A presença de pesquisadores e dos alunos de Quitaiús 

Pesquisador Urbano Silva e aluna Taynara Tomé

Já o professor, pesquisador e historiador de Caruaru, Urbano Silva, segundo painelista da tarde, apresentou um recorte preciso sobre o cenário político administrativo do Ceará e do Cariri à época do começo do século XX, trazendo os principais aspectos, ligações , interesses e jogo de poder que existia e dava vida ao poder coronelístico dos homens fortes do cariri. Urbano Silva ainda nos trouxe um conjunto de reflexões sobre as ligações entre o mentor do Pacto e seu "redator", Deputado Floro Bartolomeu e o Santo Padre do Juazeiro, Cícero Romão Batista. O painel contou ainda com a participação em debate de inúmeros estudiosos de todo o Brasil, consolidando o momento como um dos mais ricos de todo o evento.

Para a Secretária de Cultura de Lavras da Mangabeira, pesquisadora, poetisa e escritora Cristina Couto "não poderíamos começar de forma tão maravilhosa o Cariri Cangaço em Lavras como com esse momento extraordinário sobre o Pacto dos Coronéis; sensacional, toda família Cariri Cangaço e Lavras da Mangabeira estão de parabéns e estamos só começando o dia!" . As atividades ainda iriam continuar até a noite com o percurso da Invasão de Lavras, conferencia, debates e lançamentos na Câmara Municipal.

Cariri Cangaço
Edição de Luxo - Ano V
Praça da Secretaria da Cultura , 24 de Setembro de 2015
Lavras da Mangabeira, Ceará

A Invasão de Lavras por Quinco Vasques

Quinco Vasques ao centro de seus 10 filhos, na Carnauba dos Vasques

A espetacular programação do Cariri Cangaço - Edição de Luxo - Ano V em Lavras da Mangabeira, estava apenas começando. Ao final da tarde daquele 24 de setembro de 2015 a caravana seguiu sob o comando dos pesquisadores Cristina Couto e João Tavares Calixto Junior, para visitar os principais cenários da Invasão de Lavras pelo "Bravo Caririense" Quinco Vasques, de tradicional família do ramo dos Terésios de Missão Velha, isso em 1910.

"No amanhecer de sete de abril de 1910 o centro da cidade de Lavras da Mangabeira, no Centro-Sul cearense, era invadido por cangaceiros comandados por Joaquim Vasques Landim, o Quinco Vasques. Era político o intento, e como alvo, o mandão provisionado do feudo de Dona Fideralina – o Coronel Gustavo Lima. Não são muitos os relatos literários que atentem com riqueza de detalhes a este objeto, e ao presente trabalho, interessa uma tentativa de interpretação através do comparativo de duas versões díspares, principalmente. Nas páginas de O Rebate, periódico que circulou no Cariri entre julho de 1909 e setembro de 1911, nota-se uma destas versões, assegurada por seu redator principal, o Padre Joaquim de Alencar Peixoto. No jornal, uma série de cinco artigos atribui aos coronéis do Crato, inimigos declarados do Pe. Peixoto, participação crucial no evento. A outra versão apoia-se em autos de inquérito e em depoimentos do próprio Quinco Vasques, assim como de testemunhos e atenta à participação dos deportados de Aurora junto aos inimigos políticos lavrenses, próprios parentes do Cel. Gustavo, a fim de expulsarem-no, à bala, do poder municipal. Este episódio configurou-se como um dos de maior repercussão no cenário coronelístico do Nordeste do Brasil, à época, não só pela tentativa de deposição, propriamente, mas pela audácia na violação da predominância política estabelecida pela matrona Fideralina 
e o clã dos Augustos."   
Calixto Junior estabeleceu cinco paradas dentre as mais importantes que nos levariam ao episódio marcante de 1910. Em primeiro lugar, ainda fora do centro de Lavras fomos ao Trevo que divide os municípios de Lavras, Aurora e Caririaçu, de onde partiu Quinco Vasques com um razoável grupo de 50 jagunços e cangaceiros. Dali partimos para o Sítio Outeiro onde Quinco Vasques pediu que fossem redigidos dois bilhetes, "um para o Coronel Gustavo Augusto e outro para a polícia local". No Oiteiro o grupo de invasores já somavam mais de 100 homens em armas.

Numa terceira parada, agora já dentro da cidade, no "Beco da Igreja" a confraria Cariri Cangaço, sempre sob a orientação de Calixto Junior, conheceu o local das primeiras trincheiras e o local onde se fez a única vítima do inusitado episódio. Quinco Vasques comandou seus homens subindo pela Igreja e percorrendo os becos do centro até chegar a Casa dos Augusto, primeiro a casa de Dona Fideralina, que se encontrava no Sítio Tatu e depois prosseguiram em combate para a casa do principal protagonista da defesa, coronel Gustavo Augusto.

Primeira parada no Trevo de entrada de Lavras
Calixto Junior e Manoel Severo
 Caravana Cariri Cangaço na segunda parada no Oiteiro
 Terceira parada no "Beco da Matriz"
 Antônio Tomaz e Aderbal Nogueira em frente a Casa de dona Fideralina
Última parada: Casa do Coronel Gustavo Augusto

"Joaquim Vasques Landim, o Quinco Vasques ou Quinco Vasco. Nascido em 1874, aos 5 de janeiro, no sítio Santa Teresa (Missão Velha), veio casar-se em 1893, aos 9 de novembro, com Maria da Luz de Jesus (Marica), de 20 anos de idade, nascida no Sítio Olho d'água Comprido, do referido município. Depois de casado, Quinco Vasques deixou Santa Teresa, indo residir no sítio Tipi, em Aurora, onde foi vaqueiro de seu parente José Antônio de Macêdo (Cazuza). Morou, depois, nos sítios Boca das Cobras, em Juazeiro do Norte, Bico da Arara, na Serra de São Pedro (Caririaçu), e Passagem de Pedras, confinando-se este com o de Santa Teresa, seu local de origem."  

Quinco Vasques

"Vasques realizou diversas proezas. Questionou com os poderosos de Missão Velha, Isaías Arruda e Sinhô Dantas, sem objeção. Juntamente a três filhos, dentro de um vagão de trem, defrontou o temíveis Paulinos, de Aurora, que o haviam jurado para um primeiro encontro, mas retrocederam.  Todavia, nada se compara ao evento de 7 de abril de 1910, em Lavras da Mangabeira. Com efeito, Quinco Vasques abalaria as estruturas de uma das mais fortes oligarquias do Nordeste, até então, exclusivamente por eles próprios deturpada. Teria sido Joaquim Vasques um jagunço ou algum tipo de facínora? Seria Vasques um mercenário, ou apenas um aventureiro? Teria sido um herói regional, ou meramente alguém que, pelos repetidos atos de destemor, ganharia fama de bravo, tão somente?"

Caravana Cariri Cangaço no Sítio Outeiro em Lavras da Mangabeira

Depois de percorrer os principais cenários da invasão a Caravana Cariri Cangaço foi recebida no gabinete do prefeito municipal de Lavras da Mangabeira, Dr Tavinho Bisneto, onde foram apresentadas armas e outros artefatos pertencentes ao seu Bisavô, coronel Gustavo Augusto Lima. Do gabinete do Paço Municipal a confraria Cariri Cangaço se deslocou até a Câmara Municipal onde participou de Conferência, Debate e Lançamento do Livro de Calixto Junior "Considerações sobre a Invasão de Lavras em 1910.

