Lampião em Umarizal Por:Rivanildo Alexandrino

Massilon Leite

Há exatos 90 anos, Umarizal foi saqueada por um bando de cangaceiros. 11 de maio de 1927, aos primeiros raios do sol escaldante, um grupo de cangaceiros aproximava-se sorrateiramente do pequeno vilarejo de Gavião; nome primitivo da cidade de Umarizal, que depois foi chamada de Divinopoles e posteriormente, recebeu a denominação atual. O bando era formado por cerca de vinte homens, e o seu chefe era nada menos que o famoso cangaceiro Massilon Leite, que no dia anterior havia atacado a cidade de Apodi, e um mês depois, estaria integrado ao bando de Lampião no famoso ataque à cidade de Mossoró. Próximo ao povoado, o chefe interrogou uma mulher que lavava roupas numa casa um pouco afastada de Gavião:
- Ali na rua tem “macaco” do governo?

- O que é macaco do governo? – inquiriu a mulher!
- É polícia!
- Tem não senhor! Só esses que estão chegando agora! 
( pensava que os cangaceiros eram soldados ).
- Esses não são macacos! São meus cabras!
- E quem é o senhor?
- Sou “Lampião”! ( mentiu ).

A mulher, que ao ouvir o nome de Lampião, ficou trêmula de medo, logo foi tranquilizada pelo chefe dos bandidos que disse que não a fariam mal. Depois de saciarem a sede, os cangaceiros preparam-se pra invadirem o lugarejo. Para isso, Massilon usou inteligente estratagema, mandou que dois dos seus homens tirassem seus apetrechos característicos do cangaço e adentrassem no arruado, um corria a pé na frente, e o outro, montado em um burro em perseguição ao mesmo, gritava: - Pega ladrão! Pega ladrão!!

E assim, chegaram em frente a matriz, onde os moradores aglomeraram-se para assistir a estranha cena. Aproveitando a situação, os cangaceiros entram de súbito em Gavião, cercaram e renderam todos que estavam no centro do lugar.Rendidos os habitantes, começaram a onda de saque. O comerciante José Abílio de Souza Martins foi um dos mais prejudicados. Teve seu estabelecimento comercial invadido e saqueado pelos cangaceiros que subtraíram grande quantidade de mercadorias e certa soma em dinheiro.


A fotografia abaixo foi feita em Limoeiro do Norte, em 16 de junho de 1927, pouco mais de um mês do ataque a Gavião. Na foto, Massilon está assinalado com o número 7 e Lampião com o número 5


O coronel Cristino Leite, chefe político local, foi da mesma forma, preso e obrigado a pagar por sua liberdade. No entanto, pediu ao chefe que não molestassem os moradores, que o mesmo faria uma cota com a população pra arrecadar dinheiro e lhe entregar.
O chefe da horda assassina, exigiu 10 contos de réis, valor exorbitante para os padrões do lugar naquela época. Mas depois de feita a arrecadação, tudo que conseguiu-se foi a quantia de 2 contos e algumas armas. O próprio Massilon sabia que o valor que tinha pedido era muito elevado, sendo assim, aceitou de imediato a quantia que conseguiram.
Os cangaceiros ainda organizaram alegre baile no grupo escolar, mas como o chefe deu a palavra ao coronel Cristino Leite que respeitaria os moradores, as mulheres não foram obrigadas a participar, e os cabras dançaram uns com os outros ao som de um fole e sob efeito de bebidas alcoólicas. Já na parte da tarde os cangaceiros deixavam Gavião e seguiram em direção ao povoado de Itaú, que da mesma forma foi saqueada.


Rivanildo Alexandrino, Pesquisador.

2 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Severo: Gostaria de ver nesses artigos o respeito aos créditos. Há partes inteiras aqui no meu "Lampião e o Rio Grande do Norte - A História da Grande Jornada" e não vi sequer referência. Cremos de boa política perguntar, antes de publicar, se o texto é realmente do suposto autor ou é extraído de algum livro. Agradeço.
Sérgio Dantas - NATAL

CARIRI CANGAÇO disse...

Prezado Dr Sérgio Dantas, se houve algum deslize ou negligencia com relação ao constante na postagem em referência a créditos, nos colocamos a inteira disposição para a correção, para isso vamos contatar o autor, companheiro Rivanildo Alexandre.

Na oportunidade renovamos protestos de elevada estima e consideração, renovando nosso testemunho diante de seu talento incomparável e trabalho realmente primoroso e referência vital para todos que pesquisam a temática cangaço.

Grande abraço,
Manoel Severo