Padre José Kehrle Tentou Evitar o Massacre de Outubro de 1922 em Belmonte Por:Valdir José Nogueira

Homem extraordinário, culto e carismático, proveniente de família Judia, nascido na Alemanha em 19/05/1891, José Kehrle ordenou-se em 14/03/1914 como religioso no Mosteiro de São Bento, Olinda, Brasil. O mesmo veio para estas terras a fim de fazer estudos para seu doutorado em doenças tropicais, pois ele era médico, resolvendo aqui optar pela vida religiosa. Quando vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Penha, em Vila Bela, conheceu Virgulino Ferreira, o Lampião ainda no começo de sua vida como cangaceiro, sendo inclusive seu conselheiro e confessor. Padre José Kehrle Assumiu a Paróquia de São José, do Belmonte no dia 21 de fevereiro de 1922. 

Durante o seu paroquiato aconteceu o “massacre de outubro de 1922”. Como ordenava a tradição, a festa de outubro, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, era realizada anualmente na cidade de Belmonte. As comemorações se iniciavam com a tradicional alvorada, os sinos da Matriz repicavam, fogos explodiam no ar, banda de música e pífanos alegravam as ruas...Aquela animada noite de 19 de outubro de 1922 teve como patrono o coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz. Este senhor, ao deixar a Matriz de São José juntamente com o padre José Kehrle, seguiu para a Casa Paroquial. Lá o reverendo então o interpelou sobre a sua situação com Ioiô Maroto. Respondeu o mesmo que a malquerença entre ambos havia terminado, pois que um irmão de Ioiô entrara com ele em negociações, tendo emprestado ao mesmo a quantia de três contos de réis e cedido o vapor para serviços de Maroto, e que também havia dispensado o seu pessoal que, por prevenção trazia armado. Nesse momento uma chuva começou a cair, o reverendo insistentemente, mais de uma vez, pediu para o coronel pernoitar na Casa Paroquial. Recusando, então, o convite do padre, às onze horas o coronel deixava aquela casa e retornava ao seu lar. Lá chegando, deu de cara com seu vaqueiro, Manoel Pilé, que espantado relatou que ficara sabendo que Ioiô Maroto estava juntando um considerável número de gente em armas na sua fazenda Cristovão. Não dando crédito às desconfianças de seu vaqueiro, Gonzaga tranqüilizou-o dizendo que não havia mais questão entre ele e seu compadre Ioiô. O certo é que pelas nove horas dessa mesma noite, Ioiô Maroto havia saído de sua fazenda com os seus companheiros e cangaceiros, parentes e moradores, em número superior a 45 homens, com rumo certo para a cidade de Belmonte, onde realizaria a empreitada na forma pretendida: matar o coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz.
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São José do Belmonte, hoje a próspera cidade do sertão central de Pernambuco, sendo uma região de fronteira, despontava como um verdadeiro arraial nas hostes do cangaço, por aqui Lampião, o rei do cangaço, deixou também seu rastro de sangue, morte e destruição, quando junto a um numeroso grupo de cangaceiros no dia 20 de outubro de 1922, invadiu a cidade para eliminar o próspero comerciante Luiz Gonzaga Gomes Ferraz. Durante o ataque, os cangaceiros também sofreram a heroica resistência do destacamento de polícia local sob o comando do bravo sargento Sinhozinho Alencar (José Alencar de Carvalho Pires) que contou naquela difícil situação apenas com oito praças. E dentre esses soldados lutou bravamente o jovem belmontense Luiz Mariano da Cruz, na ocasião com 22 dois anos de idade.
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A Rua da Testa durante a hecatombe de 1922...
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Na última casa do lado direito da foto (de porta e janela), residência do Sr. Quintino Lino Guimarães, onde se aquartelou Ioiô Maroto, dirigindo o tiroteio como responsável direto por toda hecatombe ocorrida em Belmonte em 20 de outubro de 1922. Debaixo de fogo mortífero, as entradas e saídas da casa do coronel Gonzaga, estratégia pessoalmente presidida por Ioiô Maroto, que da casa de Quintino Guimarães vigiava e mantinha a ação dos comparsas em número de vinte ou trinta do seu lado, o restante da quadrilha, se propôs a entrada forçada da residência do dito coronel pela parte dos fundos. Durante o assalto, a família do coronel Gonzaga, sua mulher e filhos, assim como o telegrafista Demétrio, nada sofreram fisicamente. O cangaceiro Cajueiro, recebeu de Ioiô Maroto a incumbência de poupá-los e assim foram segregados a um quarto, a que se juntou depois o mesmo Demétrio, conduzido pelos bandidos, quando o reconheceram.Do lado esquerdo da foto vê-se o velho Açougue (hoje ag. do Banco do Brasil), local que também foi tomado pelos cangaceiros durante o tiroteio
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Valdir José Nogueira, pesquisador
Presidente da Comissão Local
Cariri Cangaço São José de Belmonte
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E vem aí....

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