Prefeito Tavinho Augusto e Manoel Severo
Veridiano Dias e o bacamarte de Coronel Gustavo Augusto

A solenidade marcou também a entrega de Títulos de Amigo do Cariri Cangaço aos pesquisadores; José Sabino Bassetti de Salto, São Paulo; Alcides Carneiro de João Pessoa, Paraíba e Reclus de Plá de Santana de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, além do conferencista da noite, pesquisador e escritor João Tavares Calixto Júnior.

 Secretária de Cultura Cristina Couto
 Manoel Severo
Câmara Municipal de Lavras da Mangabeira
João Tavares Calixto Junior , a Conferencia e Título do Cariri Cangaço
Fátima Cruz entrega Diploma Cariri Cangaço ao pesquisador Sabino Bassetti
 Geraldo Ferraz entrega Diploma ao pesquisador Reclus De Plá de Santana
Oleone Coelho Fontes entrega Diploma ao pesquisador Alcides Carneiro

"De acordo com o processo faziam parte do grupo armado de Quinco Vasques, dentre outros, os seguintes: Fenelon Carneiro Guerra, José Lino Simões, Vicente Maurício, Tremeterra, Matias de Tal, Belo Fernandes (vulgo Belinho), Pedro Calangro, Manoel Mouco, João Marreca, José Terto, Antão de Tal, Joaquim Gonçalves, José Cornélio, João Mariano, José Rosa, João Paulino, Ildefonso de tal, Joaquim Jardim, Antônio Sabino, Antônio Rosa, Josino (filho de Antão de tal) e Zezé. Ao término da luta, constatavam-se na turma de Vasques, alguns feridos, ao passo que do lado de Gustavo, tombara sem vida o subdelegado local, Possidônio Faustino.   

Contam alguns lavrenses, mais em dia com os acontecimentos da terra, que o referido Possidônio Faustino, que também guardava fama de jagunço ou cangaceiro, recebera tiro de rifle na testa, durante a refrega. Afirmam que a primeira trincheira, teria sido erguida nas proximidades do beco da Matriz, e que os cangaceiros Carneiro, Vicente Justino, Bodega e os Leandros, todos do grupo de Gustavo, aguardavam a tropa de Vasques, de prontidão, junto a Possidônio. Informam ainda, que o referido Bodega, que ladeava o subdelegado Possidônio durante o tiroteio, avisava sobre o risco que aquele corria ao atirar e depois, erguer-se numa tentativa curiosa de conferir o resultado. A cada tiro dado pelo militar, observava atento um dos cangaceiros de Vasques, que, no minuto propício, acertou-o de fronte à face. Do centro de Lavras, depois de recuado o bando, rumou Joaquim Vasques com o grupo ao Sítio Calabaço, no riacho do Rosário, cujos proprietários, à época o Capitão Joaquim Lobo de Macêdo e Maria Joaquina da Cruz, lhes eram parentes. Atente-se ao fato de que a esposa de Vasques, Maria da Luz de Jesus, era prima legítima da referida Maria Joaquina da Cruz.  Na casa do engenho, onde os feridos receberam curativos, descansou e alimentou-se o batalhão, enquanto na casa-grande, repousava o chefe . Tornou-se providencial a casa grande no Calabaço já que a investida, sofrivelmente praticada, fracassou e o percurso de volta seria longo. O malogro do ataque teria de ser fatal por deficiência de planejamento. O contingente foi inexpressivo (cento e cinquenta homens), calculadamente, enquanto não se ignora que, nos casos de deposições, algumas centenas eram organizadas. Na de Totonho Leite em Aurora, por exemplo, arrebanharam-se cerca de seiscentos. Além disso, os atacantes já chegaram fatigados, tendo perfeito a jornada a pé, tirando mais de uma légua por hora [9]. Considerem-se, ainda, a insuficiência de munição, bem como os preparativos para a resistência e defesa dos atacados, sem se falar no reforço policial que se aproximava da cidade ao ensejo da debandada. Refeitos da fadiga, reestabelecidas as forças no sítio Calabaço, retornou Quinco Vasques com seus homens, a Caririaçu, tendo alguns se dispersado no trajeto."  

Trechos dessa postagem, em grifo vermelho: Passagens do Livro "Considerações sobre a Invasão de Lavras em 1910" de João Tavares Calixto Junior, lançado nesta noite.

Cariri Cangaço
Edição de Luxo - Ano V
Percurso em Lavras e Câmara Municipal
Lavras da Mangabeira, 24 de Setembro de 2015

Cariri Cangaço Recebido com Festa em Missão Velha

Mesa de Abertura em Missão Velha

O terceiro dia de Cariri Cangaço - Edição de Luxo - Ano V, 25 de setembro de 2015, marcou a chegada da Caravana ao Portal do Cariri: A acolhedora Missão Velha reuniu seus filhos e as mais tradicionais famílias do tronco "Terésio" para festejar a maior festa da Alma Nordestina. As 9 horas da manhã sob o comando do Presidente da Câmara Municipal, vereador Cícero Macedo; foi aberta a Sessão Solene que marcaria o inicio das atividades no município homenageando os Terésios. Mas para continuarmos nossa história, vamos abrir um parêntese e nos valer do talento literário do grande Dimas Macedo, sobre...os Téresios: 

"Quando o historiador João Brígido dos Santos, em fins do século dezenove, vasculhava os arquivos da história do Cariri, a esses meus antecedentes já se referia como nucleadores de várias povoações e fazendas de criar, entre todas, sobressaindo‑se aquela denominada Engenho Santa Teresa, fundada pelo capitão Domingos Paes Landim, um dos pioneiros da colonização do Ceará.
         Núcleo originário e socioeconômico das famílias Terésios, segundo observações dos maiores historiadores do Cariri, a exemplo de Irineu Pinheiro e do Padre Antônio Gomes de Araújo, que pesquisaram as suas ori­gens e os primeiros anos da sua formação, o Engenho Santa Teresa, por séculos afora, manteria acesa a temperatura das suas chaminés.

Manha de luxo em Missão Velha: Archimedes Marques, Antonio Edson Olegário, 
Ângelo Osmiro e Célia Magalhães
O Brasil de Alma Nordestina se encontrou em Missão Velha

         Continua Dimas Macedo: "Deles, os Terésios, ocupar-se-ia o historiador Joaryvar Macedo ao traçar as linhas da sua inculcada genealogia, deten­do‑se na descendência do Capitão Domingos Paes Landim e da sua mulher Isabel da Cruz Neves, ascendentes dos Terésios que hoje se reúnem para proclamar a glória de Antônio Martins Filho e reconhecer o quanto Joaryvar Macedo é um imenso 
traço de união entre nós. 
       No seu monumental e não por demais relembrado – A Estirpe da Santa Teresa (Fortaleza: Imprensa Universitária, 1976) –, cuja segunda edição ora se dá à estampa, Joaryvar Macedo desvenda a linhagem dessas famílias e nos leva a intuir o que a trajetória dos Terésios 
pode­ria representar como desafio para os his­toriadores e sociólogos do Ceará. Abstraindo‑se o dado genealógico da questão dos Terésios, o que registrou a historiografia sul‑cearense, pertinente aos la­bores nos quais se envolveram muitos dos seus integrantes, a mim me parece constituir algo de substância singular com que a pesquisa histórica e a sociologia política podiam muito bem se entreter.Costumo dizer as pessoas que me abordam acerca dos Terésios, que o conjunto das suas aventuras nos per­mite cultuar uma tradição familiar que se arraigou na cultura da região do Cariri, por meio da sua mais forte tradição."

