Os Coronéis do Crato Por:Armando Rafael

Cel. Antônio Luís Alves Pequeno, o 2º com este nome.

Há uma vazio na historiografia do Crato! De uma maneira geral os coronéis de Crato foram homens bons, progressistas, e mesmo quando brigaram entre si não mandaram matar os desafetos como acontecia com outros coronéis nordestinos... Até agora nenhum historiador escreveu sobre os coronéis Antônio Luís Alves Pequeno. Houve três coronéis com o nome de Antônio Luís Alves Pequeno, avô, filho e neto. O segundo deles, sem desmerecer os outros dois, foi um homem extraordinário! Sua biografia bem merece uma tese de doutorado...

Este coronel era um abastado comerciante com matrícula no Tribunal do Comércio de Recife. Para a capital pernambucana ele viajava costumeiramente indo de cavalo até Aracati ou Fortaleza. De lá pegava um navio com destino a Recife, à época o maior empório comercial do Norte do Brasil, onde comprava mercadorias para abastecer sua loja, a maior de Crato. As mercadorias vinham pelo mar de Recife até Aracati. Desta cidade – em carros de boi, que atravessavam todo o Ceará – seguiam em direção a Crato.  

O coronel Antônio Luís vendia muitos produtos na sua loja, dentre eles: tecidos, livros, ferragens, remédios, louças, charutos, rapé, vinhos, remédios e até manteiga que vinha acondicionada em barris. Graças à hospitalidade que o abastado coronel ofereceu ao Bispo do Ceará, nas vezes em que este visitou Crato surgiu entre os dois um clima recíproco de admiração e respeito. Mais do que isso, viraram compadres e amigos. Basta lembrar a atuação do coronel, junto ao bispo, em favor do seminarista Cícero Romão Batista, este afilhado de crisma de Antônio Luís. Quando ficou órfão do pai, em 1862, o jovem Cícero Romão Batista teve de interromper seus estudos, no Colégio do Padre Rolim, em Cajazeiras (PB). Retornando a Crato, Cícero, então com dezoito anos, acompanhou as dificuldades financeiras da mãe viúva e das duas irmãs órfãs de pai.

Armando Rafael

A partir daí, o coronel Antônio Luís tomou sob sua proteção os estudos do afilhado. Em 1864 o jovem Cícero Romão Batista foi matriculado no Seminário da Prainha, em Fortaleza. Como a família de Cícero não dispunha de recursos financeiros para pagar as despesas com o estudo, o coronel Antônio Luís conseguiu com Dom Luís que seu afilhado fosse matriculado gratuitamente. Entretanto, já em 1868, o reitor do Seminário, o padre francês Pedro Chevalier, resolveu dispensar o seminarista Cícero, taxando-o de aluno fraco em teologia, além de dado à leitura de obras de ocultismo.  Mas, oficialmente, a desculpa para a dispensa de Cícero foi a falta de recursos do Seminário, para manter o estudante gratuitamente.

Segundo Nertan Macedo: “O coronel Antônio Luís montou no seu cavalo e atravessou o sertão do Ceará para garantir a educação do afilhado. Cícero pôde, então, passar à condição de pensionista e concluir o curso. Em novembro de 1870, o reitor Pedro Chevalier fazia ver a Dom Luís Antônio dos Santos que Cícero não estava em condições de ser ordenado, alegando tratar-se de um moço teimoso e dado a visões do outro mundo. Mas o prestígio do padrinho, junto ao bispo, valeu-lhe, mais uma vez, e Cícero, no dia 30 de novembro de 1870, recebia a ordem do presbiteriato, voltando para Crato, a fim de ensinar latim, na escola do primo José Joaquim”.

Armando Rafael , pesquisador e escritor - Crato, Ceará.
Fonte: http://blogdosanharol.blogspot.com/2016/05/noticias-comentarios-de-armando-rafael.html

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