Brasões das Família Terésias, fonte: familiavasqueslandim.blogspot.com.br

A partir da apresentação do majestoso tronco familiar responsável por boa parte da colonização de nosso Cariri, deu-se inicio ao terceiro dia de Cariri Cangaço, desta vez em Missão Velha, quando a curadoria através de Manoel Severo resolveu homenagear a três destes importantes personagens da linhagem dos Terésios: Coronel Santana, da Serra do Mato; Quinco Vasques, o Bravo Caririense e Edson Olegário, deputado e prefeito, ali representados por vários descendentes, amigos e admiradores.

Com o plenário do legislativo totalmente lotado, foi entregue a vários homenageados o Título de Amigo do Cariri Cangaço. Receberam a honraria; Antônio Edson Sobreira Olegário, representando seu pai, deputado e figura emblemática da história de Missão Velha, Edson Olegário; Orlandina Figueiredo, filha do memorável Coronel Izaias Arruda; Valmir Olegário de Santana representando as família Olegário e Santana;o Coronel Vasques Landim, representando a família Vasques Landim e ainda representando a família Cruz, o Dr. Cícero Landim da Cruz.

Espetacular Conferência de Bosco André
Cel Santana, Edson Olegário e Quinco Vasques
Manoel Severo, Cícero Macedo, Orlandina Figueiredo e Aélio Landim

E continuamos com Dimas Macedo...
" Em verdade, quando o Coronel Joca do Brejão mandava no Município de Barbalha, Antônio Joaquim de Santana era senhor absoluto em Missão Velha, Felinto da Cruz Neves resistia aos ataques dos seus adversários, em Santana do Cariri, e Marica Macedo do Tipy escrevia, com tintas de destemor e bravura, a chamada “Ques­tão do Oito” em Aurora, parece inquestionável que os Terésios espelhavam a elite mais refinada da República do Cariri. E, mais ainda, era evidente o papel dos Terésios quando se divisava que o tenente‑coronel José Joaquim de Maria Lobo era o mentor das irmandades religiosas de Juazeiro e alter ego do Padre Cícero Romão, no período que antecedeu a Floro Bartolomeu, e quando o Município de Aurora se ocupava em produzir um homem do porte de Joaquim Vasques Landim, o célebre Quinco Vasques, que ousou violar o feudo de Dona Fideralina, em Lavras da Mangabeira, escrevendo, aos 7 de abril de 1910, uma das páginas mais palpitantes da história do Ceará.

 Grande Festa do Cariri Cangaço em Missão Velha
Pesquisadores de todo o Brasil em Missão Velha
        
E ainda nos valemos de Dimas Macedo:"Nos velhos tempos da Primeira República, quando o Sul do Ceará parecia um caldeirão, os Terésios ali já se destacavam como uma família deveras singular. Enquanto os clãs patriarcais de Várzea Alegre, Crato, Brejo Santo e Lavras da Mangabeira pareciam sempre preparados para a autofagia do banquete familiar, as distâncias entre os membros das famílias Terésios 
gradativamente se iam confundindo. 
        Tocar‑se num Macedo, em Aurora, num Lobo de Macedo, em Lavras, num Vasques Landim, em Missão Velha, era colocar o Tipy, o Calabaço e o Santa Teresa em prontidão. Era incrível como a solidariedade presidia a toda uma rica tradição familiar. No Calabaço, por exemplo, o Sítio onde nasci e onde nasceu Joaryvar, existia uma veneração quase sagrada aos nossos ancestrais e aos parentes que se espalhavam pelos demais municípios da região.

        Quando a projeção dos Terésios já não se continha nos limites da atividade municipal, alguns dos seus membros alçaram voo para o alcance de novas conquistas sociais, entre elas o exercício do governo de várias unidades da Federação, postos de destaque na magistratura estadual e federal, desempenho de funções ministeriais e administrativas nos altos escalões da República.
       O ramo que fincou raízes em Barbalha se projetaria com os Martins de Jesus. Quando eles resolveram se despedir das nascentes do Caldas demandaram em busca de Fortaleza para emprestar definitivos contornos à história cultural do Ceará. Antônio Martins Filho para fundar a Universidade Federal do Ceará e ser seu primeiro Reitor; Cláudio Martins para presidir à Academia Cearense de Letras e ao Conselho Estadual de Educação; Fran Martins para coordenar o Grupo Clã de Literatura, responsável pela implantação definitiva do modernismo no Ceará, e para se destacar como a maior autoridade brasileira no campo do Direito Comercial."

Logo após o momento solene das homenagens, deu-se inicio a Conferencia do memorialista e Conselheiro Cariri Cangaço, João Bosco André; uma legenda viva de Missão Velha; que por mais de uma hora, discorreu de maneira magistral sobre os principais aspectos dos Terésios e em especial apresentou momentos marcantes das histórias de vida de Coronel Santana, Edson Olegário e Quinco Vasques.

"Fantástico! A cada edição do Cariri Cangaço somos surpreendidos pela qualidade, pela clareza e pela riqueza dos conteúdos apresentados." Fala o pesquisador e escritor de Água Branca, Alagoas, Edvaldo Feitosa. Já o Presidente da Câmara Municipal de Missão Velha, Cícero Macedo externou seu agradecimento a todos:"Gostaria de agradecer ao Cariri Cangaço, em nome do seu curador Manoel Severo e a Bosco André pela homenagem feita ao meu tio, Edson Olegário, que sem sombra de dúvida um dos maiores homens de maior referência de nossa família até hoje, que escreveu sua história e que muito nos deixa orgulhosos." 

Bosco André, Manoel Severo, Dona Orlandina e Aderbal Nogueira
 Confraria Cariri Cangaço em Missão Velha
Dona Eailse Linard, Manoel Severo e Amélia Linard 
Tereza Cristina Cornélio, Neli Conceição e Manoel Serafim

Sobre o Coronel Santana, contou Bosco André:
"O afamado cangaceiro Paraibano, Antonio Silvino, esteve também por estas bandas de Missão Velha, sob a proteção do Cel. Antonio Joaquim de Santana, juntamente com alguns dos seus irmãos. Um dos irmãos de Silvino, de nome Pedro Silvino, mantinha uma casa de comércio na Cidade, isso entre os anos de 1902 para 1904 . 
Tendo um dos irmãos do cangaceiro Paraibano, andado metendo os pés pelas mãos em Missão Velha, um belo dia do mês de abril, Antonio Silvino recebeu um recado do Cel. Santana, convocando-o até o seu Quartel General na Serra do Mato. Antonio Silvino, imediatamente selou um animal e se pôs à viagem, ali chegando, já se encontrava à mesa para o jantar o Cel. Santana, que o convidou para sentar-se e  jantar,  Silvino atendeu ao convite, se sentado para jantar, mais com o seu rifle nas pernas.  Terminado o jantar o Cel. Santana, usando o seu linguajar roceiro, disse: “SIM SENHOR ANTONIO SILVINO, MANDEI LHE CHAMAR AQUI, PARA LHE DIZER QUE VOCÊ NÃO TEM MAIS A MINHA PROTEÇÃO EM MISSÃO VELHA”; “O LUGAR DO SEU RIFLE AQUI NA MINHA CASA, ERA ALI NO CANTO DAQUELA PAREDE, HOJE VOCÊ JANTOU NA MINHA MESA COM O RIFLE NAS PERNAS”. 
Imediatamente Antonio Silvino se levantou e convidado pelo coronel Santana pata tomar o café, que se estava sendo colocado na mesa, respondeu-lhe: “NA SUA CASA EU NÃO TOMO MAIS, NEM ÁGUA” e de rifle em punho e já engatilhado, saiu de costas até o alpendre onde se encontrava o seu animal  amarrado e pulando de costas em cima do animal, cortou-lhe a corda que o amarrava na varanda e desceu a Serra rumo a Missão Velha, isso tudo já no escuro total, chovendo muito. 
Chegando em Missão Velha, já noite alta, foi acordar os irmãos e ordenou-lhes que deveriam deixar Missão Velha, antes do dia amanhecer, pois temia um ataque do Cel. Santana. 

O seu irmão que era comerciante, foi acordar os seus vizinhos para vender as mercadorias existentes na sua bodega. Os colegas de comércio, sabendo que os Irmãos Silvinos, tinham que deixar Missão Velha às pressas, ficaram se amarrando para ficar com as mercadorias de graça, foi quando  Pedro Silvino, notando a matreirice dos seus colegas de comércio, começou a espalhar umas latas de gás dentro da sua mercearia e começou a furá-las a punhal. Perguntaram o que ele iria fazer,  ao que ele respondeu-lhes: “VOCÊS ACEREM O QUE É DE VOCÊS, PORQUE EU VOU QUEIMAR O QUE É MEU”; “NÃO VOU DEIXAR NADA DE GRAÇA PRÁ NINGUÉM”, neste instante, os comerciantes que eram seus vizinhos, resolveram a comprar as mercadorias de Pedro Silvino, más o que é certo que antes de amanhecer o dia seguinte, os irmãos Silvinos desocuparam Missão Velha e nunca mais voltaram aqui.  História que me foi contada pelo Sr. José Gonçalves de Lucena. O comércio de Pedro Silvino, ficava localizado na hoje, Rua Cel. José Dantas, onde hoje funciona atualmente o Café de Dona Didi Fideles." 
    
Ângelo Osmiro e Cel Vasques Landim 
Cel. Macedo e Antônio Edson Sobreira Olegário 
Bosco André e Cícero Landim Cruz

Tendo como apresentador da Conferência de João Bosco André e moderador; o pesquisador e escritor sergipano, Archimedes Marques, a solenidade contou ainda com as palavras dos representantes das família homenageadas; Antônio Edson Sobreira Olegário falou em nome da família e em memoria de seu pai; Edson Olegário e Aélio Vasques, falou em nome da família Vasques Landim.

Para o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, "este dia aqui em Missão Velha enche nosso coração de alegria. A forma como o Cariri Cangaço é recebido, o carinho e o respeito dedicado pela cidade a todos os pesquisadores vindos de todo o Brasil, só nos mostram o tamanho da hospitalidade deste povo maravilhoso, realmente um dia de festa inesquecível, onde os principais personagens de sua história se fazem presentes a partir das homenagens e da conferencia do amigo-irmão Bosco André".

A isso chamo Cariri Cangaço...
Jorge Remígio e Urbano Silva
Wescley Rodrigues, Juliana Pereira e Celsinho Rodrigues

O dia da festa do Cariri Cangaço em Missão Velha estava só começando, logo após a espetacular solenidade na Câmara Municipal e a conferência de Bosco André, os convidados do evento participaram de um autentico almoço sertanejo na Fazenda "Mãe Lucy" em Santa Teresa, de propriedade de um dos homenageados do dia, Antonio Edson Sobreira Olegário, para logo em seguida serem recepcionados por Cícero Landim da Cruz em seu Engenho de Santa Teresa, para a esperada moagem Cariri Cangaço.

Cariri Cangaço
Edição de Luxo - Ano V
Câmara Municipal, 25 de Setembro de 2015
Missão Velha

Almoço da Fazenda e Moagem Cariri Cangaço, é Missão Velha no Edição de Luxo

Antônio Edson Olegário, Manoel Severo, Cícero Landim da Cruz

Muitas surpresas ainda aguardavam os convidados Cariri Cangaço - Edição de Luxo - Ano V em terras de Missão Velha. Da Câmara Municipal a caravana seguiu para a sede da Fazenda Mãe Lucy, de propriedade da família Olegário, tendo a frente, Antonio Edson Sobreira Olegário que recebeu os mais de 100 convidados de todo o Brasil com um banquete digno dos tempos áureos dos Terésios de Santa Teresa. "Na verdade Antonio Edson só confirma o espetacular dom de excelentes anfitriões que sua família e sobretudo seu pai, Edson Olegário, conquistaram ao longo das gerações, só nos resta agradecer profundamente tanta gentileza e atenção" Fala o curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo.

Francimary Oliveira, Aderbal Nogueira, Oleone Fontes e Manoel Severo

Juliana Pereira, pesquisadora de Quixadá, revela:"É impressionante a forma como estamos sendo recepcionados nessa edição do Cariri Cangaço, ontem em Lavras da Mangabeira e hoje neste almoço sem igual, até parece que estamos em casa, realmente inesquecível tudo isso". Já o pesquisador e escritor paulista de Salto, Sabino Bassetti comenta:"ter amigos com a sinceridade, garra,educação e paciência do grande Severo, enche de orgulho qualquer pessoa. O Cariri Cangaço, é sem nenhuma dúvida o maior evento do gênero. Parabéns Missão Velha, parabéns Bosco, parabéns Severo. "

A beleza das terras de Santa Teresa que mesmo com a grave estiagem que assolam o Ceará ainda consegue mostrar a exuberante e vivaz cor e vida de seus verdes canaviais e sob a brisa incrivelmente suave de um dia ensolarado de setembro, nos mostram a incrível força do vale caririense, sede e berço do Cariri Cangaço.

Bosco André, Ivanildo Silveira, Cel Donizete e Urbano Silva; Wescley Rodrigues, Jacqueline, Elane Marques, João de Sousa Lima, Juliana Pereira, Celsinho Rodrigues; Josué Santana e Louro Teles
Jair Tavares, Ivanildo Silveira, Narciso Dias, Sabino Bassetti, Jorge Remigio e Narciso Dias;Tereza Cristina, Manoel Serafim, Padre Agostinho, Jorge Remígio, 
Francimary Oliveira e Narciso Dias 

O lauto almoço se prolongou por cerca de duas horas, onde os convidados do Cariri Cangaço puderam consolidar ainda mais os laços de fraternidade com os anfitriões, legado primordial do Cariri Cangaço, fazendo com que na integração de todos possamos formar a verdadeira alma nordestina. Para Tereza Cristina Cornélio, de Recife:"Parabéns Manoel Severo ! Parabéns aos pesquisadores do Cariri Cangaço ! Mais uma vez, aprendi muito a respeito da História do Povo Nordestino. Mais uma vez passei pela agradável experiência de conviver com pessoas cultas, inteligentes, dedicadas e sobretudo disponíveis para repartir conhecimentos. Agradeço de todo coração a oportunidade."

Nas terras de Santa Teresa em nossa querida Missão Velha, as principais e mais tradicionais famílias da região puderam traduzir toda a hospitalidade do povo cearense que se prolongou em mais uma inesquecível visita, desta vez ao Engenho Santa Teresa de propriedade de Cícero Landim da Cruz.

Antônio Edson, Luiz Antonio, Celsinho Rodrigues, Sonia Jaqueline, Elane Marques e João de Sousa Lima; Gerlane Carneiro e Ingrid Rebouças; Jorge Remígio e Dona Orlandina
Dona Orlandina, Francimary Oliveira; Josué Santana e Louro Teles;
Alan Ferreira, Elane Marques e Voldi Ribeiro; Padre Agostinho e Cel Donizete
Iris Mendes, Luiz Ruben e Joventino de Melo ;
Eliene Costa, Tomaz Cisne, Ângelo Osmiro e Djalma Sousa

Os vastos campos de cana de açúcar, o cheiro forte do mel e melaço, o tacho fumegante e todas as cores características das moagens do sertão, mataram a saudade de muitos e trouxeram experiencias novas a quem ainda não havia conhecido. Um momento inesquecível de contato com o combustível que move o sertão. Ali o proprietário Cícero Landim da Cruz e seu imediato, Damião, filho de Piranhas nas Alagoas, também sede do Cariri Cangaço, mostravam e ensinavam cada processo dentro da fabricação do mel, da rapadura, do alfenim...

Celsinho Rodrigues, pesquisador de Piranhas revela: "Eu e minha mãe; Sônia Jaqueline; fomos criados ouvindo uma história das "terras de quem vai e não torna."Realmente essa história se concretizou quando fomos ao Juazeiro desde a primeira vez. Fomos uma pessoa e voltamos outra. Mais enriquecido culturalmente, com um número de amigos muito maior e com o coração cheio de saudade. A família Cariri Cangaçodesponta no cenário nordestino com a bandeira da igualdade. Não tem pequeno nem grande, nem rico nem pobre, somos todos iguais! Uma grande irmandade. Grande abraço a todos que fazem a família Cariri Cangaço em especial a este baluarte que dispensa qualquer tipo de comentário ou adjetivo que é nosso Curador Manoel Severo."
 Sonia Jaqueline, Celsinho Rodrigues, Elane Marques e Manoel Severo
Celsinho Rodrigues , Bosco Andre e Dr Cicero Landim
 Ingrid Reboucas
 Jorge Remigio e Voldi Ribeiro
Aderbal Nogueira e Narciso Dias
Antonio Vilela, Luiz Ruben, Ivanildo Silveira, João de Sousa Lima, Bosco Andre, Eliene Costa, Wescley Rodrigues, Alan Ferreira, Neli Conceição, Geraldo e Rosane Ferraz,
Jair Tavares

"Em 1533, o colonizador português Martim Afonso de Souza trouxe as primeiras mudas de cana-de-açúcar e realizou a disseminação dessa primeira atividade de exploração econômica no Brasil no litoral nordestino. A produção desse tipo de gênero agrícola aconteceu por conta do conhecimento anterior de técnicas de plantio e preparo que permitiriam o desenvolvimento de tal atividade na América Portuguesa. Contudo, a fabricação do açúcar não dependia somente do plantio da cana em terras férteis. Para que o caule da cana fosse transformado no açúcar a ser consumido em diferentes partes da Europa, era necessário que várias instalações fossem construídas. Mais conhecidos como engenhos, tais localidades eram compostas por uma moenda, uma casa das caldeiras e das fornalhas e a casa de purgar. Com o desenvolvimento da economia açucareira, os engenhos se espalharam de forma relativamente rápida no espaço colonial, chegando a contar com 400 unidades no começo do século XVII.

Após a colheita, a cana-de-açúcar era levada à moenda para sofrer o  esmagamento de seu caule e a extração do caldo. Em sua grande maioria, as moendas funcionavam com o uso da tração animal. Também conhecida como trapiche, esse tipo de moenda era mais comum por conta dos menores gastos exigidos para a sua construção. Além do trapiche, haviam as moendas movidas por uma roda-d’água que exigiam a dificultosa construção de um canal hidráulico que pudesse movimentá-la. Feito o recolhimento do caldo, o produto era levado até a casa das caldeiras e fornalhas, onde sofria um longo processo de cozimento realizado em grandes tachos feitos de cobre. Logo em seguida, o melaço era refinado na casa de purgar, lugar onde a última etapa de refinamento do açúcar era finalmente concluída. O beneficiamento completo do açúcar era realizado em terras brasileiras pelo fato de Portugal não possuir refinarias que dessem fim ao serviço."

 Engenho de Santa Teresa
 Engenho de Santa Teresa
 
Wescley Rodrigues

"Ainda em terras coloniais eram produzidos dois tipos diferentes de açúcar: o mascavo, de coloração escura e escoado para o mercado interno; e o branco, em sua grande maioria direcionado aos consumidores do Velho Mundo. Após a embalagem do açúcar, as caixas eram transportadas para Portugal, e, posteriormente, para a Holanda, que participava realizando a distribuição do produto em solo europeu. Por volta do século XVII, a cidade flamenca de Amsterdã passou a realizar o refino do açúcar. 
Além dessas unidades produtivas, um engenho também contava com construções utilizadas para o abrigo da população que ali vivia. Na casa-grande eram alojados o proprietário das terras, sua família e alguns escravos domésticos. Na senzala ficavam todos os escravos que trabalhavam nas colheitas e instalações produtivas do engenho. Por meio dessa configuração, podemos ver que a formulação desses espaços influiu nos contastes que marcaram o desenvolvimento da sociedade colonial. Ao contrário do que muitos chegam a imaginar, os engenhos não estavam disponíveis em toda e qualquer propriedade que plantava cana-de-açúcar. Os fazendeiros que não possuíam recursos para construírem o seu próprio engenho eram geralmente conhecidos como lavradores de cana. Na maioria das vezes, esses plantadores de cana utilizavam o engenho de outra propriedade mediante algum tipo de compensação material."

Caravana do Edição de Luxo em Missão Velha
Alcides Carneiro, Manoel Severo, Bosco André e Dr Cícero Landim da Cruz
Família Cariri Cangaço
Mabell Sales, João Paulo, Pedro Barbosa
Missão Velha, missão cumprida, na bagagem, gratidão, saudade e rapaduras...muitas...

O dia estava acabando e Missão Velha ficaria mais uma vez guardada no coração de toda familia Cariri Cangaço. O esforço realizado pelo Conselheiro Cariri Cangaço Bosco Andre, ao lado de confrades valorosos como Dr Tardini, o estimado presidente Cicero Macedo, Antonio Edson Olegário, Dr Cicero Landim da Cruz, as famílias tradicionais de Missão Velha, enfim, todos irmanados na direção de não deixar morrer a memoria, a tradição e a historia de um dos mais significativos rincões de nosso nordeste, nosso Portal do Cariri.

Cariri Cangaço
Edição de Luxo - Ano V
Engenho Santa Teresa, 25 de Setembro de 2015
Missão Velha, Ceara, Brasil

Memorial Revive as varias Faces de Padre Cicero no Edição de Luxo 2015


A ultima noite de Cariri Cangaço - Edição de Luxo - Ano V, teve como palco o Memorial Padre Cicero, na cidade de Juazeiro do Norte. Para uma plateia seleta de pesquisadores de todo o Brasil o ultimo Painel do evento trouxe como tema As Varias Faces do Santo do Juazeiro, quando os pesquisadores Emerson Monteiro e Laílson Feitosa com a moderação do presidente do GECC, Ângelo Osmiro, fecharam com `chave de ouro` uma das edições mais festejadas do Cariri Cangaço.

A noite teve inicio com as apresentações do colecionador do cangaço e Conselheiro Cariri Cangaço Ivanildo Silveira trazendo "Lampião Moderno" de Carlos Araujo e da cordelista juazeirense Rosário Lustosa que trouxeram a arte do cordel para a grande abertura do ultimo dia de evento. "Este meu cordel foi elaborado a partir de uma provocação de Paulo Gastão, que me mandou o livro dele Lampião por ele mesmo, então dai fui construindo o cordel como uma autobiografia do rei do cangaço" revela Rosário Lustosa.



 Ivanildo Silveira e o poema Lampião Moderno de Claudio Araujo
Cordelista Rosário Lustosa e a obra de Paulo Gastão


Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço responsável pelas boas vindas aos convidados presentes, ressaltou a "magia" de "estarmos encerrando o Cariri Cangaço no solo sagrado de Juazeiro do Norte, terra de tantas historias, forca e tradição, notadamente por seu grande ícone, Padre Cicero Romão Batista" e na oportunidade o Conselho Cariri Cangaço outorgou ao pesquisador e escritor de Juazeiro do Norte, Daniel Walker o Titulo de Amigo do Cariri Cangaço.

Para o homenageado da noite, Daniel Walker, "o trabalho do Cariri Cangaço se traduz como admirável, não sei onde Manoel Severo encontra tanta forca para diante de tantas dificuldades realizar um evento tao qualificado e gigante, com tanto significado para o Brasil".


Manoel Severo e Francimary Oliveira outorgando o Titulo a Daniel Walker

"O relógio assinalava cinco horas quando Cícero Romão Batista nascia numa humilde casa de número 157 da Rua Grande, hoje Rua Miguel Limaverde, no Centro de Crato. O dia era 24 e corria o mês de março do ano de 1844, durante uma madrugada fria motivada pelo inverno e a tradicional temperatura amena inerente a uma cidade privilegiada por se localizar no sopé da Chapada do Araripe. Era o segundo filho do casal de agricultores Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana.
Oriundo de uma família pobre do sertão cearense, ele foi criado entre duas irmãs: “Mariquinha” e Angélica. Ainda jovem, com 18 anos, viu seu pai morrer vitimado por uma epidemia de cólera e, dezesseis anos após, a morte da irmã Angélica. Nesta época, já era o Padre Cícero Romão que acompanhava a recomendação do corpo da mana mais velha. Ele começou a sentir sua vocação para o sacerdócio após ter lido sobre a vida de São Francisco de Sales, fazendo voto de castidade ainda aos doze anos.


O ingresso no Seminário da Prainha, em Fortaleza, ocorreu quando tinha 21 anos de idade e, cinco anos após, já estava sendo ordenado. Padre Cícero retornou ao Crato no ano seguinte, mas sua identidade maior foi com o vilarejo denominado “Joazeiro”, pertencente àquele município. Daí em diante tornou-se o evangelizador e líder espiritual da comunidade, que passou a respeitá-lo. Faltavam apenas 18 dias para o sacerdote completar 45 anos quando um fato despertou a atenção de todos. Após consagrar a hóstia e pôr na boca da beata Maria de Araújo, viu a mesma transformar-se em sangue.
Segundo historiadores, a notícia correu e passou a atrair fiéis de todos os lugares. Enquanto a localidade ia se transformando num centro de romarias, Padre Cícero era suspenso das ordens. Muitas foram as versões para os fatos ainda hoje objeto de estudos. As peregrinações tiveram continuidade e até cresceram após a morte do “Padim”. Hoje, Juazeiro do Norte acolhe cerca de 2,5 milhões de romeiros por ano."

 Emerson Monteiro, Ângelo Osmiro e Laílson Feitosa

Emerson Monteiro revela "nossa principal intensão `e contextualizar a historia do nordeste e nesse contexto a figura mítica de Padre Cicero Romão Batista, dentro deste sertão feudalista sempre esquecido pelas elites do litoral e do sudeste." E continua Emerson Monteiro, "na verdade vamos procurar falar desta briga entre os poderosos e a alma sertaneja que procurava se preservar e procurava uma salvação, dai o messianismo e dentre desse vemos padre Cicero, padre Ibiapina, e mais recentemente frei Damião, e diante disso que me proponho nesta noite fazer algumas considerações" e pontua, "Padre Cicero foi um de nos, nascido nas mesmas dificuldades que os sertanejos possuem, foi apaniguado por um grande coronel local e com a partir dai teve a oportunidade de ir ao seminário e de tornar padre, numa época em que não haviam oportunidades, onde aqui e em todo o nordeste imperava a lei do mais forte"

"Foi nesse cenário que padre Cicero veio a Juazeiro e come;ou a atender aos necessitados  mostrando o que mais sabia fazer, amor, conselheiro, compreensão, generosidade e começa a tratar o pobre com consideração e assim passou a ser considerado um revolucionário pela igreja, ele trazia em si o desejo de apostolar o sertão a partir da necessidade daquele pobre povo, realizando um apostolado mistico cristão".

Emerson Monteiro, Angelo Osmiro e Lailson Feitosa

Emerson Monteiro pondera, "quando chegam em Juazeiro vindos da Bahia o Conde Van De Brule e Floro Bartolomeu perceberam imediatamente toda forca do santo padre e a confiança do povo romeiro em padre Cicero e aqui vamos começar a identificar a capitalização politica para si, por parte deles, da forca de Padre Cicero. E ai vamos ver padre Cicero ate se tornando vice-presidente do Ceara e deputado federal, sem nunca ter saído de Juazeiro para tomar posse, naquela época Juazeiro era um mundo de insegurança onde pesava a forca do bacamarte. E dai se estabelecia Cicero com personalidade mistica, messiânica e dai a gente ver na linguagem de Gláuber Rocha, "Deus e Diabo na terra do sol".

 Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço
Josué Macedo e Reclus de Pla, Sabino Bassetti e Ivanildo Silveira
Antonio Tomaz e Aderbal Nogueira, Rosário Lustosa e Nezite Alencar 
Jose Bezerra, Rosário Lustosa, Padre Agostinho e Renato Bandeira em noite de debate sobre Padre Cicero
Heitor Feitosa, Narciso Dias e Renato Bandeira, Jair Tavares, Fátima Cruz e 
Professor Pereira, Geraldo e Rosane Ferraz

O professor Laílson Feitosa, segundo painelista da noite nos traz um pouco da genealogia de Cicero Romão Batista "apenas uma casca dessa grande arvore" , remontando a epoca da colonização do Ceara, da região dos Inhamuns e do próprio Cariri. "Cicero tinha como tetravô Joao de Sousa que manteve uma relacao com uma india da nacao Juca de nome Angela, depois tivemos sua trisavó Ana, bisavós Ana de Faria e Jose Ferreira Gastão pais de Vivencia Gomes que casou com Joaquim Romão Batista, pais de Cicero Romão Batista."



E continua com detalhes o professor Laílson Feitosa, "Ana de Faria, bisavó do Padre Cícero nasceu aos 23 de agosto de 1778, recebeu a 20 do mês seguinte na pia batismal da igrejinha de Cococi o nome de sua mãe, isto é, Ana, sendo seu padrinho José de Araujo Chaves, da Carrapateira,José de Araújo Chaves foi um proeminente membro da família Feitosa no período colonial cearense) Ja os pais de Ana de Faria (Homônima da mãe e desconheço o nome do pai, ainda sendo analisado alguns nomes), se casaram aos 13 de junho de 1764, a cerimônia foi celebrada na dita capela de Cococi e compareceram as mais altas figuras da região, tendo por testemunhas Coronel Francisco Alves Feitosa, patriarca da Família Feitosa no Ceará, e seu filho, o não menos famoso Coronel Manoel Ferreira Ferro, que foi Comandante do Regimento de Cavalaria dos Inhamuns."
Laílson Feitosa ainda provoca, "para quem disse que a religiosidade e o Padre Cícero se apagarão ao longo do tempo, outros que enaltecem o Cangaço apenas pela violência e não analisam filosófica e sociologicamente, argumentar com adversidade: Coronel de batina, padre coiteiro etc é de uma falta compreensão incrível, leem e não entendem o que estão lendo, ou o que leem não é ciência, só especulação".

Manoel Severo na abertura do Cariri Cangaço em Juazeiro do Norte
Cariri Cangaço - Edição de Luxo - Ano V em Juazeiro do Norte
Família Cariri Cangaço em Juazeiro
Grande noite de encerramento no Memorial Padre Cícero: Manoel Severo, Ivanildo Silveira, Antonio Vilela, Veridiano Dias, Sabino Bassetti, Hilton, Jose Bezerra Lima Irmão, Luiz Ruben e Oleone Fontes.
Elane Marques, Ingrid Rebouças e Juliana Pereira

A noite ainda se prolongou com um amplo debate com a participação de inúmeros pesquisadores de todo o Brasil, provocando uma lucida releitura sobre esse personagem vital para a historia do nordeste que foi Padre Cícero. Participaram ativamente do debate, Aderbal Nogueira, José Bezerra Lima Irmão, Renato Bandeira, Padre Agostinho, dentre outros.

Edna Ferreira de Caruaru afirma: "O Cariri Cangaço é um projeto valioso, pois nos remete aos fatos que deram origem à nossa história nordestina, e o melhor de tudo isso é a forma como essa história é apresentada. Torna-se um “conto” pois seus narradores são pessoas preparadas e hábeis, nos encantam com a simplicidade e a espontaneidade de suas falas e nos passam um conhecimento ímpar, extraordinário. Como professora, se eu fosse destacar um momento especial, seguramente seria a aula que tivemos embaixo das árvores, principalmente pela presença de vários alunos. Isso foi fantástico, acho fascinante poder compartilhar com as novas gerações, estimulando novas pesquisas, e despertando nos discentes o gosto pela história de nossa gente. Parabéns a todos os que fazem parte desta grande empreitada."

Antônio Tomas, João de Sousa Lima, Juliana Pereira, Lena Costa, Antonio Vilela, Veridiano Dias e Neli Conceição
Juliana Pereira, Narciso Dias, Jorge Remigio,Manoel Serafim e Tereza Cristina, Neli Conceição, Ana Lúcia e Iris Mendes de Medeiros
Celsinho e Jaqueline Rodrigues
Padre Agostinho e Elane Marques

O pesquisador Antonio Edson de Alagoinhas complementa: "Meu grande e estimado amigo Severo. De coração, você com certeza percebe isso, a honra é minha de fazer parte da família Cariri Cangaço. Cada participação, uma surpresa. Desta vez em Juazeiro do Norte foi minha terceira participação. Confesso que minha presença será indiscutível sempre - só se Deus não permitir - em todo Cariri Cangaço a ser realizado futuramente. Para mim não existe dificuldades nem distância. Estar com essa família não tem preço!"

Ao final uma unica certeza, mais uma vez o desafio havia sido vencido, com determinação, trabalho e compromisso de uma equipe valiosa, o Cariri Cangaço - Edição de Luxo - Ano V, comemorou em alto estilo, primando pela organização, qualidade e ética nas discussões e por toda a programação, sua quinta edição no Ceará. Agora se avizinham os auspiciosos momentos de uma agenda cheia de novidades inéditas e muita ousadia, então que venha a Agenda Cariri Cangaço 2016... Aguardem.

Cariri Cangaço
Edição de Luxo - Ano V
Memorial Padre Cícero, 25 de setembro de 2015
Juazeiro do Norte, Ceará - Brasil

Conselho Para Ninguém "Botar" Defeito... Por:Manoel Severo

Elane Marques, Manoel Severo e Archimedes Marques em reunião do Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço em Juazeiro do Norte. 

Quando era ainda bem menino lá na minha querida Maranguape, acostumei a ouvir um ditado popular que dizia: "Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia !" O tempo passa, começamos a compreender as nuances da vida e hoje, com muita autoridade e gratidão sou obrigado a afirmar: "Conselho é não só é bom, como é excelente, espetacular, sem igual !"

Na manha do ultimo dia 26 de setembro, último dia de nosso Cariri Cangaço - Edição de Luxo, Ano V; nos salões do Ingra Premium Hotel em Juazeiro do Norte, tomou posse a nova composição do Conselho Consultivo Alcino Alves Costa, do Cariri Cangaço. Em clima de festa e harmonia, confrades de todo o Brasil, convidados do evento, testemunharam a entrega de Diplomas e as palavras dos Conselheiros, reconduzidos e novos, que assumem para uma gestão de três anos: setembro de 2015 a setembro de 2018. 

Jorge Remígio recebe de Manoel Severo seu Diploma. Ao lado de Rostand Medeiros são os dois novos membros do Conselho.

O Conselho Consultivo do Cariri Cangaço, em sua terceira formação para o triênio 2015/2018, nasceu como o grande e espetacular cérebro , cheio de talentosos e valorosos neurônios, que possui a missão de pensar todas as nossas ações. Sem dúvidas a Curadoria estabelece o "norte", mas esse mesmo norte é resultado das muitas conversas, reuniões, sugestões, impressões e principalmente; resultado do sentimento desse grande Conselho, formado por homens e mulheres que possuem dentre muitas outras afinidades, um bem comum: O amor e a devoção ao seu chão, às suas origens.

A esse Conselho demos um Patrono: Alcino Alves Costa, o inesquecível Caipira de Poço Redondo, que ocupou uma de nossas cadeiras desde nossa fundação, hoje, Alcino lá de cima continua a nos orientar com uma maestria e alegria inconfundíveis, consolidando a força do Conselho que leva seu nome. Antes em Crato em 2010, depois em Barbalha em 2013 e agora Juazeiro do Norte em 2015, confrades assumem novamente o desafio de manter viva a memória e historia de nosso sertão. 

E assim o Conselho Consultivo Cariri Cangaço Alcino Alves Costa, assume novamente o desafio de pensarmos juntos os próximos passos de nosso sonho, 2016, 2017...2018. O Ceará, como berço, continua mantendo o maior número de conselheiros, oito, sendo: Ângelo Osmiro e Aderbal Nogueira, dos lados do litoral representam a bela desposado pelo sol, Fortaleza. Do sertão central, da terra dos monólitos trouxemos uma menina valente pra peste: Juliana Pereira. Descendo para nosso amado cariri passando pelo vale do salgado, uma segunda representante feminina, poeta de fibra e arretada das Lavras da Mangabeira, Cristina Couto; de Aurora o grande José Cícero Silva, de ali pertinho: Barro, o sensacional Sousa Neto; do portal Missão Velha , reverendíssimo e inigualável Bosco Andre que ao lado do Mestre Napoleão Tavares Neves formam a seleção alencarina do Conselho.

Conselho Alcino Alves Costa do Cariri Cangaço
Napoleão Tavares Neves, Barbalha CE
Juliana Pereira, Quixadá CE
Ivanildo Silveira, Natal RN
Ângelo Osmiro, Fortaleza CE
Honório de Medeiros, Natal RN
Narciso Dias, João Pessoa PB
Sousa Neto, Barro CE
Gerado Ferraz, Recife PE
Wescley Rodrigues, Sousa PB
Ana Lúcia Granja, Petrolina PE
Kiko Monteiro, Lagarto SE
João de Sousa Lima, Paulo Afonso BA
Archimedes Marques, Aracaju SE
Rostand Medeiros, Natal RN
Aderbal Nogueira, Fortaleza CE
José Cícero Silva, Aurora CE
Antônio Vilela, Garanhuns PE
Bosco André, Missão Velha CE
Múcio Procópio, Natal RN
Paulo Gastão, Mossoró RN
Kydelmir Dantas , Mossoró RN
Cristina Couto, Lavras da Mangabeira CE
Jorge Remígio, Custódia PE
Professor Pereira, Cajazeiras PB
Leandro Cardoso, Teresina PI

Teresina nos permitiu o talento inconfundível de Leandro Cardoso que abriu alas para outra seleção; o espetacular time potiguar, com seis nomes de peso: Honório de Medeiros, Paulo Gastão, Kydelmir Dantas, Ivanildo Silveira, Múcio Procópio e um dos dois novos conselheiros; Rostand Medeiros, haja folego !!! A querida Paraíba, segunda casa do Cariri Cangaço, nos presenteou com Narciso Dias e os incansáveis Wescley Rodrigues, verdadeira revelação;  e professor Pereira, Mestre dos mestres em matéria de literatura do sertão !

A terra de Virgulino nos trouxe os Pernambucanos; o volante Geraldo Ferraz e o homem das sete colinas, Antonio Vilela, a doce Ana Lucia Granja e o segundo mais novo membro do conselho, de Custódia chega para ficar, Jorge Remígio. Cruzando o Velho Chico a trilogia final nordestina com Kiko Monteiro o fantástico Lampião Aceso de Lagarto e o bravo Archimedes Marques de Aracaju, fechando com chave dourada o "baiano" de São José do Egito, valente que só a gota, João de Sousa Lima, da bela Paulo Afonso...  

Eita !!!! 25 conselheiros? ou seriam 25 mil ? Certamente a ordem dos fatores não altera o resultado, o fato e que esses homens e mulheres se juntam não apenas em torno de um evento, de um projeto, mas em torno de um sentimento, o sentimento de profundo amor as coisas do sertão, do nordeste, amor esse que nasce do fundo de nossa alma, por isso chegamos ate aqui... E vamos prosseguir !

Manoel Severo - Curador do Cariri Cangaço
Fortaleza, Ceará-Brasil

3 comentários:

Ana Peres disse...

Para mim foi uma honra e uma grande felicidade participar de um evento de alto nível como foi esta edição do Cariri Cangaço.
Muito obrigado a você prezado Manoel Severo e a todos os participantes deste grandioso evento, pela acolhida amiga. Muito mas muito mesmo aprendi sobre os temas discutidos, para mim foi um momento de extrema alegria o fato de mais uma vez estar no Nordeste que tanto amo e na companhia dos ilustres pesquisadores sobre um tema que me fascina desde a minha infância e adolescência.
Meu profundos agradecimentos.
Nilton Fidalgo Peres
Registro S.P.

Lara Siebra Pinheiro disse...

Parabenizo o Cariri Cangaço pelo empenho em resgatar e recontar a história e propiciar o conhecimento do movimento sociopolítico do nordeste. No entanto gostaria de ressaltar que a história também é vivida pelos "coadjuvantes" e que é importante se dar atenção ao fato, provendo a notícia de isenção, sem o realce da sobreposição da classe social mais abastada sobre as demais. Para exemplificar esse comentário, me apresento como descendente direta de Possidônio Faustino, sub delegado morto na invasão a Lavras nos idos de 1910. Lendo o artigo neste blog, senti-Pme provocada a dizer que o ato de heroismo que foi dado ao Sr. Quinco Vasques, como ousadia histórica de enfrentar o coronel, não se constitui um mérito porque nada tinha a oferecer diferente e transformador do que já existia como modelo e barbárie da época. E sim, meramente, acerto ou luta pelo poder a mando de outrem.Isso não faz um herói para a História. Já o destrato com o Possidônio Faustino, no caso vítima fatal do tiroteio, em insinuar, sem autoria das informações dadas, que provavelmente se tratava de um jagunço ou cangaceiro, fere a memória de uma família, cujo percurso foi atingida com esse fatídico dia durante muitos anos. Assim apelo para um cuidado maior quando expõe nomes que referenciam pessoa, família e grupos familiares. Quando Possidônio foi morto, minha avó estava ainda no ventre de sua mãe, esposa desse homem, que por todos nós é honrado, mesmo tendo vivido nesse contexto conturbado e violento. Para deixar mais claro: a sua morte trágica nos marcou, mas o que nos ultraja é sua vida ser exposta sem a menor dignidade.
No mais, agradeço a atenção.
Armênia Siebra

CARIRI CANGAÇO disse...

Senhora Armênia Siebra, em nome do Cariri Cangaço agradecemos sua mensagem e a recebemos com zelo e respeito.

Temos a comentar que a politica de divulgação de textos neste blog, obedece a critérios universais dentro da rede mundial de computadores;onde a responsabilidade dos textos pertence a seus autores; aliado a esse aspecto, temos procurado zelar ainda mais pelos artigos que publicamos, fazendo rigorosa triagem com relação a esses mesmos autores; rol quase que invariavelmente formado por pesquisadores de renome nacional,sérios e de reconhecida responsabilidade.

Em momento algum essa página faz alusão ou menção considerando "esse ou aquele" evento como "atos heroicos" ou vangloria violência, temos a plena compreensão e responsabilidade em analisar o momento histórico de cada um desses episódios, principalmente embasados por mais de 20 anos de pesquisa e sete anos de Cariri Cangaço.

Temos todo o respeito aos personagens envolvidos, e disso não abrimos mão, o fazemos de modo intransigente; à exemplo de muitos episódios envolvendo descendentes de homens e mulheres, valorosos, que acabaram sendo tragados pela dureza daqueles tempos.

Estaremos sempre ao lado da defesa da honra e das famílias, e se houve em algum momento do texto do autor, algo que possa ter ofendido à seu ancestral, em nome do autor pedimos profundas desculpas, pois sei que não houve outra intensão a não ser a narração do fato histórico.

Atenciosamente,

Manoel Severo, Curador do Cariri Cangaço